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Palavra e vida

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Na semana passada refletimos sobre o perigo do silêncio de nossos sentimentos. Nesta semana voltemos nosso olhar para o valor da palavra como fonte de vida. No último domingo, 23, o Papa Francisco ao refletir sobre a inauguração da pregação de Jesus (cf. Lc 4:14-21) recordou que, após a leitura do texto do Profeta Isaías, "todos os olhos estavam fixos Nele" (v. 20) e Jesus começa dizendo: "Esta Escritura, que você acabou de ouvir, foi cumprida hoje" (v. 21).

Na semana passada refletimos sobre o perigo do silêncio de nossos sentimentos. Nesta semana voltemos nosso olhar para o valor da palavra como fonte de vida. No último domingo, 23, o Papa Francisco ao refletir sobre a inauguração da pregação de Jesus (cf. Lc 4:14-21) recordou que, após a leitura do texto do Profeta Isaías, "todos os olhos estavam fixos Nele" (v. 20) e Jesus começa dizendo: "Esta Escritura, que você acabou de ouvir, foi cumprida hoje" (v. 21).

Seguindo a reflexão, Francisco nos convida a pensar no mistério da atualidade da Palavra de Jesus. “A Palavra de Deus é sempre ‘hoje’. Um ‘hoje’ começa: quando você lê a Palavra de Deus, um ‘hoje’ começa em sua alma, se você entende bem. Hoje. A profecia de Isaías remonta séculos antes, mas Jesus, ‘pelo poder do Espírito’ (v. 14), a torna atual e, acima de tudo, a traz à realização e indica o caminho para receber a Palavra de Deus: hoje. Não como uma história antiga, não: hoje. Hoje fale com seu coração”.

O Santo Padre chama atenção para a necessidade de encarnarmos a Palavra de Deus em nossa vida. “Os compatriotas de Jesus ficam impressionados com suas palavras. Mesmo que, ofuscados por preconceitos, não acreditem nele, percebem que seu ensino é diferente do de outros professores (cf. v. 22): sentem que há mais em Jesus”. E continua chamando a atenção aos que têm o compromisso de ensinar e pregar a palavra de Deus: “às vezes, acontece que nossas pregações e ensinamentos permanecem genéricos, abstratos, não tocam a alma e a vida das pessoas. E por quê? Por falta da força disso hoje, aquele que Jesus "preenche com significado" com o poder do Espírito é hoje. Hoje ele está falando com você. Sim, às vezes você ouve palestras impecáveis, discursos bem construídos, mas eles não movem o coração, e assim tudo permanece como antes”.

O Papa lamenta as vezes que as homilias em nossas Igrejas são abstratas e, em vez de despertar a alma, elas dormem. E denuncia: “A pregação sem a unção do Espírito, empobrece a Palavra de Deus, cai no moralismo ou conceitos abstratos; ele apresenta o Evangelho com desprendimento, como se estivesse fora do tempo, longe da realidade. E este não é o caminho. Mas uma palavra na qual a força de hoje não pulsa não é digna de Jesus e não ajuda a vida das pessoas. É por isso que aquele que prega, por favor, é o primeiro que deve experimentar o hoje de Jesus, a fim de poder comunicá-lo no hoje dos outros.

Concluindo a meditação dominical, o Papa Francisco ressalta que a Palavra de Deus é viva e eficaz e que produz vida. “Ela nos muda, entra em nossos assuntos, ilumina nosso cotidiano, conforta e traz ordem. Lembremos: a Palavra de Deus transforma qualquer dia no hoje em que Deus nos fala. Então, vamos levar o evangelho na mão, a cada dia uma pequena passagem para ler e reler. Leve o Evangelho no bolso ou na sua bolsa, para lê-lo na viagem, a qualquer momento e leia-o calmamente. Com o tempo, descobriremos que essas palavras são feitas propositalmente para nós, para nossa vida. Eles nos ajudarão a receber cada dia com um olhar melhor, mais sereno, porque, quando o Evangelho entra hoje, ele enche-o de Deus”.

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Padre Aurecir Martins de Melo Junior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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AVS é arte, cultura, informação e prazer!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Na infância de antigamente tinha uma brincadeira muito interessante - “Mamãe, posso ir?”, que consistia em as crianças perguntarem ao líder quantos passos poderiam dar para frente ou para trás. E o líder, no papel de mamãe, diria a quantidade e a modalidade dos passos, ou seja, de formiguinha, tartaruga, caranguejo, elefante ou de gigante. Esse último, daria ao participante a possibilidade de chegar primeiro e se tornar o líder da nova rodada. E qual a razão para eu começar a viagem com essa grata lembrança?

Na infância de antigamente tinha uma brincadeira muito interessante - “Mamãe, posso ir?”, que consistia em as crianças perguntarem ao líder quantos passos poderiam dar para frente ou para trás. E o líder, no papel de mamãe, diria a quantidade e a modalidade dos passos, ou seja, de formiguinha, tartaruga, caranguejo, elefante ou de gigante. Esse último, daria ao participante a possibilidade de chegar primeiro e se tornar o líder da nova rodada. E qual a razão para eu começar a viagem com essa grata lembrança? É para enfatizar que o Caderno Z deu um passo de gigante e chegou primeiro na liderança de um tema intrigante – a dislexia. Creio que a matéria abriu os nossos olhos para a compreensão de que nem sempre o que chamamos de preguiça poderá ser  coisa de preguiçoso. O livro de Marina Miyazaki, “Dislexicando”, que o corretor ortográfico sugere “Desleixando”, trata o assunto de forma intensa e divertida.

Marina pegou carona na sua dislexia para mostrar “como a falta de compreensão da dislexia faz as crianças ficarem ainda mais perdidas, desmotivadas e, muitas vezes, com a autoestima comprometida...”. O tema é fascinante e vale ir fundo na matéria para sairmos da superfície do falso julgamento. “Nos pilares para um futuro promissor”, o “Z” expande com “Educação & Saúde, porque uma se mistura com a outra, na mais perfeita receita para uma vida saudável. Diminuir o consumo de açúcar, pois, como destaca o doutor David Gusmão – “o açúcar é capaz de prejudicar até mesmo a saúde das articulações”. E articulando bem os conhecimentos, aprendemos sobre alimentos veganos, orgânicos e integrais. Nosso passo de gigante está dado. Avante!

Wanderson Nogueira nos conduz a uma linda viagem sobre os mistérios da existência e bem se vê que sua bagagem filosófica está repleta de ensinamentos, pois a felicidade “não está nas vitrines dos magazines...”. Ao contrário, “a felicidade é mutável de pessoa para pessoa...” E a vida? – E ele me responde: “A vida está debruçada à nossa frente e na sua simplicidade enigmática quer ser vivida mais do que resolvida...”. Lindo!

Em “Esportes”, Vinicius Gastin sempre marca um gol no campo das novidades. A mais recente foi a criação da Liga Friburguense de Futebol de Botão, no final de dezembro de 2021. A entidade já tem calendário até dezembro, com a segunda edição do Botão Noel. Outra boa notícia é a expansão das atividades da Escolinha de Futsal, que beneficia crianças e jovens no loteamento Solares 2. Que beleza!

Maravilha também é saber que há grupos interessados em dar ao nosso município uma característica mais limpa e romântica, na tentativa de diminuir a poluição visual, a começar pelo ordenamento dos fios nos postes no centro da cidade. Tomara que dê certo e a gente possa ter, em breve, o aterramento da fiação. Há de ser um sonho!   

A pandemia prossegue impiedosa. O número de contaminados sobe assustadoramente e as notícias dão conta de que a situação não está nada confortável. A vida segue entre percalços, enfrentando a insegurança no retorno às escolas, na carestia do material escolar, como destaca o dragão na charge de Silvério. De qualquer forma, o convívio escolar presencial é imprescindível, pois, como ressalta a pedagoga Inahiara Venâncio Menezes, “todo o processo de aprendizagem passa pela afetividade”... e é “o caminho que nos leva a assimilar e a dar significado ao que aprendemos”. Parabéns!

A concessionária Águas de Nova Friburgo comemora 13 anos de  serviços em nosso município. Modernidade e eficiência no melhor atendimento e, para se ter ideia, “são 35 milhões de litros de água tratada por dia”. Que louvável! E mais louvores para os aniversariantes da semana: Vanderleia Abrace Essa Ideia, nossa vereadora, e Flávio Stern, da Acianf. Parabéns, queridos! Também há festejos na família Carestiato, uma dupla comemoração com o aniversário do querido Dalton e a celebração dos 63 anos de enlace com a sua amada Euza. Ao brilhante casal, mil vivas pelas Bodas de Sândalo. A trova já seguiu pelo Facebook, com muito amor e carinho. Felicidades!

 

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A literatura tem suas brevidades

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Nova Friburgo é uma cidade literária por essência. A inspiração brota
pelos seus vales, dança entre as árvores e é iluminada pelas estrelas. A
literatura está no ar, as ideias atravessam as pessoas que aqui criam suas
raízes; a literatura faz-se diversificada em diversos estilos. Eis que,
repentinamente, em nossas terras altas, surgiram os microcontos, que vieram
pelas mãos de Catherine Beltrão. Os textos mínimos se caracterizam por
mostrar a essência das coisas, para dizer o que é inerente a uma circunstância,
a algo ou a alguém.

Nova Friburgo é uma cidade literária por essência. A inspiração brota
pelos seus vales, dança entre as árvores e é iluminada pelas estrelas. A
literatura está no ar, as ideias atravessam as pessoas que aqui criam suas
raízes; a literatura faz-se diversificada em diversos estilos. Eis que,
repentinamente, em nossas terras altas, surgiram os microcontos, que vieram
pelas mãos de Catherine Beltrão. Os textos mínimos se caracterizam por
mostrar a essência das coisas, para dizer o que é inerente a uma circunstância,
a algo ou a alguém.
Aqui vou me preocupar com os fundamentos dos microcontos e não com
a técnica de fazê-los. Interessante que, ao elaborar esta coluna, minhas
pesquisas me conduzem a reflexões inesperadas, e, hoje, comecei com uma
frase de Graciliano Ramos. “A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar, como
ouro falso: a palavra foi feita para dizer.” Pensando na amplitude do conceito
de revelar fui até a janela e observei as árvores ao redor da minha casa e, mais
uma vez, constatei que em tudo há histórias, até na pequena rama da árvore
que acolhe um ninho de passarinhos ou na lagarta prestes a entrar no casulo
para se transformar em borboleta. Ah, a vida é feita de fatos! Quando contados
são reveladores e descortinam o acontecer.
E aí, nesse estilo literário minimalista, surge o grande desafio ao escritor:
buscar a essência das coisas, descobrir a palavra que mostra o que é. Filosofia
pura. Comecei, então, a percorrer alguns caminhos teóricos e encontrei Lacan.
Somos feitos de palavras! Inclusive, apenas uma palavra pode nos definir. Ao
construirmos um texto mínimo, de alguma forma, estamos desvelando nossas
palavras primeiras. As essenciais. Eu sou.
Escrever é um ato de coragem e sensibilidade. Reiner Maria Rilke disse
que é preciso buscar na alma as ideias. Na verdade, as histórias são contadas
com brevidade, não precisam de rococós. Por isso, talvez, os contos mínimos
retratem a inteligência dos sábios, aqueles que conseguem descrever em
poucas palavras, sob um ponto de vista, a realidade dos fatos; sempre
histórica.

Acredito que se façam microcontos em qualquer lugar, até na cadeira do
dentista, desde que a sensibilidade e a percepção do essencial sejam
captadas, quando o escritor possa ser capaz de retirar os excessos encruados
na ideia primeira. É um estilo literário de brevidade estonteante em que o texto
se desapega do supérfluo e do extravagante, detendo-se na simplicidade e na
sutileza. Na espiritualidade.
As histórias são baseadas nos fatos, porém são imateriais por excelência.
Estão numa dimensão em que a busca pelo significado das coisas acaba por
se conectar com os sentimentos e valores universais.
Para finalizar, arrisco meu primeiro nanoconto. Quando terminei de
escrever, encontrei Deus.

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E o verão de Friburgo?

sábado, 22 de janeiro de 2022

Edição de 22 e 23 de janeiro de 1972
Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes:

Edição de 22 e 23 de janeiro de 1972
Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes:

  • E o verão de Friburgo? - Prejuizo com a má conservação de estradas - Parece incrível, mas o fato é que muito pouca gente, muito poucas uniões de força, conseguiram em exíguo tempo destruir o verão friburguense! Os grandes fatores, sem dúvida, foram as estradas de rodagem para Niterói e para a Guanabara, ambas vergonhosas e acintosamente dominadas por fendas, buracos e “crateras” que em qualquer outro lugar, derrubariam, chefes de conservação, engenheiros residentes, e, até diretores de departamentos. O trecho entre Cachoeiras de Macacu e Magé é um caso de polícia… A Serra de Theodoro de Oliveira então, não tem explicação, não existindo adjetivos capazes de qualificar tanta tanta irresponsabilidade e tanta vontade de não terminar alguma coisa… O mais importante e sério, é que a inércia vai se arrastando, vão se passando as horas, os dias, os meses, os anos e a reforma dessas importantes estradas não termina. 
  • Faculdades: assunto apaixonante - A comissão de alto nível, nomeada pelo prefeito com a finalidade de resolver, em caráter de urgência, o problema das faculdades especialmente a de Odontologia, cujas dependências não comportam, um só aluno mais, necessitando abrigar 125 estudantes do primeiro ano, vem se reunindo continuadamente, tendo caminhado bastante no sentido da completa solução do assunto, que ultrapassou significativamente o polo dos recursos que serão obtidos com a venda das ações da Petrobras. 
  • General Rubens Rosado visita Friburgo - A cidade recebeu a visita do general Rubens Rosado, secretário de Transportes do Estado. Recepcionado no gabinete do prefeito Feliciano Costa, o secretário apresentou os seus companheiros, Giovani Muller e Sebastião Senfallo, do Departamento de Estradas de Rodagem, desta Cidade, e Mário Paranhos Ferreira, auxiliar da Secretaria. O militar colocou à disposição da prefeitura, a sua secretaria, exaltando o esforço do prefeito Feliciano Costa, em prol do desenvolvimento municipal, assegurando terminar esse ano a maior parte das obras da Estrada Serra-Mar, asfaltar a Friburgo-Teresópolis, terminar a rodovia de Amparo e tudo mais o que for preciso para a pavimentação asfáltica da Avenida Alberto Braune e a praça principal. Em companhia do prefeito, o general visitou obras em andamento em vários bairros. 
  • Reforma do ensino só em colégios aprovados - O secretário de Educação do Estado do Rio, professor Dalton de Mattos, esclareceu aos dirigentes de escolas de nível médio, que a reforma do ensino criada pelo Ministério de Educação e Cultura, só poderá ser aplicada em colégios que já conseguiram aprovação do Conselho Estadual de Educação (CEE). Em entrevista aos representantes do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado da Baixada Fluminense, prometeu que o CEE examinará, em caráter de urgência, todos os pedidos feitos até agora.     

Pílulas

  • Sem qualquer dificuldades ou atropelos, os partidos políticos friburguenses realizaram suas convenções para escolha dos seus diretórios. Quorum suficiente logo de início, com absoluta tranquilidade no que respeitou ao número de membros presentes. Os “olheiros” da Justiça Eleitoral - inovação até certo ponto acintosa as dirigências partidárias - nada tiveram que fazer, a não ser relatar a síntese das normais ocorrências. 
  • Dissemos que os “olheiros” não muito distante deixarão de acontecer, por que, acreditamos, piamente, que na primeira ocasião em que a Lei Eleitoral sofrer modificações será abolida esta de mandatários da J.E. estarem presentes para relatar junto às respectivas chefias o que nas convenções ocorrer. Não nos parece que possa alcançar qualquer objetivo e muito menos resguardar algo de proveitoso para nenhum órgão fiscalizador. Aliás, a intervenção da justiça ou da polícia, em reuniões, comícios, e convenções sempre foi condenada e em certas legislações violentamente proibidas.  

E mais…

  • O presidente da República agradece ao prefeito Feliciano Costa
  • Marechal Odylio Denys em Friburgo 
  • Aniversário do “Bisturi de Ouro” - dr. Waldir Costa
  • Foi novamente aumentado o preço do leite

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: José Dantas dos Santos (22); Hélio de Araujo Maia e Brigitte Schullup (23); Waldir Costa e Ítala Meceni (25); Rachid Namen e Wladymir Ventura (27); Alberto Juliano, Manlio de Araújo, José Coelho e Tereza Cristina (28).
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Quando eu morrer... Enquanto vida

sábado, 22 de janeiro de 2022

Quando o céu cai sobre mim
Minha alma evapora
E por um instante deixo de ser eu.
Talvez, eu me transforme no nada.
Uma nuvem traiçoeira me engole
E logo depois me vomita.
A busca por uma chance
É, às vezes, uma saga
Outras, um desperdício.
Aí, ao abrir os olhos e voltar a mim,
Me pergunto
Se o céu, realmente, cai sobre mim
Ou se sou eu que voo ao encontro dele.

 

Quando o céu cai sobre mim
Minha alma evapora
E por um instante deixo de ser eu.
Talvez, eu me transforme no nada.
Uma nuvem traiçoeira me engole
E logo depois me vomita.
A busca por uma chance
É, às vezes, uma saga
Outras, um desperdício.
Aí, ao abrir os olhos e voltar a mim,
Me pergunto
Se o céu, realmente, cai sobre mim
Ou se sou eu que voo ao encontro dele.

 

Nelson Cavaquinho já dizia em seu poético samba “Quando Eu Me Chamar Saudade” que “se alguém quiser fazer por mim que faça agora”. No dom da música, aconselhava: “me dê as flores em vida, o carinho, a mão amiga para aliviar meus ais. Depois que eu me chamar saudade, não preciso de vaidade, quero preces e nada mais”. 

Filho de outro saudoso Nelson que nunca tocou cavaco ou pandeiro, aprendi com ambos que a morte é um mistério, mistério esse que nem tão cedo se pode querer desvendar. Mas a vida está debruçada à nossa frente e na sua simplicidade enigmática quer ser vivida mais do que resolvida.  

Assim, quando eu morrer não se preocupe comigo. Se preocupe comigo enquanto eu estiver vivo. Não quero coroa de flores. Parafraseio o sambista: me dê flores em vida. No dia a dia, me surpreenda numa manhã qualquer em meio ao café ou nesses tempos sórdidos de WhatsApp, me espante com uma ligação telefônica inesperada, sem notícias boas ou ruins, apenas com a meta de dizer que pensou em mim. É mágico ser lembrado. Mais mágico ainda é saber de que foi lembrado e poder retribuir com abraços. 

Essa roupa que nos é emprestada tem como destino ser pó. Enquanto funcional é normal se perguntar: qual a parte mais importante do corpo? Onde estão as memórias, os sentimentos? Coração. Às vezes, cérebro. 

Bom mesmo é quando agora — e só no agora é possível — sentir fluir o que lava a alma. Será que a alma evapora? Pó ou vapor, me beije, me sorria, me presenteie de presença agora, enquanto tenho certeza de experimentar o que é ter alma nessa roupa que me permite ir, vir, escolher, abdicar, voar, sentir.  

A felicidade não está à venda, muito menos está nas vitrines dos magazines ou boutiques de shoppings centers, ainda que a vaidade nos insista a pequenos caprichos capitalistas. Mas a felicidade, esse grande fascínio e objetivo da vida, não pode ser resumida a apenas um termo ou mesmo conjunto de termos. Por mais que tratada de forma empírica, a felicidade jamais conseguiu ser totalmente descrita por filósofos, cientistas ou poetas. Porque a felicidade é mutável de pessoa para pessoa, de trajetória para trajetória, de espaço-tempo para espaço-tempo. É determinada para si ainda que em constante redescoberta, mas absolutamente indefinível como algo único para o coletivo. 

Paz — dirão. A paz é um sonho mundial, como a fraternidade é. Mas o que é paz na Palestina, na África, na favela carioca, na sua casa?    

Quando eu morrer, você não saberá se tenho as respostas, tampouco se mudei as perguntas. Por isso, é em vida que quero confabular com você todos os ensaios-erros possíveis. 

É animadora a consciência de que o que se podia adiar, já não se pode mais. Pois quando não se pode mais adiar, a urgência é uma aliada do desafio que desconhece o medo, ainda que admita que o medo existe. Mas o medo passa a colaborar para se mover. 

O tempo, de repente, já não permite que sejamos tão efêmeros assim. Se a velocidade do mundo antecipa o fado de ser pó ou de evaporar, o novo futuro que se achega diz que idiotização só é enredo na ironia crítica de um desfile de carnaval. Não há por que ficar perdendo tempo com esses. 

Não é mais necessário se reinventar: é urgente. O caminho está posto e não há outro percurso para se caminhar. Quando eu morrer, eu quero que a Terra prossiga para os próximos, mas quero ser lembrado disso em vida. 

Recordo das minhas mãos quando eu ainda era menino. Habilidades evoluíram tanto quanto pelos, força, tamanho e tato. Retrocederão. Pelas minhas próprias mãos, compreendi que nem toda frase vira texto. Pela própria leveza da minha alma, entendo que nem toda palavra é poesia. Pelos vazios pesados do coração, tenho certeza de que nenhuma vida é santa. 

Mesmo na pretensão da imortalidade, mas com a certeza de um dia se chamar saudade, que a vida seja de coleções de histórias que reunidas consigam dar mais do que uma biografia, mas se consumem em um universo particular de gente que fez por você enquanto vida.  

 

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Visitas hospitalares suspensas

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Visitas hospitalares suspensas
As visitas a pacientes internados nas unidades hospitalares da rede estadual estão suspensas temporariamente, devido ao elevado poder de transmissão da nova variante Ômicron. Como Nova Friburgo não tem unidades de saúde estaduais, a decisão ainda não afeta a cidade, mas afeta moradores que tem pacientes internados em outros municípios, especialmente na capital que também tomou a mesma medida para as unidades cariocas.

Visitas hospitalares suspensas
As visitas a pacientes internados nas unidades hospitalares da rede estadual estão suspensas temporariamente, devido ao elevado poder de transmissão da nova variante Ômicron. Como Nova Friburgo não tem unidades de saúde estaduais, a decisão ainda não afeta a cidade, mas afeta moradores que tem pacientes internados em outros municípios, especialmente na capital que também tomou a mesma medida para as unidades cariocas.

Unidades municipais
Até o fechamento desta coluna, a Prefeitura de Nova Friburgo não tinha ainda tomado a mesma atitude com relação aos hospitais Raul Sertã e Maternidade Mário Dutra, o que pode ocorrer a qualquer momento. A medida para as unidades estaduais não atinge o direito a acompanhantes de pessoas protegidas por lei. Em casos específicos, eventualmente definidos por necessidade avaliada pela gestão da unidade, pode ser autorizada a visita duas vezes por semana.

Cirurgias eletivas suspensas
Na capital, a Prefeitura do Rio também decidiu suspender temporariamente as cirurgias eletivas que tinham sido retomadas no semestre passado. Em Nova Friburgo, as cirurgias eletivas estão suspensas desde o início da pandemia, em abril de 2020. Diferentemente da grande maioria dos municípios, a Prefeitura de Nova Friburgo seguiu alegando que o motivo deve-se à pandemia como motivo da não retomada, mesmo nos períodos de queda no número de casos e leitos Covid zerados.

Demanda reprimida e sofrimento
Estima-se que mais de duas mil pessoas estão na fila, seja para uma colonoscopia, cirurgia de vesícula ou mesmo ortopédica. Apenas os casos urgentes de ortopedia estão tendo os procedimentos cirúrgicos. Casos em que o paciente aguarda em casa, seguem à espera. Com as altas recentes de casos de Covid, dificilmente as cirurgias eletivas serão retomadas em Nova Friburgo, por agora.

Quase dois anos sem cirurgias eletivas
Se por um lado os pacientes sofrem, há economia de recursos. No entanto, a demanda reprimida necessitará de força-tarefa assim que possível, sendo o mais plausível, mutirões para acelerar as filas. Quando? Ninguém tem essa resposta, já que com a pandemia em baixa, as cirurgias eletivas não foram retomadas, quem dirá por agora em tempos de incertezas com a variante Ômicron. Quanto à economia, certamente na retomada a economia que faz sofrer se dissipará.

Idade estendida para entrar na PM e Bombeiros
A idade máxima para ingresso na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro mudou. Se antes só podia até 30 anos, agora é até 32 anos. A mudança foi feita por lei específica sancionada pelo governador. Apesar de ser recente, valerá para concursos realizados, em curso e os futuros.

Concurso de 2014
Os aprovados no concurso da Polícia Militar realizado em 2014 poderão comprovar a existência de parecer favorável da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ou ter decisão judicial própria ou análoga autorizando a convocação. A medida que autorizou a convocação desses aprovados, mesmo que atualmente tenham mais de 35 anos — idade limite para ingresso na corporação na época da seleção —, mas que em 2014 estavam dentro das regras.

Concursos futuros
Será considerada a idade do candidato no ato de inscrição no concurso público aberto pela corporação. Além da idade entre 18 e 32 anos, os interessados em participar do próximo concurso da Polícia Militar precisarão ter ensino médio, carteira nacional de habilitação (CNH) e altura mínima de 1,65 metro para homens e 1,60 metro para mulheres.

Polícia Civil
Diferentemente da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, o ingresso na Polícia Civil não tem idade máxima estabelecida por lei e segue a regra dos demais setores do Estado: idade mínima de 18 anos e máxima não estipulada. Porém, os editais podem trazer particularidades e especificar idade. Por exemplo, no concurso de 2005, a Polícia Civil determinou que para concorrer ao cargo de investigador era preciso ter idade máxima de 65 anos até a data da posse.

Provas mantidas
Mas de costume, concursos da Polícia Civil do Rio não costumam colocar essa limitação para ingressar no quadro de servidores. As provas do concurso da Polícia Civil estão confirmadas para este domingo, 23, para a função de auxiliar de necropsia. Já para inspetor de polícia, investigador e técnico policial de necropsia, as provas serão no próximo dia 30. Os locais de prova dessas funções ainda não foram divulgados. Não há indícios de que as provas serão adiadas, mesmo com o avanço da pandemia.

Mais vagas que o previsto
São mais de 40 mil inscritos que disputam 350 vagas imediatas. No entanto, o comando da Polícia Civil diz que esse número de vagas tende a ser maior. O concurso será usado para preenchimento de vacância de cargos por aposentadoria, morte, invalidez e outras situações. A remuneração inicial, pode chegar a R$ R$ 9.924,06.

Palavreando
“O tempo, de repente, já não permite que sejamos tão efêmeros assim. Se a velocidade do mundo antecipa o fado de ser pó ou de evaporar, o novo futuro que se achega diz que idiotização só é enredo na ironia crítica de um desfile de carnaval. Não há por que ficar perdendo tempo com esses”. Trecho da crônica que será publicada na íntegra na edição deste fim de semana do Caderno Z, o suplemento semanal de A VOZ DA SERRA.

O perfil Nova Friburgo Antiga está sempre trazendo boas memórias aos friburguenses. Na rara foto, a vista aérea da antiga vila operária da Fábrica de Rendas Arp. Consegue achar os espaços? A atual Via-Expressa, a Igreja de Nossa Senhora das Graças, o condomínio Roseiral. Os dois últimos já estavam lá. O registro é de 1975, de Wander Fernandes.

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O que cabe em 30 dias?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Cabe uma vida? Cabe a mudança de vida? Cabe a efemeridade da vida? Cabe! Proponho uma reflexão a cada um dos leitores: há 30 dias, estávamos em dezembro, há poucos dias do Natal.

Cabe uma vida? Cabe a mudança de vida? Cabe a efemeridade da vida? Cabe! Proponho uma reflexão a cada um dos leitores: há 30 dias, estávamos em dezembro, há poucos dias do Natal.

De lá pra cá, quantas coisas aconteceram? Provavelmente, muitas. Quantos reencontros? Quantas despedidas? Quantos abraços? Como foi sentir esperança? Brindar com alguém querido? Fazer planos de ano novo ?  E aí, tomou sua dose da vacina? Buscou alguém no aeroporto ou na rodoviária? Viajou? Montou sua árvore de Natal? Fez alguma sobremesa para a ceia? Comeu rabanada? Vestiu branco no réveillon? Contraiu Covid? Influenza? Se afligiu? Está preocupado por alguém? E a rinite, voltou? Como  foram os dez dias de chuva constante? Sentiu medo? Se emocionou? Se despediu de alguém? Prometeu cuidar da saúde? Refez votos com seu amor? Está procurando um amor? Pretende estudar mais? Quer mais equilíbrio para sua vida? Quanta vida cabe em nossos dias! E como as coisas mudam rápido. Este é um fato com o qual precisamos lidar.

A vida se mostra efêmera todos os dias, não é? Por isso, nunca me pareceu tão sábio o básico conselho de aproveitarmos cada segundo e vivermos o dia de hoje com a plenitude que ele merece. Devemos gozar das boas companhias, desempenhar nossas funções com presença e realmente desfrutar do dia de hoje.

Uma conhecida me relatou esses dias tudo o que aconteceu na vida dela de dezembro para cá. A dinâmica foi intensa realmente. A família dela teve a alegria de um nascimento e a tristeza de uma despedida. Ela foi demitida em dezembro e contratada por outra empresa em janeiro. Quase todos os seus familiares contraíram Covid na noite de Natal, após um reencontro emocionado entre os parentes. De lá pra cá, uma sobrinha dela bateu com o carro e sofreu danos da enchente em Minas Gerais. Ela, que havia escapado do vírus em dezembro, disse que está há duas semanas sofrendo agora com a Influenza. Lembra do emprego novo que ela conseguiu agora, no início do mês? Já foi dispensada antes mesmo de começar, pois não pôde iniciar suas funções laborais no dia combinado em razão dos sintomas gripais.

Todas essas estórias me foram contadas em um rápido encontro virtual e me fizeram refletir bastante ao desligar a chamada. E ela autorizou que estivessem nesta coluna uma mensagem clara sobre a importância de valorizarmos cada dia, cada momento, pois as circunstâncias mudam a todo instante.

E esta é uma mensagem de ano novo que gostaria de registrar para vocês. Mesmo já imbuídos pela rotina e preocupações, pela maré de anseios e informações por todos os lados, pela vida multitarefas, é importante refletirmos sobre estarmos efetivamente presentes em tudo o que fazemos, em tudo o que vivermos. Presença. Que sejamos e estejamos presentes.

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Pensa em ser acionista?

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Já parou para pensar sobre o que acontece quando você compra ações através da bolsa de valores? Entender o conceito por trás do homebroker (plataforma de negociação das corretoras de valores) é fundamental para fazer parte da filosofia das companhias e viver a tese dos seus investimentos. Compreender os objetivos e modelos de negócio das empresas é tão fundamental quanto refletir seus valores – ambientais, sociais, trabalhistas e muitos outros – ao portfólio de ações dos seus investimentos.

Já parou para pensar sobre o que acontece quando você compra ações através da bolsa de valores? Entender o conceito por trás do homebroker (plataforma de negociação das corretoras de valores) é fundamental para fazer parte da filosofia das companhias e viver a tese dos seus investimentos. Compreender os objetivos e modelos de negócio das empresas é tão fundamental quanto refletir seus valores – ambientais, sociais, trabalhistas e muitos outros – ao portfólio de ações dos seus investimentos.

Contudo, antes de partirmos direto para esses propósitos, vamos rever alguns conceitos a fim de democratizar o conhecimento presente neste texto. Comecemos, então, definindo a bolsa de valores.

Para tornar possível os negócios em setor de bolsas, é necessário que empresas de infraestrutura de mercado financeiro exerçam atividades primordiais, como – de acordo com a própria bolsa de valores brasileira – a “criação e administração de sistemas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporativa até derivativos de moedas, operações estruturadas e taxas de juroS e de commodities”. No Brasil, existe apenas uma empresa responsável por exercer tais atividades, a B3 – Brasil, Bolsa, Balcão. Ao redor do mundo, por exemplo, existem diversas outras; como a Nasdaq e a Bolsa de Nova York, nos Estados Unidos; a Bolsa de Valores de Londres, na Inglaterra; a Bolsa de Valores de Frankfurt, na Alemanha e por aí vai.

Contudo, isso pode ficar ainda mais simples quando tomamos consciência de as bolsas globais serem como uma feira (exatamente como essas de frutas, legumes e carnes) onde encontram-se vendedores e compradores dispostos a negociar determinado produto. Todavia, nessa grande e tecnológica feira da bolsa de valores, negociam-se as empresas. Mas, então, como chegar nessa “feira da bolsa de valores”?

Antes de mais nada, é necessário tornar-se cliente de alguma corretora ou banco de investimentos; são as instituições financeiras, as responsáveis por realizar a comunicação entre você e a bolsa de valores. É através do homebroker – plataforma de negociação disponibilizada na sua conta da corretora de valores – dessa instituição que você poderá comprar suas ações; e agora começa a sua jornada por boas escolhas. Portanto, falemos delas!

Compor um portfólio de ações não é fácil; mas o conceito é simples!

Comprar ações te faz acionista: um pequeno sócio de determinada companhia/empresa. Portanto, é importante compor o seu portfólio com ações de empresas que julga ser coerente tornar-se sócio. Não faz sentido algum comprar determinado papel (nomenclatura técnica sinônima à “ação”) de uma empresa sem saber, nem mesmo, quais os produtos e/ou serviços tal empresa oferece para a sociedade. É a partir daqui que você começa a pôr seus valores em questão: procure entender o propósito da companhia; sua relação e responsabilidade com a sociedade; entenda se os produtos e/ou serviços são realmente relevantes e rentáveis.

Além de toda essa filosofia de investimentos, entra também a visão fundamentalista; é somente aqui que você analisa os resultados das empresas e, caso bons ou minimamente promissores, adiciona-as ao seu portfólio. Mas lembre-se, ponto fundamental é diversificação! Uma carteira bem distribuída, com algumas boas empresas e de diferentes setores são fundamentais para diminuir os riscos de mercado (os riscos que toda empresa está sujeita).

Mais importante que começar a investir, é entender a filosofia por trás do investimento. E isso é bastante simples!

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Atravessamos uma revolução sem nos dar conta

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Um fato inegável é que a humanidade cria e transforma a todo tempo o mundo à sua volta. Somos tomados por ambições que nos levaram a grandes descobertas e invenções que mudaram não só a história, mas a própria evolução da espécie.

Podemos pontuar algumas invenções que à época pareciam um pequeno avanço, mas que se tornaram um grande passo para que o nosso dia-a-dia seja cada vez mais diferente. O que seria da evolução humana sem o fogo, a roda, a pólvora e o papel? A história seria escrita em linhas muito diferentes!

Um fato inegável é que a humanidade cria e transforma a todo tempo o mundo à sua volta. Somos tomados por ambições que nos levaram a grandes descobertas e invenções que mudaram não só a história, mas a própria evolução da espécie.

Podemos pontuar algumas invenções que à época pareciam um pequeno avanço, mas que se tornaram um grande passo para que o nosso dia-a-dia seja cada vez mais diferente. O que seria da evolução humana sem o fogo, a roda, a pólvora e o papel? A história seria escrita em linhas muito diferentes!

A geração da energia elétrica foi um salto gigantesco para o crescimento da população humana, que passou a ter mais qualidade de vida e aumentou sua expectativa de vida. Estudos estimam que a falta de energia no planeta, somente no primeiro mês, mataria 80% da população por falta de água tratada, escassez de comida por ausência de métodos de conservação e ausência de informação.

O mundo muda o tempo todo. Compartilho aqui uma história engraçada que minha mãe sempre me conta. Ela diz que em sua época de serviço em um  banco, percebeu um rapaz com um aparelho preto, algo tão grande como um tijolo, preso no cinto da calça e com uma antena gigantesca. Depois de muito estranhamento, questionou ao rapaz o que seria aquilo. E ele respondeu: “É um telefone, só que você usa ele sem fio e carrega com você”. Indignada, minha mãe questionou: “Você não já tem um telefone em casa? Para que quer outro?”

Hoje, é inegável que uma das maiores revoluções do mundo moderno veio daquele tijolão preto que as pessoas carregavam e agora chamamos de “telefone celular inteligente” (smartphones). O aparelho hoje é tão tecnológico que para se ter ideia, a capacidade de processamento de um smartphone hoje é muito maior do que a do computador que a Nasa usou para levar o homem à lua.

Fato é que o mundo passa por pequenas mudanças dia após dia e que possuem um impacto gigantesco na nossa sociedade. Mas será que estamos nos dando conta disso?

O surgimento do metaverso

“Meta” quer dizer além; e “verso” quer dizer universo. O futuro da internet, atualmente, está no desenvolvimento do metaverso que será um mundo virtual e interativo em que as pessoas poderão conviver dentro dele. Parece esquisito? E de fato é!

Você já assistiu ao filme dirigido por Steven Spielberg chamado “Jogador nº1”? O filme retrata a história de um garoto que mora em um bairro pobre, mas assim que põe o óculos de realidade virtual, ele é transportado para um mundo totalmente diferente em que seu avatar pode interagir num novo plano de existência, com pessoas de qualquer lugar do mundo.

A criação de um universo paralelo em que pode-se trabalhar, ganhar dinheiro, conhecer pessoas, comprar imóveis e personagens é uma realidade. A revolução recairá sobre tudo no mundo, especialmente sobre o modo em que temos as nossas relações interpessoais, o uso em massa de dinheiro virtual e a economia global.

E a corrida pela hegemonia do metaverso apenas começou. Em outubro de 2021, Mark Zuckeberg, dono do Facebook, Instagram e WhatsApp, mudou o nome da sua empresa para “Meta” e anunciou um investimento inicial no seu próprio universo de R$ 150 bilhões.

Bom, e se você ainda tem dúvida de que esse projeto será uma grande revolução, saiba que a Microsoft acaba de pagar o equivalente a R$ 380 bilhões pela aquisição da Activision Blizzard, uma empresa de jogos.  A venda da gigante do mundo dos games, não somente bate recordes pelo seu valor - que assusta – mas torna-se um grande passo para o que iremos chamar do novo normal.

Importante mostrar que não só as empresas de tecnologia estão se movimentando com o metaverso. A Nike, fabricante de tênis, somente no ano passado, lucrou R$17 milhões com a venda de 600 sapatos virtuais. A Adidas, empresa concorrente, não ficou atrás e arrecadou cerca de R$ 125 milhões com a venda de itens não físicos.

O mundo muda mais rápido do que podemos notar. E você? Está preparado para vivenciar uma revolução que ficará na história?

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O desafio para nossa saúde mental em 2022 e sempre

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Nossa mente é complexa, não somente quanto aos processos bioquímicos e elétricos cerebrais, mas quanto aos intrincados pensamentos e sentimentos que experimentamos. Na verdade, uma coisa tem que ver com a outra, ou seja, aqueles processos têm que ver com estes pensamentos e sentimentos e vice-versa.

Nossa mente é complexa, não somente quanto aos processos bioquímicos e elétricos cerebrais, mas quanto aos intrincados pensamentos e sentimentos que experimentamos. Na verdade, uma coisa tem que ver com a outra, ou seja, aqueles processos têm que ver com estes pensamentos e sentimentos e vice-versa.

O professor Antonio Damásio, chefe do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Iowa, no livro “O Erro de Descartes”, cita: “...a razão pode não ser tão pura quanto a maioria de nós pensa que é ou desejaria que fosse, e que as emoções e os sentimentos podem não ser de todo uns intrusos no bastião da razão, podendo encontrar-se, pelo contrário, enredados nas suas teias, para o melhor e para o pior.” (p.12). Razão e emoção se entrelaçam e interdependem. Não há, portanto, uma razão pura, sem ter sido influenciada por nenhum sentimento, assim como não há nenhum sentimento sem ter sido influenciado por algum pensamento (razão).

“A alma respira através do corpo, e o sofrimento, quer comece no corpo ou numa imagem mental, acontece na carne.”, afirma o professor Damásio (p.18). Há uma interligação entre mente e corpo, inseparável.

Antigamente se achava que havia no cérebro humano regiões específicas para cada função. Por exemplo, acreditava-se que havia uma única região responsável pela visão. Hoje sabe-se que “a função de cada parte individual do cérebro não é independente, mas uma contribuição para o funcionamento de sistemas mais vastos, compostos por essas partes individuais. ...Podemos agora dizer com segurança que não existem ‘centros’ individuais para a visão, para a linguagem ou ainda para a razão ou para o comportamento social. O que na realidade existe são ‘sistemas’ formados por várias unidades cerebrais interligadas.” (p.35).

A Neurologia, a Psiquiatria, a Psicologia Médica, a Imunologia, a Endocrinologia, até a Filosofia, Sociologia e Teologia, têm verificado que há uma interligação entre estas áreas do saber, que todas precisam de todas. Para nossa saúde mental precisamos interligações sociais, compartilhamento, noção e prática de vivência em comunidade.

Não fomos criados para competir, mas para compartilhar. Precisamos entender melhor isto. Entender que eu e você dependemos de cada outro ser ao nosso redor. Que cada um tem sua importância e participação na formação da saúde ou da doença social.

Preciso da Natureza, preciso do meu vizinho, preciso do lixeiro, do frentista do posto de gasolina, do canto do passarinho, do sol, da lua, da chuva, etc. A vida e a saúde funcionam dentro de um sistema e é compreendendo a visão sistêmica que podemos nos posicionar mais humildemente na existência, e isto é saudável.

Nossa saúde mental no Ano Novo, e em qualquer época, dependerá, portanto, de compreendermos esta interdependência entre corpo e mente, entre o individual e o social, entender que somos apenas parte de um todo, que precisamos uns dos outros, e que viveremos melhor ao compartilhar e não ao competir.

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