Cerca de 30% das pessoas ocupadas sofrem com a síndrome de burnout no Brasil

O país ocupa a segunda posição no ranking mundial de casos
sexta-feira, 11 de abril de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
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Desde o início deste ano — 2025, o Brasil passou a adotar a nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as mudanças mais relevantes está a inclusão do burnout na lista de doenças ocupacionais, reforçando sua importância como uma questão de saúde pública. 

No contexto da Enfermagem, uma das categorias mais vulneráveis, a conscientização sobre os sinais da síndrome e a implementação de práticas institucionais de apoio são essenciais
A síndrome, caracterizada pelo esgotamento físico e mental relacionado ao trabalho, já vinha sendo motivo de afastamentos e aposentadorias no país, com respaldo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e da Justiça. Agora, com o reconhecimento oficial pela OMS, a necessidade de ações preventivas e de cuidado ganha ainda mais evidência.

No Brasil, cerca de 30% das pessoas ocupadas sofrem com a síndrome de burnout, conforme dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt). O país ocupa a segunda posição no ranking mundial de casos, o que evidencia a gravidade da situação. 

Para a professora e pesquisadora Cláudia Osório, da Universidade Federal Fluminense (UFF), esse aumento de transtornos mentais relacionados ao trabalho reflete as pressões e exigências do capitalismo contemporâneo. Segundo ela, a OMS e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) já alertam para o crescimento desses problemas como riscos ocupacionais importantes.

A professora destaca que o modelo neoliberal contribui diretamente para a elevação dos casos de burnout, depressão e outras condições, como infartos e até suicídios relacionados ao trabalho. Ela aponta que a gestão por metas e a busca incessante por excelência desconsideram as condições reais de vida e de trabalho, desumanizando as relações laborais e comprometendo a saúde dos trabalhadores. 

“A constante cobrança por desempenho coloca as pessoas em um estado permanente de dívida emocional e física, gerando esgotamento e desmotivação”, ressalta Osório.

Os sintomas de burnout podem se manifestar de diferentes formas e incluem sensação persistente de cansaço extremo, dificuldade de concentração, irritabilidade, ansiedade e alterações no sono, como insônia ou sonolência excessiva. 

Também são comuns dores de cabeça frequentes, tensão muscular, problemas gastrointestinais, desinteresse pelo trabalho e perda de motivação. Em casos mais graves, a síndrome pode levar à depressão, isolamento social e até pensamentos suicidas. 

Construção e transformação 

Cláudia Osório explica que o burnout não é uma depressão qualquer, mas uma condição específica que exige atenção diferenciada. “Não é normal que o trabalho leve alguém a um ponto de esgotamento tão profundo que um fim de semana de descanso não seja suficiente para recuperar as energias”, afirma a pesquisadora.

Outro sintoma relevante é o cinismo em relação ao trabalho, manifestado por indiferença e descaso. Segundo Osório, essa reação é, muitas vezes, um mecanismo de defesa. A pessoa pode manter ânimo para atividades pessoais, como estar com a família ou ir ao cinema, mas sente profunda resistência ao ambiente laboral. Isso reflete um contexto de trabalho que não valoriza a saúde mental do profissional e contribui para sua desconexão emocional com as atividades desempenhadas.

Para a pesquisadora, a solução para o problema está na construção de relações de trabalho mais coletivas e participativas. Ela ressalta a importância de envolver os trabalhadores nos processos decisórios, garantindo que eles tenham voz ativa nas definições que impactam suas rotinas, e destaca ainda o papel dos sindicatos e coletivos na promoção de melhores condições laborais. 

Embora atendimentos psicológicos e terapias sejam importantes, Osório defende que o foco principal deve estar na transformação das normas de trabalho e na construção de ambientes mais saudáveis e humanizados.

No contexto da Enfermagem, uma das categorias profissionais mais vulneráveis ao burnout, a conscientização sobre os sinais da síndrome e a implementação de práticas institucionais de apoio são essenciais. Além disso, uma gestão participativa e sensível às demandas da equipe é fundamental para proteger a saúde dos profissionais e garantir a qualidade do cuidado prestado à população.

 

(Fonte: Cofen 

com Fiocruz)

 

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