Blogs

Adeus, Cesar

sexta-feira, 05 de novembro de 2021

Adeus, Cesar
Que Cesar Namer, proprietário do famoso restaurante Arroz com Feijão, no início da Avenida Alberto Braune, era querido, isso não é novidade. Mas ele era mais querido que se supunha. A sua passagem gerou manifestações de carinho que há muito não se viam em Nova Friburgo. Sem dúvida, o velório mais cheio dos últimos tempos, para ofertar à família e sua memória uma última homenagem.

Adeus, Cesar
Que Cesar Namer, proprietário do famoso restaurante Arroz com Feijão, no início da Avenida Alberto Braune, era querido, isso não é novidade. Mas ele era mais querido que se supunha. A sua passagem gerou manifestações de carinho que há muito não se viam em Nova Friburgo. Sem dúvida, o velório mais cheio dos últimos tempos, para ofertar à família e sua memória uma última homenagem.

Da família
Cesar Loyola de Oliveira Namer nos deixou aos 73 anos. Ele fez parte do cotidiano da cidade. E com sua alegria contagiante fez todos sentirem como se tivessem perdido alguém muito próximo. Para o comerciário que ia ao seu restaurante, um amigo. Para um estudante do ensino médio, um avô. Para um apaixonado por futebol, o torcedor mais carismático do seu Fluminense. Por ser mineiro, ele também era torcedor do América-MG. Por ser friburguense por alma, torcia para o Friburguense mesmo quando o adversário era o seu Fluminense. Para um aluno de odontologia, um pai. Sim, Ele era próximo de todos.

O solidário
Em vida, Cesar teve o privilégio de receber muitas homenagens que ele, orgulhosamente, exibia nas paredes do seu restaurante. Desde souvenires do Fluzão a placas de agradecimento pelos almoços grátis, pelo patrocínio a um atleta ou artista. Cesar era solidário. A VOZ DA SERRA mesmo, sabendo da sua importância, já publicou reportagem de página inteira sobre Cesar. E tornou a destacá-lo quando agraciado com a cidadania fluminense. Porque como maior biógrafo e testemunha da história de Nova Friburgo, A VOZ DA SERRA não deixou de contar e eternizar, em vida, esse personagem marcante do nosso cotidiano.    

O cuidador
Por conta da pandemia e por consciência de quem cuida do outro e pensa no coletivo, ele tirou quase todos os “troféus” das prateleiras e paredes. Despercebido da atitude, perguntei, com certa ingenuidade até, perguntei a ele recentemente: “Ué, cadê todos os quadros, presentes, camisas?” Ele respondeu: “Por causa da pandemia, temos que cuidar de tudo, não oferecer o mínimo risco. Fazer a nossa parte”.

O carismático
Mineiro de Carangola, foi agraciado com o título de cidadão friburguense. Eu tive a honra de lhe conceder, com aprovação unânime da Alerj, o título de cidadão fluminense. Os únicos quadros que ele não desistiu de tirar da parede foram os títulos de cidadão friburguense e fluminense. Com carisma único, conquistava a todos com suas piadas prontas, com a brincadeira da moeda na hora do troco ou com sua paixão por Nova Friburgo. 

O louco por Nova Friburgo
Ele contava que queria conhecer a praia. Na rodoviária, viu um ônibus para Nova Friburgo. Revelava que decidiu: “antes de ir para Itumbiara-GO vou conhecer essa cidade, aí”. Entrou no ônibus e nunca mais saiu de Nova Friburgo, mesmo que aqui não tivesse praia. “Não conheço nada no mundo mais bonito que Nova Friburgo”. Essa paixão contagiante, esse amor pela cidade e pelas pessoas dessa cidade estavam presentes também em atitudes práticas.

O dono de uma legião de fãs
Talvez, isso explique a legião de amigos de todas as idades. Talvez esse jeito único dele resulte nesse choro coletivo de uma cidade inteira e de tantos outros que aqui viveram e estão em outros municípios e se sentiam apadrinhados por ele. A dor se torna ainda maior pelo inesperado. Passou ileso pela pandemia. Um infarto nos tirou de forma repentina o mais friburguense dos brasileiros. É difícil pensar em arroz com feijão sem o Cesar, não só no restaurante, mas no prato que nomeia o estabelecimento. É difícil pensar em simplicidade mais apaixonante do que a dele.

Vai deixar muita saudade
Assim, peço licença e desculpas ao leitor por escrever de forma tão pessoal. A notícia por muitas das vezes nos impacta e se torna impossível se desassociar dela. Mexe, entristece. Dói. A saudade já é presente. Cesar fará muita falta ao mesmo passo que, certamente, há que se agradecer por ter tido nessa cidade alguém como ele. Que sorte a nossa dele ter vindo, sem planejar, parar aqui. Que privilégio ter almoçado lá, ter tido por ele sorrisos arrancados, ter tido conversas de futuro. À viúva Lúcia Helena Peres Valente, um abraço do tamanho de nossas montanhas. A todos os demais, me incluo com os colegas de A VOZ DA SERRA, com o choro de quem testemunhou uma biografia que não se vê com facilidade.

Ano de muitos adeuses
2021 tem sido mesmo um ano cruel com Nova Friburgo. Desde Seu Lauro (o mais antigo barbeiro de Nova Friburgo) ao Cesar. Muitos bons friburguenses de nascença ou não que partiram ou pela Covid-19 ou por outras enfermidades e fatalidades. Pudera, a estatística confirma: nunca morreu tanta gente no município como nos últimos meses. Só que atrás de números, há pessoas, histórias, famílias, vizinhos e amigos.

Dados cruéis
Em 2021, Nova Friburgo tem o maior número de falecidos da sua história e pela primeira vez, deve fechar o ano com mais óbitos do que nascimentos. Há poucas semanas de terminar o ano, somam-se 1.991 mortes. O ano passado inteiro foram 1.848 óbitos. O número de nascidos dificilmente vai superar o ano passado que teve 2.115 nascimentos. Neste ano, temos até agora 1.691 nascidos. Saldo de menos 300 friburguenses. Mesmo no ano da tragédia climática (2011), o número de mortes foi menor do que neste ano, superando apenas o ano de 2020: 1.876. Em 2011 também teve mais nascidos (2.262), fazendo com que o saldo não fosse negativo (+ 386). 

Palavreando
“Não é um parque dentro de uma cidade, é uma cidade dentro de um parque. De tal modo que Nova Friburgo pode, como qualquer outra cidade, ter tudo que o homem pode construir. A engenharia, de fato, pode fazer coisas incríveis. Mas Nova Friburgo tem algo que só Deus pode constituir: uma natureza exuberante, com verdes de vários tons abraçados por montanhas”. Trecho da crônica que será publicada na íntegra na edição deste fim de semana do Caderno Z, o suplemento semanal de A VOZ DA SERRA.

 

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Borboletar

sexta-feira, 05 de novembro de 2021

O tema, metamorfose. A metáfora, as borboletas. O sentimento, transformação. Sobre as borboletas ... que seres especiais - e lindos! Jamais ví uma borboleta sem beleza. Não me recordo de alguma vez ter olhado para uma delas sem admirá-la. Desde o seu nascimento, as borboletas estão fadadas a sofrerem uma completa metamorfose para se transformarem no que são. A vida delas começa com o ovo, passando pela etapa da larva (lagarta), até a formação da crisálida e finalmente a saída da borboleta de seu interior. Não é à toa que a borboleta é tida por muitos como símbolo da transformação.

O tema, metamorfose. A metáfora, as borboletas. O sentimento, transformação. Sobre as borboletas ... que seres especiais - e lindos! Jamais ví uma borboleta sem beleza. Não me recordo de alguma vez ter olhado para uma delas sem admirá-la. Desde o seu nascimento, as borboletas estão fadadas a sofrerem uma completa metamorfose para se transformarem no que são. A vida delas começa com o ovo, passando pela etapa da larva (lagarta), até a formação da crisálida e finalmente a saída da borboleta de seu interior. Não é à toa que a borboleta é tida por muitos como símbolo da transformação.

E aí eu pergunto: será que existe alguém que não está passando por alguma transformação em seu interior? Em sua vida? Gosto de observar a natureza e nela buscar respostas dentro de mim. Esse processo por que passam as borboletas pode ser um bom exemplo a ser apreciado. Metamorfoses, de certa forma, parecem ser típicas também dos seres humanos, sejam de que forma forem. Se “borboletar” fosse um verbo, eu pediria licença poética para conjugá-lo em primeira pessoa e no gerúndio, do tipo: “eu estou borboletando”. E muito! Quem não está?

Na verdade, acho que não é questão de opção. Quando pensamos ter alcançado o patamar de cima, o passo à frente, vem a vida e nos mostra que a próxima fase já está por vir, que não dá para parar de subir, que a escada é longa e que não temos ideia do nível em que estamos. Só sabemos que temos que ser fortes, resistentes, resilientes e prosseguir. Depois de certa etapa, adquirimos também a consciência de que se não houver transformação de conceitos, de visão, de adaptação, de sentimentos, de preparação, não chegaremos lá. E não adianta ficarmos parados fingindo que não estamos entendendo a necessidade do movimento, porque a metamorfose simplesmente acontece.

Em meio a esse processo e ciente de que a ordem é de dentro para fora, nesse momento envolta por um casulo, apelo para alguma lógica da natureza, convencendo-me de que cada estágio agrega beleza e libertação, de modo que é melhor acolher com gratidão, pela borboleta que existe em mim. Como bem escreveu Rubem Alves, “não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.”

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

12 termos importantes do mundo das finanças

sexta-feira, 05 de novembro de 2021

Já leu esse breve glossário financeiro? Talvez o texto de hoje seja repetitivo para você que me acompanha semanalmente. Se não for o seu caso, recomendo a leitura; abaixo, apresento 12 termos importantes do contexto financeiro que podem te ajudar a elucidar muitos conceitos ainda não dominados.

Amortização: redução gradual de uma dívida baseada em pagamentos periódicos. Além das taxas de juros, um financiamento calcula um determinado valor a ser pago para reduzir a quantia total da operação.

Já leu esse breve glossário financeiro? Talvez o texto de hoje seja repetitivo para você que me acompanha semanalmente. Se não for o seu caso, recomendo a leitura; abaixo, apresento 12 termos importantes do contexto financeiro que podem te ajudar a elucidar muitos conceitos ainda não dominados.

Amortização: redução gradual de uma dívida baseada em pagamentos periódicos. Além das taxas de juros, um financiamento calcula um determinado valor a ser pago para reduzir a quantia total da operação.

Ativo e Passivo: ativos são bens ou serviços que agregam rentabilidade; passivos, por sua vez, são bens ou serviços com carga de desvalorização e despesas com o passar do tempo.

CDB: Certificado de Depósito Bancário são títulos emitidos por instituições financeiras. Na prática, ao adquirir um destes títulos, o investidor está emprestando dinheiro em troca de uma rentabilidade predefinida.

CDI: Certificado de Depósito Interbancário é um dos principais indexadores (taxas de reajustes) dos ativos existentes no mercado financeiro. Taxa de referência para a realização de operações de empréstimos interbancários.

FGC: Fundo Garantidor de Crédito é uma “entidade privada, sem fins lucrativos, destinada a administrar mecanismos de proteção a titulares de créditos contra instituições financeiras”. É o FGC, o garantidor dos investimentos em renda fixa.

Ibovespa: é a carteira teórica da Bolsa de Valores brasileira, a B3. Composta por cerca de 70 das maiores empresas do Brasil, esta carteira representa o índice de referência da bolsa brasileira e serve como base para as análises de investidores.

IGPM: Índice Geral de Preços do Mercado é indicador de inflação e incide sobre a correção de valores contratuais (como, por exemplo, o aluguel).

IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é o índice oficial do Governo Federal para medir inflação e incide sobre a correção salarial.

Liquidez: o período de tempo entre investimento e resgate do capital, podendo haver lucro ou não.

PIB: o Produto Interno Bruto é um indicador de valor para soma de todos os bens e serviços finais produzidos por uma região em determinado período de tempo. O PIB per capta é este valor dividido pelo número de habitantes da região.

Selic: o Sistema Especial de Liquidação e Custódia representa o sistema responsável pelo controle de emissão, compra e venda de títulos públicos federais; fazendo desta taxa, a principal ferramenta de controle inflacionário e outras medidas econômicas.

Tesouro Direto: o Tesouro Direto é um título público emitido pelo Tesouro Nacional – órgão responsável, também, pela gestão da dívida pública. Ao comprar estes títulos, o investidor está emprestando dinheiro para o Governo Federal em troca de recebimento de juros (geralmente indexados ao IPCA e a Selic).

Ao longo de cada ano, busco trazer este texto algumas vezes, em momentos diferentes, a fim de democratizar cada vez mais o acesso a conceitos básicos amplamente usados no mundo das finanças. Assim, consigo alcançar cada vez mais pessoas com estas informações. Espero que tenha te ajudado!

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Greve dos caminhoneiros com baixa adesão

quinta-feira, 04 de novembro de 2021

Na última segunda-feira, 1º, teve início do movimento grevista organizado pelos líderes de entidades ligadas aos caminhoneiros no Brasil. De acordo com o boletim divulgado pelo Ministério da Infraestrutura, até o feriado de Finados (terça-feira, 2) apenas duas localidades tiveram concentração de caminhões e manifestantes: na Via Dutra, altura de Barra Mansa, no sul fluminense e próximo ao Porto de Santos, no Estado de São Paulo.

Na última segunda-feira, 1º, teve início do movimento grevista organizado pelos líderes de entidades ligadas aos caminhoneiros no Brasil. De acordo com o boletim divulgado pelo Ministério da Infraestrutura, até o feriado de Finados (terça-feira, 2) apenas duas localidades tiveram concentração de caminhões e manifestantes: na Via Dutra, altura de Barra Mansa, no sul fluminense e próximo ao Porto de Santos, no Estado de São Paulo.

Apesar dos constantes aumentos praticamente semanais nos preços dos combustíveis não existiram, pelo menos até ontem, 3, registros de bloqueios de rodovias federais e estaduais ou em centros de distribuições e logística por todo país. Até então, os caminhoneiros somente se encontravam estacionados nos acostamentos promovendo protestos pacíficos.

A greve foi convocada majoritariamente pela Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores), pelo CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas) e pela CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística).

Dentre a lista de reivindicações da categoria estão a revisão da política de fretes mínimos, a aprovação do novo marco regulatório do transporte rodoviário de cargas, regime especial de aposentadoria, melhorias nos pontos de descanso e o principal: a redução do preço do diesel, que onera e muito os custos dos caminhoneiros brasileiros.  

Para se ter uma noção, a capacidade dos tanques de combustível de alguns caminhões chega a ser superior a 700 litros. Os custos para reabastecer um automóvel desses, com o atual valor do diesel, podem chegar a mais de R$ 3.500 em uma só ida ao posto.

Porque a pouca adesão

Os movimentos grevistas não prosperaram conforme esperado pelos líderes dos movimentos. Até então, poucos caminhoneiros se mobilizaram, e os motivos são muitos. Além da pandemia do coronavírus, os últimos anos têm sido marcados pela alta polarização política que toma conta de todo país. Algumas lideranças caminhoneiras entendem que as divergências políticas calorosas tiveram impacto significativo na adesão à greve.

Enquanto alguns caminhoneiros se sentem desconfortáveis com a política de preços da Petrobras e com o Governo Federal, parte dos profissionais mantém seu apoio fiel ao presidente Jair Bolsonaro, que durante sua campanha à eleição, foi apoiado pela categoria. Não há um consenso sobre a adesão à greve.

Por outro lado, o movimento grevista também foi esfriado pelo fato de o Governo Federal ter conseguido aproximadamente 30 liminares judiciais determinando multa de R$ 5 mil a R$ 1 milhão para evitar bloqueios nas rodovias e estradas nacionais. Caminhoneiros temem receber multas em caso de protestos mais ferrenhos por melhorias para categoria.

O diretor da CNTLL, Carlos Alberto Litti, por sua vez, afirmou ao portal de notícias Uol, que muitos caminhoneiros estão ficando em casa ao invés de ocupar as rodovias do país, dando a parecer que não houve tamanha mobilização ao movimento de paralisação. Líderes caminhoneiros chamam outras categorias à greve e acreditam que a mobilização de motoboys, motoristas de aplicativos e táxis possam trazer mudanças.

Além disso, grevistas entendem que o cenário de dificuldades financeiras tenha agravado a decisão de muitos profissionais optarem por não parar. As sucessivas altas no custo de vida também podem ter influenciado na adesão à greve de uma categoria que passa por dificuldades financeiras.

Derrubadas as liminares que impediam bloqueios

A desembargadora federal Ângela Catão, do Tribunal Regional Federal da 1ª região (TRF-1), suspendeu nesta quarta-feira, 3, as liminares que impediam os caminhoneiros de bloquearem as rodovias. Na decisão, a magistrada atribuiu a competência de julgamento e processamento das ações que envolvam greve de caminhoneiros à Justiça do Trabalho.

Caminhoneiros e movimentos grevistas comemoraram a decisão com vídeos nas redes sociais e continuaram fazendo publicações ao longo do dia convocando mais profissionais a aderir à greve que, segundo a categoria, continua.

Fato é que a greve ainda não está tendo força para durar ou atrapalhar a economia. Até então, não existe previsão para o fim do movimento e a expectativa é que o movimento se estenda pelos próximos dias.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Coragem de ser para não adoecer

quinta-feira, 04 de novembro de 2021

Uma advogada norte-americana, bem sucedida financeira e profissionalmente teve câncer de mama, e quando recebia ajuda psicológica para lidar com o abalo emocional que ocorre com um diagnóstico deste, compreendeu que vinha fazendo na vida não o que ela realmente queria e gostava. Ela sempre desejou estar envolvida com música, mas deixou isto de lado e tocou a vida para a frente como advogada. Depois que o câncer surgiu, ela decidiu mudar radicalmente sua vida profissional, passando a fazer o que sempre desejou: música.

Uma advogada norte-americana, bem sucedida financeira e profissionalmente teve câncer de mama, e quando recebia ajuda psicológica para lidar com o abalo emocional que ocorre com um diagnóstico deste, compreendeu que vinha fazendo na vida não o que ela realmente queria e gostava. Ela sempre desejou estar envolvida com música, mas deixou isto de lado e tocou a vida para a frente como advogada. Depois que o câncer surgiu, ela decidiu mudar radicalmente sua vida profissional, passando a fazer o que sempre desejou: música.

Lawrence LeShan, psicólogo que trabalhou mais de 20 anos só com pacientes terminais, verificou que pessoas portadoras de câncer que fizeram mudanças como esta feita pela advogada, tiveram uma recuperação da doença e uma sobrevida bem melhor e maior do que as que não fizeram mudança alguma. (ver livros dele como “O Câncer como Ponto de Mutação”, “Brigando pela Vida”).

Não é necessariamente fácil identificar o que se deseja na vida. Há pessoas que ficam confusas sobre o que querem. Algumas pensam que querem algo, vão em busca, conseguem, e em seguida surge o vazio e a necessidade de redefinir o desejo. Muitas não identificam o desejo pessoal.

Muitos que desenvolvem um câncer passam por cima de si mesmos em várias coisas na vida tendo dificuldade de se impor no bom sentido da palavra. Se alguém pisa no pé deles, eles é que pedem desculpas. Têm poucos canais para expressar sentimentos, reprimindo-os demais. Apresentam dificuldade de colocar limites e, assim, são vítimas de abuso com frequência.

Para estas pessoas, aprender a colocar limites é difícil, mas é uma necessidade. E precisam fazer isto como um treinamento, pois para elas não é algo natural. Geralmente se sentem culpadas se dizem “não”. Elas têm uma batalha pessoal dupla porque, precisam lutar para terem coragem de colocar limites e precisam se libertar da falsa culpa por fazer isto. Enquanto que para outras pessoas isto é muito natural, para aquelas mais tímidas é como se fosse um parto.

Parece que alguns indivíduos que têm muita dificuldade de expressar emoções, canalizam inconscientemente para uma parte do corpo a tensão pela sobrecarga emocional não expressada e experimentada conscientemente. Daí surge naquela parte do corpo uma enfermidade que chamamos de “psicossomática”.

O corpo ajuda a mente a não surtar. Enquanto aquela pessoa não conseguir lidar com suas tensões emocionais de maneira consciente e construtiva, o corpo irá absorver o conjunto de sentimentos e implodirá no seu ponto mais fraco (ou mais forte?), que chamamos de “órgão de choque”, que é o órgão ou sistema onde naquela pessoa o estresse emocional mais se manifesta.

Então, aprender a identificar desejos, colocar limites, expressar o que sente, emitir opiniões sem medo, impor respeito sem agressividade, pedir ajuda, dizer “não” ou “sim” mais próximo da verdade interior do que do desejo de agradar ou de não magoar os outros, colaboram para que a saúde melhore e algumas enfermidades que se manifestam no físico, mas que têm origem na mente, não ocorram ou se ocorrerem, sejam minimizadas e não tão agressivas contra a vida.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Friburguense concorre ao Troféu Imprensa

terça-feira, 02 de novembro de 2021

Friburguense concorre ao Troféu Imprensa

A jornalista de renomada família friburguense Leonor Consuelo Sperotto Dieguez (foto) que já teve passagens por grandes jornais brasileiros, como O Globo e há algum tempo se destaca como repórter da Revista Piauí, está concorrendo a um importante prêmio da mídia nacional.

Friburguense concorre ao Troféu Imprensa

A jornalista de renomada família friburguense Leonor Consuelo Sperotto Dieguez (foto) que já teve passagens por grandes jornais brasileiros, como O Globo e há algum tempo se destaca como repórter da Revista Piauí, está concorrendo a um importante prêmio da mídia nacional.

Trata-se do Troféu Imprensa, que em sua 15ª edição neste ano ressalta o tema + Diversidade evidenciando grandes mulheres da comunicação nacional. Consuelo é uma das finalistas na categoria "Repórter de Jornal ou Revista (texto impresso ou online). Ela concorre com Daniela Chiaretti (repórter do Valor Econômico), Juliana Dal Piva (site Uol), Patrícia Campos Mello (Folha de São Paulo) e Renata Cafardo (Estado de São Paulo).

Convocamos, então, os friburguenses a votarem em massa na nossa querida Consuelo Dieguez, para isso bastando clicar no link de votação no site www.portalimprensa.com.br/trofeumulherimprensa

Mudando de idade

Nesta quarta-feira, 3, o conhecido e admirado Lúcio Flavo Gomes da Silva, que dispensa maiores referências, estreia seus 77 anos idade para satisfação de amigos e sobretudo dos familiares.

Ao grande Lúcio Flavo, que, oficialmente, nasceu no dia 2 de novembro, em plena segunda Grande Guerra, foi registrado no dia seguinte. Parabéns ao estimado aniversariante Lúcio Flavo, com o aval de muitos de seus amigos e admiradores, inclusive pelo belíssimo livro "Causos ao Acaso", lançado recentemente.

Capelão no Raul Sertã e Maternidade

A Diocese de Nova Friburgo já deu provimento legal, para assim que possível com o fim ou a real redução da pandemia, os hospitais Raul Sertã e  Maternidade Mário Dutra de Castro tenham seu próprio capelão fixo, algo que até então jamais existiu oficialmente.

O padre escolhido para atuar de forma permanente nas duas unidades de saúde, celebrando missas nas capelas e visitando os pacientes internados, será o querido e admirado, Marcelo Piller.

Contemplado especial

Prestigiando a inauguração da Base Comunitária da Guarda Municipal instalada na Praça Lafayette Bravo, bem no centro do distrito de Conselheiro Paulino, na manhã do último sábado, 30 de outubro, o conhecido empresário e presidente da CDL e do Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio) de Nova Friburgo, Braulio Rezende, em instantes antes cerimônia viu cair de uma árvore, um bela flor amarela que foi justamente se alojar na lapela do agasalho que ele usava naquela ocasião.

Vivas ao Benitez

Na próxima sexta-feira, 5, Benitez Silva, de conhecida família friburguense e que já foi diretor do Detran e possui atividade em auto escolas, vai celebrar mais um aniversário natalício.

Por isso, desde já, enviamos congratulações ao Benitez, bem como os cumprimentos de seus muitos amigos.

Bem pertinhos

Para quem acha que este ano está passando rápido e – realmente está - se estabelece a contagem regressiva: nesta terça-feira, 2, inicia-se a contagem regressiva de 53 dias para o Natal e 59 para o ano novo.

 

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A irmã morte

terça-feira, 02 de novembro de 2021

Todos os anos, no dia 2 de novembro, fazemos uma pausa de nossas atividades cotidianas para nos lembrarmos de nossos irmãos e irmãs, parentes e amigos, que já partiram do nosso convívio. Refletir sobre a morte sempre foi importante para a humanidade, quanto mais nos é neste momento que estamos vivendo.

Passados quase dois anos do início da pandemia da Covid-19, os números de mortes ainda nos assustam. Muitas pessoas que ocupam um lugar importante em nossa peregrinação, através do tempo e da história, largaram suas mãos de nossas mãos.

Todos os anos, no dia 2 de novembro, fazemos uma pausa de nossas atividades cotidianas para nos lembrarmos de nossos irmãos e irmãs, parentes e amigos, que já partiram do nosso convívio. Refletir sobre a morte sempre foi importante para a humanidade, quanto mais nos é neste momento que estamos vivendo.

Passados quase dois anos do início da pandemia da Covid-19, os números de mortes ainda nos assustam. Muitas pessoas que ocupam um lugar importante em nossa peregrinação, através do tempo e da história, largaram suas mãos de nossas mãos.

Contemplar a morte tão de perto nos faz pensar sobre nossa finitude e sobre o que estamos cultivando nesta vida. Nem sempre é possível encarar com serenidade a chegada desse final inevitável para todos. A humanidade tem um desejo incontrolável de vida. Construímos nossa existência com momentos marcantes, planejamos o futuro sem nos dar conta que um dia esta vida será abruptamente interrompida. Não há quem um dia não enfrente o mistério da morte.

Contudo, não se pode delegar somente um aspecto negativo sobre este momento ímpar de nossa existência. Ao vivenciar o processo do fim, num primeiro momento poderíamos repetir como o autor sagrado “Tanto morre o sábio como morre o louco! E assim detestei a vida, pois a meus olhos tudo é mau no que se passa debaixo do sol; sim, tudo é efêmero e vento que passa. Também se tornou odioso para mim todo o trabalho que produzi debaixo do sol, visto que devo deixá-lo àquele que virá depois de mim” (Ecle 2, 16b-18).

Mas, é importante recordar que ao contemplar todo o caminho de sua existência, o mesmo autor conclui: “que nada é melhor para o homem do que alegrar-se e procurar o bem-estar durante sua vida. Igualmente é dom de Deus que todos possam comer, beber e gozar do fruto de seu trabalho. Reconheci que tudo o que Deus faz dura para sempre, sem que se possa ajuntar nada, nem nada suprimir. Deus procede dessa maneira para ser temido. Aquilo que é, já existia, e aquilo que há de ser, já existiu; Deus chama de novo o que passou" (Ecle 3, 12-14).

Assim, compreendemos que a morte é um processo natural da vida, com todas as finitudes que ela possui (doenças, enfermidades, idade). São Francisco de Assis chama a morte de irmã, pois a vê como aquela que no fim do decurso nesta vida nos dá a mão e nos conduz ao bem supremo. Como um autêntico arauto da paz, Francisco, jamais diria ‘bem-vinda irmã morte’ quando ela é consequência do pecado humano. O santo de Assis gritaria ao mundo de hoje: “Maldita a morte causada por toda a violência armada; maldita a morte causada pela fome em consequência da não partilha; maldita a morte provocada pela privação dos direitos sociais, causada pelo enriquecimento ilícito dos que legislam em causa própria; maldita a morte causada pela disseminação da segregação racial, ideológica e religiosa. Enfim, maldita a morte que destrói a vida das nossas florestas; maldita a morte, fruto dos produtos tóxicos despejados sobre o alimento; maldita a morte dos nossos rios, resultado da ganância das mineradoras; maldita a morte das nossas praias nordestinas, causada pela omissão dos primeiros responsáveis e pela ganância” (Frei Fidêncio Vanboemmel).

Foto da galeria

Padre Aurecir Martins de Melo Júnior é assessor da Pastoral da Comunicação da Diocese de Nova Friburgo.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

AVS informa, educa e nos emociona!

terça-feira, 02 de novembro de 2021

“Corpo, mente e alma precisam estar saudáveis”. Quem afirma a máxima é o pastor da Igreja Luterana, Gerson Acker, praticante de crossfit. Em sua entrevista para o Caderno Z, o pastor conversou com Thiago Lima e deu depoimentos sobre como inseriu o esporte em sua vida e destacou: “A espiritualidade que creio é aquela que vê o ser humano de forma holística, integral...”. Aceitando o desafio de se tornar um “crossfiteiro”, o pastor defendeu na entrevista que no processo de evangelização, “de quebra”, é possível incentivar as pessoas “a se exercitarem e a levarem uma vida mais saudável”.

“Corpo, mente e alma precisam estar saudáveis”. Quem afirma a máxima é o pastor da Igreja Luterana, Gerson Acker, praticante de crossfit. Em sua entrevista para o Caderno Z, o pastor conversou com Thiago Lima e deu depoimentos sobre como inseriu o esporte em sua vida e destacou: “A espiritualidade que creio é aquela que vê o ser humano de forma holística, integral...”. Aceitando o desafio de se tornar um “crossfiteiro”, o pastor defendeu na entrevista que no processo de evangelização, “de quebra”, é possível incentivar as pessoas “a se exercitarem e a levarem uma vida mais saudável”. Inspirar motivação é uma obra missionária e ninguém melhor do que o pastor Gerson para dar bom exemplo. Parabéns!

Sabrina Schueler precisava perder peso e controlar a “alimentação emocional”, pois quando a pessoa come, mesmo sem ter fome, “em resposta a determinadas emoções”. De 114,7 quilos, Sabrina conseguiu reduzir seu peso para 74 quilos. Satisfeita com o resultado alimentar e com tudo o que aprendeu, ela se propôs a transmitir seus conhecimentos. Nas estratégias alimentares, aprendeu sobre o “low carb de jejum intermitente e a dieta cetogênica, “plant based”, além da importância que a mente ocupa no processo de emagrecimento e ressalta: “O meu projeto tem o objetivo de motivar as pessoas a conquistar o que desejam, ou seja, uma vida saudável”. O conhecimento que se transmite não se perde!

Mudar estilo de vida é um grande desafio individual que se consegue à custa de perseverança e Wanderson Nogueira foi próspero ao ressaltar: “Não poderá o homem fazer mundos diferentes se não se fizer diferente... Acumulamos experiências próprias e alheias. Somos resultado de nossa ancestralidade, mas o produto pode ser alterado com a troca da ordem dos fatores...”. Que bonito! Quantas lições maravilhosas tivemos ao ler o Caderno Z do último fim de semana.

A carestia sempre foi alvo de preocupações para o povo. Em "Há 50 Anos", o alto preço do arroz e do feijão causava horrores. Agora, a gasolina é o nosso pesadelo diário. Com aumentos sucessivos, o jeito é prender o carro como sugeriu a charge de Silvério. Que tortura! “Toda semana, temos um susto na bomba....” e no bolso!

A Praça Getúlio Vargas continua precisando de atenção. As fotos de Regina Lo Bianco são lindas, mas, revelam lanternas quebradas, o lago e o chafariz, abandonados, a Alameda das Trovas, tão lúdica na foto, carecendo de luminárias e assim por diante. O espaço é maravilhoso, onde a natureza faz muito bem a sua parte. Muito triste ainda é a necessidade de policiamento para “tomar conta da praça” por conta da baderna noturna dos jovens nos fins de semana. Está faltando educação de berço e vacina contra o vandalismo!  

A  “cobertura vacinal” tem dado bons resultados com a baixa ocupação dos leitos nos hospitais e a redução dos casos de contaminados. A importância de se concluir a vacinação é primordial para o domínio da Covid-19. Semana passada, acompanhando uma tia até o campus da Uerj para a aplicação da sua terceira dose, tive uma grande emoção ao voltar ao meu bairro de infância e percorrer os espaços da Fábrica Filó, onde minha mãe e meus tios trabalharam por mais de 30 anos. Que passeio gratificante!

O Colégio Cêfel deu lugar para as novas energias do Complexo Educacional Paulo Rónai, inaugurado na semana passada. O evento contou com a presença do prefeito Johnny Maycon e de representantes do governo municipal, bem como do embaixador da Hungria, Zoltán Szentgyörgyi, da presidente da Colônia Húngara de Nova Friburgo, Eva Bitó e de familiares do homenageado.

A ilustre senhora Nora Tausz Rónai, viúva de Paulo Rónai, discursou na ocasião: “Eu fico feliz e muito grata por esta homenagem que, certamente, seria a melhor homenagem que ele jamais poderia imaginar. Se existe alma eu não sei, mas, certamente, ele está aqui”. Cultivar a memória de Paulo Rónai é orgulho para todos nós, honrando a sua trajetória de vida e a sua escolha de residir em Nova Friburgo, quando fez do sítio “Pois é”, no Jardim Marajói, no distrito de Conselheiro Paulino, um lugar de ser feliz entre família, livros e muito encantamento. Que nesta terça-feira, 2, Dia de Finados, que possamos fortalecer o entendimento de que os nossos entes que já “partiram” estão vivos nas lembranças que deixaram...

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Pirenópolis, primeira viagem longa, depois de dois anos

terça-feira, 02 de novembro de 2021

Segunda feira, 25 de outubro, iniciamos nossa viagem a Brasília, com direito a uma pausa de quatro dias em Pirenópolis-GO. Acostumado a viajar, hábito que cultivo desde novo, esse confinamento de dois anos por causa da pandemia teve consequências, pois me obrigou a ficar em casa por longos períodos e a saúde mental foi afetada. E tome de Cloridrato de Citalopram para combater a Síndrome do Pânico. No entanto, essa primeira etapa de nossa viagem mostrou que eu já estava curado, em função dos contratempos que enfrentamos.

Segunda feira, 25 de outubro, iniciamos nossa viagem a Brasília, com direito a uma pausa de quatro dias em Pirenópolis-GO. Acostumado a viajar, hábito que cultivo desde novo, esse confinamento de dois anos por causa da pandemia teve consequências, pois me obrigou a ficar em casa por longos períodos e a saúde mental foi afetada. E tome de Cloridrato de Citalopram para combater a Síndrome do Pânico. No entanto, essa primeira etapa de nossa viagem mostrou que eu já estava curado, em função dos contratempos que enfrentamos.

De Nova Friburgo a Pirenópolis são cerca de 1.200 quilômetros, o que nos obrigou a parar na metade do caminho. Dormimos em Bom Despacho-MG, após dez horas de estrada e seguimos na manhã seguinte. Já no estado de Goiás tivemos o primeiro problema, pois um caminhão tombou na pista, derramou óleo e despencou ribanceira abaixo. Ficamos parados por duas horas, para que a estrada fosse liberada. Continuamos após o almoço e pouco depois de Aparecida de Goiás, 74 quilômetros antes do nosso destino, uma árvore tombou na BR-153. Quando chegamos nesse ponto, a interrupção do tráfego já durava quatro horas e ficamos retidos por mais duas. Conclusão, só chegamos a Pirenópolis às 22h, depois de 15 horas de estrada.

Mas, esses contratempos foram compensados pela beleza da cidade. Fundada em 7 de outubro de 1727 por portugueses, que vieram para o garimpo de ouro, com o nome de Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte e, mais tarde, Cidade de Meia Ponte. O metal amarelo era encontrado no terreno aluvionário do Rio das Almas, portanto, o tipo de garimpo aqui empreendido era o de aluvião, que consistia em revirar e lavar o cascalho das margens do rio até poder apurá-lo com a batéia. Aliás, a presença de ouro no local, foi descoberta pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, em 1682.

O nome “Meia Ponte” surgiu em virtude de uma grande enchente do Rio das Almas ter carregado a ponte que ligava as duas margens, só restando a metade dela. A partir de 1890, passou a chamar-se Pirenópolis, a cidade dos Pireneus, serra cujo nome lembrava para alguns os Montes Pireneus da Europa, divisa da Espanha com França.

A cidade foi tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1989, como conjunto paisagístico e em 1997 iniciou-se um projeto de revitalização do Centro Histórico, quando a Igreja Matriz, o Cine-Pireneus, o Teatro de Pirenópolis e outros monumentos foram restaurados, reformados e reconstruídos criteriosamente. Uma das primeiras cidades do estado de Goiás, sua arquitetura lembra em muito a de Ouro Preto, em Minas Gerais. A diferença marcante entre as duas é que enquanto a mineira se caracteriza por seus sobrados centenários, a goiana tem a maioria de seu casario com um andar apenas.

Poderia ser conhecida, também, como a cidade das águas, pois próxima dos rios Tocantins e Araguaia e cortada pelo Rio das Almas, Pirenópolis tem catalogadas, cerca de 80 cachoeiras, sendo a mais famosa, pela beleza, a do Abade. Apesar do clima quente e seco, as águas das quedas d´água são bem frias, geladas até. Mas, um banho nesses lugares é muito reconfortante.

Hoje, uma das indústrias mais fortes de Pirenópolis é a do turismo e várias são as pousadas preparadas para receber os visitantes. Os restaurantes são para todos os gostos e, a maior concentração deles está na Rua do Lazer, uma passagem estreita, sem acesso aos carros, onde se serve desde a culinária local até pratos internacionais. Outra característica é a presença de várias lojas que vendem o artesanato local, muito influenciado pelas diversas tribos indígenas que aqui habitaram, entre os séculos 16 e 17.

Vale a pena uma visita a Pirenópolis, um colírio para os olhos e um bálsamo para a alma.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Médicos, receitas e remédios

terça-feira, 02 de novembro de 2021

Apenas entrego a receita ao balconista que, de pronto, chama a farmacêutica, que, de pronto, convoca o mais antigo funcionário da casa

Apenas entrego a receita ao balconista que, de pronto, chama a farmacêutica, que, de pronto, convoca o mais antigo funcionário da casa

Não sou eu que vou falar mal dos médicos. Primeiro, porque os tenho em alta conta, especialmente os que tratam da minha pouca saúde. Não digo pouca porque ela me falte, mas porque saúde, como felicidade, nunca é demais. Alguns dirão que dinheiro também entra nessa conta, e mesmo o ingênuo Sancho Pança, fiel escudeiro do Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha, chegou a dizer que “Com bom cimento se pode fazer um bom edifício, e o melhor cimento do mundo é o dinheiro”. Pode ser, porém creio que mais vale possuir um centavo de saúde e outro de felicidade do que, sem elas, ser Bill Gates, Jeff Bezos e Elon Musk juntos, pra falar só dos que estão no topo da lista dos maiores ricaços do mundo. Por outro lado, o próprio Sancho vai dizer, mais adiante, que “Aos médicos sábios, prudentes, discretos, esses meto-os no coração e honro-os como pessoas divinas”.

Também não falo mal dos médicos porque é uma gente da qual se pode precisar a qualquer momento, em qualquer esquina da vida. Você vai andando lépido e fagueiro e de repente tem um piripaque e o mundo desaparece da sua frente. O que você mais quer ver nesse momento da vida (ou da morte) do que um bom e atencioso médico? Então é muito sensato estarmos sempre de bem com eles, para que, se nos reconhecerem antes do atendimento, eles não tenham que repetir mil vezes o juramento de Hipócrates. “Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Hígia e Panaceas...” e por aí vai, sem esquecer aquele pedacinho que diz: “A ninguém darei por comprazer remédio mortal nem um conselho que o induza a perda”. Se não for bem assim, espero que, tendo em vista que a citação é bem intencionada, ainda que imperfeita, nenhuma sociedade médica me processe,

Estando fartamente provado que não estou aqui para falar mal dos médicos, digo que gostaria de entender por que, em pleno século XXI, tantos deles continuam a escrever com letra analfabética, horrorosa, ilegível e pior de tudo, perigosamente mortal. Tenho pensado nisso desde que uma senhora, supondo que por eu ser professor de português hei de entender de hieróglifos e coisas semelhantes, mandou me pedir para decifrar o que estava rabiscado numa receita que o médico lhe entregou. Olho a folha assustado, viro-a de cabeça para baixo, tento a leitura vertical e a transversal e o mistério não se revela para mim.

Reúno alguns amigos, e todos se confessam incompetentes diante de tamanho desafio. Claro, todos têm um palpite. “Acho que é Toral”, diz um. Mas outro observa que, “na minha opinião”, não tem nem T nem R nessa palavra. “Deve ser damil”, opina o terceiro, “Só se for Dramin”, que esse existe, garante um mais entendido no assunto. E por aí vai: “Latam” (“Mas isso é nome de companhia aérea”), “Neurol” (“Acho que a pessoa não tem problema nervoso, não”), Brodemediol (“Mas na receita só tem cinco letras!”). Até que um engraçadinho aconselha: “Vai na farmácia e pergunta se tem Babacol. Se tiver, é esse mesmo”.

Bem, lá vou eu na farmácia e não pergunto por Babacol, apenas entrego a receita ao balconista que, de pronto, chama a farmacêutica, que, de pronto, convoca o mais antigo funcionário da casa. Debruçados sobre o balcão, também eles aproximam e afastam a receita dos olhos, viram e reviram a folha em diversas posições. Somente sobre uma coisa todos têm certeza: os riscos que antecedem à palavra (se é que aquilo é uma palavra) não é mais do que uns rabiscos desses que a gente faz quando a esferográfica custa a escrever. Sem chegar a nenhuma conclusão e com receio de matar a cliente com o remédio errado, recomendam que se procure o médico, peça para ele ditar o nome da droga e anotar o que ele disser (não deixe que ele escreva!). Feito isso, finalmente se chegou ao nome do medicamento, algo assim como Niuron.

Ah, os riscos acima citado significavam “duas caixas”.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.