Em meio ao processo que pode resultar na cassação do seu mandato, o deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) iniciou na quarta-feira, 9, uma greve de fome e pernoitou na Câmara dos Deputados em Brasília, apenas ingerindo líquidos. “Essa tática radical é fruto de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo orçamento secreto. Vou às últimas consequências”, escreveu o parlamentar em sua conta oficial no X (antigo Twitter).
Na quarta-feira, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, por 13 votos a 5, o parecer que pede a cassação de Glauber por quebra de decoro parlamentar. Agora, o deputado poderá recorrer da decisão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Se a CCJ rejeitar o recurso, o processo será encaminhado para o plenário, onde a cassação terá que receber ao menos 257 votos para ser aprovada. Glauber é acusado de empurrar e expulsar aos chutes um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso Nacional durante uma confusão em 2024.
O parlamentar friburguense anunciou que faria greve de fome ainda durante a votação do processo no Conselho de Ética. Segundo ele, a ação permanecerá até que que todo o trâmite sobre sua cassação seja encerrado na casa legislativa federal. Na ocasião, o parlamentar também afirmou que passará as noites na sala onde a votação do processo ocorreu. “Tomei a decisão de ir até o limite dessa história. Vou permanecer aqui [no plenário do Conselho de Ética] em jejum e vou continuar até o desfecho desse processo”, afirmou Glauber.
Entenda o processo
Glauber Braga é acusado de empurrar e expulsar um integrante do MBL do Congresso Nacional em abril de 2024. Na ocasião, o deputado e o influenciador Gabriel Costenaro discutiram dentro da Câmara. O parlamentar expulsou Costenaro do prédio com empurrões e chutes, com a confusão se arrastando até a rua. Uma representação contra Glauber foi apresentada ainda em abril do ano passado pelo partido Novo. A legenda argumentou à época que Glauber ameaçou agredir o integrante do MBL caso ele tentasse entrar novamente no anexo da Câmara.
Na semana passada, o relator da ação no Conselho de Ética da Câmara, deputado federal Paulo Magalhães (PSD-BA), deu parecer favorável à cassação do mandato de Glauber Braga. O relator alegou que os empurrões e chutes do deputado do Psol foram comprovados por vídeos e que Costenaro não reagiu, além de ter sido agredido fora das dependências da Câmara.
“A instrução probatória nesses autos revelou prática por parte do representado de procedimento incompatível com o decoro parlamentar. Exige-se do congressista a adoção de conduta irretocável, uma vez que o interesse público não aceita deslizes na sua atuação”, declarou o relator. “Diante das provas produzidas nos autos, verifica-se que o representado [Glauber Braga] extrapolou os direitos inerentes ao mandato, abusando, assim, das prerrogativas que possui. É uma quebra nítida de decoro parlamentar. Diante o exposto, voto pela procedência da representação número 5 de 2024 com a consequente aplicação ao deputado Glauber Braga da sanção de perda de mandato”, concluiu.
O que diz Glauber Braga
O parlamentar do Psol afirma que o ativista do MBL tinha um histórico de provocações contra ele que culminaram em ofensas à sua mãe, a ex-prefeita de Nova Friburgo, Saudade Braga, que faleceu 22 dias após o ocorrido. Ele não poupou críticas ao relator do caso e acusou o ex-presidente da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP-AL), de ser o real autor do parecer exposto por Paulo Magalhães.
“O relator, no seu desespero em poder agradar quem de fato escreveu o relatório, nem disfarçou. O que eu disse naquele dia, deputado, e o que eu repito, é que quem escreveu o seu relatório foi o senhor Arthur Lira”, sustentou Glauber. (CNN Brasil)
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