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A VOZ DA SERRA é daqui e é do mundo!

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

“Gagueira tem cura!” Com essa afirmativa, a edição do Caderno Z do último fim de semana marcou o Dia Internacional de Atenção à Gagueira (22 de outubro). Motivo muitas vezes de piadas e apelidos, a gagueira “é vista pela ciência com um distúrbio causado por diversos fatores como genética, condições médicas e fator social”. O fator psicológico não é causador da gagueira, mas pode ser um agravante caso o problema já exista. O Brasil realiza companhas pela data “desde a primeira edição, há 24 anos”.

“Gagueira tem cura!” Com essa afirmativa, a edição do Caderno Z do último fim de semana marcou o Dia Internacional de Atenção à Gagueira (22 de outubro). Motivo muitas vezes de piadas e apelidos, a gagueira “é vista pela ciência com um distúrbio causado por diversos fatores como genética, condições médicas e fator social”. O fator psicológico não é causador da gagueira, mas pode ser um agravante caso o problema já exista. O Brasil realiza companhas pela data “desde a primeira edição, há 24 anos”. Existem vários níveis de gravidade da gagueira e com diagnóstico precoce é possível, com auxílio da fonoaudiologia, que o problema seja sanado sem grandes preocupações. “Ninguém é fluente o tempo todo” e qualquer pessoa pode apresentar sinais de gagueira.

Há, no entanto, recomendações a serem observadas: “Não se acanhe nem deixe de expressar o que pensa ou o que sente só porque você gagueja; procure valer-se dos artifícios que ajudam a diminuir os sintomas da gagueira”, entre outras práticas. Usar interjeições, substituir palavras mais difíceis, construir frases simples são recursos eficazes para facilitar a comunicação. Levar a sério o tratamento, comparecendo às sessões de fonoaudiologia é imprescindível. O filósofo Demóstenes, com toda a sua gagueira, utilizando o método das pedrinhas na boca, tornou-se o Grande Orador da Antiguidade.

Onde é que os canhotos entram na história da gagueira? Estudos revelam que a dislexia e a gagueira são mais frequentes em canhotos, devido ao fato de as crianças terem sido forçadas a usarem a mão direita. Mesmo que o mundo esteja planejado para os destros, nunca devemos forçar uma criança para que use a mão direita.

Tudo na vida é uma constante busca e a saúde está sempre em primeiro lugar. Christiane Coelho nos trouxe uma reportagem sobre a prevenção do câncer de boca. A doutora Maria Carolina Barki, coordenadora do curso de Odontologia da UFF, alertou sobre os cuidados ressaltando, inclusive sobre a proteção dos lábios para quem trabalha exposto ao sol. Além de atendimentos na UFF, a Prefeitura de Nova Friburgo oferece unidades básicas de saúde, vários tratamentos distribuídos em diversos locais da cidade.

É bom mesmo preparar o sorriso para rir à-toa, porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que em janeiro de 2023 o salário-mínimo e as aposentadorias do INSS terão um reajuste e os “novos valores irão cobrir a inflação”.

O Cão Sentado, na charge de Silvério, surgiu na capa da edição em estado de alerta para o próximo verão que “pode ter chuvas acima da média”, conforme previsões do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A Energisa  promoveu em sua sede, em Cataguases-MG, um seminário na última quarta-feira, 19, que reuniu autoridades do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e demais envolvidos em situações de contingências climáticas, para debaterem e traçar metas de prevenção na redução de riscos. Nossa diretora do jornal, Adriana Ventura, e o radialista Pedro Osmar representaram a imprensa friburguense.  

Ana Borges conversou com o advogado Leonardo Mazzine sobre a questão dos direitos à educação inclusiva, pois, apesar de existirem leis que dão essa garantia, muitas vezes, há necessidade de se recorrer à Justiça: “A educação inclusiva ainda sofre com uma mentalidade social dos que rejeitam e questionam valores e práticas positivados nas leis, em especial num contexto marcado pela seletividade e segregação. Mas não podemos nos acomodar”, destaca o doutor Mazzine.

Enquanto o “Editorial” luta por nossos direitos na máxima “Censura Nunca Mais”, exatamente porque “precisamos honrar tantos que um dia lutaram pela Democracia”, em “Há 50 Anos”, a paz reinava: “Ariosto é um exemplo de serenidade e educação política cívica”, destacava a manchete da edição de 21 e 22 de outubro de 1972: “A elegância de gestos na pureza de propósitos com que o engenheiro Ariosto Bento de Mello conduz a sua campanha política, há de ficar assinalada na história de Friburgo como raro exemplo...”. Tanto marcou que sentimos saudades da figura amável e carismática do doutor Ariosto. Que belo exemplo! 

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Carim, Cidadão Madalenense

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Em concorrida sessão solene na última sexta-feira, 21, a Câmara Municipal de Santa Maria Madalena, comemorando de forma conjunta, os dias dedicados ao professor (15), aos médicos  (18) e servidores públicos (28), prestou oportunas homenagens a diversos representantes de tais áreas profissionais. Na mesma sessão foi realizada a entrega do Título de Cidadão Madalenense ao conhecido e renomado médico cirurgião de nossa cidade, dr. José Antonio Verbicário Carim, natural do distrito trajanense de Visconde de Imbé, mas que teve também estreita relação com Santa Maria Madalena, onde estudou.

Em concorrida sessão solene na última sexta-feira, 21, a Câmara Municipal de Santa Maria Madalena, comemorando de forma conjunta, os dias dedicados ao professor (15), aos médicos  (18) e servidores públicos (28), prestou oportunas homenagens a diversos representantes de tais áreas profissionais. Na mesma sessão foi realizada a entrega do Título de Cidadão Madalenense ao conhecido e renomado médico cirurgião de nossa cidade, dr. José Antonio Verbicário Carim, natural do distrito trajanense de Visconde de Imbé, mas que teve também estreita relação com Santa Maria Madalena, onde estudou.

No exclusivo registro fotográfico para esta coluna, vemos o dr. Carim recebendo a honraria das mãos do presidente da Câmara de Madalena, vereador José Antônio (Galo), e ao lado o vice-prefeito do município, Riquinho Vaca Velha.

Sorteios de livro e camisa

A Casa Madre Roselli, instituição das mais respeitadas de Nova Friburgo e que há anos ajuda meninas necessitadas, lançou uma promoção especial para arrecadar fundos para a continuidade das obras de reforma de sua sede na Rua General Osório.

Trata-se da "Ação entre Amigos", que vai sortear no dia 24 de novembro, quanto o Brasil estreará às 16h na Copa do Catar contra a Sérvia, um exemplar do livro "Pelé 70" e uma camisa feminina original da seleção brasileira, tamanho M.

Cada bilhete custa R$ 5 que pode ser adquirido na própria Casa Madre Roselli ou, via Pix, para a chave 29.758.794/0001-39 e assim, que preferir fazer basta em seguida encaminhar o comprovante para Maiby no zap 21 9 96831519, que mandará os bilhetes. Vamos participar ajudando e concorrendo aos sorteios.

Vivas para a Ingrid!

Ainda em tempo de satisfação, por sinal compartilhando com familiares e muitos amigos, renovados cumprimentos de felicidades, sucessos e tudo de bom para a simpática Ingrid Amorim (foto), em razão do seu aniversário ocorrido na última sexta-feira, 21. Parabéns!

Primo do Papai Noel

Amanhã, 26, às 14h, acontecerá na Academia Friburguense de Letras, o lançamento do livro "O Primo do Papai Noel", de autoria da professora Márcia Machado e seu amigo também da área educacional, Júlio Emílio Braz, ilustrador da obra.

Este evento contemplará o público presente, especialmente a garotada, com a participação da contadora de histórias Marisa Maia.

Corrida contra a Pólio!

No próximo sábado, 29, o Rotary Clube Nova Friburgo Imperador vai promover a "Corrida contra a Poliomielite" na localidade rural de Vargem Alta, na Hospedaria Rancho Ferreira. A atividade será realizada em alusão ao Dia de Combate a Pólio, celebrado ontem, 24.

Depois da corrida, haverá almoço festivo com música ao vivo com Bryan Ferreira (ex-The Voice Kids) e a arrecadação deste evento será destinada à Campanha contra a Pólio desenvolvida no mundo pelo Rotary Clube.

Dio do Chef Internacional

Na última quinta-feira, 20, celebrou-se o "Dia Internacional do Chef de Cozinha". Por esta bela razão e como temos radicada há algum tempo em Nova Friburgo a querida Shirley Ajudarte (foto), parabenizamos a ela e todos os que militam neste admirado segmento em Nova Friburgo e região.

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O fariseu e o publicano

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

No último domingo, 23, o Papa Francisco refletiu sobre a parábola do fariseu e o publicano. Acompanhemos sua mensagem: “Esta parábola que tem dois protagonistas, um fariseu e um publicano (cf. Lc 18, 9-14), ou seja, um homem religioso e um pecador confesso. Ambos sobem ao templo para rezar, mas só o publicano se eleva verdadeiramente a Deus, porque humildemente desce à verdade de si mesmo e se apresenta como é, sem máscaras, com a sua pobreza. Poderíamos então dizer que a parábola se situa entre dois movimentos, expressos por dois verbos: subir e descer.

No último domingo, 23, o Papa Francisco refletiu sobre a parábola do fariseu e o publicano. Acompanhemos sua mensagem: “Esta parábola que tem dois protagonistas, um fariseu e um publicano (cf. Lc 18, 9-14), ou seja, um homem religioso e um pecador confesso. Ambos sobem ao templo para rezar, mas só o publicano se eleva verdadeiramente a Deus, porque humildemente desce à verdade de si mesmo e se apresenta como é, sem máscaras, com a sua pobreza. Poderíamos então dizer que a parábola se situa entre dois movimentos, expressos por dois verbos: subir e descer.

O primeiro movimento é subir. Na verdade, o texto começa dizendo: ‘Dois homens subiram ao templo para rezar’ (v. 10). Este aspecto recorda muitos episódios da Bíblia, nos quais para encontrar o Senhor se sobe à montanha da sua presença: Abraão sobe a montanha para oferecer o sacrifício; Moisés sobe ao Sinai para receber os mandamentos; Jesus sobe à montanha, onde é transfigurado. Portanto, subir exprime a necessidade do coração de se desligar de uma vida monótona para ir ao encontro do Senhor; de se erguer das planícies do nosso ego para ascender até Deus - livrar-se do próprio eu; de recolher o que vivemos no vale para o levar perante o Senhor. Isto é “subir”, e quando rezamos, ascendemos.

Mas para vivermos o encontro com Ele e sermos transformados pela oração, para nos elevarmos a Deus, precisamos do segundo movimento: descer. Por quê? O que significa isto? Para ascender até Ele devemos descer dentro de nós: cultivar a sinceridade e a humildade de coração, que nos dão um olhar honesto sobre as nossas fragilidades e as nossas pobrezas interiores. Com efeito, na humildade tornamo-nos capazes de levar a Deus, sem fingimento, o que realmente somos, as limitações e feridas, os pecados, as misérias que pesam sobre o nosso coração, e de invocar a sua misericórdia para que nos cure, nos sare, nos levante. É Ele quem nos ergue, não nós. Quanto mais descermos com humildade, mais Deus nos elevará.

De fato, o publicano na parábola para humildemente à distância (cf. v. 13); não se aproxima, envergonha-se, pede perdão, e o Senhor eleva-o. Ao contrário, o fariseu exalta-se, seguro de si, convencido de que está bem: ali parado, começa a falar apenas de si mesmo ao Senhor, elogiando-se, enumerando todas as boas obras religiosas que pratica, e despreza os outros: “Não sou como aquele ali...”. Porque a soberba espiritual isso faz [...]. Esta é a soberba espiritual: “Estou bem, sou melhor que os outros: isto é a tal coisa, aquele é a outra…”. E assim, sem nos darmos conta, adoramos o nosso eu e cancelamos o nosso Deus. É rodar em volta de si mesmo. É a oração sem humildade.

Irmãos e irmãs, o fariseu e o publicano dizem-nos respeito de perto. Pensando neles, olhemos para nós mesmos: verifiquemos se em nós, como no fariseu, existe ‘a íntima presunção de ser justo’ (v. 9) que nos leva a desprezar os outros. Acontece, por exemplo, quando procuramos elogios e enumeramos sempre os nossos méritos e boas obras, quando nos preocupamos em aparecer em vez de ser, quando nos deixamos apanhar pelo narcisismo e pelo exibicionismo. Vigiemos sobre o narcisismo e o exibicionismo, fundados na vanglória, que também nos leva a nós cristãos, nós sacerdotes, nós bispos a ter sempre uma palavra nos lábios, qual palavra? ‘Eu’ [...]. Assim, faz com que caias até no ridículo.

Peçamos a intercessão de Maria Santíssima, a humilde serva do Senhor, imagem viva do que o Senhor gosta de realizar, derrubando os poderosos dos tronos e elevando os humildes (cf. Lc 1, 52).”

Fonte: www.vatican.va

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Ao fechar os olhos

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Durante o relaxamento no final das sessões de Yoga, escutando os passarinhos e os ruídos do vento nas matas de Nova Friburgo, com os olhos fechados, mergulho na ausência de visão, que não me é escuro ou vazio, que não é excludente. Adentro um universo quase desconhecido. Ao mergulhar dentro de mim, invado meus pensamentos e sensações, em que o ambiente e eu ganham outra dimensão quando passo a me perceber e o que está em meu entorno através da audição e das impressões que meu corpo capta. Sinto com mais nitidez a respiração, os batimentos cardíacos, cada parte do corpo.

Durante o relaxamento no final das sessões de Yoga, escutando os passarinhos e os ruídos do vento nas matas de Nova Friburgo, com os olhos fechados, mergulho na ausência de visão, que não me é escuro ou vazio, que não é excludente. Adentro um universo quase desconhecido. Ao mergulhar dentro de mim, invado meus pensamentos e sensações, em que o ambiente e eu ganham outra dimensão quando passo a me perceber e o que está em meu entorno através da audição e das impressões que meu corpo capta. Sinto com mais nitidez a respiração, os batimentos cardíacos, cada parte do corpo. Gosto de sentir a vida pulsar. Ao cerrar meus olhos é como se desnudasse um ser distinto daquele a que estou acostumada a conhecer. O relaxamento profundo é uma oportunidade de autoconhecimento, momento único e de riqueza estonteante. Quando meus pensamentos se dispersam, imagino os cegos, especialmente os escritores, que são capazes de ver eles mesmos, o mundo e a vida com os olhos da cegueira.

Ao elaborar o texto desta coluna, vou trazer os sábios pensamentos dos escritores que tiveram deficiências visuais e que refletiram a experiência existencial.  Vou atribuir (H) a Homero; (B) a Jorge Luis Borges, (J) a James Joyce; (A) Aldous Huxley. Porém não vou escrever literalmente suas ideias, mas vou aproveitá-las para elaborar reflexões ao fechar meus olhos.

***

Suspiro, relaxo e vou entrando, lentamente, no meu mundo interior, num universo que é exclusivamente meu e somente eu posso transformá-lo (A). A cada tímido passo, vou lendo e a interpretando o aqui e o agora, o meu tempo presente (H), sem me preocupar com o passado e o futuro. De modo sereno e paciente, vou entendendo o momento em que vivo, tão complexo e desafiador.

Quero viver bem e escapar do hediondo! Então, o que posso fazer? O que tenho capacidade para fazer? (H) São questões distintas e difíceis de serem respondidas. Apenas sei que não tenho o poder dos deuses, mas quero, na simplicidade, construir uma vida, a minha. Mesmo sabendo que a felicidade não é grandiosa (A), vou aprendendo a fazer a vida acontecer através das experiências diárias. Com as incertezas que os dias me apresentam, (J) encaro os erros como verdadeiros portais de descobertas, que me orientarão nas decisões que tomarei a cada momento. 

O tempo me faz ser quem sou, constitui-me. (B) De todos os infortúnios que preenchem o agora, tenho apenas uma certeza: o rancor nunca superará paz. Como também não vale a pena depositar esperanças no futuro. Vale a pena, (C) sim, ter consciência de que posso ser o maior perigo para mim. Afinal de contas, que companheira me sou?

Não devo viver cada momento em função do próximo (J). Sou e fluo no presente, pois é nesta dimensão em que tudo acontece e se modifica (C), em que me transformo, adquiro novas qualidades e construo vontades inéditas. Porém tenho de cuidar para nunca pensar e desejar algo, mas fazer ou dizer ao contrário. (H) Não devo mergulhar no meu próprio submundo. 

Não estou só nesta experiência existencial, tenho o outro, muitos outros a minha volta, que me ajudam e suavizam os fardos que carrego e as tarefas que tenho a fazer (C). É, pois sim, na convivência e na interação que preciso saber com nitidez onde começa a terra e onde começa o mar. Todos nós somos inconstantes e diversos; ninguém é igual a outro, muito menos somos os mesmos em todos os momentos. (A) Apesar dessas características humanas, podemos ser parceiros. Contudo, (J) compartilhamos as dores, mas os prazeres... Ah, os prazeres, nem tanto; há algo aborrecedor na felicidade alheia.

Quanto mais me adentro, (A) mais descubro inconstâncias e incongruências nos pensamentos e sentimentos, que, afinal de contas, fazem parte de mim. A música e o silêncio mostram esse caos, muitas vezes inexprimível.  Diante da impostura, da instabilidade e da leviandade, apenas tenho uma certeza, nada é bem resolvido com violência (J). Por isso é bom fechar os olhos e ver. Pensar. Decidir.

Mas, amigo leitor, sabia que vez em quando, é bom a gente se perder?  Não se seja tolo nem se engane: todos os caminhos nos levam à morte. (J)

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Ariosto: um exemplo de educação política e cívica

sábado, 22 de outubro de 2022

Edição de 21 e 22 de outubro de 1972 

Pesquisado por Nathalia Rebello *

Manchetes 

A dupla que vai governar Friburgo a partir de 31 de janeiro de 1973 - O candidato a prefeito, engenheiro Ariosto Bento de Mello e seu vice, o engenheiro Raphael Jaccoud. 

Edição de 21 e 22 de outubro de 1972 

Pesquisado por Nathalia Rebello *

Manchetes 

A dupla que vai governar Friburgo a partir de 31 de janeiro de 1973 - O candidato a prefeito, engenheiro Ariosto Bento de Mello e seu vice, o engenheiro Raphael Jaccoud. 

Ariosto é um exemplo de serenidade e de educação política e cívica - A elegância de gestos e a pureza de propósitos com que o engenheiro Ariosto Bento de Mello conduz a sua propaganda e campanha política, há-de ficar assinalada na história de Friburgo como raro exemplo. Nada de tremeliques, nervosinhos, "agressões", demagogia barata, nada enfim que possa escurecer a conduta de um verdadeiro homem de sensibilidade e democrata que postula um cargo público, de alma e coração abertos, puros, contando com a confiança no eleitorado. Como se vem verificando, não sendo carreirismo político e tendo concordado em concorrer à sucessão de Feliciano, movido, apenas, pelo desejo de servir, de ser útil ao povo. Ariosto não está desejando cargo, muito menos empregos para distribuição a apadrinhados e amigos já que à sua formação repugna a distribuição de benesses com recursos oriundos de tributos. 

Governador Padilha: um benfeitor do esporte friburguense: Num gesto de rara compreensão com o esporte friburguense, o governador Raymundo Padilha autorizou as instalações nas praças de Esportes do Serrano F.C. e do Fluminense A.C., de moderna aparelhagem para iluminação de partidas noturnas, o que constitui substancial auxílio para o desporto. Em subsequente despacho, o Executivo estadual determinou que fosse corrigida a deficiente iluminação do campo do Esperança e autorizou a iluminação do Saudade F.C. 

“Caminhos do desenvolvimento, da liberdade, da paz” - Fundamentos basilares da espetacular plataforma do engenheiro Ariosto Bento de Mello que será lida pelo próprio candidato a prefeito, no Senai com transmissão pela rádio local. Os problemas do município foram devidamente estudados por equipes especializadas, sendo estruturada a programação de obras e serviços prioritários, sem artifícios de linguagem ou destinados a efeitos eleitorais. 

Pílulas 

→ Numa verdadeira maratona, o engenheiro Ariosto diariamente entra em contato com organizações do município buscando conhecer os anseios de todas elas, do mesmo passo que habilitando-se a um conhecimento geral das reivindicações dos vários aglomerados, populacionais friburguenses. Com a providência, enorme é a soma de subsídios bem colhidos pelo pretendente ao Executivo municipal, cujo principal propósito é, se eleito, realizar o máximo de obras e serviços que atendam às legítimas aspirações do povo. 

→ Em cada local que visita, sem demagogia, sem alardes, completamente desarmado de espírito, o futuro prefeito da nossa terra, dá aos que o ouvem, exemplos de equilíbrio, de senso político e social, não se perdendo em ameaças. Um grande pensador já dizia, que ameaçar é um modo evoluído de latir e nós completamos: cachorro que late não rede… E quando o animal doente, raivoso, inquieto começa a abanar o rabo, avançando para morder, não há outro recurso: pau nele… 

→ Candidato que se impõe junto ao eleitorado é aquele que não promete milagres e nem fareja “odor nos postes” para encontrar coisitas, para fazer oposição sobremaneira ridícula é a “tática” de vou fazer, prometo que faço, garanto que será feito, etc, etc, principalmente no que respeita a iniciativas das administrações estadual, federal ou autárquica. É preciso compreender e urge entender, que o povo não é nenhum idiota para engolir balelas. 

E mais… 

  • Vem aí a inauguração do Hotel Fabris, com 48 apartamentos 
  • Cr$ 0,12 por telefonema que exceder de 90 minutos mensais 
  • Durante a estadia do governador, várias obras serão inauguradas, inclusive duas escolas 

Sociais 

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Vitorino Moreira e Paulo César (21), João Agrello e Solange Maria (23), Mariléa Costa e Diva Thurler (24), Trajano Filho (25), Abílio Gomes (26), Leoncio Machado e Florita Cima (27), Maria Souza, Feliciano Costa, José Vidal, Maria de Lourdes Barros e Sávio Júnior Dantas (28).

* Com supervisão de Henrique Amorim

Foto da galeria
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Marcação a mercado agora é regra

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Diante da nova regra da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), estabelecida no início deste ano, bancos e corretoras estão obrigados a mostrar a cotação de negociações no mercado secundário para alguns títulos específicos de Renda Fixa. É o que denominamos como “marcação a mercado”, ferramenta responsável por possibilitar um “preço de tela” variável para determinado ativo (ainda que um título classificado como Renda Fixa).

Diante da nova regra da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), estabelecida no início deste ano, bancos e corretoras estão obrigados a mostrar a cotação de negociações no mercado secundário para alguns títulos específicos de Renda Fixa. É o que denominamos como “marcação a mercado”, ferramenta responsável por possibilitar um “preço de tela” variável para determinado ativo (ainda que um título classificado como Renda Fixa).

A alteração regulatória, a princípio, tem o objetivo de promover maior liquidez aos investimentos e proporcionar novas possibilidades de ganho de capital para investidores. Contudo, antes de entrarmos num conhecimento mais profundo acerca da ferramenta em questão, é importante esclarecer: mesmo com a marcação a mercado fazendo oscilar o valor do seu capital investido, basta segurar o ativo em carteira até sua data de vencimento para ter direito aos critérios de taxas contratadas no momento da compra do título.

Na prática, como vai funcionar?

Títulos corporativos (Debêntures, CRI e CRA) e públicos (negociados via tesouraria da instituição financeira) passam a estar sujeitos à marcação a mercado a partir do dia 2 de janeiro de 2023 para investidores pessoas físicas. Caso você tenha um título público comprado via Tesouro Direto (e não pela tesouraria, como comentei acima) já se deparou com a marcação a mercado através dos Tesouros IPCA+ e Prefixados – aqui, a regra já era vigente.

Por acaso, você já se deparou com rentabilidade acima do esperado ou negativa com investimentos nesses produtos? Pois bem, é a marcação a mercado. Entretanto, ainda que seu investimento apresente essas aparentes “inconsistências”, basta esperar (como disse anteriormente) a data de vencimento para receber todas as taxas contratadas.

Nos detalhes, ainda que as instituições – em maioria – sinalizem a execução da marcação diária, a regra, por sua vez, obriga a marcação minimamente mensal. A propósito, por falar em detalhes, investidores qualificados (com patrimônio acima de R$ 1 milhão em aplicações financeiras) poderão – a princípio – escolher a marcação de seus títulos de acordo com sua preferência: a mercado ou na curva.

Mas, então, como aproveitar essa novidade para explorar ganhos mais significativos em Renda Fixa? Basicamente, a estratégia do investidor precisará contar com as projeções de política monetária, pois agora juros e inflação passam a influenciar ainda mais seus investimentos. Num cenário hawkish (contracionista com alta nas taxas de juros), títulos tendem a ser negociado com valor reduzido dos papéis; neste cenário, a marcação a mercado tende a fazer com que o valor do seu investimento recue – portanto, uma janela de oportunidades para novas compras.

Por outro lado, o contexto dovish (expansionista com queda nas taxas de juros) pode possibilitar a valorização dos preços dos ativos e proporcionar ganho de capital acima da média e, por consequência, fomentar a liquidez do investimento com a maior negociação dos papéis.

Caso tenha comprado seus títulos (apenas os que estarão reféns da marcação a mercado) em cenário hawkish, talvez seja melhor aguardar o vencimento ou novas oportunidades ao longo do tempo para não realizar nenhuma perda financeira; em cenário dovish, talvez você possa aproveitar as oportunidades que surgirem.

Não por acaso, fiz questão de usar o “talvez” repetidamente para fortalecer a ideia de que, apesar das leituras econômicas dentro de projeções monetárias, o mercado é livre para realizar suas negociações como preferir. Portanto, mantenha-se sempre atento às boas oportunidades.

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Fases e fases

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Há dias de luta e dias de glória, diz a frase. Sim, desconheço glórias infinitas que não precedam os momentos de batalhas, desafios e superação. Há pequenas e grandes vitórias a serem celebradas no meio do caminho. E a cada dia, lutas diferentes somadas às cotidianas.

Até mesmo motivos para comemorar e para arregaçar as mangas e seguir em frente se alternam, se somam, se confundem. Essa dinâmica me leva a crer que sim, todo dia é dia de luta, alguns dias, regados a algumas glórias. Assim tem sido. Às vezes, com mais motivos para sorrir.

Há dias de luta e dias de glória, diz a frase. Sim, desconheço glórias infinitas que não precedam os momentos de batalhas, desafios e superação. Há pequenas e grandes vitórias a serem celebradas no meio do caminho. E a cada dia, lutas diferentes somadas às cotidianas.

Até mesmo motivos para comemorar e para arregaçar as mangas e seguir em frente se alternam, se somam, se confundem. Essa dinâmica me leva a crer que sim, todo dia é dia de luta, alguns dias, regados a algumas glórias. Assim tem sido. Às vezes, com mais motivos para sorrir.

Fato é que se a própria vida é um grande ciclo nessa existência, que dirá dessas fases pelas quais a gente passa no dia a dia. São fases, sejam elas boas ou ruins. Ando desejando fases boas. Pra mim, pra você, pra sociedade como um todo. Para os próximos anos, meses, dias, horas, minutos, segundos, desejo boas notícias. De todos os lados.

Quero que venha um bom momento. Coletivamente falando. Que recebamos boas novas. Um refresco. Um alívio. Que algo de bom aconteça. Que as capas de jornais e revistas, os sites e tudo mais ostentem novidades que agreguem, façam crescer e te arranque sorrisos. Que aquela velha expectativa por algum resultado, ceda espaço para um desfecho positivo.

Queremos chuvas de notícias boas, de estatísticas que correspondam com a realidade e que a verdade dos fatos seja latente. Que tais fatos sejam bons. Que nos deparemos com gráficos que denotem queda dos índices de violência, da fome, do desemprego. E que essas informações sejam o real reflexo das vidas das pessoas.

Seria ótimo precisarmos cada vez menos de algum canal para fugirmos de uma realidade que nos desconecte com o que está acontecendo, que não cheguemos aos limites do que é suportável e que cá onde estamos possamos nos deparar com a divulgação de bons e construtivos feitos. Mais oportunidades. Mais arte.  Mais abundância. Mais amor. Melhor acesso às estruturas do serviço de saúde, viagens mais tranquilas pelas estradas, mais paz e liberdade verdadeira no ir e vir.

 Adoraria que você – e eu – estivéssemos prestes a ingressarmos em uma boa nova fase, que recebêssemos mais notícias sobre cura, inclusão, emprego, amor, tolerância, compaixão, prosperidade, respeito e arte. Quem sabe? Eu acredito.

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Polarização, Intolerância, Radicalismo

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Independentemente de qualquer que seja o lado vencedor das eleições em 2022, todos nós estamos saindo como perdedores. Seja sua opção política A ou B, a única certeza comum é de que vivemos o pleito democrático mais violento no período pós-ditadura.O Brasil nunca viu antes tamanha hostilidade que atinge a todos. Anteriormente, as discussões que se resumiam ao seio dos grupos de WhatsApp familiares transmutaram-se para as ruas, domados pelo ódio que se reproduz em xingamentos, tumultos, casos de preconceito, agressões verbais, física e até homicídios, por todo país.

Independentemente de qualquer que seja o lado vencedor das eleições em 2022, todos nós estamos saindo como perdedores. Seja sua opção política A ou B, a única certeza comum é de que vivemos o pleito democrático mais violento no período pós-ditadura.O Brasil nunca viu antes tamanha hostilidade que atinge a todos. Anteriormente, as discussões que se resumiam ao seio dos grupos de WhatsApp familiares transmutaram-se para as ruas, domados pelo ódio que se reproduz em xingamentos, tumultos, casos de preconceito, agressões verbais, física e até homicídios, por todo país.

A série de violências com repercussão nacional teve início em julho, em Foz do Iguaçu, quando um agente penitenciário federal invadiu a festa de um guarda municipal e o assassinou a tiros, no dia do seu aniversário em frente à família. Não muito distante, uma jovem foi golpeada na cabeça em Angra dos Reis. Depois, um homem esfaqueado dentro de um bar após um cidadão questionar quem do local iria votar no candidato X.

São tempos delicados e tristes. A árdua conquista da democracia se enfraquece dia após dia e estamos colocando em dúvida até a própria liberdade de expressão face tanta banalização da violência. Candidatos presidenciáveis usam colete a prova de bala, populares inflamados e nós cada vez mais indiferentes às pessoas, estampando politica nos rostos alheios com retóricas violentas.

Inclusive, em Nova Friburgo, um caso recente mobilizou clientes após discursos de ódio movidos contra um empresário local. Os casos de violência ocorreram após a manifestação política pacifica do alegre e cativo dono do comércio em suas redes sociais privadas.

Em postagens hostis, perfis conservadores com discursos antidemocráticos ameaçaram e induziram pessoas a não frequentarem mais o local pelo simples fato de condizer com a sua visão politica. Não deu certo! Mas por meio de mensagens, os agressores falsamente atribuíram o local à usuários de drogas e outras palavras de cunho preconceituoso que não condizem em nada com a realidade.

Os nomes do comércio e do comerciante não serão expostos aqui, visto que, segundo ele, o medo ainda paira diante do ocorrido. Contudo, uma pessoa ligada ao estabelecimento, explica: “Estamos com medo de nos expor devido a violência que visivelmente cresceu. Outros empresários me procuraram, em solidariedade, e relataram que até ameaças já receberam. Recebi inclusive listas pelo WhatsApp dividindo comércios entre os que são de ‘esquerda e o de direita' e instigando pessoas a não frequentarem mais. Hoje, vamos trabalhar com receio do que pode acontecer.”

Na reta final do pleito eleitoral, a escalada da violência preocupa e ao meu ver, não deve ser explicada pela existência de uma simples polarização político-partidária. Afinal, posições antagônicas e divergentes são comumente apresentadas em todo embate político – também conhecida como democracia - e nem por isso desencadeiam ações violentas tais como estão ocorrendo recentemente.

Se olharmos para um passado recente, eleições presidenciais já foram decididas por uma pequena diferença de 400 mil votos (duas vezes a população de Nova Friburgo). Ainda que considerássemos um pais dividido, não víamos tamanho clima hostil que oprime. Um relatório da faculdade UniRio retrata que a violência política cresceu 335% em três anos.

O que vemos expresso no Brasil não pode ser descrito como uma mera polarização. Cada dia mais vemos a expressão de uma latente e clara intolerância que atinge todos os níveis da sociedade e de diferentes formas possíveis. Estamos pintando o país em cores, estampando políticos no rosto de pessoas conhecidas, fomentando violência e aumentando a intolerância.

Necessitamos entender que as diferenças compõem a beleza da democracia. É importante que exista não somente o lado A, mas que exista também o B, C, D, e por aí vai. Somos plurais!

Infelizmente, estamparemos marcas e cicatrizes de um presente conturbado, que estarão nos livros de história, e que, NÓS estamos construindo. Violência e democracia, são palavras antagônicas – ou ao menos deveriam ser!

A maior lição que podemos ter é aprendermos a conviver com as diferenças, com o máximo de sabedoria e respeito, afinal, cada pessoa tem a sua história e trajetória que a fez tomar tal decisão. A pluralidade não é uma lei dos homens, mas sim, da humanidade!

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O médico e você juntos no tratamento

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

A ciência é importante, claro, para trazer novas verdades através das pesquisas. Mas nós médicos não podemos perder de vista a humanidade do paciente, o fato de que ali diante de nós está uma pessoa com tantas características subjetivas, peculiaridades, formas de pensar e de sentir diferentes, afeto próprio, inserção na realidade da vida do modo e na possibilidade dele, entre outros fatores. Sem compreensão profunda do todo da pessoa, fica mais difícil acertar o tratamento.

A ciência é importante, claro, para trazer novas verdades através das pesquisas. Mas nós médicos não podemos perder de vista a humanidade do paciente, o fato de que ali diante de nós está uma pessoa com tantas características subjetivas, peculiaridades, formas de pensar e de sentir diferentes, afeto próprio, inserção na realidade da vida do modo e na possibilidade dele, entre outros fatores. Sem compreensão profunda do todo da pessoa, fica mais difícil acertar o tratamento.

O Pai da Medicina, Hipócrates, disse que mais importante do que saber que doença tem determinada pessoa é saber que pessoa tem determinada doença. E isto, eu creio, faz a diferença entre tratamentos que funcionam duradouramente e os que funcionam mais temporariamente, entre os resultados mais só sobre sintomas e os que produzem cura.

O profissional tem seus limites também. O médico vê muita coisa no paciente. Mas ele só pode ver no outro o que pode ver em si mesmo em termos de ser humano. Médicos também podem ter ansiedade, depressão, dificuldades afetivas variadas. Isto pode interferir no relacionamento médico-paciente com prejuízo para os resultados se o profissional estiver com baixa percepção da realidade de si e, por exemplo, não compreender o que significa a angústia humana.

Conhecer anatomia, fisiologia, farmacologia, histologia, patologia, microbiologia, técnicas de cirurgia, etc., é fenomenal! Mas mais ainda, pelo menos para mim, é conhecer o psiquismo de um indivíduo. Ou seja, por que ele funciona deste jeito como pessoa, como um ser pensante, que possui afetos e faz escolhas. Conhecer a pessoa do paciente é maravilhosa aventura. Entretanto, também é uma maravilha ter profissionais que conhecem muito bem os órgãos humanos, pois assim, em emergências, podemos contar com eles para nos ajudar organicamente, seja pela atuação clínica ou cirúrgica.

Da próxima vez que você for a um médico, abra mais seu coração para ele e fale daquilo que tem incomodado sua vida emocional. Faça perguntas sobre o papel do estresse emocional sobre os sintomas que você apresenta. Bote para fora as queixas emocionais, as preocupações com sua saúde e não somente focalize na dor física aqui e ali no seu corpo, ou no mal funcionamento desta ou daquela função do seu organismo. Tomara que ele não saia com sugestões superficiais tipo, “Faça uma viagem!”, ou “Faça mais sexo!”, ou “Compre isto ou aquilo!”, ou “Curta mais a vida!”, ou “Arranje outro cônjuge!”.

O médico acalma o paciente quando ele sabe escutar com o coração e não só com o estetoscópio e quando o paciente está aberto para receber ajuda. Um bom médico deve ser um bom conselheiro e um bom conselheiro é em primeiro lugar um bom ouvinte.  

Talvez você tenha que escutar melhor a verdade interior da sua própria consciência que está dizendo algo para a melhora de sua saúde. Com tanta informação sobre saúde é bem provável que você saiba, pelo menos em parte, o que está praticando e que não é bom. Então, mude. Mude seu estilo de vida. Coma com melhor qualidade. Faça exercícios físicos constantes. Durma melhor e mais cedo. Trabalhe sem ganância e competição. Compartilhe o que tem obtido. Desfrute mais sua família. Frequente mais a natureza e menos os shoppings. Seja compassivo com os outros e consigo mesmo. Troque as novelas de TV por bons livros. Seja bom com você mesmo. Até certo ponto podemos ser nosso próprio médico. A cura vem pela prática da verdade em obediência às leis da saúde, leis físicas (biológicas), mentais, sociais e espirituais. Um dia de cada vez, uma coisa de cada vez.

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Cesar Vasconcellos de Souza

www.doutorcesar.com

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Lembranças bancárias

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Quando se é jovem tudo é bom, ou pelo menos não é ruim por muito tempo

Quando se é jovem tudo é bom, ou pelo menos não é ruim por muito tempo

A maior prova da solidez do sistema financeiro nacional é que eu fui bancário por três anos e nem o banco faliu nem o sistema entrou em colapso. Considerando a minha pouca ─ pra falar a verdade nenhuma ─ simpatia por números, contas, algoritmos, tabelas ou qualquer coisa que lembre a matemática, foi um milagre. Somente a existência do anjo da guarda dos banqueiros explica que eu tenha sido caixa sem provocar uma quebradeira nacional. Deixando a modéstia de lado, declaro que, se não dei grandes lucros aos banqueiros que me empregavam, também não os levei à bancarrota.

No banco exerci as mais augustas funções e de algumas sempre me lembro quando ouço falar em PIX e outras modernidades. Por mais incrível que pareça, entre as minhas altas responsabilidades constava a de ir ao Rio de Janeiro, às segundas-feiras cedinho, para buscar o dinheiro que iria abastecer a agência durante a semana. Lá me encontrava com um colega que já chegava munido de uma grande bolsa de couro, a qual, abarrotada de cédulas, subia a serra conosco pelo ônibus da Viação Friburguense. De modo que posso orgulhar-me de ter sido também guarda-costas e de muito ter contribuído para que os clientes, ao chegarem à agência, encontrassem os caixas abastecidos.

Também era superadiantado o sistema de compensação de cheques. Nada desse negócio de número transitando nas nuvens, via internet. Ao longo do dia, um funcionário mais ralé (por exemplo, eu) ia recolhendo os cheques, separando e somando. No fim do expediente, lá ia ele para a agência do BB, aonde todos os bancos mandavam seus representantes, geralmente tão graduados quanto eu. E então era feita a troca física dos cheques. Isso mesmo: cada banco entregava os cheques aos demais e recebia deles os que lhe pertenciam. No fim, feitas todas as contas, o BB registrava tudo, debitava aqui, creditava ali, e dava o assunto por encerrado. Se alguém então reparasse em mim, veria um rapazinho atravessando a Alberto Braune, entre 17h e 18h, abraçado a uma bolsa, plenamente consciente da fortuna que levava nas mãos.

De repente, uma novidade provocou grandes e orgulhosos comentários na agência: o “Fluxo Contínuo”. Até então o próprio caixa recebia, pagava, apanhava a ficha do cliente e fazia as devidas anotações. Sendo que as contas eram feitas a lápis, porque máquina de calcular era preciosidade só alcançável de subgerente para cima. Foi, pois, uma grande revolução quando resolveram dividir essas tarefas entre dois funcionários. À frente, o encarregado de atender o cliente e passar a papelada para o colega da retaguarda, ao qual cabia fazer os registros.

Muito haveria para contar sobre um tempo em que os bancários, mesmo os mais humildes, eram obrigados a usar gravata. Mas vou citar apenas mais um exemplo da modernidade do sistema bancário brasileiro nos idos da década de 70. As transações de uma cidade para outra eram feitas no grito. Explico. Dadas às então maravilhosas condições da telefonia nacional, um funcionário se trancava numa cabine adredemente (desculpem!) preparada e ditava aos berros, letra por letra, número por número, a operação a ser realizada. Alguns levavam isso meio na brincadeira e ficavam soletrando, enquanto a cabine estremecia: O, de Ourora... L de ladrão... I, de incelência...

Bons tempos! Na verdade, não sei se os tempos eram tão bons assim, mas eu era jovem e quando se é jovem tudo é bom, ou pelo menos não é ruim por muito tempo. Eu aguentei três anos!

PS – Dedico esta crônica a Américo Alves dos Santos, Eucy Lima da Silva, José Freire dos Santos, Luis Fernando Penna, Luiz Fernando Bachini, José Carlos Linch, o vivíssimo Eduardo com o seu famoso apelido “Já Morreu”, Ronaldo Eyer, Siegfried Bush, Vinícius do Lago Zamith e a todos os meus contemporâneos no Banco da Lavoura de Minas Gerais.

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