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Elizabeth Souza Cruz

Elizabeth Souza Cruz

Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Finalmente o Carnaval retornou aos brios da Avenida Alberto Braune! A VOZ DA SERRA circulou no último fim de semana com um caderno especial da folia que veio embalando os sonhos que se aglomeravam numa quarentena de dois anos. O surdo voltou a ouvir o som forte de sua batucada e as agremiações carnavalescas de Nova Friburgo demostraram que o tempo da espera não isolou os ideais do reinado de Momo. Da minha infância guardo lembranças do cordão de isolamento e das escolas de samba, sem a grandiosidade dos carros alegóricos. Eu tinha medo do Bloco dos Bichos e papai me punha em seus braços. Num passe de mágica, o medo desaparecia e tudo era festa.

De lá pra cá, a produção carnavalesca se avolumou e temos sempre um espetáculo de luzes, cores e muita criatividade. O desfile é sempre uma atração cultural, à parte, verdadeira aula de arte e de conhecimentos. Os sambas embalaram os enredos com narrativas curiosas de quem foi fundo buscar embasamento. A Alunos do Samba nos trouxe um desabafo "pra carnavalizar e compreender a sociedade...". É o chamado para a responsabilidade: "Alô Brasil, levanta a tua hora já chegou..." E o tom de alento: "Hakuna Matata é lindo dizer...". Sem problema!

A Imperatriz de Olaria seguiu os "caminhos de Tupã" na magia que o seu enredo invoca: "De peito aberto minha flecha é minha fé! Sigo em frente, venha o que vier. Creio no Pajé, na herança ancestral, nessa força sobrenatural...". "Na tribo Imperatriz", Olaria é assim mesmo: nossa aldeia! O Carnaval produz o belo, o mágico e se faz também um arauto em defesa das demandas humanas, dos lamentos, das esperanças. A Vilage no Samba, "nessa longa caminhada da vida", nos trouxe "O som do Sertão" e na "trilha sonora do interior" o enredo é a soma das intertextualidades: "o cio da terra, pirapora, romaria, o rancho fundo, o luar do sertão" e segue "tocando em frente", tocando o coração da gente, numa "nuvem de lágrimas", cantando o amor... Em profundas "evidências" ... uma "vila sertaneja de raiz...".

Comemorando na avenida o centenário da metalurgia no Brasil, a Unidos da Saudade retornou aos holofotes da Alberto Braune, buscando o conhecimento inicial: "A grande explosão criou o mundo e desse choque profundo, fogo, o ferro aquecia o homem primitivo nas cavernas....". Assim, no esteio do conhecimento, o enredo veio "moldando a história de antigas civilizações...". e "navegou o oceano" na certeza de que "o samba é o aço que resiste... sentimento que persiste...". A Saudade, "na bravura do metal", é sempre "blindada de amor no carnaval...".

Com todo o espetáculo do Carnaval fora de época, desde a última sexta-feira, 13, as agremiações deram provas de que se solidificaram ainda mais. Diante da interrupção forçada pela pandemia, o isolamento silenciou o batuque por dois anos, mas não cessou a força da paixão pelo espírito carnavalesco. Como bem acreditou a Alunos do Samba no "Hakuna Matata", as demais também tiveram a mesma força idealizadora. E Nova Friburgo já cultiva um canteiro de possibilidades com a escola mirim "Sementes do Samba". É assim que se veste o futuro de esperanças! Afinal, seguindo a Saudade, "o samba é o aço que resiste...”. Um dado interessante que vale registrar, pois, este ano, a supersticiosa “Sexta-feira 13” foi, com muita sorte, uma sexta de Carnaval, quando também se reverenciou os 134 anos da Abolição da Escravatura.

A VOZ DA SERRA nos trouxe notícias importantes na edição de fim de semana. Mas, excepcionalmente, a coluna "Surpresas de Viagem" manteve o foco no Carnaval de maio, no inusitado reinado de outono. Para fechar o roteiro, a charge de Silvério nos convidou para soprarmos as velas nos 204 anos de Nova Friburgo. De volta ao desfile de 16 de maio, de volta aos acenos, ao tremular das bandeiras, ao triunfar das bandas, ao corre-corre das crianças, dos professores.... Tudo sob o manto azul do céu friburguense! Festejando também o Dia do Gari, os heróis que, na magia do balé de suas vassouras, mantêm a cidade limpa e muito mais bonita! Parabéns, Nova Friburgo!

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A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

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