O Caderno Z não deixaria o centenário da escritora Maria Clara Machado passar em branco e se transformou num verdadeiro palco, reacendendo em nós o que é de fato fazer teatro. Maria Clara, com sua clara visão dramaturga, não pensou somente em seu desenvolvimento artístico, nem apenas na sua criação teatral. Ela presenteou o Brasil com uma escola de teatro, o Tablado que, desde 1951, no Rio de Janeiro, vem atuando na formação de atores e na prática teatral.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Elizabeth Souza Cruz
Surpresas de Viagem
A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.
Com as restrições mais rígidas definidas na última semana, o Caderno Z nos deixou com uma pontinha de saudade. Assim, sem a costumeira plataforma de embarque, vamos pegar carona no transporte público da cidade, antes que fiquemos todos a pé com o impasse entre a prefeitura e a direção da Nova Faol. Vamos cruzar os dedos para o entendimento entre as partes, seja o melhor para a comunidade friburguense.
Depois de inaugurar um outono quente, fechando o terceiro mês de poucas águas de março, o Caderno Z foi além-mares buscar os conhecimentos sobre a Páscoa Cristã e a Páscoa Judaica. Para os cristãos, a Páscoa celebra a ressureição de Jesus, na “passagem da morte para a vida”. Já para os judeus é a comemoração da passagem do povo israelita da escravidão do Egito para a liberdade, tendo em Moisés o seu libertador na travessia do Mar Vermelho para a Terra Prometida. As crenças se diversificam entre as duas celebrações, mas, ambas são vividas intensamente por seus celebrantes.
“O outono chegou em sua plenitude”... E o tema do Caderno Z não poderia ser
O tema do Caderno Z me fez lembrar minha sobrinha, empresária e professora de Educação Física, nascida e criada em São Paulo. No início da quarentena, ela me passou uma mensagem perguntando se teria acontecido alguma mudança nos astros, pois, do seu apartamento, ela estava conseguindo ver a lua durante o dia. Ao que expliquei: não foi a lua que se modificou, mas, sim o seu comportamento por estar em quarentena, com a oportunidade de olhar para o céu.
A viagem de hoje começa pelo editorial de Ana Borges, no Caderno Z do último fim de semana, pois, em suas considerações, ela nos lembra a escritora Simone de Beauvoir que comparou o árduo trabalho doméstico das mulheres, como sendo a "tortura de Sísifo". E pergunta: Alguma mulher aí discorda de Beauvoir? – Eu concordo totalmente e só amenizei meu fardo doméstico, quando passei a usar o tempo de trabalhos no lar para pensar, pois, muitos dos meus textos foram escritos na memória, enquanto o batente caseiro, de jornada dupla, consumia o meu tempo.
Por mais que estejamos familiarizados com a pandemia do coronavírus, nada melhor do que um caderno especial, inteirinho, de reflexões e conhecimentos sobre o assunto. É assim que o Caderno Z encerrou fevereiro com o tema “Da gripe espanhola à Covid-19”. O Brasil, em janeiro de 2020, era expectador do que ocorria em outros países e tudo nos parecia distante. Logo depois, numa divisão entre os que acreditavam na doença e os descrentes, nossa luta começou com inseguranças para todo lado. Não tem sido fácil, pois completamos um ano de batalha e ainda sentimos que o desconhecido nos assusta.
O Caderno Z tem o dom de restaurar lembranças. Volta e meia, eu me sinto provocada a divagar pelos meandros da minha casa de infância. Na capa, a linda foto de Henrique Pinheiro e uma pergunta que eu me fazia, mal acabara de tomar posse da alfabetização: “Por quem os sinos dobram”? Eu queria saber e mamãe respondia: “Eles dobram por ti”, e acrescentava, “mas de felicidade”! Nada mais eu sabia, a não ser que me pusesse a ler as 416 páginas daquele livro robusto, na estante.
Quando a televisão começou a se popularizar, alguns diziam: “Agora o rádio vai perder a vez!”. Realmente foi uma previsão naufragada pelas ondas médias e curtas do aparelhinho falante. Festejando o Dia Mundial do Rádio, último 13 de fevereiro, o Caderno Z do fim de semana passado, entre outros destaques, deu voz para uma história singular – os 75 anos da nossa Rádio Nova Friburgo, agora operando em frequência modulada. Ainda pequena, eu já sabia sintonizar a, então, Rádio Sociedade de Friburgo, a “Rádio Cipó Sempre Amiga” como era costume ser chamada antigamente.
Pela importância de seu teor, é um constante desafio para mim, quando embarco na plataforma “Z”. É o ponta pé inicial do embarque literário, tendo na bagagem um caderno sempre apreciável. Literalmente, eu diria, como Drummond, “a dangerosíssima viagem...”. Mas, há perigo no embarque, Elisabeth? – alguém poderá me perguntar, e já respondo: o perigo é não conter a emoção e me embebedar com cada palavrinha disposta na folha impressa. Festejar a data de 7 de fevereiro, Dia Nacional do Gráfico, é imprimir gratidão aos profissionais que “dão forma à nossa informação”.