Perder o emprego pode prejudicar seu corpo de duas maneiras principais. Primeiro, o estresse das preocupações financeiras pode afetar diretamente o corpo das pessoas — por exemplo, aumentando a pressão arterial. Estar endividado está associado a outras doenças, incluindo dor nas costas e obesidade.
Segundo, quando o dinheiro está curto, as pessoas geralmente tentam economizar desmarcando consultas médicas ou abrindo mão de medicamentos. Manter os planos de saúde por conta própria é praticamente inviável. Ao escolher entre pagar aluguel, alimentação e despesas básicas como água, luz e gás, e assistência médica, geralmente a pessoa coloca o cuidado com a saúde em último lugar.
Os problemas são reais: a queda da renda corrói o padrão de vida que tinham antes, dando início a um período doloroso, principalmente quando o sujeito tem uma família para sustentar. Pesquisas mostram que, neste caso, a situação pode causar mais danos do que suas reais circunstâncias financeiras. Porque, perder o emprego pode prejudicar seriamente a saúde física e mental das pessoas, especialmente quando a situação é vista como uma catástrofe e não como um revés temporário.
Há quem encare a perda do emprego como algo passageiro e permanecer relativamente calmo, enquanto outra pessoa pode vivenciar as mesmas circunstâncias como um desastre, desencadeando estresse intenso que se transforma em sérios problemas de saúde, como depressão e abuso de substâncias. Essa diferença de perspectiva geralmente determina se alguém sofrerá problemas de saúde significativos ou nem tanto.
Em geral, ficar desempregado costuma provocar ansiedade, depressão e baixa autoestima. Curiosamente, pessoas que enfrentam desafios financeiros constantes, mas não ficam estressadas com sua situação, têm menos probabilidade de desenvolver sintomas de depressão do que pessoas sem nenhum estresse financeiro. Uma revisão sistemática de 65 estudos encontrou conexões claras entre dívidas e problemas de saúde mental, depressão e até tentativas de suicídio.
Impactos e enfrentamento
Algumas pessoas recorrem ao álcool, tabaco ou outras substâncias para lidar com a perda de seus empregos. Esses hábitos não são apenas danosos para sua saúde, mas também para o bolso, aumentando a tensão financeira. Outros recorrem ao jogo ou às compras excessivas para lidar com a situação, o que também pode piorar os problemas financeiros.
Relacionamentos também podem se desgastar em meio a problemas financeiros. Pedir dinheiro emprestado excessivamente a amigos e familiares ou gritar com seus entes queridos quando você se sente estressado pode enfraquecer os laços com as pessoas mais próximas a você.
Seguindo em frente de forma saudável
É fato que algumas pessoas se tornam mais resilientes depois de perder o emprego ao adotar estratégias positivas de enfrentamento. Sempre que você perder um emprego, tente entrar em contato com seus amigos e entes queridos, pois eles podem ajudar a proteger sua saúde enquanto você segue em frente.
Além de se candidatar a novas posições, passe um tempo fazendo networking. Entre em contato com antigos colegas, junte-se a grupos profissionais e participe de eventos relacionados à sua carreira.
Outra medida possível é ser voluntário em algum trabalho. Isso ajudará você a afiar ou expandir suas habilidades, ao mesmo tempo em que expande suas redes e talvez o leve a um novo emprego.
E considere começar ou expandir um negócio paralelo. Isso vai gerar alguma renda, dar a você uma maior sensação de controle sobre sua vida e mantê-lo produtivo durante a monotonia de enviar currículos, se inscrever em concursos, aguardar respostas.
Também é essencial fazer exercícios regulares para reduzir os hormônios do estresse. Dormir o suficiente melhora a função cognitiva, e manter uma vida social fornece suporte emocional. Manter hábitos saudáveis é sempre importante para proteger a saúde mental e física em tempos desafiadores. Perder salário já é difícil o suficiente. Perder sua saúde por isso é ainda pior.
(Fonte: oglobo.globo.com
Por Jeffrey Anvari-Clark)
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