O que o amor é e o que ele não é

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Uma escritora inspirada descreveu que: “O amor que só dirige palavras bondosas a uns, ao passo que outros são tratados com frieza e indiferença, não é amor, mas egoísmo.” Ele não funcionará de forma alguma para o bem das pessoas. “Não podemos limitar nosso amor a um ou dois objetos.” (Ellen G. White, Minha Consagração Hoje, 80).

O que você retém só para si ou para um grupinho pequeno de pessoas em termos de afeto acaba perdendo porque não tem sustentação. “Nosso amor não se deve restringir a pessoas especiais. Quebre o vaso, e o perfume encherá toda a casa.” (idem acima).

Isto não quer dizer que manifestaremos a mesma forma de amor para com todos. Quer dizer que não odiaremos as pessoas, mas procuraremos entendê-las e ter compaixão para com aquelas menos equilibradas, mais sofridas, mais rudes.

Isto também não quer dizer que teremos que manter o mesmo nível de sentimento por todas as pessoas. Há algumas não amáveis por não permitirem ser amadas. Rejeitam o amor oferecido à elas seja por atitude fria ou agressiva. Então temos que deixá-las seguir e nos afastarmos até que elas possam aceitar nosso oferecimento de amor.

Há hora de afastar e de aproximar. Há hora de falar do amor e hora de ficar quieto. Há hora para tudo e nem sempre é hora para tudo. O silêncio pode ser ouro em certos momentos. Assim como a boa palavra falada na hora certa é bálsamo e justiça.

Alguns importam da filosofia grega o conceito de amor em três dimensões: o amor fraternal – ágape; o amor sexual – eros, e o amor amizade – filia. Na realidade, o amor é um só, de uma única fonte. Ele se manifesta de forma diferente para momentos diferentes e pessoas diferentes, segundo a capacidade e a necessidade de cada um.

Mas amor não é paixão, nem sexo, nem “ficar”. O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Não é grosseiro, nem egoísta. Não se irrita, nem fica magoado. O amor não se alegra quando alguém faz alguma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. O amor nunca desanima, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência. O amor dura para sempre.

No relacionamento entre marido e mulher não se sente o mesmo tipo de sentimento igualzinho hora após hora pelo seu cônjuge. O sentimento pode flutuar, mas não o amor.

Quando alguém se apaixona é provável que esta paixão esteja ligada à imagem que a pessoa criou em sua mente de como ela gostaria que o ser amado fosse. Ela está apaixonada pela imagem da pessoa que ela criou em sua própria mente, a qual pode ser muito diferente da pessoa que está ali presente na realidade de sua vida.

Daí será necessário um ajuste. Será preciso cair do “andor” da paixão para chegar-se à realidade do que o outro é. Quando cai este amor idealizado, daí pode começar o amor maduro. Tudo dependerá de como a pessoa lidará com a sua realidade e a do ser amado. O diálogo será então fundamental para se processar o ajuste afetivo. Para ir surgindo o amor maduro não será com mais sexo, mais romance ou mais presentes. E sim diálogo sobre o que dói e o que alegra, sobre o que agrada e desagrada, sobre o que gosta e não gosta. Mas tem que ser um diálogo sincero, com respeito, e aceitação do que cada um pode ser neste momento da vida.

O amor maduro produz felicidade e desprendimento. Com ele você fica em paz mesmo que as coisas por em volta estejam desabando. O amor tem que ser firme no sentido de colocar limites contra abusos. O amor diz verdades de uma forma respeitadora, porém, firme. O amor não ataca as pessoas, não condescende e nem se compromete com o erro, com a mentira, com o engano.

Você quer ter este tipo de amor? Ele não é vendido em comprimidos nas farmácias. Você precisa desejar ardentemente tê-lo e fazer sua parte para obtê-lo. E pedir. Ele é grátis. Se você deseja este amor para realmente amar as pessoas e ajudá-las, o terá. Se for para se aproveitar delas ou “faturar” (materialmente ou não), não o terá. Este amor não é bobo, nem ingênuo, nem manipulável. O amor é um poder. Quem quiser pode tomá-lo de graça da fonte que é o criador do universo. Mas uma pergunta muito importante sobre amor é: você quer amor para quê?

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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