Nova Friburgo perdeu nesta segunda-feira, 29, uma de suas maiores educadoras: a professora Wilma Villaça, de 79 anos, completados em 15 de fevereiro último. Wilma se encontrava hospitalizada nos últimos dias, em decorrência de uma queda sofrida dentro de casa. O corpo será velado nesta segunda, no Memorial SAF, a partir das 16h e o sepultamento será nesta terça, em horário ainda não definido.
Formada pela Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia, Wilma foi professora por muitos anos, desde muito jovem, lecionando em diversos colégios da cidade, tanto da rede pública quanto particular. Foi orientadora educacional do Colégio Estadual Professor Jamil El-Jaick e professora de Educação Física no Colégio Nossa Senhora das Dores.
Também foi bastante atuante na luta antirracismo. Sobre o coletivo Império das Negas, por exemplo, criado em 2015 por um grupo de mulheres com o intuito de empoderar a população negra friburguense, Wilma escreveu: “Racismo não pode ser mais assunto só de preto. O racismo tem que ser enfrentado com inteligência, conhecimento, para rebater os preconceituosos. Nunca vou saber o que é viver a experiência de sentir preconceito em relação a mim. Sofro em saber do sofrimento dos outros quando escuto alguém relatar situações humilhantes por questões de cor da pele, por sua etnia. Ajudo sempre que possível, e meu sentimento é de revolta. O negro é um povo maravilhoso e torço para que brilhe cada vez mais. Que a pele negra e a cabeleira afro, típica, sejam valorizados e respeitados. Que nosso povo se fortaleça, se imponha e continue na luta pelos seus direitos e ocupe os espaços que merece na sociedade brasileira”.
Wilma fazia parte também, como 2ª secretária, da diretoria do Dispensário de Santo Antônio. Desde 1958, quando foi fundado, o Dispensário distribui cestas básicas todos os meses para famílias carentes e vende toalhas, almofadas e outros itens artesanais confeccionados na sala de costura para colaborar com a compra de alimentos para suprir as cestas. Enxovais de bebê produzidos ali socorreram milhares de grávidas sem condições financeiras, muitas delas adolescentes, ao longo dos anos.
Wilma nasceu em uma família de mulheres fortes. Sua mãe, Rosália Villaça, a Dona Detinha, morreu em julho do ano passado, aos 104 anos, ainda lúcida e lendo as páginas de A VOZ DA SERRA. Dona Detinha foi costureira de mão cheia e telefonista da antiga Companhia Telefônica de Nova Friburgo, além de viúva de Teleco, jogador do antigo Esperança.
A equipe de VOZ DA SERRA, entristecida, se solidariza com a família Villaça neste momento de profunda dor.
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