O medo de ser demitido afeta ⅓ dos profissionais no Brasil

Insegurança em relação ao emprego pode impactar a saúde mental e as entregas dos colaboradores
sexta-feira, 11 de abril de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Menos oportunidades de promoção, somadas à queda na satisfação geral com o emprego e a remuneração, criam um cenário propício para o aumento do “Foglo” — Fear of Getting Laid Off, ou, em português, o medo de enfrentar a demissão.

Se você se identifica, saiba que esse sentimento é mais comum do que parece. O medo de perder o emprego afeta quase um terço da população brasileira. Segundo um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado em 2024, 31% dos profissionais têm muito receio de serem demitidos, enquanto 15% sentem um medo moderado, e 52% relatam pouca ou nenhuma preocupação com o tema.

Os índices de insegurança no trabalho caíram desde a pandemia — em maio de 2020, o percentual da população com muito medo de perder o emprego chegava a 44% —, mas ainda impactam uma grande parcela dos brasileiros. 

“Muitos profissionais enfrentaram um cenário de incertezas que afetam tanto a percepção de crescimento quanto a satisfação no trabalho”, afirma Patrícia Paniquar, líder de transição de carreira da empresa de consultoria LHH. “O isolamento social, a pressão por produtividade e as rápidas mudanças geraram um aumento no estresse e na preocupação com demissões.”

A felicidade no trabalho diminuiu desde 2020, especialmente para os profissionais na área de tecnologia, segundo uma pesquisa da Bamboo HR, plataforma de serviço de recursos humanos presente em mais de 150 países. O levantamento coletou respostas de mais de 57 mil funcionários de 1.600 empresas que utilizam o serviço, abrangendo setores como saúde, finanças, educação e tecnologia.

Os sentimentos negativos em relação ao ambiente de trabalho não surgem à toa: na onda das demissões em massa nos últimos anos, 16,7% das empresas do Brasil realizaram grandes rodadas de desligamentos em 2023, quando, em 2022, foram apenas 12,4%, segundo relatório do Ecossistema Great People & GPTW. 

“Os ciclos de trabalho serão cada vez menores nesse mercado. Estamos transitando da economia do emprego pautada em cargos para um cenário onde as competências são a nova moeda”, afirma Paniquar.

Apesar disso, o mercado de trabalho brasileiro mostra um cenário positivo, mantendo-se aquecido ao longo do ano passado. No segundo trimestre de 2024, a taxa de desemprego caiu para 6,6%, patamar mais baixo na última década.

Já no trimestre encerrado em fevereiro de 2025, a taxa de desemprego subiu para 6,8%, uma alta de 0,7 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2024 (6,1%) e queda de 1,1 p.p. ante o trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2024, quando a taxa foi de 7,8%.

Impactos dentro e fora do trabalho

A insegurança dos profissionais quanto à estabilidade no emprego pode ser intensificada tanto por fatores externos ao trabalho, como a situação econômica do país, até internos, como a alta rotatividade de funcionários na companhia. 

“Nunca fico tranquila, já que muitas pessoas são demitidas por corte de gastos e sem muitos motivos aparentes”, diz Clara*, que trabalha no setor de comunicação em uma grande companhia. “Sabemos das dificuldades da empresa, o que deixa o clima bem tenso e com um peso constante até mesmo entre os gestores que procuram soluções para sair dessa situação.”

O medo da demissão não apenas impacta a rotina e as entregas no trabalho, mas colabora para a manutenção de um ambiente tóxico. “Fico tentando mostrar serviço e estar disponível o tempo todo, até quando me chamam fora do horário. Se não sentirem que podem contar comigo, posso ser a próxima na lista de cortes.”

A insegurança dos profissionais também não é positiva para as empresas, já que muitos procuram novas oportunidades antes que a possibilidade de ficar desempregado se concretize. “Com a piora na situação da empresa, passei a procurar por vagas em locais mais consolidados. Porém, tem sido difícil achar uma vaga atraente.”

 

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