Edição de 14 e 15 de abril de 1973
Pesquisado por Nathalia Rebello (*)
Manchetes
Edição de 14 e 15 de abril de 1973
Pesquisado por Nathalia Rebello (*)
Manchetes
Demerval: Vai de federal - O Dr. Dermeval Barbosa Moreira vai disputar mesmo uma candidatura à deputação federal em 1974 pela legenda do MDB Ainda, segundo o médico, sua candidatura não lhe pertence, porque é exigida pelos muitos amigos de Friburgo e de outros municípios. Sua candidatura é, antecipadamente, vitoriosa, pelas suas qualidades pessoais e também pelos inúmeros serviços prestados ao povo. A candidatura do estimado médico altera profundamente o quadro eleitoral.
Saúde pública: Primando pela ausência - Um pequeno passeio pelo centro por alguns bairros da cidade, vem provar que Saúde Pública em Friburgo é coisa que não existe. Qualquer uml arruma um tabuleiro - principalmente em frente a colégios - e expõe à venda, sujeito à poeira e contaminação, doces e salgadinhos. Os bares são abertos e funcionam nas condições mais infectas e sem nenhum compromisso com as mais rudimentares regras de asseio e higiene. E assim é com quitandas, armazéns, mercados, mercadinhos, etc.
Poluição Sonora: um acordo de cavalheiros - Trata-se de algo produzido especialmente por carros de propaganda, os quais, sem controle, sem fiscalização, sem método ou técnica, berram suas mensagens, pouco se importando com prejuízos causados ao povo. Em boa hora, nesta semana, os responsáveis pelos referidos volantes foram chamados pelo secretário de Serviços Públicos, Sylvio Spinelli e, para tranquilidade do povo, entraram num acordo.
Surto artístico: tem reconhecimento - Na última reunião do Conselho Curador da Fundação Educacional e Cultural de Nova Friburgo, o professor Amaury Muniz destacou o surto de manifestação de arte e cultura em Friburgo, nos dois últimos anos, surto este promovido e estimulado pela Divisão de Cultura da FEC.
Ginásio Celso Peçanha: pardieiro à desserviço do esporte - Estivemos lá e constatamos revolta. Crianças treinavam à luz de um tosco lampeão, comprado por “vaquinha’, porque desde janeiro todo sistema elétrico está queimado e nada se fez até hoje para recuperá-lo. O resto das instalações se encontra em estado deplorável. É um crime que se está cometendo contra a mocidade de Friburgo.
A VOZ DA SERRA: Um aniversário diferente, por Seven-Avlis
“No dia 7 de abril deste 1973 completou esta folha 28 anos de existência e lutas em prol da coletividade friburguense. Qual jovem que se atira à vida, prenhe de esperança e fé, animado e aquecido pelo amor, pela orientação e o carinho de um extremoso, querido e saudoso pai, tem sabido vencer os embates de viseira erguida, com dignidade, equilíbrio e honestidade a toda prova.
E, assim, há de continuar não obstante e tão cedo, a dolorosa orfandade lhe haja batido às portas com irreparável perda de seu diretor Américo Ventura Filho, que nele, o seu jornal, “viva o seu ideal que amava sempre mais, de liberdade, opinião, democracia”. Disse bem o seu atual dirigente: “Está-nos fazendo falta o nosso velho e combativo diretor.” E, feliz em sua conceituação, prossegue com muita propriedade: “Mas, à medida que, a todo momento, sentimos a sua falta, cresce em nós a vontade de sermos dignos do que ele foi.”
Mas este aniversário, principalmente agora, é diferente… É inegável que o precioso sentimento de solidariedade humana na alegria e na dor tem seus limites. Todavia, não se extravasou de todo a compunção que o infausto acontecimento ainda suscita.
É diferente e sugere, por que não dizê-lo, em todos nós uma sentida e indefinível saudade, um que de vazio no tempo e no espaço. E o próprio “Galeria-Bar”, ponto predileto de palestra com seus amigos, testemunha naquela cadeira hoje olhada com emoção e respeito.
Quanto à Família Ventura, em sua grandeza moral, em seu dignificante exemplo de estoicismo, nem tenho expressões, como não posso e não devo, por consideração e apreço máximos reavivar sentimentos tão sofridos. Não era um dos seus íntimos, mas tive a felicidade de sentir toda a extensão de sua grande e nobre alma, de seu coração generoso e magnânimo.
Prossigas, “A Voz da Serra”, a tua missão. Seguindo as diretivas que te fizeram conquistar uma posição de destaque na valorosa imprensa local e fluminense, eleva bem alto o nome do teu finado diretor. Avante! Para a frente e para a luta!”
Américo Ventura Filho, por Élio Monnerat Solon de Pontes
“Parece que a natureza dotou o homem, em sua condição de "efêmero depositário do cabedal eterno” que é a vida de uma espécie de ânsia de sobrepujar a fatalidade crucial da antítese desta- a morte física. Isto acontece, principalmente, com as grandes almas, as personalidades transcendentes, os homens dotados da luminosidade aurifulgente que dimana do talento, da generosidade, da correção de conduta, da autêntica fidelidade ao ideal, ou mais propriamente aos ideais consonantes com os da coletividade.
Isto acontece, principalmente, quando uma comunidade inteira é testemunha dessa retidão, dessa clareza, dessa autenticidade e a reputação granjeada, ultrapassando as fronteiras restritas de sua comunidade ou seja do seu município, inspira o respeito e infunde a admiração nos mais distantes recantos do Estado e da Pátria.
Leal, sincero, espontâneo, lúcido, prudente, laborioso, vigilante, intrépido - Américo Ventura Filho inspira-nos as considerações. Unidos para suplicar, diante do altar de Deus, pelo seu descanso eterno, sentimos que todos os seus amigos, a par do irremediável pesar pela sua ausência. Fruimos do consolo de uma certeza íntima: a de que o Venturinha pôde cerrar os olhos, talvez marejado de lágrimas. oriundo da certeza de que muitas outras seriam vertidas, por injustiça e com saudade, como consagração, de suas virtudes e dos seus méritos, resplandecentes de uma vida que é exemplo imarcescível a sobrepujar a inexorabilidade da morte!
Pelo que fez e pelo que foi, Américo Ventura Filho logra que sua memória suplante o marco incremento de sua finitude transformando-o em instrumento que o agiganta aos olhos da posteridade. Seu nome será, num preito elementar de justiça como um símbolo de grandeza de sentimentos e uma reafirmação da gratidão dos seus conterrâneos, perpetuado, por certo, no bronze indicativo de alguma via pública desta cidade que ele idolatra e à qual serviu, com denodo, à vida inteira.
Que, nesse dia de consagração a uma voz imperecível da imprensa friburguense não falte um só amigo, mesmo os que um dia tenham se divertido porque será um momento de confraternização significativa de quantos, reflexivamente, amam estas serras benditas.”
(*) estagiária sob a supervisão de Henrique Amori
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