Disseram-me que prazos são uma "coisa chata". Que melhor seria viver sem tê-los, sem cumpri-los, sem que sequer existissem. De certo, concordei. Liberdade, pensei. Fazer o que quiser, da forma como pretender, no momento que entender adequado. Mas em sequência, retruquei: teríamos maturidade e responsabilidade suficientes para convivermos em uma sociedade moderna dessa maneira? Prazos perturbam ao mesmo passo que nos lembram dos limites, das regras, das tarefas que devemos desempenhar. Compromisso. Prazo tem a ver com isso.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana

Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
A grama do vizinho é realmente mais verde que a nossa? Por que tanta gente acha que os sonhos realizados pelo outro são mais fáceis de serem alcançados? Que na casa dos outros não tem bagunça, que o casal lindo que vemos pelas fotos das redes sociais não tem desafios constantes, contas a pagar? De onde o ser humano tira a ideia de que o melhor está lá e não aqui?
Para quem acredita que a sinceridade de um elogio pode ser transformadora, eis uma realidade empírica: quando a intenção que encobre um ato ou palavra é sinceramente positiva, ela é ainda mais renovadora. O elogio pode ser significativamente mais profundo do que a simplicidade da forma, quando impregnado desse sentimento.
Abaixemos o dedo e não a cabeça. Guardemos em bom lugar nossos dedos apontados para os outros. Mania essa nossa de julgarmos a tudo e a todos o tempo todo. Não nos ensinaram que não devemos julgar, levantar falsos testemunhos? Não aprendemos a lição? Diz a lenda que se apontarmos os dedos para as estrelas, nascerá verruga em suas pontas. Já ouviram antes? Vai ver essa era uma daquelas estórias dos antigos para ensinar de alguma maneira que devemos tratar os outros com humildade e principalmente respeito. Repito, lição de todo sai: tratar a todos com respeito e humildade.
Há quem se dói por inteiro ao ter que dizer um “não”. É verdade. Acontece. Sofre-se a ponto de não conseguir fazê-lo. Atravessar essa barreira quase intransponível entre ceder e selecionar pode ser grandiosa missão. E, realmente, é muito para alguns. Para o mundo, “sim”. Para os outros, “sim”. Para si mesmos, quase nada. Dão-se demais. Além do que se pode. Assume-se coisas demais por fazer, peso demais para suportar. Porque negar, desagradar, limitar, é difícil demais.
Para a construção de uma obra nova, devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal, promover as adaptações que se fizerem necessárias. Precisamos do espaço, de ideias, do projeto, de cálculo, de engenheiro, arquiteto, técnico, pessoas trabalhando e muito. Essas medidas são mesmo fundamentais. Um esforço conjunto que custa algo. Muitas vezes, custa muito e um monte de coisas. A construção de sonhos, de utilidades. Enfim. E a limpeza de terreno se faz fundamental para a fundação da construção. É assim. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar.
Muitos de nós têm dificuldades em assimilar a efemeridade da vida, a velocidade com que o tempo passa. Quando muito jovens, achávamos que seríamos, inclusive, eternos. A juventude tem esse frescor, nos ilude ao imaginarmos uma vida muito longa pela frente e sequer vislumbramos que o fim pode chegar. Vai chegar, aliás, um dia. Parece coisa que acontece com os outros, tão distante que não pode nos alcançar.
Em meio a tantas pessoas que divulgam tudo o que fazem o tempo todo, é simplesmente libertador não ter necessidade de fazê-lo. Aliás, uma das nuances da liberdade está justamente em não precisar demonstrar o que se vive. A tal privacidade. Preciosa privacidade. Vida íntima, particular.
Belas imagens de flores. Belas flores de verdade. Palavras escritas e faladas. Melodias, tons, sons. Músicas, esculturas, literaturas, filmes. Tantas formas de expressão da arte. Como são preciosas. Seu poder, pode nos salvar do ócio, do excesso, da ignorância, da tristeza. A arte é um eficaz componente de evolução e bem-estar. Arte alivia, edifica, enobrece, embeleza, salva. Arte eleva. Arte cura. Arte constrói pontes para o conhecimento nos mais diversos níveis. Incentivar a prática e a contemplação das mais variáveis formas de expressões artísticas é o objetivo da coluna essa semana.
Não está fácil para ninguém, não é mesmo? Não está. Aliás, decidi desconfiar das pessoas que estão perfeitamente bem diante deste cenário que estamos vivendo. Penso que não tem como estarmos plenos diante de tanta dor. Mesmo quando não dói na gente, quando o problema não se instala em nosso lar, que nossos entes queridos estejam bem, não há como não nos compadecermos do que está acontecendo.