Que tal investir seu FGTS?

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

sexta-feira, 03 de junho de 2022

O tempo é curto, precisei escrever este texto de última hora ou não seria mais possível. Pela primeira vez, em 20 anos, estão abertas as operações FMP. É através desta estratégia que você, trabalhador CLT, pode destinar parte do seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para investimentos majoritariamente alocados no processo de privatização da Eletrobras. Mas, afinal, faz sentido?

Antes de pontuar características técnicas do Fundo Múltiplo de Privatização, é importante entender o mercado da companhia e sua respectiva porção de domínio e projeção futura. Portanto, vamos aos dados.

- Líder em geração de energia elétrica: excluindo a produção de Itaipu, a companhia tem capacidade instalada de 43 GW, totalizando 24% da capacidade instalada do país;

 - Maior player no segmento de transmissão: são 74 mil quilômetros de linhas de transmissão e isso representa 40% do mercado brasileiro;

- Atua em todas as regiões do Brasil e foca nos investimentos em fontes de energia limpa.

Aqui, você pode estar se perguntando – e eu fiz o mesmo – sobre o porquê de uma companhia referência se tornar parte de um processo de privatização. Bom, o mercado tem algumas respostas teóricas:

- Flexibilidade e agilidade em tomadas de decisões estratégicas;

- Otimização de custos e despesas;

 - Renovação de concessões;

 - Possibilidade de explorar o novo mercado livre de energia;

 - Aumento de eficiência dos ativos existentes.

 Todo processo de desestatização apresenta pontos positivos e negativos; nada é tão bom ou tão ruim que não tenha o outro lado da moeda. Contudo, cabe ao investidor – e cidadão – decidir com base em sua visão de mundo e posicionamento político econômico para decidir o que vale a pena. Eu, particularmente, sou completamente contra o processo de sucateamento de riquezas nacionais para fomentar o processo de desestatização. Porém, por outro lado, simpatizo com a ideia de um Estado enxuto, provedor de recursos básicos e indispensáveis (não que energia elétrica não seja, é claro, mas espero compreensão), como saúde, educação e segurança.

Ponderadas todas essas informações, é hora de decidir se faz sentido ou não investir seu capital no que pode se tornar um grande negócio. Portanto, vamos aos dados técnicos da operação do Fundo Mútuo de Privatização:

 - Antes de qualquer coisa, todas as regras de saque do FGTS serão respeitadas e acatadas independente das informações posteriores;

 - Você pode destinar, no máximo, 50% do seu saldo disponível;

- Caso as reservas ultrapassem R$ 6 bilhões, haverá rateio linear entre investidores e instituições;

- Haverá carência (semelhante a um lock-up de ofertas públicas – e não deixa de ser) de 12 meses até que o investidor possa retirar os recursos do FMP e retornar para o FGTS, mas respeitando o primeiro ponto referente a saque;

- Mudam as regras de tributação caso o investidor receba rentabilidade anual acima da TR + 3%, base de cálculo do FGTS.

Agora, mais do que nunca, é preciso ficar atento às datas (e por isso escrevi este texto às pressas). O processo de solicitação precisa ser feito até a próxima quarta-feira, 8, às 12h para ser acatado e executado. Para isso, conte com a ajuda do seu assessor de investimentos ou gerente para participar da operação.

 

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