Carta aberta ao prefeito festeiro

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Caro prefeito, uma cidade feliz não é aquela que só tem festas, ela precisa de ruas com calçamento digno, bem iluminadas, limpas e conservadas além de um trânsito ordeiro com motoristas que respeitem as suas regras. No entanto, uma parcela importante de seus moradores, seus eleitores ou não, precisam bem mais do que estão recebendo. Não vamos falar da saúde, tópico sempre explorado durante as campanhas eleitorais e relegada ao ostracismo tão logo os alcaides e vereadores tomam posse. O hospital Raul Sertã é a amostra viva do atual estado da saúde pública friburguense. Jogado às traças, relegado a um segundo plano, nem por sombras lembra um passado recente, de quando se chamava Santo Antônio, da então Santa Casa de Misericórdia de Nova Friburgo. Sua municipalização foi um desastre e, esse, talvez tenha sido o maior erro do então prefeito Paulo Azevedo. A partir daí, desceu ladeira abaixo e representa uma sombra do que já ostentou na saúde do município. Mas nada justifica a maneira como foi tratado por seus antecessores e por você.

No entanto, a cidade precisa de muito mais, principalmente quando é incensada pela imprensa em geral, elogiando as belezas naturais que o município ostenta, sua gastronomia bem estruturada e distribuída e sua história. Aliás, essa, com o envelhecimento de parte da população ligada as suas tradições de origem suíça, tende a ser esquecida. Talvez, você nem saiba que a cidade teve seu início com a chegada dos colonos helvéticos, nos idos de 1819 e 1820, e por muito tempo ostentou a alcunha de Suíça Brasileira devido a seu clima e ao grande número de descendentes suíços que aqui ainda moram. Mas, como uma folha de papel que perde a consistência com o passar dos anos, nossa história fenece a olhos vivos. Basta ver o estado de abandono que se encontra o complexo da Queijaria Escola, outrora motivo de orgulho de Friburgo. Outras cidades como Monte Verde, Campos do Jordão, com clima semelhante ao nosso, mas com uma visão muito mais acurada do que seja uma cidade bem cuidada, estão roubando-nos o título que por tantas décadas nos foi atribuído. Têm consciência de que o atrativo para o turista não é somente suas festas, mas o cuidado e o zelo que a ela é dispensada, pela administração municipal. E, essas festas, têm de ser muito bem pensadas, pois o objetivo é atender os vários segmentos da sociedade.

Nossas ruas são uma sucessão de buracos sem fim, talvez só Cabo Frio nos ultrapasse, pois lá prefeitos e vereadores conseguem ser ainda piores dos que os de cá. Não há um único bairro que não exiba crateras de bom tamanho, ameaçando a integridade de pedestres e automóveis. Aquelas cujo calçamento é de paralelepípedo então, estão num estado deplorável, pois além dos buracos apresentam desníveis importantes.  Na época da campanha eleitoral, para mostrar serviços e angariar votos, você deu um banho de asfalto em algumas ruas, mas bastou ganhar as eleições para tudo se tornar como dantes.

Vou me ater um pouco, no Cônego e Cascatinha, pois com um dos IPTUs mais altos da cidade, deveriam ser olhados com outros olhos. Ainda com muitos terrenos disponíveis têm sido a menina dos olhos dos construtores locais e do governo, pois todos se locupletam dos empreendimentos aos magotes. Sem o mínimo levantamento das necessidades desses bairros, as concessões para novos condomínios não param. Em consequência, o deslocamento tornou-se um problema sério, sendo quase impossível se encontrar vagas para estacionamento, não importa a hora do dia. À noite, então, nem se fala, pois com os muitos restaurantes que tornaram o bairro um importante polo gastronômico, achar uma vaga é como achar uma pepita numa mina abandonada. Não podemos, também, nos esquecer do abastecimento de água desses bairros. Eles estão crescendo e ninguém pensa na construção de um reservatório para as necessidades crescentes do precioso líquido.

No entanto, estacionamento virou um estorvo crônico na cidade, pois muitas vezes os “mautoristas” não têm nenhum escrúpulo e param em fila dupla, seja no centro ou nos bairros. E aqui ocorre outro problema, pois como os empregados da Smomu são funcionários públicos, só trabalham até às 17 horas. A partir daí é um deus nos acuda, sem nenhuma fiscalização.

 Como a sua meta é a deputança, federal ou estadual não importa, nesse quase um ano que falta para as eleições de 2026, que tal se preocupar menos com festas e mais com a cidade, pensando em angariar votos por méritos próprios. Afinal, um deputado eleito, com muitos votos, é sempre bem-visto na câmara.

A população de Friburgo, aquela que paga impostos e é um dos alicerces para a manutenção da máquina administrativa, agradeceria um novo enfoque do nosso alcaide.

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