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O Projeto Áudio Literário alça voo

segunda-feira, 18 de maio de 2020

O Projeto Áudio Literário nasceu, nestes tempos de pandemia, da criatividade e do empenho de Márcia Lobosco, coordenadora do Clube Vivências, que acontece nas terças-feiras na Academia Friburguense de Letras e na livraria Sabor de Leitura, às quartas-feiras. Os participantes do Clube leem poesias, crônicas, contos e até fabulas de escolha pessoal e são enviados diariamente, cada dia um texto, para os grupos do Clube do WhatsApp. 

O Projeto Áudio Literário nasceu, nestes tempos de pandemia, da criatividade e do empenho de Márcia Lobosco, coordenadora do Clube Vivências, que acontece nas terças-feiras na Academia Friburguense de Letras e na livraria Sabor de Leitura, às quartas-feiras. Os participantes do Clube leem poesias, crônicas, contos e até fabulas de escolha pessoal e são enviados diariamente, cada dia um texto, para os grupos do Clube do WhatsApp. 

As pessoas que frequentam estes grupos literários, do qual faço parte às terças-feiras, além de buscarem o prazer literário e o encontro com amigos, querem se tornar pessoas melhores, repensar valores e avaliar modos de conceber a vida. A partir destas premissas, durante este período de recolhimento, inclusive porque grande parte dos participantes tem idade superior a sessenta anos, Márcia se sentiu instigada a manter ativo o perfume literário e a compartilhá-lo com todas as participantes.

Os áudios chegam pontualmente às 10h, e nós temos de identificar a voz do leitor do texto, além de apresentar e trocar ideias que emergem durante o momento de escuta. O Projeto cativa e preenche os vazios que cada uma de nós sente durante o tempo de pandemia. Os áudios se tornaram, diariamente, um toque sensível de alegria, enternecimento e reflexão.

Uma amiga nossa e participante do Clube, Miriam Ribeiro, voluntária do Projeto Viva e Deixe Viver, que tem a finalidade de contar histórias a crianças em hospitais, levou o Áudio Literário a ser compartilhado no Hospital Federal da Lagoa, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Funcionários, pacientes e acompanhantes logo aderiram e passaram a escutá-los. A notícia foi recebida com grande emoção por nós, os leitores, principalmente por saber que pessoas que estão doentes, seus acompanhantes e funcionários teriam acesso à poesia, aos contos e às crônicas, bem como teriam a oportunidade de conhecer textos de autores sensíveis à vida, como Fernando Pessoa, Clarice Linspector, Rubem Braga, dentre outros. Mais do que um acalento aos que sofrem e realizam trabalhos em ambiente hospitalar, os áudios estimulam os pacientes a continuarem sua luta pela vida, bem como os acompanhantes e funcionários a empregarem seus esforços no amparo aos doentes. A seguir, um médico do Hospital de Oncologia do Rio de Janeiro solicitou que os áudios fossem ouvidos pelos respectivos pacientes nos momentos em que recebessem a medicação, como meio de amenizar o mal-estar.

  Mais uma vez, vejo que a literatura está tão próxima de nós, de cada pessoa em sua experiência existencial, sem discriminar. É uma notável guardiã e difusora de ideias, capaz de tornar o leitor hospedeiro dos textos, que o abraça e mostra novos horizontes. Com um quê de solidariedade, mostra que escritores e leitores são membros de uma mesma comunidade. A comunidade humana do Planeta Terra.

Os que escrevem e os que leem para outros emitem amor à vida. Aquele que ouve demonstra humildade. E o texto pode ser comparado à aurora boreal que ilumina e aponta caminhos.

Nós, que vivemos de alguma forma a literatura, não podemos nos fechar em bolhas literárias. É preciso dar asas às ideias e aos feitos, fazê-los voar mundo afora. A literatura tem magnitude. É imensa. Tem beleza.

Que os Áudios Literários adentrem os espaços, que se façam presentes e alcancem a alma das pessoas.

 

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Sem festa

sábado, 16 de maio de 2020

Para pensar:

"Nova Friburgo é terra abençoada!”

Machado de Assis

Para refletir:

“Lá nas alturas, por certo,

onde a beleza não falta,

querendo vê-la mais perto

Deus fez Friburgo mais alta!”

Aloisio Alves da Costa”

Sem festa

Nossa amada Nova Friburgo sopra hoje 202 velinhas, certamente atravessando um dos momentos mais delicados de sua história - e olha que ela foi tudo menos fácil.

Para pensar:

"Nova Friburgo é terra abençoada!”

Machado de Assis

Para refletir:

“Lá nas alturas, por certo,

onde a beleza não falta,

querendo vê-la mais perto

Deus fez Friburgo mais alta!”

Aloisio Alves da Costa”

Sem festa

Nossa amada Nova Friburgo sopra hoje 202 velinhas, certamente atravessando um dos momentos mais delicados de sua história - e olha que ela foi tudo menos fácil.

Nesta sexta-feira, 15, só não tivemos manifestações públicas em favor da flexibilização da quarentena porque a polícia se antecipou aos fatos e evitou que todo o sacrifício feito até agora fosse ainda menos respeitado.

E, cá entre nós, fez muito bem.

Afinal, existem maneiras muito mais coerentes de manifestar opiniões no contexto atual.

Válvula de escape

Não se trata aqui de ser contra ou a favor da flexibilização, mas de defender que se estabeleça o diálogo entre todas as partes, de maneira respeitosa, transparente, construtiva e com bases reais.

Precisamos que a rede particular de Saúde amplie os atuais níveis de transparência, e precisamos que o comércio e a indústria dividam conosco indicadores de sua situação atual, bem como propostas sobre como conciliar seus interesses que possam ser melhores do que simplesmente deixar o “grupo de risco” em casa e mandar todo o restante para as ruas.

Ora, podemos fazer melhor do que isso!

Estratégico

Para começar, precisamos entender qual a origem dos contágios entre nossos profissionais de Saúde. Eles estão mais expostos em algum hospital específico?

Parece evidente que proteger nossos profissionais da melhor forma possível não é apenas um ato de gratidão e respeito, mas também um ponto estratégico para quebrar a cadeia de transmissão.

Sabemos, agora, quais bairros e públicos têm sido mais afetados por aqui. Será que não somos capazes de traçar estratégias que levem estes dados em consideração?

Espaço aberto

A coluna insiste em disponibilizar seu espaço para dar voz a quem precisa se expressar, mas pede que o façam com dados, não com simplificações e agressões.

A primeira das vozes a entrar em contato foi a do empresário Tony Ventura, que chamou atenção para os impactos da crise econômica que está se estabelecendo.

A coluna registra, mas ainda espera por indicadores e mais sugestões.

Aspas

“As mortes no Brasil por Covid-19 não serão nada frente ao número de mortes que ocorrerão como efeito colateral da pandemia. (...) Que se preserve os idosos e portadores de possíveis riscos, mas a economia não pode parar desse jeito! Supermercados e algumas lojas que vendem de tudo estão liberados, e os pequenos e médios comerciantes e industriais? Vão tirar de onde? Não é para abrir tudo sem restrições. Os que têm riscos de saúde ficam em casa. Os outros, com as precauções, podem trabalhar!”

Emendas

Muita informação rolando nos últimos dias a respeito de prazos para cumprimento de demandas necessárias aos trâmites de liberação de emendas parlamentares direcionadas para nossa cidade.

A coluna está monitorando o andamento de caso a caso e, no momento, não vê nenhuma denúncia a ser feita a esse respeito.

Os prazos são curtos, riscos existem, mas as medidas estão sendo tomadas.

Se algo mudar, a gente registra por aqui.

O decreto municipal que mantém a quarentena, vale lembrar, tem validade somente até esta segunda-feira, 18.

Hospital de Campanha

O deputado estadual Filippe Poubel (PSL-RJ) visitou nesta semana o canteiro de obras do Hospital de Campanha que está sendo erguido em Nova Friburgo e fez pesadas críticas ao andamento dos trabalhos e aos custos do empreendimento.

A assessoria do parlamentar registrou o ato em vídeo, que tem circulado bastante nas redes sociais.

A propósito...

E já que tocamos nesse assunto, a coluna aproveita a deixa para registrar o questionamento de uma leitora de longa data sobre o porquê do Hospital de Campanha não ter sido erguido na estrutura reservada ao hospital de oncologia, de modo a que parte desse material continuasse disponível à cidade ao término da pandemia.

É evidente que além da estrutura física existem os gastos operacionais, que teriam de ser assumidos de modo constante. Mas, ainda assim, a coluna registra a opinião da leitora por entender que é um questionamento mais do que válido a quem paga tantos impostos e tem tão poucas contrapartidas.

Mais ônibus

O vereador Zezinho do Caminhão direcionou ofício à prefeitura no qual reitera a solicitação de implantação de novas linhas de ônibus nos bairros Vargem Grande (Loteamento da Glória via Rua Tupiniquins) e Cascatinha (com percurso pelas ruas D. João VI, Avelino Frotté, Aracy da Silva Carvalho, Joécio José da Silva, Edvaldo Cunha, António José Frotté e Churchill).

O mesmo documento também foi encaminhado à Comissão de Licitação de Transporte Público Coletivo de Nova Friburgo, ao gabinete do prefeito, à Subsecretaria de Serviços Concedidos e à Secretaria Municipal da Casa Civil.

E essa agora?

De acordo com informações reunidas pelo Ministério Público Federal, interceptações telefônicas revelaram ligações entre os empresários Mário Peixoto e Luiz Roberto Martins, presos na última quinta feira, 14,  durante a operação da Lava Jato, e a OS Unir que administrou a UPA de Conselheiro Paulino.

Em um diálogo interceptado em 20 de março deste ano, Luiz Roberto foi consultado, vejam só, a respeito de um repasse de mais de R$ 5 milhões.

Ligando pontos

Paralelamente, a Operação Legislativa Calabar, realizada pelo vereador Professor Pierre e protocolada no Ministério Público do Trabalho nesta sexta-feira, 15, trata justamente da condição à qual foram expostos os ex-funcionários da Unir, e revela que este repasse é exatamente aquele que deveria ter sido utilizado para a quitação de suas rescisões.

A coluna mal começou a apuração e já pode antecipar aos leitores que não faltará assunto na próxima semana...

Presente

O leitor Rogério da Silva presenteou a coluna com uma foto de sua mãe, Dona Julieta Espindola da Silva, de 98 anos, nos dando o privilégio de sua atenção às páginas de A VOZ DA SERRA.

Ficamos todos muito sensibilizados, e desejamos que não falte saúde à Dona Julieta.

Honrar esse tipo de confiança é uma responsabilidade e uma missão.

Foto da galeria
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Nova Friburgo: 152 anos de fundação

sábado, 16 de maio de 2020

Edição de 16 e 17 de maio de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 16 e 17 de maio de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • Nova Friburgo: 152 anos de fundação - O desfile escolar será a parte mais saliente da programação oficial deste 16 de maio, data magna do município. Na programação, alvorada-salva de 21 tiros; colocação de flores nos monumentos das praças públicas; hasteamento das bandeiras; missa em ação de graças em homenagem ao Jubileu de Ouro de Monsenhor Teixeira; mensagem do prefeito Amâncio Azevedo através do serviço de rádio amador; desfile; futebol Friburgo x Cordeiro (com portões abertos); tarde de autógrafos, concerto da Sociedade Musical Campesina Friburguense e charmoso Baile da Musa dos Jogos Florais.
  • Saudação da Ypu - Nos 152 anos do município de Nova Friburgo, a nova direção da Fábrica Ypu envia a sua saudação às autoridades e ao povo, congratulando-se com os friburguenses pelo desenvolvimento da cidade que possui um dos maiores parques industriais do Brasil. A todos, os nosso votos de permanente felicidade neste 16 de maio de 1970.
  • Televisão: canais 4 (Globo) e 2 (Excelsior) em Friburgo dentro de 30 dias - A Prefeitura de Friburgo assinou contrato com a retransmissora interestadual, firma altamente especializada no assunto para a instalação, em um mês, de duas transmissoras, uma para o canal 4 e outra para o canal 2, respectivamente, as TVs Globo e Excelsior. Como já temos oficializada as transmissões da TV Tupi e da TV Rio, sobre as quais o município não poderá causar impedimentos, já que concessionadas, regularmente, passaremos assim a ter quatro canais, servindo ao nosso povo. O prefeito Amâncio de Azevedo optou pelo sistema U.H.F. para as retransmissoras que funcionarão por conta exclusiva da municipalidade, sem qualquer pagamento por parte dos possuidores de aparelhos, embora tenha a atual administração despendido para o novo serviço de 50 milhões de cruzeiros antigos.
  • Rodoviária intermunicipal: a administração Amâncio lavra outro importantíssimo tento - A conceituada firma Engenharia e Construções Quevedo venceu a concorrência para a construção da estação rodoviária intermunicipal, a ser erguida à Rua Alberto Braune, ao lado do edifício sede da prefeitura. Trata-se de uma obra da mais alta significação, pela sua importância e pelo conforto que proporcionará aos que viajam de e para Friburgo. Previsão de 150 dias, a partir da assinatura do contrato, é o prazo previsto para a terminação da grande obra.
  • Lira Conspiradora de Campos - A excelente banda de música campista Lira Conspiradora estará em nossa terra com o intuito de homenagear a Sociedade Musical Campesina Friburguense pelo transcorrer do seu centenário, aproveitando assim o ensejo para realizar um concerto no nosso principal jardim – Praça Presidente Vargas.
  • Malba Tahan - O magnífico professor Melo e Souza – Malba Tahan – autor de vários livros e uma das maiores sumidades em matemática na América Latina, estará em Friburgo no próximo dia 22 para, no Centro de Arte, deleitar o nosso povo com mais uma erudita conferência.
  • Queixas DER - Já que o sonolento DER não toma a menor providência sobre as continuadas queixas que vimos fazendo a respeito do péssimo tratamento oferecido pelas concessionárias do transporte coletivo intermunicipal, vamos apelar para o além, que segundo crença geral não desampara os que sofrem.

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Valmir Matuglia e Nydia Yaggi Martins (16); Murilo Cúrio e Elias Abicali (17); Didi Sampaio Azevedo (19); Athayde da Costa Freitas, Roberto Ricardo Coutinho e J. G. de Araújo Jorge (20); Luciola Pereira da Costa, Francisco Alves da Rocha e Walter Araújo (22).
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Sábados estranhos

sábado, 16 de maio de 2020

São dias estranhos. A Monte Líbano que estaria lotada - vazia. Cada cantinho do bom furdunço - idem. O Bolero sem o costumeiro formigueiro de gente, tal qual os bares de Olaria e Conselheiro. A festa de gente não se faz, porque gente não pode se ver, tocar, se reunir.

São dias estranhos. A Monte Líbano que estaria lotada - vazia. Cada cantinho do bom furdunço - idem. O Bolero sem o costumeiro formigueiro de gente, tal qual os bares de Olaria e Conselheiro. A festa de gente não se faz, porque gente não pode se ver, tocar, se reunir.

Uma conhecida morreu. Não foi Covid-19. Sei que o velório foi vazio. Não porque não era querida. Pelo contrário. Até a despedida a um ente querido foi limitada. Não se pode se aglomerar. O choro e a oração foram no silêncio de casa para amigos e até familiares. Ela entendeu. Ouvi de uma enfermeira que é muito triste morrer sozinho, como os tantos que ela assistiu. Um curado contou que a sensação é de afogamento, só não há rio ou mar. Apenas a solidão do lençol. Se afoga no ar da perplexidade. Outro camarada resumiu bem o que acontece: as pessoas não morrem, desaparecem!

Um casal de amigos ganhou um filho. Davi nasceu antes do que se previa. A orientação foi adiantar o parto, porque o futuro é muito incerto nas unidades hospitalares. Deu tudo certo. Ainda não o conheci, a não ser por fotos. O costumeiro xixi do bebê foi adiado para quando pudermos nos encontrar. Tios, avós, padrinhos não puderam testemunhar o milagre do nascimento. Há oito meses, quando, naturalmente, seriam nove, ninguém podia imaginar a falta de festa ainda que de regozijo ao ariano que se previa taurino. O pai médico não poderá curtir o pequeno em seus primeiros dias. Por estar exposto pela missão da cura, certa distância física para proteger os amores maiores: esposa e filho.

Querer encontrar Deus é pedir que os fiéis fiquem em casa. O resto é charlatanismo. Mas por mais que ouça atento o que espiritualistas proferem, meus pelos não arrepiam, meu coração não sangra como na energia da oração em comunhão. Certo de que eu e nem ninguém precisa de interventor para falar com Deus, o auxílio da orientação segue pertinente à fé. Mas fé maior é dar exemplo de amor ao próximo e protegê-los.

Aqui no congelador de casa tem uma peça de contrafilé. Comprei para um churrasco desses avulsos. Mas churrasco sem amigos, não é churrasco. Eu, por exemplo, não gosto de beber cerveja sozinho. Preciso do brinde, ter companhia é a razão da gelada. Entende? É também assim com o café. Tem café em casa, mas não é igual ao do fim de tarde no trabalho ou naquela lanchonete que tem pingado e que se joga conversa fora com o balconista, um estranho qualquer ou com o colega de trabalho. Sinto falta até dos estranhos. Qual seu nome? Oi, me chamo Wanderson.

Sábado estranho. Dias estranhos esses. Por mais que nas redes sociais exista o movimento de show ao vivo, não sei. Sinto falta da música, do violão arranhando bem próximo ao meu ouvido. Gosto de quando o músico escapa a mão e seus dedos tocam, sem querer, a madeira do violão. Traz sentido. O bafo, fazer dos meus olhos câmera para captar o detalhe que me vier. Sinto falta de ver gente, de cruzar olhares, de abraços, tocar mãos. Preguiça dessa preguiça de casa.

Ainda que seja invisível, minúsculo, nano, o que nos causa essa separação, sabemos seu efeito. Por dentro, a prece é não ter medo. O medo é contaminar o próximo, ferir alguém. Coragem para ficar no reservado da solidão coletiva que se torna até suave diante do perigo da dor de perder alguém. Logo, logo estaremos juntos de novo. Precisamos fazer nossa parte por todos e para voltarmos o quanto antes. Quanto mais se desobedece ao desconhecido, mais demorada será a volta.

O adeus não se dá, o bem-vindo também não. Tudo o que estamos acostumados a desprezar - o cotidiano - ganha importância, pela ausência, por faltar. Vai passar. Mas quando passar, como será? Vamos apenas celebrar o dia seguinte como se fosse uma final de Copa do Mundo? Finais de campeonato passam tão rápido quanto carnaval. Será que vamos viver a catarse de se ver e se tocar de novo por um, dois dias, uma semana e só? O mundo precisa mudar, nós precisamos mudar. Essa força imensa que é o amor, que até faz a gente respeitar o se isolar, esse amor incondicional, precisa se estender sem ser por obrigação ou urgência. Respeito a saudade que sinto para exatamente ter a chance de exterminá-la quando tudo isso acabar. Saudade assim é melhor do que a eterna. Mas eu também não quero acumular saudade e depois extravasar essa saudade em segundos. Eu me recuso a esquecer o que estamos passando. A inércia acabou. O planeta, esse pequeno belo planeta, está nos devolvendo humanidade e não podemos deixa-la escapar de novo. O convite é na verdade um chamado, um grito, uma convocação.

Eu sei. Sei que a ganância de alguns é covarde e insistente. Mas a solidariedade é sólida e persistente. Não precisemos mais desses impactos para nutrir empatia. Se as circunstâncias causam cicatrizes, que não sejam remendos na pele, mas memórias tatuadas na alma. Os seus efeitos estão aí e já alteraram o rumo da história. O que faremos disso?

Quando esses dias estranhos passarem e as ruas estiverem cheias de novo, que não seja euforia vazia.... consumo insano, brigas por nada, efemérides, superficialidade... Que a fragilidade de viver nos faça perceber a força do nosso querer bem ao próximo e ao lugar que adoramos compartilhar nossas existências. Que todo esse sentimento também não seja de culpa ou responsabilidade vil, mas de libertação do aguçar da nossa sensibilidade em cuidar melhor de si, dos nossos, dos outros e do planeta. Que consigamos nos despir do egoísmo e da arrogância e nos vistamos do amor incondicional que nos merecemos e dele iluminamos e nos iluminaremos...

 

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Legislando

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Para pensar:
"Não é possível convencer um fanático de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.”
Carl Sagan

Para refletir:
“A preocupação com a administração da vida parece distanciar o ser humano da reflexão moral.”
Zygmunt Bauman

Legislando

Em sessão remota realizada na manhã desta quinta-feira, 14, a Câmara Municipal novamente aprovou todas as matérias constantes de sua Ordem do Dia.

Para pensar:
"Não é possível convencer um fanático de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.”
Carl Sagan

Para refletir:
“A preocupação com a administração da vida parece distanciar o ser humano da reflexão moral.”
Zygmunt Bauman

Legislando

Em sessão remota realizada na manhã desta quinta-feira, 14, a Câmara Municipal novamente aprovou todas as matérias constantes de sua Ordem do Dia.

Começando pelos requerimentos de informações, desta vez havia apenas um, protocolado pelo vereador Johnny Maycon, trazendo questionamentos relativos “às receitas, despesas e ações tomadas pela administração pública municipal neste período de pandemia por conta do coronavírus”.

Requerimentos

O Colégio de Líderes, no entanto, aprovou a inclusão de requerimento elaborado pelo gabinete do vereador Isaque Demani, no qual solicita informações “sobre as cestas básicas prometidas a todas famílias de alunos, e que agora foi anunciado que serão distribuídas apenas a quem fizer o CadÚnico”.

Contratos renovados (1)

Entre as proposições, o plenário aprovou o projeto de lei ordinária 739/2020, enviado pelo Executivo em regime de urgência com a “finalidade de retificar o artigo 14 da Lei Municipal 4.697, de 17 de julho de 2019, que autoriza a contratação por prazo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX, do artigo 37, da Constituição Federal”.

Contratos renovados (2)

Em essência, a aprovação assegura a possibilidade de prorrogação dos 273 contratos temporários oriundos da lei municipal 4.685, de 15 de maio de 2019, “cujos profissionais estão distribuídos por diversas secretarias, tais como Saúde, Educação e Serviços Públicos”.

E assim, de forma precária e envolta em inseguranças, seguimos prometendo concursos públicos sem levar adiante qualquer medida concreta para que saiam do papel.

Mas quem se importa, não é mesmo?

Indicações (1)

Também foram aprovadas diversas indicações legislativas.

O vereador Carlinhos do Kiko solicita projeto de lei que crie uma gratificação extraordinária aos servidores públicos lotados na Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana; o vereador Joelson do Pote, por sua vez, solicita outro que institua isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para o comércio e o setor industrial que optaram pelo parcelamento, proporcional aos meses em que suas atividades foram interrompidas em decorrência da situação de emergência pública reconhecida pelos decretos municipal e estadual.

Indicações (2)

Isaque Demani, por fim, solicita um projeto de lei que institua a política de sanitização de ambientes no município de Nova Friburgo, a fim de evitar a transmissão de doenças infectocontagiosas.

A tais propostas a coluna acrescenta mais duas, aprovadas na sessão passada, que não foram citadas por aqui.

Indicações (3)

O vereador Cascão solicitou projeto de lei que disponha sobre auxílio especial devido aos dependentes de profissional das áreas da saúde ou de atividades auxiliares essenciais no enfrentamento à pandemia de coronavírus; e o vereador Carlinhos do Kiko solicitou projeto de lei que crie uma gratificação extraordinária aos servidores lotados na Defesa Civil de Nova Friburgo.

As indicações da sessão anterior foram igualmente aprovadas pelo plenário.

De novo?

A quinta-feira, 14, começou com a notícia da prisão, em mais uma etapa da Operação Lava Jato, do ex-presidente da Alerj, Paulo Melo, e do empresário Mário Peixoto, além de outras três pessoas.

O motivo: de acordo com a Polícia Federal, "surgiram provas de que a organização criminosa persiste nas práticas delituosas, inclusive se valendo da situação de calamidade ocasionada pela pandemia do coronavírus, que autoriza contratações emergenciais e sem licitação, para obter contratos milionários de forma ilícita com o poder público".

Chacoalhou

A denúncia é seríssima, e precisa ser apurada às últimas consequências pois insinua um cenário inaceitável sob todos os aspectos.

Paralelamente, ela traz grande instabilidade ao Palácio Guanabara, não apenas pela proximidade existente entre o governador Wilson Witzel e Mário Peixoto, mas também por envolver diretamente investimentos já bastante questionados a pretexto de combater a Covid-19.

A coluna lamenta apenas que, no cenário pulverizado da esfera municipal, as ações de combate a corrupção não sejam tão rápidas.

Em tempo...

De acordo com a PF, o alvo seriam as unidades montadas pelo Governo do Estado -- com dinheiro público -- no Maracanã, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Campos e Casimiro de Abreu.

Mais informações

Também nessa quinta-feira, 14, a Prefeitura de Nova Friburgo lançou uma plataforma digital para disponibilizar informações sobre cenário epidemiológico relacionado ao novo coronavírus no município.

A página é resultado de uma parceria entre as secretarias de Saúde, Ciência e Tecnologia,  Subsecretaria de Comunicação Social com a empresa de publicidade DTO.

Detalhes

A plataforma pode ser acessada através do link https://covid19.novafriburgo.rj.gov.br, e será atualizada a cada quinta-feira com dados há muito demandados, como, por exemplo, a distribuição dos casos confirmados por sexo e localidade, sem prejuízo da divulgação dos boletins às segundas, quartas e sextas-feiras, com eventuais atualizações em outros dias da semana, que seguirá normalmente.

Para ontem

A coluna, como sempre, faz questão de registrar e apoiar qualquer iniciativa em favor da transparência, e insiste que já passou da hora de reunirmos também dados esmiuçados e atualizados sobre a rede particular, o comércio e a indústria, a fim de que seja possível encontrar os melhores compromissos entre os interesses sanitários e econômicos conforme as peculiaridades de cada localidade.

Infelizmente, também ficou claro nesta quinta-feira, 14, que essas vias de comunicação ainda precisam melhorar, e muito.

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TV Zoom – 20 anos

sexta-feira, 15 de maio de 2020

A TV Zoom celebra neste dia 16 de maio, data escolhida a dedo por seus fundadores, duas décadas de atividades. Foi no aniversário de Nova Friburgo daquele ano, 2000, através da antiga CATV, hoje RCA Company, que entrou no ar o canal local por assinatura que se intitulou desde então ser “100% Nova Friburgo”. Inicialmente operando no canal 14, e, atualmente no canal 10.

O início

A TV Zoom celebra neste dia 16 de maio, data escolhida a dedo por seus fundadores, duas décadas de atividades. Foi no aniversário de Nova Friburgo daquele ano, 2000, através da antiga CATV, hoje RCA Company, que entrou no ar o canal local por assinatura que se intitulou desde então ser “100% Nova Friburgo”. Inicialmente operando no canal 14, e, atualmente no canal 10.

O início

Da sala de casa do casal Salvador Canto e Luciana Ferraz iniciava-se a era das TVs locais e o momento mais produtivo de conteúdo friburguense. Era Nova Friburgo na tela da TV. Logo depois, a emissora passou para pequenos estúdios de uma sala comercial na Rua Ernesto Basílio. No mesmo prédio, se mudou para um espaço ainda maior, até chegar aos estúdios atuais, no bairro Olaria, um dos maiores do Estado do Rio.

Resistência

De lá para cá, apesar de parecer pouco tempo, muita coisa mudou. Com o bom momento da economia brasileira, muitos friburguenes passaram a assinar TV a cabo. Muita gente passou a assinar até mesmo para acompanhar os acontecimentos locais, o que elevou a concorrência. Surgiram assim vários outros canais. Alguns acabaram, mudaram de donos e até de nomes.

100% Nova Friburgo

A TV Zoom permanece firme no mesmo conceito: conteúdo 100% friburguense. Aliás, esse diferencial sempre foi premissa de seus diretores. As novas tecnologias fizeram com que a TV a cabo perdesse clientes. A TV Zoom apostou então no streeming e toda sua programação pode ser vista a qualquer hora, em qualquer lugar, pela internet ou pelo aplicativo desenvolvido pela emissora.

O mais antigo

Dos programas mais antigos ainda em exibição, o “Esportes TV Zoom” é o mais longevo: completa 20 anos em novembro, ou seja, iniciou alguns meses depois da estreia do canal. Destaque também para as atrações “Toda Manhã”, “Pensando Nova Friburgo” e o “Zoom TV Jornal”, entre todos o que está há mais tempo no ar. Também com longo caminho na emissora está o programa “Cidade Real”. José Modesto Arouca, Zury Maurer e este colunista estão entre os apresentadores há mais tempo na casa.

Transmissões ao vivo

Muitas produções, conteúdos, memórias e campanhas. “Nova Friburgo – um só coração” e “Lágrimas da Tempestade” foram clipes que marcam as lembranças dos friburguenses. Coberturas ao vivo do carnaval e reality shows também ressaltam a ousadia do canal. Junto com A VOZ DA SERRA, a TV Zoom esteve presente nas três últimas eleições municipais com debates entre os candidatos a prefeito.

Museu da cidade

O banco de imagens da emissora é hoje um verdadeiro acervo da biografia local e, certamente, será primordial para um futuro museu da cidade que venha a existir. Parabéns a todos os profissionais que lá ainda estão e os que por lá passaram pelos 20 anos da emissora, dos quais me incluo com muito afeto e gratidão.  

Nova Friburgo – 202 anos

Uma cidade, assim como uma pessoa, pode e deve usar o seu aniversário para profundas reflexões dos caminhos que percorreu para chegar até aqui e o que quer do futuro. A auto avaliação é natural no dia do aniversariante. Por óbvio, mas fácil para um indivíduo do que para o conjunto de indivíduos tão diversos que forma a coletividade.

Cidades do futuro

Os conceitos de cidade têm se transformado ao longo do tempo. Mais ainda desafiador será definir esse conceito no mundo pós-pandêmico que se avizinha. A tese mais promissora parece ser mesmo o enfoque na cidade criativa e sustentável, que faz uso da tecnologia em seu processo de planejamento com a participação dos cidadãos.

Smart Cities

Essa tese é bastante aplicada desde o início dessa década, especialmente em cidades europeias, mas com exemplos aqui também no Brasil. O mundo pós-Covid torna esse conceito mais urgente. A cidade inteligente aplicada em Nova Friburgo, se comparada com outros lugares, é mais embrionária do que efetiva. Mas não deixou de ser um passo.

Desafios

Cidades inteligentes como dito acima é muito mais do que monitoramento por câmeras. Assim, não se pode dizer que Nova Friburgo é uma cidade com esse modelo implantado. Uma pena, porque até confunde a população no seu mais vasto conceito e impede o convencimento para sonhos mais verdadeiros. A caminhada é longa e passa diretamente por mudanças culturais radicais a começar pela gestão.

Década perdida?

Nova Friburgo celebra mais um aniversário. Olhando para os indicadores, uma década perdida, iniciada por uma tragédia climática que ceifou centenas de vidas. Nos dados mais otimistas, o município volta apenas aos patamares de antes de 2011. Nenhum obteve melhora.

Reflexão

Portanto, este aniversário é um convite a se repensar e tentar responder: que cidade nós queremos ser? Como poderemos ser essa cidade? Quais são nossos pontos fortes e fracos? Como podemos potencializar os pontos positivos? Sem responder a essas perguntas, qualquer caminho servirá e esse qualquer caminho não tem se mostrado muito frutífero.

Potenciais

Nesse aniversário, como nos outros, muitos declararão amor a Nova Friburgo da boca para fora. É a velha experiência do confronto: o que se diz e o que se pratica. O fato é que, pandemia à parte, o sentimento das ruas é de uma cidade cheia de potenciais, mas mal cuidada, quase que abandonada e cansada de debates, mas à procura de heróis.

Reinvenção

Assim, precisamos urgentemente de uma cultura de pertencimento, uma chamada a recuperar ou estipular uma identidade coletiva de uma cidade que adentre o futuro e vá com coragem e planejamento. O desafio de se reinventar já nos foi imposto em 2011. Talvez, o mundo de forma cruel, é verdade, esteja nos dando uma outra chance de reinvenção.              

Desejos

Olhar além das montanhas e perceber que não estamos isolados numa ilha. Importar experiências de outros lugares e adaptá-las à realidade local. Inovar formas, incentivar e valorizar talentos e não os deixar ir embora. Indagar apostas fáceis e de ocasião e acreditar na pesquisa e na inteligência. São desejos de aniversário factíveis, mais do que conselhos de um sonhador.     

Palavreando

“Nova Friburgo é o céu que vem depois de outro céu”.

 

 

 

Foto da galeria
Escolhi essa foto tirada por mim mesmo para essa edição que antecede o aniversário de Nova Friburgo. Estamos no alto, lugar ótimo para observar o mundo que se estende abaixo de nós. Que estar no topo da serra nos inspire a alçar o topo de fato
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Sejamos

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Sejamos gentis com todas as dores. Com todas as perdas. Com todas as dificuldades. Com todos os amores. Sejamos educados para lidarmos com os outros, com os problemas deles, com suas dificuldades. Sejamos complacentes com a tragédia e o luto. Sejamos fortes para enfrentarmos barreiras. Para tratarmos de doenças. As físicas, as psíquicas, as da alma. Sejamos honestos com nossas limitações, com as coisas dos outros, com nossas responsabilidades e com o que podemos fazer. Sejamos justos em nossas ações, generosos em nossas palavras e benevolentes em nossos pensamentos.

Sejamos gentis com todas as dores. Com todas as perdas. Com todas as dificuldades. Com todos os amores. Sejamos educados para lidarmos com os outros, com os problemas deles, com suas dificuldades. Sejamos complacentes com a tragédia e o luto. Sejamos fortes para enfrentarmos barreiras. Para tratarmos de doenças. As físicas, as psíquicas, as da alma. Sejamos honestos com nossas limitações, com as coisas dos outros, com nossas responsabilidades e com o que podemos fazer. Sejamos justos em nossas ações, generosos em nossas palavras e benevolentes em nossos pensamentos.

Estou com muito medo. Além da angústia pelas perdas, o receio da doença, a apreensão pelo desconhecido, a iminente miséria, tenho medo de as pessoas perderem a humanidade, justamente a humanidade, que as fazem humanas.

Tenho a sorte de lidar com pessoas generosas, esforçadas em compreender, otimistas o suficiente para seguirem o percurso e enfrentarem a batalha, esperançosas para enxergarem luz no fim do túnel e compartilharem um pouco esse olhar. Acho que fiz boas escolhas na vida. As pessoas, esses tesouros que são o que mais importam. Escolhi essa gente de bem para caminhar comigo. Gente generosa, que estende mãos, que se coloca no lugar do outro. É o que me mantém sã. Que sustenta a sanidade e a fé nos homens.

Sinto pena verdadeira de quem não compartilha da mesma sorte que eu, que não escolheu suas pessoas com base em critérios e valores bem estabelecidos e afins com sua proposta de vida. Vejo muitas pessoas sambando na tragédia alheia, debochando das mortes, rindo de caixões, fazendo piada do pavor, ignorando os mais pobres, fingindo que nada está acontecendo e que esse problema não é humano. Sinto dó de quem já perdeu completamente a humanidade. De quem se desconectou de sentimentos de amor, de bondade, de empatia. De quem se endureceu a ponto de parecer uma pedra de verdade. Sem alma.

Ando muito triste com nosso cenário caótico. Tenho dificuldade de lidar com estatísticas de dor e sofrimento, por mais protegida que eu esteja. Ou que aparentemente esteja. Lidar com o invisível perigoso é um grande laboratório de vida que mudará nossas perspectivas e tudo o que conhecemos sobre existir até hoje. Não estou só. Sou parte integrante de um todo que está doído. Sou os enfermeiros que arriscam suas vidas e são atacados. Infelizmente, sou parte dessa sociedade com tanta ignorância e maldade. Compadeço-me com o sofrimento alheio e com o meu próprio sofrimento.

Enxergo bem a sociedade em que vivemos, absolutamente desigual. Sinto o vazio de não me sentir bem representada, desamparada, quando não achacada por quem deveria nos defender. Estamos cada vez mais sós nessa batalha e ao mesmo tempo, mais unidos do que nunca. Nós, a humanidade, com “h” maiúsculo, o planeta inteiro. O mínimo que devemos ser é humanos. Sejamos!

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Como investir em ações sem tempo para acompanhá-las?

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Se você ainda não é um investidor, já deve ter se deparado com a necessidade de começar a atribuir tarefas ao seu capital. Costumo dizer aos meus clientes que “investir é multiplicar”; mas isto não se restringe ao mercado financeiro – apesar de ser um ótimo meio. O ato de investir contempla uma gama quase infinita de possibilidades e pode ser cada vez mais potencializada de acordo com as especialidades do investidor. Fazendo do empreendedorismo a melhor ferramenta de multiplicação de capital: com pouco dinheiro, boas ideias e muito estudo, pode-se constituir um patrimônio.

Se você ainda não é um investidor, já deve ter se deparado com a necessidade de começar a atribuir tarefas ao seu capital. Costumo dizer aos meus clientes que “investir é multiplicar”; mas isto não se restringe ao mercado financeiro – apesar de ser um ótimo meio. O ato de investir contempla uma gama quase infinita de possibilidades e pode ser cada vez mais potencializada de acordo com as especialidades do investidor. Fazendo do empreendedorismo a melhor ferramenta de multiplicação de capital: com pouco dinheiro, boas ideias e muito estudo, pode-se constituir um patrimônio.

Contudo, a melhor forma de fazer seu patrimônio crescer ao longo do tempo é sempre poupar parte de suas receitas. É com esse hábito que será capaz de criar um bom montante de capital e alocá-lo em potenciais fontes de rentabilidade. Primeiro, pela necessidade de combater a inflação; segundo, para ter a oportunidade de gerar renda passiva em algum momento da vida – possivelmente a aposentadoria.

Apesar de parecer complexo – e é – compor e monitorar sua carteira de ações, este investimento é imprescindível para quem deseja um futuro financeiramente confortável. Eu entendo que, por mais que você tenha noção desta importância, talvez não tenha tempo ou o interesse de aprender sobre o assunto. O mercado financeiro também sabe disso, e por esse motivo ele oferece duas opções que podem (ou não) ser complementares: a primeira é recorrer ao auxílio profissional de um consultor financeiro ou assessor de investimentos; a segunda, tema deste texto, é recorrer aos fundos de investimento em ações.

Para facilitar o entendimento dos produtos em sua corretora de investimentos, é importante saber decifrar as siglas dos fundos. Ao buscar por fundos de ações a pessoa vai se deparar com as seguintes siglas dos fundos: Fundo de Investimento em Cotas (FIC) seguido de Fundo de Investimento em Ações (FIA). Isso significa que ao participar de um fundo desta modalidade, pode se adquirir determinado número de cotas de acordo com seu capital e toda a rentabilidade será proporcional. A vantagem do investimento em fundos, é a “terceirização” da atividade de gestão: será a gestora do seu fundo, a empresa responsável pelas operações, composição e manutenção de ativos.

Para efetuar o serviço, a gestora recebe uma taxa de administração e pode ou não cobrar, também, uma taxa de performance caso a rentabilidade ultrapasse o benchmark predefinido. Portanto, fique atento ao escolher um fundo de investimentos. O primeiro passo é buscar o alinhamento de interesses entre os seus princípios e os interesses da gestora: a participação em fundos pode tornar-se um projeto para a vida, então faça esta escolha com carinho e cautela. O segundo passo é analisar as taxas cobradas e compará-las à rentabilidade entregue pelo fundo: compare, pois um fundo com taxa baixa não é sinal de rentabilidade líquida; um fundo com taxa mais alta pode lhe entregar uma rentabilidade mais considerável, então faça as contas. Por fim, sinta-se à vontade para escolher mais de um fundo, as gestões são peculiares e podem ser complementares para uma boa estratégia de investimentos.

A você que me acompanha, lembre-se deste texto; pois na coluna da próxima sexta-feira, 22, abordarei a correlação negativa. Princípio utilizado pelas gestoras de fundos e que pode ser usado por você para planejar, por conta própria, a sua carteira de ações. Até lá!

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Ponto crítico

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Para pensar:
"É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado.”
Anthony Robbins

Para refletir:
“Quando surgirem os obstáculos, mude a sua direção para alcançar a sua meta, mas não a decisão de chegar lá.”
Autor desconhecido

Ponto crítico

Basta olhar com atenção aos detalhes à nossa volta para notar que estamos nos aproximando, também aqui em Nova Friburgo, de um ponto crítico dentro dos esforços de enfrentamento ao novo coronavírus.

Para pensar:
"É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado.”
Anthony Robbins

Para refletir:
“Quando surgirem os obstáculos, mude a sua direção para alcançar a sua meta, mas não a decisão de chegar lá.”
Autor desconhecido

Ponto crítico

Basta olhar com atenção aos detalhes à nossa volta para notar que estamos nos aproximando, também aqui em Nova Friburgo, de um ponto crítico dentro dos esforços de enfrentamento ao novo coronavírus.

Zona de segurança

Por um lado, a evolução da doença atingiu um patamar no qual é imperioso que a taxa de propagação de cada contagiado seja reduzida, sob pena de saturação das redes pública e privada, com impactos mais negativos sobre a capacidade de atendimento a não apenas esta, mas qualquer outra doença ou condição que demande cuidados intensivos.

Cruzar essa fronteira significa adentrar terreno inseguro e hostil, sem distinção de grupo de risco.

Por aí

Diante da estimativa oficial de subnotificação, é razoável imaginar que aproximadamente mil friburguenses já tenham tido contato com o vírus, o que significa dizer que quem passa em frente às enormes filas de bancos ou vai ao mercado tem chances consideráveis de topar com um transmissor da Covid-19 antes de voltar para casa.

É, enfim, um momento perigoso, no qual qualquer comportamento pode gerar efeitos amplificados.

Limite

Por outro lado, são igualmente claros os sinais de que muitas reservas econômicas estratégicas - quer seja para empresas, quer seja para famílias - estão se esgotando entre os setores mais afetados pelo isolamento social.

E, da mesma forma como a realidade da saúde se altera a partir do ponto de saturação das redes de atendimento, a realidade econômica perde sustentação a partir do momento em que empregos são perdidos e compromissos deixam de ser honrados.

Enquanto há reservas, o dinheiro circula e os efeitos são brandos. Quando estas terminam, a realidade se altera rápida e drasticamente.

Exemplo

A escolas particulares parecem representar um bom exemplo desse tipo de situação.

Muitos esforços vêm sendo levados adiante no sentido de oferecer a melhor experiência de ensino a distância, e é razoável acreditar que teremos aprimoramentos grandes e rápidos nessa frente nos próximos meses.

Todavia, ninguém pode assegurar quando as aulas presenciais vão retornar, e muitos profissionais autônomos enfrentam, neste exato momento, um profundo dilema em relação ao que fazer quanto ao futuro escolar de seus filhos.

Coletivo

Naturalmente, há que florescer a consciência de que todos aqueles que não estão sendo diretamente afetados pela quarentena concentram agora uma responsabilidade histórica para com a sociedade.

Se existem meios para continuar honrando as despesas habituais, é importante que elas sejam honradas. Se existem meios de continuar pagando os profissionais que lhe prestavam serviço, então isso deve ser tratado como prioridade.

A melhor rota de superação da crise reside em todos pensarem de maneira coletiva.

Colapso

Naturalmente, quem não suporta mais a asfixia econômica tende a buscar argumentos contrários ao isolamento e, em tempos de pós-verdade, há até mesmo quem fabrique informações convenientes onde estas não brotam naturalmente.

Em meio a tudo isso, há ainda quem desrespeite deliberadamente as recomendações de segurança, fazendo sua parte para que a sociedade fique com o pior dos dois mundos: os danos econômicos sem a plenitude dos benefícios da quarentena.

Buzinaço

De forma previsível, vozes favoráveis à flexibilização da quarentena começam a se organizar, inclusive através de grupos de WhatsApp.

Um buzinaço, por exemplo, vem sendo proposto para esta sexta-feira, 15, a partir das 14h, provavelmente com deslocamento até a prefeitura.

E aí?

Razão

Bom, obviamente essas vozes precisam ser ouvidas e levadas em consideração, mas a razão nos diz que políticas públicas precisam ser erguidas com base em informações confiáveis e atualizadas, e através da análise de danos e benefícios.

Apenas a transparência absoluta e o diálogo aberto parecem capazes de evitar que atinjamos o “Paradoxo da Onipotência”, “quando uma força imparável encontra um objeto inamovível”.

Urgente

Mais do que buzinas, precisamos de uma conversa franca e pública, e para ontem.

A Secretaria de Saúde, hospitais particulares, empresários e autônomos precisam estar em contato, preferencialmente com a mediação do poder público e dando transparência a toda a população, em busca de pontos de interseção e soluções capazes de respeitar o quanto cada um pode ou precisa ceder.

Portas abertas

Diante desta necessidade tão evidenciada, a coluna abre as portas a todos estes atores para que façam uso deste espaço a fim de expor suas necessidades e possibilidades, pedindo apenas que o façam de maneira franca, honesta e respeitosa.

À Saúde, perguntamos: existe margem para flexibilização? Se sim, de que forma?

Aos empresários e trabalhadores afetados diretamente, quais as medidas que acreditam concentrar os melhores benefícios econômicos e os menores riscos de contágio?

Único caminho

O colunista acredita piamente que essa crise não será superada no grito, na politização, no “pagar para ver” ou em meio a ofensas de parte a parte, mas no diálogo maduro, na transparência, e no pensamento coletivo.

E queremos fazer a parte que nos cabe nesse esforço.

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Nova Friburgo: terra de índios brabos

quinta-feira, 14 de maio de 2020

O município de Nova Friburgo faz aniversário no próximo sábado, 16. Este ano farei diferente. Ao invés de escrever sobre a história de sua fundação vou apresentar aqui os índios que habitavam a região no qual Nova Friburgo fazia parte. A carta geográfica elaborada em 1767, descrevia as regiões Serrana e Noroeste fluminenses como sertão ocupado por índios brabos.

O município de Nova Friburgo faz aniversário no próximo sábado, 16. Este ano farei diferente. Ao invés de escrever sobre a história de sua fundação vou apresentar aqui os índios que habitavam a região no qual Nova Friburgo fazia parte. A carta geográfica elaborada em 1767, descrevia as regiões Serrana e Noroeste fluminenses como sertão ocupado por índios brabos.

A palavra sertão significa que estavam distante da costa marítima e os índios brabos eram considerados pelo governo como não “civilizados”. Tratava-se das tribos Coroado e Puri. Iniciou-se nesses sertões a exploração do ouro de aluvião. Esgotado esse minério, os beneficiários de terras doados pelo governo, denominados de sesmeiros passaram a derrubar a mata e explorar a madeira contratando para tanto os índios. Cultivavam na clareira roças de milho, feijão, fumo, tubérculos, frutas, criaram animais e instalaram engenhocas de produção de açúcar.

Décadas depois viria a cultura do café. Havia ainda posseiros que recorriam à ocupação clandestina infiltrando-se sorrateiramente nas terras indígenas, fazendo plantações e legitimando a seguir as terras usurpadas. Os sesmeiros e posseiros eram originários da Capitania de Minas Gerais e colonos portugueses provenientes dos Açores e da Ilha da Madeira. Outro grupo que igualmente partiu em busca de terras nesses sertões foram famílias de colonos suíços que abandonaram a Vila de Nova Friburgo buscando terras mais férteis.

Tudo isso contribuiu para a perda cada vez maior das terras legitimamente ocupadas pelos índios das tribos Coroado e Puri. Para dar tranquilidade aos novos povoadores desses sertões foram instalados aldeamentos pelos frades capuchinhos italianos. O primeiro deles no final do século 18, onde hoje é o município de São Fidélis e o outro aldeamento no atual município de Itaocara. Ambos eram habitados pelos coroados e puris. No entanto, essas aldeias já se encontravam bem miscigenadas em meados do século 19.

Diferentemente dos jesuítas que excluíam qualquer homem branco junto aos indígenas, os capuchinhos admitiam a miscigenação nos aldeamentos. No ano de 1820, boa parte do território de Cantagalo é desmembrado para dar origem ao município de Nova Friburgo, criado especialmente para abrigar colonos suíços. O juiz Cansanção de Sinimbu determinou a reserva para o patrimônio da vila de Nova Friburgo um quarto de légua da fazenda do Córrego d’Anta. Segundo ele, como habitavam índios no território dessa propriedade, pelo Aviso de 3 de dezembro de 1819, foram removidos e aldeados em outro lugar a fim de se tornaram “civilizados” e não incomodarem os colonos suíços que eram esperados.

O pesquisador Carlos Jayme Jaccoud confirmou que em Córrego d’Antas foi encontrado um machado de pedra polida na propriedade de sua família. Ao realizar um documentário no terceiro distrito onde se situa a localidade de Córrego d’Antas, para minha grata surpresa encontrei em um acervo particular peças polidas de artefatos indígenas localizadas na própria região.

Na Fundação D. João VI há uma correspondência oficial de 23 de novembro de 1824, fazendo referência de que índios foram empregados para abrir picadas nos terrenos doados aos colonos suíços. Trata-se de um curioso relato envolvendo o colono suíço Joseph Hecht nos informa sobre a presença de índios na região. “Nós, os colonos suíços vimos muitos índios (...) totalmente selvagens que logo empreendiam fuga, inteiramente nus; os meio mansos ficaram parados timidamente à nossa vista e se escondiam atrás das árvores enquanto as mulheres cobertas com uma tanga sentavam-se rapidamente no chão como para esconder a sua vergonha (órgão genital).”

Hecht sugere que os indígenas faziam pequenos furtos nas fazendas e relata que matavam “os negros do fazendeiro” imaginando que tais homens, “negros como carvão”, não fossem humanos. Os escravos fugiam dos índios desesperadamente. Qual é o lugar dos índios na história do Brasil? Normalmente invisíveis enquanto sujeitos históricos. No entanto, nas últimas décadas muitos historiadores têm demonstrado o protagonismo dos indígenas na história do país principalmente na questão envolvendo conflitos de terra e resistência em relação à política assimilacionista dos governos colonial e imperial.

Nos dois últimos séculos, os índios vão passando da invisibilidade construída para o protagonismo conquistado em movimentos políticos e intelectuais nos quais eles próprios têm participação. A cada mês até o fim desse ano, me comprometo a escrever um artigo sobre os coroados e os puris para que possamos conhecer as práticas culturais e vida material dos “índios brabos” que habitavam os sertões da região serrana fluminense. 

  • Foto da galeria

    Encontrei em um acervo particular, peças polidas de artefatos indígenas em Nova-Friburgo

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    Litografia dos índios Coroados

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    Litografia dos índios Puri

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