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“Está tudo muito caro!”

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Já não é de hoje, esta é uma realidade corriqueira nos mercados de bairro ou em qualquer conversa sã sobre o preço do custo de vida; principalmente quando relacionado a alimentação. No Estado do Rio de Janeiro, o preço da cesta básica calculado pelo Dieese já é de R$ 768,42 e isso representa um aumento de 41% na comparação com os dados de 2020. A nível nacional, o IBGE mediu 2,06% de inflação para alimentação e bebidas no último mês de abril; a maior alta para o período de toda a cesta de produtos que compõem o IPCA.

Já não é de hoje, esta é uma realidade corriqueira nos mercados de bairro ou em qualquer conversa sã sobre o preço do custo de vida; principalmente quando relacionado a alimentação. No Estado do Rio de Janeiro, o preço da cesta básica calculado pelo Dieese já é de R$ 768,42 e isso representa um aumento de 41% na comparação com os dados de 2020. A nível nacional, o IBGE mediu 2,06% de inflação para alimentação e bebidas no último mês de abril; a maior alta para o período de toda a cesta de produtos que compõem o IPCA. Infelizmente, não é nenhuma novidade, mas comer é – historicamente – uma das atividades mais inflacionárias do nosso cotidiano.

Eu sei, de fato, temos conversado muito sobre inflação. As últimas duas semanas tangenciaram o assunto e, antes disso, muito também já foi abordado sobre o tema. Contudo, é inevitável falar de inflação quando o assunto é abordar a realidade cruel de guerra no leste europeu. Claro, é cruel para todos nós, mas inimaginável o cotidiano dos cidadãos que vivenciam tanta incerteza e desespero. É o estopim do que pode, a qualquer momento (se é que ainda não se tornou), se tornar uma guerra mundial.

Trigo, gás natural, petróleo, carvão… Rússia e Ucrânia são países altamente competitivos a nível global quando o assunto é produção de commodities. Estes, para quem ainda não está muito familiarizado com o termo, são produtos básicos; matérias-primas para o desenvolvimento de tudo o que ainda possa passar por processos de industrialização a fim de agregar valor ao que futuramente venha a ser comercializado. Partindo desse princípio, no qual – especificamente – ambos os países em questão produzem materiais básicos (e são relevantes, afinal, chegam a ser líderes globais em suas especialidades) e vivem o cenário de guerra entre si, as economias ao redor do mundo se deparam com o que mais pode comprometer o poder de compra de suas populações: o choque de oferta.

 As leis de oferta e demanda são as principais responsáveis pela atribuição de preço a quaisquer produtos ou serviços. É o ponto de encontro das duas curvas (as de oferta e de demanda) o que determina o preço de equilíbrio de comercialização entre vendedor e comprador. Logo, portanto, as assimetrias de oferta causadas pelo contexto de guerra provocam o reajuste de preços até alcançar o equilíbrio em questão. Contudo o problema é ainda maior quando nos damos conta de que a maior parte da produção do leste europeu (principalmente os países em guerra) é material básico e qualquer reajuste de preços provoca uma reação em cadeia de todo o sistema global de produção, estressando os índices inflacionários ao redor do mundo e reduzindo a qualidade de vida de toda uma população mundial.

A Ucrânia, por exemplo, é a maior produtora de trigo do mundo. Por consequência, se a produção (ou abertura de comércio) é reduzida, até o macarrão que você come no restaurante, ou o pão em sua casa vão ficar mais caros. A guerra entre Rússia e Ucrânia tem provocado os mais diversos impactos humanitários, sociais, políticos econômicos, naturais e não há como não sentir seus efeitos colaterais mesmo estando tão longe. Notícias abordando essa realidade estão aos montes espalhadas pelos jornais e outros meios de comunicação, mas meu foco aqui é outro: mostrar como uma reação em cadeia pode afetar o seu bolso e você precisa entender a causa disso.

No Brasil, é ano eleitoral, estamos vencendo uma pandemia e vivenciando uma grande crise de oferta ao redor do mundo. A instabilidade é enorme, mas a democratização do conhecimento vai nos ajudar a superar qualquer tipo de incerteza.

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Quebra-cabeças

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Muito já ouvi falar que para a construção de uma obra nova, devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal e promover as adaptações que se fizerem necessárias. Na verdade, essas medidas são mesmo fundamentais. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar. Não sobre obras, mas sobre pessoas.

Muito já ouvi falar que para a construção de uma obra nova, devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal e promover as adaptações que se fizerem necessárias. Na verdade, essas medidas são mesmo fundamentais. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar. Não sobre obras, mas sobre pessoas.

Passamos muito tempo de nossas vidas construindo ideias sobre os outros. E o tanto que nos enganamos é algo grandioso. Creio que não somos tão bem-sucedidos nessas obras. Inevitavelmente, nos equivocamos. Erramos o cálculo. Confundimos a perspectiva. Mudamos o projeto.

Seres humanos não são esse tipo de projeto que elaboramos com técnica. Somos, na verdade, uma obra sempre inacabada e complexa. Imperfeita por natureza. Em evolução (ou involução). O projeto é de vida e não há nada mais pessoal do que isso. O outro, por mais perito no assunto que seja, não pode precisar com exatidão o que acontece no interior da obra, nem apresentar soluções lapidares.

Esse terreno – que somos nós – não está descoberto a ponto de desvendarmos seus desníveis pelo olhar. Tem até areia movediça por baixo do mato verde. Tem de tudo, como se diz.

Investimos preciosos minutos de vida construindo uma imagem do outro. Supondo coisas. Julgando e prejulgando pelo pouco que conhecemos a seu respeito. Por isso o culto reverenciado pela imagem. Nem sempre a real. Quase sempre a projetada. A que pode ser vista. Isso é uma grande tolice, pois ao construirmos pessoas fictícias em nosso imaginário, empenharemos o dobro de energia para desconstrui-las, pois comumente erramos as análises. Os outros não são o que pensamos deles. Os outros são o que são.

Seria interessante se aceitássemos que o jogo começa com as peças do quebra-cabeças desmontadas, para então, com o tempo pudéssemos aprofundar e conhecer a imagem real que será formada. Daria menos trabalho e as surpresas talvez fossem mais prazerosas. Ou mais reais.

Mania estranha essa de querermos jogar um jogo ganho. Imagens preestabelecidas. Vencedores determinados. E no final das contas, a frustração da decepção. O girassol que eu estava montando no meu quebra-cabeças não passa de uma forma geométrica e sem sentido. Uma bola amarela. E vice e versa. Quantos girassóis deixamos de descobrir no meio do jogo justamente por superficialmente só enxergarmos a bola amarela. Sem essência. Forma e não flor.

Desconstruir é preciso. E se tivermos ânimo, reconstruir. Não sei se me fiz entender. Mas também não é preciso. Referenciando mais uma vez Clarice Lispector: “ não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Não me preocupo, pois.

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A internet não é terra de ninguém

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Diariamente somos bombardeados por uma enxurrada de informações. Notícias que acontecem do outro lado do mundo chegam quase que imediatamente em nossas telas dos smartphones. A comunicação, que entre as pessoas distantes, era demorada, hoje, em questão de cliques ultrapassa qualquer barreira em milésimos.

Diariamente somos bombardeados por uma enxurrada de informações. Notícias que acontecem do outro lado do mundo chegam quase que imediatamente em nossas telas dos smartphones. A comunicação, que entre as pessoas distantes, era demorada, hoje, em questão de cliques ultrapassa qualquer barreira em milésimos.

As informações estão a cada dia mais rápidas. E da mesma forma que somos bombardeados em nossas redes sociais, cada vez temos menos tempo e estamos dispostos a consumirmos conteúdos de forma desordenada. Contudo, a dinamicidade da comunicação é constante e positiva por muitos os lados, mas também tem seus lados negativos e seus efeitos devastadores.

Tudo que “cai” na internet, se espalha rapidamente, de forma definitiva e em todas as direções. Não há mais o menor controle para quem ou como as pessoas estão consumindo esse conteúdo e esse fenômeno se chama “repercussão viral”.

Na maior parte das vezes, atinge e promove positivamente, muitas pessoas em seus trabalhos, empresas e na boa comunicação. Um grande exemplo, é o jovem, “Luva de Pedreiro” que com seu carisma, ganhou o coração dos espectadores nas redes sociais por ser humilde e hoje assina contratos milionários com grandes empresas.

Contudo, tudo que é bom, também acaba sendo mal utilizado e seus efeitos, podem ter consequências, não somente para a gente, mas para outras pessoas, muitas vezes, irreversíveis, ainda mais em épocas de radicalismo em que vivemos hoje. Mas é preciso saber, até que ponto somos responsáveis pelo que falamos, compartilhamos e divulgamos?

Somos inteiramente responsáveis

Quem nunca ouviu falar de alguém que teve sua intimidade divulgada em um vídeo intimo que circulou na internet? Você jamais se viu diante da propagação de fotos de vítimas fatais após acidentes de trânsito? De maneira nenhuma, você expôs a intimidade de alguém, por meio de conversas ou falas em rede? Nenhuma vez foi comunicado e avisou sobre a realização de uma blitz em um grupo de trânsito?

Ao afirmarmos que a internet é uma “terra sem lei” implica em duas falhas muito graves. A primeira, é que ninguém se importa e ninguém cuida. A segunda é, que todos nos podemos ser inteiramente responsáveis por tudo que fazermos lá, mesmo que, tentemos nos camuflar através de perfis falsos.

Eric Lima, advogado e pós-graduado, explica que os crimes mais comuns na internet são: a calúnia (imputar um crime à alguém), injúria (atribuir a alguém uma qualidade negativa), difamação (imputar um fato ofensivo à reputação alheia), divulgação de pornografia sem consentimento, vilipêndio de cadáver (foto de vítimas fatais em acidentes), violação de direito autoral (pirataria), comunicação de blitzes e falsidade ideológica (se passar por alguém).

“Os mesmos crimes que são cometidos no dia-a-dia, seja numa briga no trânsito ou uma ofensa também acontecem com naturalidade no ambiente virtual. Todos nós estamos sujeitos às mesmas penalidades que a legislação penal e civil que podem gerar dano moral, e ocasionar indenizações. Não podemos esquecer, também, que quem compartilha está contribuindo na disseminação da ofensa e pode ser responsabilizado como se fosse co-autor do crime.”

Como nos prevenirmos

Devemos ter muita responsabilidade ao compartilharmos fotos, vídeos, opiniões e intimidades, pois tudo se espalha com extrema velocidade e podemos responder por isso fora do mundo virtual.

Em relação aos crimes de divulgação de pornografia, o segredo é o mínimo de empatia. Se pararmos para e nos colocarmos no lugar do sentimento que a vítima está passando já é um bom começo. O sofrimento é tamanho que pessoas chegam a fazer besteiras consigo após tamanha repercussão. Denuncie quem compartilha!

Em relação ao compartilhamento de fotos de vítimas e divulgação de blitz, o segredo é o bom senso. Se ponha em um lugar de um dos familiares que acabou de perder um filho após um acidente envolvendo alguém bêbado. E acima de tudo, saiba que sua divulgação pode render um processo criminal.

Em relação aos crimes de calúnia, injúria e difamação, a resposta é simples. Se as postagens envolverem terceiros então, a responsabilidade deve ser redobrada, e às vezes até elevada à quinta potência. Esses crimes são os que mais geram consequências não somente na esfera criminal, mas na esfera social, já chegando a morte de pessoas nas ruas, por fatos que não eram verdade. Devemos ser extremantes seletivos com tudo aquilo que compartilhamos e tomarmos cuidado com os linchamentos virtuais.

Liberdade informática não quer dizer falta de limites e a liberdade de cada um acaba quando começa a liberdade do outro. A internet não é “terra de ninguém”, e apesar de estamos dentro de um ambiente virtual ainda sim temos nossas responsabilidades. O ideal é sempre se por no lugar do outro e perguntar: “E se fosse comigo?”

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Tem dor nessa vida

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Dr. Scott Peck, famoso psiquiatra norte-americano começa seu best-seller “Road Less Travelled” (A Trilha Menos Percorrida) com “A vida é difícil.”. No centro da filosofia budista encontramos a afirmação de que “viver é sofrer”. Jesus disse que “no mundo tereis aflições”. Melody Beattie escreveu: “A vida machuca” (“Pare de se maltratar”, 2003, Record). Quando uma pessoa morre é comum dizer-se: “Descansou.” Ora, afinal, a vida é boa ou não? Talvez tenhamos que fazer outra pergunta: Qual vida? Ou ainda, de que pessoa? E mesmo assim, em que momento?

Dr. Scott Peck, famoso psiquiatra norte-americano começa seu best-seller “Road Less Travelled” (A Trilha Menos Percorrida) com “A vida é difícil.”. No centro da filosofia budista encontramos a afirmação de que “viver é sofrer”. Jesus disse que “no mundo tereis aflições”. Melody Beattie escreveu: “A vida machuca” (“Pare de se maltratar”, 2003, Record). Quando uma pessoa morre é comum dizer-se: “Descansou.” Ora, afinal, a vida é boa ou não? Talvez tenhamos que fazer outra pergunta: Qual vida? Ou ainda, de que pessoa? E mesmo assim, em que momento?

Outro dia percebi que havia ao mesmo tempo sol, uma chuva fininha, uma corrente de ar quente que passou por meu carro, e mais adiante um ar frio. A vida parece ser assim, sem previsões, e parece que a imprevisibilidade esta cada vez maior em tudo, nas decisões judiciais, numa eleição política, no tempo atmosférico, numa relação conjugal.

A vida, aquilo que mantém eu e você vivos é algo maravilhoso, sem dúvida. Olha um cadáver. Inerte. Sem circulação. Sem cor na pele. Sem vida. Onde está a vida que o fazia se movimentar segundos antes da morte? Onde está aquela energia que movia o corpo e a mente? A Bíblia diz que está com Deus, a Fonte da vida (veja Eclesiastes 12:7). Neste sentido, a vida, como energia que nos faz estar vivos agora é maravilhosa! Não temos controle sobre ela. Não podemos dizer a ela: “Fica aqui em meu corpo mais 50 anos!” e ela ficar. Podemos antecipar seu desaparecimento, mas não temos poder para esticar sua permanência mais do que está proposto.

E como é a vida no sentido de como vivemos, de como decidimos ou não decidimos as coisas, de como nos relacionamos uns com os outros, e de como sentimos nossos sentimentos, como pensamos? É boa ou ruim? Feliz ou infeliz? Depende.

Você pode um dia estar se sentindo muito bem. Pode estar sereno, em paz, e pensar: “Puxa, quando é que isso (essa sensação) vai embora?” “Por que não fica assim sempre?” Mas aprendendo a viver um dia de cada vez, uma emoção de cada vez, então você pode deixar aquele pensamento de lado, e curtir o momento agradável. O que é bom passa, mas o que é desagradável também passa. Vem o sol, depois vem a chuva, depois vem o mormaço, em seguida uma neblina, depois um pouco de frio, em seguida o céu azul e o sol esquenta. Tudo imprevisível, assim é nossa vida.

As palavras “sempre” ou “nunca” são perigosas. Nunca sabemos o que virá. Nunca disse para um paciente meu “Você vai ter que usar este medicamento o resto de sua vida!” Por que não dizia isso? Por que não tinha e não tenho condições de afirmar tal coisa. Muitas coisas fantásticas podem ocorrer na vida de uma pessoa em termos terapêuticos ou curativos que nunca imaginaríamos ser possível pela Medicina convencional. Por isso, no máximo, posso afirmar: “Pode ser que você vá precisar usar isto por muito tempo. Mas, vamos ver o que ocorrerá no futuro.”

A vida dói porque vêm dores de fora e de dentro de nós. Dores emocionais, dores físicas, de perda, de abusos, de maldades feitas contra a gente, ou que fazemos contra pessoas. Deus fez os seres humanos bons e equilibrados, mas nós criamos muitas complicações. A vida é bela, mas temos dores. Saúde mental não é ausência de tristeza, ansiedade, medo, mas é não se apavorar quando sentir isto, é ter paciência consigo mesmo quando sentir isso, e aguentar estas emoções desagradáveis até que elas passem sem se drogar com qualquer coisa. E ter esperança de melhora e recuperação.

 

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O sonho do tetra

quarta-feira, 18 de maio de 2022

O sonho do tetra
Grande festa na quadra da Vilage no Samba com o 5º tricampeonato de sua história. A maior campeã do carnaval friburguense também ampliou a sua vantagem para a 2ª maior campeã, a Unidos da Saudade: 27 a 21. Celebrando a conquista, ninguém escondia a empolgação em buscar mais uma vez o inédito tetra. Nunca uma agremiação conseguiu quatro títulos seguidos.

O sonho do tetra
Grande festa na quadra da Vilage no Samba com o 5º tricampeonato de sua história. A maior campeã do carnaval friburguense também ampliou a sua vantagem para a 2ª maior campeã, a Unidos da Saudade: 27 a 21. Celebrando a conquista, ninguém escondia a empolgação em buscar mais uma vez o inédito tetra. Nunca uma agremiação conseguiu quatro títulos seguidos.

2023 é logo ali
Apesar de ninguém dizer, a verde e branco, já tem enredo em mente para 2023. Nada diferente das demais agremiações que, no entanto, terão mudanças. Tanto a última, como a 3ª colocada, Imperatriz de Olaria e Alunos do Samba, respectivamente, mudarão seus carnavalescos. Todas tentando impedir o desejado feito da Vilage.

Menor tempo de preparação
O tempo de preparação para o próximo carnaval será bem menor. Serão praticamente oito meses, portanto, quatro meses a menos do que o normal. O período da ressaca será encurtado. Projeta-se para julho a retomada das atividades nos barracões e eventos nas quadras. Em agosto, devem começar a se revelar os enredos e na sequência as inscrições para as disputas de samba.

Disputas de samba
Ainda, não oficialmente, a Unidos da Saudade deve retomar as disputas de samba, após ter encomendado a obra desse ano. A agremiação recebeu apenas um 10 dos três jurados e após o corte da menor nota, perdeu um décimo na disputa. Exatamente o décimo que a faria empatar em número de pontos com a Vilage. A tricampeã por sua vez faz avaliações internas se, após muitos anos, retomará a disputa de sambas. Tudo leva a crer que sim.

A conferir
A Imperatriz de Olaria deve manter a tradição das disputas já que são sempre muito concorridas e lotam sua quadra. Já o Alunão avalia se mantém o concurso para a escolha do seu samba ou se encomenda a obra, após a última disputa ter dividido a escola, sendo muito acirrada. Tudo deve se tornar mais claro, no entanto, dentro de duas semanas.     

Carnaval em fevereiro
Entre as agremiações é dado como certa a volta do carnaval na sua data, claro que salvo intempéries como a da pandemia da Covid-19, que cancelou os desfiles de 2021 e adiou os deste ano. Nos corredores, se diz que o Poder Público sequer acena com uma discussão sobre manter o carnaval friburguense fora de época.

Economia ou movimento?
Ainda que não se tenha uma avaliação mais apurada, os que defendiam o carnaval fora de época já fazem uma revisão. Ainda que se possa trazer estrelas do carnaval carioca e de São Paulo, inclusive friburguenses que lá trabalham, não compensa o clima, tanto do frio, como das pessoas em si. O evento em maio pode ter levado economia aos cofres públicos, no entanto, perdeu a oportunidade da celebração ampliada do aniversário da cidade, com outro tipo de eventos, como a sonhada volta da festa da cerveja.

Domingo de boas vendas
Segundo os barraqueiros que alugaram seus espaços no entorno da Praça Dermeval, o maior volume de vendas foi registrado no domingo, 15, dia dedicado aos poucos blocos que saíram e o trio elétrico, incluindo uma festa LGBTQIA+. No entanto, a impressão é que o maior público ocorreu no sábado, 14, com o desfile das escolas de samba do Grupo Especial que lotou a Alberto Braune. Já os desfiles dos antigos blocos de enredo na sexta, 13, contaram com poucas pessoas nas arquibancadas.

Avaliação
Elogios à estrutura montada, com arquibancadas mais amplas do que nos anos anteriores, assim como uma boa quantidade de banheiros químicos. Boa iluminação e som na avenida. A organização do trânsito, no que pese em fluidez, não deixou a desejar. Já os horários de encerramento das atividades no palco da praça foram alvos de críticas, assim como colocar o Bloco das Piranhas no domingo. No geral, foi um grande carnaval.  

Quase fora
No sábado do carnaval friburguense, acabou passando batida mais uma derrota do Friburguense, em casa, dessa vez para o Sampaio Corrêa, por 3 a 1. Apesar de ter marcado gols em todos os jogos, a defesa tricolor é disparada a pior da competição, sofreu nove tentos, mais do que o dobro da 2ª pior. Para além dos números ruins, o sonho de classificação para as semifinais do 1º turno está praticamente encerrado.

Eliminado do turno
Faltando duas rodadas, para se classificar o Friburguense precisaria de duas vitórias e ainda torcer para que o Volta Redonda perca seus três jogos restantes mais uma combinação de resultados quase impossível. O time da Cidade do Aço tem uma rodada atrasada que se completa hoje, 18, às 15h, diante do Artsul. Em suma, nem a matemática salva: o Friburguense está eliminado. Além de pensar no 2º turno, o Friburguense precisará é lutar contra o incômodo último lugar da competição.

Rebaixamento
Em penúltimo, a apenas um ponto da zona do rebaixamento, o Friburguense pode entrar nesse lugar, caso o Maricá empate ou vença o Gonçalense/Petrópolis, em partida ainda da 3ª rodada que se completa hoje, 18, também às 15h. Apesar da situação ruim na tabela, se mantém o otimismo de que o Friburguense não brigará para não cair para a terceirona e que tem time para brigar pela classificação.

Palavreando
“Que comece um novo carnaval... O novo é entusiasmante. Mas lealdade à quarta-feira de cinzas, pois luto fantasiado falseia a verdadeira vontade de começar novo desfile... De começar de novo. Para viver novo enredo, desde à sua concepção, à escolha de seus sons, fantasias, alegorias e adereços. Suas verdades”.

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A moça que gostava de estudar

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Nunca se sabe o que esperar de uma pessoa que gosta de ler e de estudar

Nunca se sabe o que esperar de uma pessoa que gosta de ler e de estudar

No bairro onde passei alguns anos de minha infância, estudar não era coisa a que se desse grande valor. Para a maioria das famílias, se o filho aprendesse o suficiente para conseguir emprego numa fábrica ou numa loja, já estava muito bom. Passar disso era ambicionar demais, já era estar querendo se meter a filho de doutor. Minha mãe, no entanto, era uma exceção, não sem motivo ela se chamava Conceição (no oficial); Ceção (para as coisas do dia a dia) e uma de suas ideias fixas era arrumar colégio para nós. De modo que eu e meus irmãos tínhamos grande dificuldade de escapar dos estudos. Apesar disso, eu comungava da crença geral entre a garotada local de que estudar contrariava a natureza humana. Não podia ser normal a gente ter que renunciar a jogar pelada ou apostar corrida pelas ruas para se enfurnar entre quatro paredes, contemplando a professora diante de um quadro negro, fazendo umas contas malucas que ninguém entendia.

 Mas havia nesse bairro certa mocinha que gostava de estudar. Aquilo rompia com a harmonia do universo. Lá ia ela carregando livros e cadernos e, ao contrário de nós outros, com a cara mais feliz do mundo. Sim, ela não apenas ia ao colégio, mas ia contente. Verdade que, sendo alguns anos mais velha do que nós, frequentava uma escola no Centro e ainda se dava ao luxo de ir e vir de bicicleta, enquanto nós marchávamos a pé para o grupo escolar da vizinhança. O mais assombroso era que havia quem garantisse que ela gostava também de ler, isto é, não se limitava aos que os professores mandavam, mas por conta própria enfiava os olhos e a cara em livros que ela mesma procurava.

 Diante de tamanha estranheza, também os adultos tinham a suspeita de que a moça era, como então se dizia, meio gira. Ou seja, meio pancada, meio abestada. Para falar francamente, meio maluca. A família, no entanto, tratava-a com naturalidade e até mesmo com orgulho. A mãe dela chegava a olhar a gente de cima, como se dissesse que a filha não era da nossa laia, muito pelo contrário, era alguém que gostava de estudar. Alguém que podia até vir a ser datilógrafa em algum escritório ou secretária em alguma fábrica, por que não?

Nós, meninos, nunca tivemos dúvida sobre a pouca sanidade mental da moça. Alguns, mais benevolentes, a consideravam esquisita; os demais a tinham na conta de doida varrida. Quando ela passava pedalando, pontas de cadernos e livros olhando para fora da pasta abarrotada, a gente parava para contemplar com curiosidade e um pouco de medo ─ nunca se sabe o que esperar de uma pessoa que gosta de ler e de estudar. Mas o fato é que a moça nunca nos fez outro mal, a não ser o mau exemplo que dava e que alguns pais logo começaram a querer que os filhos imitassem. Isso não me afetou muito porque, como já disse, mesmo que eu não quisesse, Ceção me mandava para as aulas. Quanto aos livros, muito cedo também eu viria a contrair a incurável doença de gostar deles.

Aquela misteriosa moça só deixou de ser para nós um mistério quando tomou um tombo de bicicleta. Aconteceu que certo dia ela não conseguiu equilibrar em cima de duas rodas o corpo e a sabedoria e ambos vieram ao chão. A pobrezinha ficou esparramada no meio da rua, numa deselegância que ninguém podia imaginar numa pessoa tão estudiosa. Um cidadão chegou para socorrê-la antes que ela pudesse arrumar a saia, tendo ele, no entanto, a infeliz gentileza de acalmá-la dizendo: “Não adianta esconder que eu já vi tudo!” Mas levantou-a com cuidado, enquanto os moleques juntavam pertences dela e cheios de cerimônia os entregavam.

A partir daquele dia deixamos de ver aquela jovem como um ser estranho, quase do outro mundo. Foi com certeza o momento em que de uma vez por todas compreendemos que os intelectuais são apenas seres humanos e que, como todos os mortais, estão sujeitos a quedas e fracassos.

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Na falta do que dizer, fala-se em golpe

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Li no portal de notícias Uol, na segunda feira, 16, a seguinte pérola: “Partidos veem risco de Jair Bolsonaro tentar golpe, e autoridades se calam”. Confesso que fico pasmo quando vejo esse tipo de assunto vir à baila, pois me parece coisa de quem não tem o que fazer e começa a disseminar boatos ou inverdades, com o intuito de disseminar o medo ou, o que é mais grave, para criar mais problemas com o objetivo de tumultuar por tumultuar.

Li no portal de notícias Uol, na segunda feira, 16, a seguinte pérola: “Partidos veem risco de Jair Bolsonaro tentar golpe, e autoridades se calam”. Confesso que fico pasmo quando vejo esse tipo de assunto vir à baila, pois me parece coisa de quem não tem o que fazer e começa a disseminar boatos ou inverdades, com o intuito de disseminar o medo ou, o que é mais grave, para criar mais problemas com o objetivo de tumultuar por tumultuar.

Em seu artigo "O Golpe de Bolsonaro", publicado na “Ilustríssima”, Wilson Gomes (professor da Universidade Federal da Bahia e autor de "Crônica de uma Tragédia Anunciada", domingo, 15, na Folha) ensina os dois significados da palavra, um estimulando o outro. Tem o mais comum, que é sinônimo de tramoia, farsa, embuste, logro, fraude. O outro, muito conhecido dos brasileiros desde a Proclamação da República, significa tomada violenta do poder pelos militares. "O governo Bolsonaro e os generais seus acólitos jogam com os dois sentidos do termo", constata Gomes. "Mas, afinal, o golpe virá, ou é só mais uma das enganações de um movimento político que não existe sem fraude ou engodo?". Longe de mim contestar um emérito professor da Universidade Federal da Bahia, apesar da Folha não especificar qual matéria por ele lecionada, mas posso entrar nessa discussão, sem medo de errar.

Primeiro doa a quem doer, o movimento político a que se refere o mestre existe sim, pois é o resultado de 57,8 milhões de votos que elegeram o presidente atual; se ele não existe sem fraudes ou engodo, saberemos nas próximas eleições. O que não se pode negar é o fato de apesar de sofrer uma oposição ferrenha, jamais vista na história da república brasileira, Jair Bolsonaro vai entregar ao sucessor ou a ele mesmo, um país muito melhor do que aquele oriundo de 14 anos de PT e mais dois de Temer.

O mestre baiano cita ainda: “Na dúvida, acho melhor parar de falar esta palavra porque é isso que os golpistas querem: disseminar o medo e a insegurança na população que irá às urnas em outubro, para desviar a atenção do que realmente interessa, a grave crise econômica que assola as famílias brasileiras”. Esquece ele que ao final do governo do PT, englobando Luís Inácio por oito anos e Dilma Rousseff por seis anos, a taxa de desemprego alcançou 12 milhões de cidadãos e a inflação ao final do ano de 2016 era de 10,71 % (fase final do governo Dilma). Esqueceu ainda que o governo petista não foi assolado por dois anos da pandemia do Covid 19, nem conviveu com a guerra da Ucrânia. A aludida crise econômica é mundial e não poupou nem mesmo os Estados Unidos, onde a inflação de 6,7% (em 2021) já pulou para 8,5 % nos primeiros cinco meses de 2022. Ela atingiu o maior nível desde 1982, refletindo desequilíbrios da pandemia; os preços altos levarão o Banco Central de lá a subir os juros. É bom que se diga também que a alta dos combustíveis na terra do Tio Sam é significativa. (O preço da gasolina nos EUA em 2022 está em R$ 5,13, o litro (US$ 4,17, o galão) em 6 de abril). Na Europa os preços da gasolina nos postos são bem mais altos, se aproximando de R$ 13, o litro em alguns países, atualizado em 6/4/2022). Na terra do Tio Sam, em 2019 era de US$ 2,56 por galão (um galão é igual a 3,78 litros). Mas, isso não interessa ser revelado por essas mentes tacanhas, pois como já foi dito, mostram que a crise é mundial.

Cumpre dizer, também, que um golpe para ser engendrado precisa do apoio dos chefes das forças armadas o que não parece ser o caso presente; eles podem e com certeza repudiam a maneira com que a figura do chefe da nação vem sendo atacada, mas não demonstram a mínima intenção de usar a força para apaziguar o país. Quem viveu 1964 sabe que a desordem reinante por aqui, com ameaça às instituições e mesmo à democracia brasileira foi o estopim para o 1º de abril.

No entanto, esse movimento não se iniciou num simples estalar de dedos, ele foi gestado durante meses e iniciado apenas no momento em que a situação de normalidade democrática estava sob ameaça. Nenhum presidente, seja do país que for, inicia um movimento sem o apoio das forças armadas e tenho certeza que nossos chefes militares jamais apoiarão uma tentativa de fechamento do Congresso Nacional pelo atual governo. Claro está que se a ordem pública e social estiver sob ameaça, aí sim, as forças armadas cumprirão o seu papel de garantir a ordem constitucional do Brasil.

O resto é conversa para boi dormir, fruto da inveja de 43 milhões de eleitores que não aceitam até hoje o resultado das urnas de 2018. Se tivessem antevisto a derrota de Haddad tudo fariam para fraudar aquelas eleições e, aí, isso seria normal pois pimenta só arde no do vizinho.

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AVS é a voz dos sentimentos de Nova Friburgo!

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Finalmente o Carnaval retornou aos brios da Avenida Alberto Braune! A VOZ DA SERRA circulou no último fim de semana com um caderno especial da folia que veio embalando os sonhos que se aglomeravam numa quarentena de dois anos. O surdo voltou a ouvir o som forte de sua batucada e as agremiações carnavalescas de Nova Friburgo demostraram que o tempo da espera não isolou os ideais do reinado de Momo. Da minha infância guardo lembranças do cordão de isolamento e das escolas de samba, sem a grandiosidade dos carros alegóricos. Eu tinha medo do Bloco dos Bichos e papai me punha em seus braços.

Finalmente o Carnaval retornou aos brios da Avenida Alberto Braune! A VOZ DA SERRA circulou no último fim de semana com um caderno especial da folia que veio embalando os sonhos que se aglomeravam numa quarentena de dois anos. O surdo voltou a ouvir o som forte de sua batucada e as agremiações carnavalescas de Nova Friburgo demostraram que o tempo da espera não isolou os ideais do reinado de Momo. Da minha infância guardo lembranças do cordão de isolamento e das escolas de samba, sem a grandiosidade dos carros alegóricos. Eu tinha medo do Bloco dos Bichos e papai me punha em seus braços. Num passe de mágica, o medo desaparecia e tudo era festa.

De lá pra cá, a produção carnavalesca se avolumou e temos sempre um espetáculo de luzes, cores e muita criatividade. O desfile é sempre uma atração cultural, à parte, verdadeira aula de arte e de conhecimentos. Os sambas embalaram os enredos com narrativas curiosas de quem foi fundo buscar embasamento. A Alunos do Samba nos trouxe um desabafo "pra carnavalizar e compreender a sociedade...". É o chamado para a responsabilidade: "Alô Brasil, levanta a tua hora já chegou..." E o tom de alento: "Hakuna Matata é lindo dizer...". Sem problema!

A Imperatriz de Olaria seguiu os "caminhos de Tupã" na magia que o seu enredo invoca: "De peito aberto minha flecha é minha fé! Sigo em frente, venha o que vier. Creio no Pajé, na herança ancestral, nessa força sobrenatural...". "Na tribo Imperatriz", Olaria é assim mesmo: nossa aldeia! O Carnaval produz o belo, o mágico e se faz também um arauto em defesa das demandas humanas, dos lamentos, das esperanças. A Vilage no Samba, "nessa longa caminhada da vida", nos trouxe "O som do Sertão" e na "trilha sonora do interior" o enredo é a soma das intertextualidades: "o cio da terra, pirapora, romaria, o rancho fundo, o luar do sertão" e segue "tocando em frente", tocando o coração da gente, numa "nuvem de lágrimas", cantando o amor... Em profundas "evidências" ... uma "vila sertaneja de raiz...".

Comemorando na avenida o centenário da metalurgia no Brasil, a Unidos da Saudade retornou aos holofotes da Alberto Braune, buscando o conhecimento inicial: "A grande explosão criou o mundo e desse choque profundo, fogo, o ferro aquecia o homem primitivo nas cavernas....". Assim, no esteio do conhecimento, o enredo veio "moldando a história de antigas civilizações...". e "navegou o oceano" na certeza de que "o samba é o aço que resiste... sentimento que persiste...". A Saudade, "na bravura do metal", é sempre "blindada de amor no carnaval...".

Com todo o espetáculo do Carnaval fora de época, desde a última sexta-feira, 13, as agremiações deram provas de que se solidificaram ainda mais. Diante da interrupção forçada pela pandemia, o isolamento silenciou o batuque por dois anos, mas não cessou a força da paixão pelo espírito carnavalesco. Como bem acreditou a Alunos do Samba no "Hakuna Matata", as demais também tiveram a mesma força idealizadora. E Nova Friburgo já cultiva um canteiro de possibilidades com a escola mirim "Sementes do Samba". É assim que se veste o futuro de esperanças! Afinal, seguindo a Saudade, "o samba é o aço que resiste...”. Um dado interessante que vale registrar, pois, este ano, a supersticiosa “Sexta-feira 13” foi, com muita sorte, uma sexta de Carnaval, quando também se reverenciou os 134 anos da Abolição da Escravatura.

A VOZ DA SERRA nos trouxe notícias importantes na edição de fim de semana. Mas, excepcionalmente, a coluna "Surpresas de Viagem" manteve o foco no Carnaval de maio, no inusitado reinado de outono. Para fechar o roteiro, a charge de Silvério nos convidou para soprarmos as velas nos 204 anos de Nova Friburgo. De volta ao desfile de 16 de maio, de volta aos acenos, ao tremular das bandeiras, ao triunfar das bandas, ao corre-corre das crianças, dos professores.... Tudo sob o manto azul do céu friburguense! Festejando também o Dia do Gari, os heróis que, na magia do balé de suas vassouras, mantêm a cidade limpa e muito mais bonita! Parabéns, Nova Friburgo!

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Gratidão

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Ao celebrar os 204 anos da nossa querida cidade de Nova Friburgo, não poderia iniciar esta reflexão com outra expressão: Gratidão.

Esta palavra é uma marca no discurso do Dom Luiz Antonio Lopes Ricci, bispo de Nova Friburgo, que, por desígnio divino, celebrou a dádiva de sua vida no mesmo dia que comemoramos o aniversário de nossa cidade.

Ao celebrar os 204 anos da nossa querida cidade de Nova Friburgo, não poderia iniciar esta reflexão com outra expressão: Gratidão.

Esta palavra é uma marca no discurso do Dom Luiz Antonio Lopes Ricci, bispo de Nova Friburgo, que, por desígnio divino, celebrou a dádiva de sua vida no mesmo dia que comemoramos o aniversário de nossa cidade.

Desde sua chegada a esta terra, Dom Luiz tem nos ensinado com suas atitudes e palavras a importância de um coração agradecido. Em seu discurso de posse, o prelado chamou atenção para a desafiadora realidade da pandemia da Covid-19 que cercava aquele momento.

Não obstante essa dura realidade, somos convidados a renovar a teimosa esperança em dias melhores, permanecendo, como Maria, em pé, no olhar da fé, ainda que seja aos pés da Cruz. Maria é a Mãe da Igreja - por isso a liturgia escolhida para a minha posse, e nos foi dada como Mãe naquele derradeiro e doloroso momento de Cristo. Apesar da dor e cansaço, podemos sim permanecer em pé, mantendo viva a “esperança que não decepciona”. (...) Com Maria podemos permanecer em pé diante das cruzes, mas também cantar as maravilhas que o Bom Deus realiza em nós e por meio de nós, quando agimos em seu nome, fazendo o bem, por Amor e com Amor. “Feliz aquele servo, que o Senhor, ao voltar, encontrar agindo assim” (Mt 24,46).

Nestes 204 anos, o povo friburguense provou que é persistente na esperança. Muitas foram as adversidades que sobrevieram sobre esta terra serrana, mas a união na esperança de reconstruir na paz, na justiça e na dignidade esteve sempre presente no coração do friburguense. Na superação das diferenças de credos e posição social todos se abraçaram na certeza de que a fraternidade é a garantia do futuro.

O Papa Francisco também nos ensina que é importante saber agradecer. “Se somos portadores de gratidão o mundo também se torna melhor, mesmo que ligeiramente, mas isso é o suficiente para dar-lhe um pouco de esperança. O mundo precisa de esperança e com gratidão, com esta atitude de agradecimento, transmitimos um pouco de esperança” (Catequese semanal, 30 dez. 2020).

Neste dia, saibamos agradecer e louvar por tudo aquilo que o Senhor faz por nós! Não nos esqueçamos de dizer obrigado a nossa família, a nossos amigos, comunidade. Sejamos agradecidos a quem nos ajuda, a quem está ao nosso lado, a quem nos acompanha na vida. Agradecidos a quem nos incentiva na esperança.

Parabéns a Nova Friburgo! Parabéns ao povo friburguense! Que sejamos capazes de construir muitos anos de história pautados na esperança e na gratidão!

Foto da galeria

Padre Aurecir Martins de Melo Júnior é assessor diocesano da Pastoral da Comunicação.

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Lendas Urbanas

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Durante a oficina literária, da qual participo semanalmente, há uns vinte anos, Pablo, antigo companheiro de escrita, escreveu um conto de memória sobre lendas urbanas em que aborda o tema de modo bem-humorado. Como nunca havia escrito a respeito nesta coluna literária, resolvi me debruçar sobre o assunto que corre sorrateiramente pela cidade, principalmente em universidades, escolas e instituições. Onde moro, na Fazenda Bela Vista, há tempos, corriam de boca em boca as histórias das Três Freiras e a do João Cocó que virava lobisomem.

Durante a oficina literária, da qual participo semanalmente, há uns vinte anos, Pablo, antigo companheiro de escrita, escreveu um conto de memória sobre lendas urbanas em que aborda o tema de modo bem-humorado. Como nunca havia escrito a respeito nesta coluna literária, resolvi me debruçar sobre o assunto que corre sorrateiramente pela cidade, principalmente em universidades, escolas e instituições. Onde moro, na Fazenda Bela Vista, há tempos, corriam de boca em boca as histórias das Três Freiras e a do João Cocó que virava lobisomem. Cá para nós, o nome do personagem João Cocó é bom demais! Faz a gente viajar. Literatura é isso, um passaporte ao mundo da fantasia.   

As lendas urbanas são narrativas breves de caráter fabuloso, alarmista ou sensacionalista que compõem a oralidade social. De acordo com Saulo Gomes Thimóteo, “Toda pessoa, independentemente de sua origem, crença ou formação, desenvolve-se em torno de narrativas”. São histórias gestadas no imaginário popular, que mesclam elementos fantásticos com lugares específicos, como salas de aula, ruas, trevos, metrô, dentre tantos outros. Em Nova Friburgo, a Fonte do Suspiro foi cercada de feitiços e lendas. Uma delas narrava que aquele que bebesse das suas águas a elas se prenderia por toda a vida. Outra contava que suas águas recuperavam a saúde, consolavam os tristes, fortaleciam os fracos e encorajavam os vivos.  

Quem não precisa de magia para se inserir na vida quotidiana? 

A literatura nasceu com a oralidade das lendas, das fábulas, das histórias cotidianas que foram passadas de geração em geração até o surgimento da edição gráfica dos livros no século XV. A necessidade de a pessoa dialogar com a vida quotidiana é fundamental para sua interação com o ambiente. Nesse intercâmbio há aspectos desconhecidos e sem explicação lógica que criam temor, impaciência e inquietude. São nesses âmbitos que surgem as lendas, nas quais não se sabe se aconteceram ou não. Por outro lado, criam suspense e curiosidade. Podem acabar sendo orientadoras de comportamentos, como não se deve andar à noite em lugares desertos, como os pais avisavam aos filhos para não voltarem tarde da noite para casa por causa das “Três Freiras”. Ou mesmo a lenda da “Loira do Banheiro” que não deixava de ser uma maneira eficiente de evitar que as crianças ficassem muito tempo no banheiro das escolas. Ou a do “Homem da Agulhas”, lenda que corre mundo afora e alerta sobre o risco do contágio através de seringas. Uma lenda urbana que comumente muito se popularizou é a de que um vírus foi criado propositalmente em laboratório.

Há lendas urbanas clássicas que ressurgem de tempos em tempos e tornam-se adaptadas aos contextos social, histórico e cultural. De todo o modo, expressam a incapacidade de entendimento sobre fatos da vida, como a morte, a doença, o poder, a insegurança que são compartilhados através de narrativas que relançam saberes populares. Além do mais impulsionam a relação entre pessoas, ou seja, as lendas mobilizam grupos de conversa que contam e recontam narrativas, seguidos de inesgotáveis comentários.

Quem ainda não se impressionou ou foi tocado por uma lenda? 

 

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