Como esperado, o frio chegou com força nesta madrugada em Nova Friburgo, e deve se manter firme nos próximos dias. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) registrou 6 graus no município, mas regiões mais altas registraram bem menos que isso.
No Alto do Caledônia, por exemplo, a superfície de lagos e piscinas amanheceu com uma camada de gelo, o que moradores da localidade descreveram como a primeira geada do ano.
A previsão é que a madrugada desta quarta para quinta seja ainda mais fria. A partir daí, as mínimas sobem timidamente, chegando a 11 graus na próxima terça, 24, quando as temperaturas voltam a ficar mais amenas, chegando a valores entre 13 e 23 graus até o final da próxima semana.
São Paulo, que tem altitude e clima similares a Nova Friburgo, registrou 7 graus nesta quarta, temperatura recorde para um mês de maio em 32 anos, segundo o Climatempo. Com ventos intensos devido ao ciclone Yakecan no oceano, a sensação térmica desceu a zero grau no Aeroporto de Congonhas, às 2h da madrugada.
O ciclone ou tempestade subtropical Yakecan avança pelo litoral norte do Rio Grande do Sul e nesta quarta-feira, 18, se desloca pelo litoral de Santa Catarina. O sistema (abaixo) ainda pode provocar rajadas de vento em torno de 100 km/h no Sul do país e em parte do Sudeste, mas não chega a afetar Nova Friburgo, a não ser por intensificar mais ainda a massa de ar frio.
Frio precoce é efeito do La Niña, que continua
O Climatempo já tinha previsto - e o jornal A VOZ DASERRA, noticiado - a primeira onda de frio intenso deste ano para a segunda quinzena de maio.
O frio precoce pode ser efeito do prolongamento do fenômeno La Niña (resfriamento das águas do Oceano Pacífico), que se estabeleceu na primavera de 2021, atravessou todo o verão de 2022, já afeta o outono, promete ficar durante o inverno e ameaça se estender até o início de 2023.
Segundo o Climatempo, o fenômeno havia perdido força em fevereiro e março, mas voltou a se intensificar em abril, com o deslocamento de águas mais frias das camadas mais profundas do Pacífico em direção à superfície. Esse novo resfriamento indicou aos meteorologistas que o fenômeno poderá persistir por mais alguns meses.
Em março, como mostrou A VOZ DA SERRA, um relatório do Instituto de Pesquisas Internacionais para o Clima e Sociedade (IRI), ligado à Universidade de Columbia, nos EUA, já previa a continuidade do La Niña nos meses seguintes.
Ainda há divergências quanto à duração desse prolongamento. Enquanto alguns modelos meteorológicos indicam que o fenômeno deve atuar até o fim do inverno, em setembro, outros cogitam a possibilidade de La Niña se estender até o início de 2023. De certeza até agora, só há a alta probabilidade de La Niña continuar neste inverno, oscilando de fraco a moderado.
La Niña influencia o clima no mundo todo. No Brasil, define o regime de chuvas no verão, facilitando, o Sudeste, a formação de corredores de umidade que descem da Amazônia. Daí o verão altamente chuvoso que tivemos. Por causa do fenômeno, o verão friburguense só teve 24 dias quentes e ensolarados e dias com termômetros marcando apenas 12 graus em pleno fevereiro, como mostrou A VOZ DA SERRA. .
Assim como abril, maio é um mês de transição, com grandes variações térmicas e, consequentemente, mudanças bruscas de temperatura. Por isso nesta época ficam mais recorrentes os nevoeiros (foto acima, de Vera Barcellos), que costumam se dissipar nas primeiras horas da manhã. Os dias ficam bem mais frios, mas nem tão secos: ainda ocorrem chuvas, porém rápidas.
Como um dos principais efeitos de La Niña é o frio precoce, em fevereiro o Climatempo já previa que maio poderia ser um mês com bastante oscilação de temperaturas, variando de dias muito quentes para dias frios devido ao avanço de massas de ar de origem polar.
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