Banco Central pode sinalizar mudanças

Gabriel Alves

Educação Financeira

Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

A quarta-feira, 21, teve as atenções voltadas para o Copom. Como o esperado, o comitê manteve a meta de taxa de juros no mesmo patamar de outras seis reuniões e a Selic continua em 13,75% ao ano. Contudo, novidades permeiam a nova decisão e, se nenhuma surpresa atingir o contexto econômico do país, há tendência de corte logo na próxima reunião. Dessa vez, diante da melhora nas expectativas de inflação, o mercado projeta – e já precifica – corte de 0,25% em agosto, sinalizando a postura dovish do Banco Central.

Antes de continuarmos, todavia, é preciso refletir sobre o que acontece neste espaço. Aqui não é nenhuma reportagem, então vamos usar o tema para estudar. Aproveitar o cenário atual é uma excelente forma de contextualizar o conhecimento e aprofundar o domínio sobre o assunto econômico. Afinal, aqui falamos de mercados, economia e finanças e numa coluna de Educação Financeira o objetivo é transmitir conhecimento.

Então, afinal, o que é o Copom? Separei algumas palavras do próprio Banco Central do Brasil e faço questão de trazer as aspas: “o Comitê de Política Monetária (Copom) é o órgão do Banco Central, formado pelo seu presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia – a Selic”. Seu objetivo é o “de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros”, e para garantir que sejam alcançados de maneira eficiente, “o Banco Central precisa se comunicar de forma clara e transparente.

Além do comunicado e da ata da reunião, o Banco Central publica, a cada trimestre, o Relatório de Inflação, que analisa a evolução recente e as perspectivas da economia, com ênfase nas perspectivas para a inflação”.

Então se, de maneira extremamente grosseira, o papel do Copom é aumentar ou reduzir juros, como isso reflete no dia a dia da economia de um país? Para representar os possíveis cenários e seus impactos, economistas definiram dois termos técnicos – e um deles eu usei no primeiro parágrafo.

Hawkish: refere-se a uma postura mais restritiva em relação à política monetária. Aqui, a preocupação é com o controle da inflação e a estabilidade de preços. Priorizar a contenção da inflação exige a adoção de medidas mais rígidas, como o aumento das taxas de juros. Somente assim torna-se possível garantir a estabilidade econômica a longo prazo, mesmo que isso possa implicar em baixo crescimento econômico – ou até períodos de recessão.

Dovish: postura mais flexível em relação à política monetária. Os formuladores de políticas dovish estão mais preocupados com o estímulo econômico e a promoção do crescimento. Neste cenário, níveis um pouco mais altos de inflação são aceitos em troca de impulsionar a atividade econômica e aumentar a geração de emprego. Isso pode envolver, entre outras ferramentas, a redução das taxas de juros pelo Banco Central.

Compreender estes cenários vai favorecer sua tomada de decisão. Entender momentos mais adequados para tomada de crédito, investimentos, consumo e tudo mais que envolva a alocação de capital pode ser o grande diferencial para o sucesso de suas estratégias financeiras.

Quanto ao posicionamento do Banco Central, mudanças de postura realmente podem ser sinalizadas e agora o Copom precisa cumprir o prazo para a divulgação de sua ata ao longo da próxima semana. Fique atento!

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