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Vacina contra a Covid-19: A pressa pode comprometer sua eficácia?

quarta-feira, 07 de outubro de 2020

Muito se tem falado sobre vacinas, sobre a resistência de certas pessoas a serem vacinadas e, principalmente, sobre a corrida em busca de uma vacina eficaz contra a Covid-19. Aliás, essa seria a maneira mais rápida de deter a atual pandemia e coloca-la no mesmo nível das doenças que outrora assolaram a humanidade (sarampo, varíola, coqueluche, paralisia infantil, tuberculose etc.) e hoje se encontram “domesticadas” ou erradicadas, na maioria dos países onde é adotada a vacinação em massa.

Muito se tem falado sobre vacinas, sobre a resistência de certas pessoas a serem vacinadas e, principalmente, sobre a corrida em busca de uma vacina eficaz contra a Covid-19. Aliás, essa seria a maneira mais rápida de deter a atual pandemia e coloca-la no mesmo nível das doenças que outrora assolaram a humanidade (sarampo, varíola, coqueluche, paralisia infantil, tuberculose etc.) e hoje se encontram “domesticadas” ou erradicadas, na maioria dos países onde é adotada a vacinação em massa.

Na França, país onde o movimento anti vacinação é muito grande (41% dos franceses estimam que as vacinas não são seguras), houve uma série de manifestações quando, em 2018 o governo passou de três para 11 as vacinas obrigatórias nas crianças entre três e 18 meses de vida; mesmo com as evidências de que naquele país, em regiões onde a resistência a essas medidas de saúde pública é muito grande. Por exemplo, a Agência Regional de Saúde do departamento da Nouvelle Aquitaine, mostrou que de 2.567 casos de rubéola confirmados, desde 2018, mais de noventa por cento dos infectados ou tinham recebido doses insuficientes ou nenhuma, da vacina anti rubéola.

Vacinar, portanto, é uma importante ferramenta de saúde pública e as dúvidas que possam existir na população devem ser esclarecidas, com convicção, para evitar fake news e convencer a todos, da necessidade da prevenção de doenças erradicadas, para que elas não voltem mais, como foi a recente crise de sarampo, no Brasil. Ela foi resultado da entrada maciça de imigrantes vindos da Venezuela, país onde não existe um programa de vacinação em massa. Devemos lembrar que também entre nós, tem havido resistência da população contra os programas de vacinação, e isso, talvez, explique o número elevado dos casos de sarampo que surgiu entre nós, naquele episódio.

Mais importante é o uso da vacinação em massa, para prevenção de novas ondas de infecção pelo coronavírus, responsável pela atual pandemia com 35.179.573 casos, até agora, e 1.037.340 óbitos no mundo inteiro. Mas, a pergunta que todos fazemos é com relação a sua segurança, em face da rapidez com que ela está sendo apresentada ao mundo.

O biólogo e professor de virologia do departamento de microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), Paolo Zanotto, explicou que o desenvolvimento clínico da vacina é um processo de três fases: "Durante a fase 1, um pequeno grupo de pessoas recebe a vacina experimental; na fase 2, o estudo clínico é expandido e a vacina é dada a pessoas que têm características, como idade e saúde física, semelhantes àquelas para quais a nova vacina está sendo destinada; e na fase 3 a vacina é ministrada a milhares de pessoas testadas com eficácia e segurança", disse.

De acordo com ele, é possível encurtar o tempo de duração deste processo de fases de testes, mas há um problema que quando se encurta muito esses ciclos de desenvolvimento, gera uma estimativa não muito boa de segurança da vacina e outros parâmetros.

A vacina de Oxford e a SinoVac, da China, já estão sendo testadas em voluntários no Brasil em ensaios clínicos na fase 3, que é a última etapa antes de registrá-las junto às autoridades regulatórias. No entanto, é preciso que se atinja a chamada imunidade de rebanho, em que 60% a 70% da população já tenha sido infectada, consiga eliminar o vírus, mas tenha uma resposta anti córpica boa contra o vírus. E essa imunização pode ser conseguida pelo uso de vacinas profiláticas. Daí a necessidade do encurtamento desse tempo.

De acordo com Jon Andrus, especialista em epidemiologia e imunização da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, que foi vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), as altas taxas de transmissão comunitária do vírus, como acontece no Brasil, estão entre os principais critérios para poder testar uma vacina. Ele afirma, também: "Certamente, é necessária uma situação em que haja uma forte prevalência de uma enfermidade para poder provar a sua eficácia. Mas penso que no Brasil há uma tempestade quase perfeita para os ensaios, porque além da alta prevalência da Covid-19, o país tem uma longa história de excelência em saúde pública, com instituições de pesquisas reconhecidas mundialmente, como a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) no Rio de Janeiro e o Instituto Butantã, em São Paulo, que há décadas realizam pesquisas e ensaios", afirma o especialista.

Baseado na experiência e seriedade desses dois institutos é que podemos ter confiança de que os testes estão sendo bem avaliados e que em muito breve, estaremos promovendo uma campanha de vacinação em massa contra a Covid-19, entre nós. 

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Os sinais da renovação

quarta-feira, 07 de outubro de 2020

Ante a assembleia familiar, o mestre tomou a palavra e falou, persuasivo:

— E quando o reino divino estiver às portas dos homens, a alma do mundo estará renovada.

O mais poderoso não será o mais desapiedado e, sim, o que mais ame.

O vencedor não será aquele que guerrear o inimigo exterior até à morte em rios de sangue, mas o que combater a iniquidade e a ignorância, dentro de si mesmo, até à extinção do mal, nos círculos da própria natureza.

Ante a assembleia familiar, o mestre tomou a palavra e falou, persuasivo:

— E quando o reino divino estiver às portas dos homens, a alma do mundo estará renovada.

O mais poderoso não será o mais desapiedado e, sim, o que mais ame.

O vencedor não será aquele que guerrear o inimigo exterior até à morte em rios de sangue, mas o que combater a iniquidade e a ignorância, dentro de si mesmo, até à extinção do mal, nos círculos da própria natureza.

O mais eloquente não será o dono do mais belo discurso, mas, sim, o que aliar as palavras santificantes aos próprios atos, elevando o padrão da vida, no lugar onde estiver.

O mais nobre não será o detentor do maior número de títulos que lhe conferem a transitória dominação em propriedades efêmeras da Terra, mas aquele que acumular, mais intensamente, os créditos do amor e da gratidão nos corações das mães e das crianças, dos velhos e dos enfermos, dos homens leais e honestos, operosos e dignos, humildes e generosos.

O mais respeitável não será o dispensador de ouro e poder armado e, sim, o de melhor coração. O mais santo não será o que se isola em altares do supremo orgulho espiritual, evitando o contato dos que padecem, por temer a degradação e a imundície, mas sim, aquele que descer da própria grandeza, estendendo mãos fraternas aos miseráveis e sofredores, elevando-lhes a alma dilacerada aos planos da alegria e do entendimento.

O mais puro não será o que foge ao intercâmbio com os maus e criminosos confessos, mas aquele que se mergulha no lodo para salvar os irmãos decaídos, sem contaminar-se. O mais sábio não será o possuidor de mais livros e teorias, mas justamente aquele que, embora saiba pouco, procura acender uma luz nas sombras que ainda envolvem o irmão mais próximo...

O amigo divino pousou os olhos lúcidos na noite clara que resplandecia, lá fora, em pleno coração da natureza, fez longo intervalo e acentuou:

— Nessa época sublime, os homens não se ausentarão do lar em combate aos próprios irmãos, por exigências de conquista ou pelo ódio de raça, em tempestades de lágrimas e sangue, porquanto estarão guerreando as trevas da ignorância, as chagas da enfermidade, as angústias da fome e as torturas morais de todos os matizes... Quando o arado substituir o carro suntuoso dos triunfadores, nas exibições públicas de grandeza coletiva; quando o livro edificante absorver o lugar da espada no espírito do povo; quando a bondade e a sabedoria presidirem às competições das criaturas para que os bons sejam venerados; quando o sacrifício pessoal em proveito de todos constituir a honra legítima da individualidade, a fim de que a paz e o amor não se percam, dentro da vida — então uma nova humanidade estará no berço luminoso do divino reino...

Nesse ponto, a palavra doce e soberana fez branda pausa e, lá fora, na tepidez da noite suave, as estrelas fulgentes, a cintilarem no alto, pareciam saudar essa era distante...

Extraído do livro “Jesus no lar”; espírito Neio Lúcio; médium Francisco Cândido Xavier

CENTRO ESPÍRITA CAMINHEIROS DO BEM – 62 ANOS
Fundado em 13/10/1957
Iluminando mentes – Consolando corações

Rua Presidente Backer, 14 – Olaria - Nova Friburgo – RJ
E-mail: caminheirosdobem@frionline.com.br
Programa Atualidade Espírita, do 8º CEU, na TV Zoom, canal 10 – sábados, 9h.

 

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Do apagão às luzes do conhecimento, AVS é missão!

terça-feira, 06 de outubro de 2020

O Caderno Z do último fim de semana nos trouxe a celebração do dia 1º de outubro, quando se festeja o Dia Internacional da Terceira Idade. A partir dos 60 anos é hora de brindar a chegada de um novo tempo. Contudo, parece que antigamente a pessoas envelheciam mais cedo e por volta dos 50 anos começavam a “pendurar as chuteiras” no jogo da vida. Hoje as pessoas envelhecem bem mais tarde. É certo que a modernidade trouxe uma série de conhecimentos para os ajustes necessários ao pleno conforto dos idosos.

O Caderno Z do último fim de semana nos trouxe a celebração do dia 1º de outubro, quando se festeja o Dia Internacional da Terceira Idade. A partir dos 60 anos é hora de brindar a chegada de um novo tempo. Contudo, parece que antigamente a pessoas envelheciam mais cedo e por volta dos 50 anos começavam a “pendurar as chuteiras” no jogo da vida. Hoje as pessoas envelhecem bem mais tarde. É certo que a modernidade trouxe uma série de conhecimentos para os ajustes necessários ao pleno conforto dos idosos.

O arquiteto friburguense, Rogério Kato, fez uma excelente explanação sobre os cuidados que se deve ter com a distribuição de espaços e recursos em uma casa, para a segurança dos idosos. Cores claras nas paredes, móveis bem dispostos, de preferência com cantos arredondados, circulação bem definida, rampas, escadas com corrimão, barras nos banheiros e muito mais. Lembrando que um bom jardim acalma e traz muitos benefícios para a saúde.

A mente do idoso, da mesma forma, precisa se equipar com bastante ocupação. Em se tratando de tecnologias, as ferramentas estão aí. O site “Divertidosos”, criado em 2013 pelo aposentado Guilherme Gargantini e pela webdesigner Monika Dunko, destaca a inclusão digital, pelo “bem que a tecnologia faz", como afirma Monika. Por conta da pandemia, surgiu o Pandebingo – um bingo virtual, com presentes doados por "divertinautas". Para Guilherme "está sendo um sucesso estrondoso!”. Tudo o que for bom para manter a estabilidade emocional neste momento é de valor inestimável.

Conversas, jogos de mesa, filmes, música, leituras, banhos de sol e até exercícios, como alongamentos e aulas de yoga, pela internet. Resumindo, “em época de recolhimento domiciliar, estar ativo é primordial para a saúde física, mental e emocional”.

Não fosse a pandemia, valeria brincar com a ideia de candidato “mascarado” na campanha eleitoral. Mas, agora, o candidato sem máscara, certamente, já está perdendo voto por não dar um bom exemplo. Sem preconceito de cor quanto a cor das bandeiras, o período eleitoral pretende ser regido, com muita segurança, pelas autoridades. O juiz da 26ª Zona Eleitoral de Nova Friburgo, Marcelo Villas, afirma que “a campanha dos candidatos será mantida, independentemente da bandeira da flexibilização vigente no município”.

A afirmativa do magistrado se prende ao “bom senso do candidato”. Mas, e na falta do bom senso? A pergunta fica no ar, junto a outras questões irrespondíveis desde o início da pandemia. A sorte é que “o TSE está atento aos desdobramentos das campanhas”. Vamos nos alertar, porque tem muita gente pensando que a pandemia “deu uma trégua” para as eleições. Será o coronavírus um vírus eleitoral? Mas que bobagem de pensamento! Com o aumento de contaminados e o número de mortes, a trégua é no comportamento humano, isso, sim!

“O candidato a qualquer cargo público deve levar ao eleitorado uma mensagem. Algo que o credencie como aspirante ao trato da coisa pública. Não foi por outra razão que alguns defendem o ponto de vista de que deveria existir uma Escola de Administração. Ao solicitar o registro de sua candidatura, o pretendente ao voto do povo teria que juntar a prova que já terminara o curso”. Esse excelente argumento foi publicado na edição de 3 e 4 de outubro de 1970, como nos lembrou a coluna “Há 50 anos”. São passadas cinco décadas e a ideia não vingou. Mas, não é que seria bem interessante? Contudo, poderia surgir muito “Fakediploma” e a gente continuaria caindo no conto do vigário e, pior, sem missa.

E o apagão de sexta-feira passada, pessoal? Que noite linda, que lua! É certo que o acontecimento atravancou a vida de muita gente, mas que foi lindo poder apreciar a lua iluminando a cidade, foi. Falando em natureza, “Lá vai São Francisco pelo caminho, de pés descalços, tão pobrezinho...”. Na charge de Silvério, o franciscano, cuja memória foi lembrada neste domingo, 4, pede ao povo que evite queimadas, que não jogue cigarros acesos nas matas, que preserve o meio ambiente. Lá vai São Francisco, de olhar atento. O santo da simplicidade parece pensar na canção de Milton Nascimento: “Outros outubros virão, outras manhãs plenas de sol e de luz”.

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Parabéns ao Fajardo

terça-feira, 06 de outubro de 2020

Parabéns ao Fajardo

Ontem, 5, quem passou o dia recebendo, como bem merece, cumprimentos e demonstrações de carinho por ter completado mais um aniversário, foi o boa praça  Alexandre Fajardo (foto), ex-craque do nosso futebol.

A ele, que brilhou atuando pelo Friburguense A.C., assim como Portuguesa de Desportos, Noroeste-SP, São Paulo F.C. e All Rayan do Catar, nossas congratulações com votos de felicidades e tudo de bom. Parabéns!

Lua na escuridão

Parabéns ao Fajardo

Ontem, 5, quem passou o dia recebendo, como bem merece, cumprimentos e demonstrações de carinho por ter completado mais um aniversário, foi o boa praça  Alexandre Fajardo (foto), ex-craque do nosso futebol.

A ele, que brilhou atuando pelo Friburguense A.C., assim como Portuguesa de Desportos, Noroeste-SP, São Paulo F.C. e All Rayan do Catar, nossas congratulações com votos de felicidades e tudo de bom. Parabéns!

Lua na escuridão

Como diz o o ditado popular “Na vida, quem perde o telhado ganha as estrelas", nos restou um consolo diante do apagão da noite da última sexta-feira, 5.

Ficamos quase quatro horas no escuro, mas pudemos contemplar o quão exuberante estava a lua naquela noite.

Grande homem em livro

Eis que surge, para familiares e amigos mais próximos, o novo livro “João Baptista da Silva – sua vida, sua história” que reúne anotações, informes, revelações e passagens maravilhosas do saudoso João Baptista (foto reprodução).

Elaborado a partir de biografia feita pelo próprio João Baptista e organização  de conteúdo dos filhos Lúcio Flavo Gomes da Silva, Renato Henrique Gomes da Silva, Maria Inês Silva Seabra Varella e José Antonio Gomes da Silva, esta obra literária lançada pela editora In Media Res deixa para a posteridade, a grandeza do inesquecível João Baptista da Silva, desde o seu nascimento em 19 de setembro de 1919 até o falecimento ocorrido em 2 de agosto de 1998.

Parabéns à família e na figura dos queridos amigos e filhos do homenageado, Lúcio Flavo e Renato Henrique, agradeço imensamente o carinho da oferta de um exemplar do livro.

Blocos para nada

Como todos notaram, foram instalados e depois retirados de um trecho da Avenida Euterpe Friburguense alguns blocos de concreto para demarcação da ciclovia que custou R$ 999 mil aos cofres municipais.

Como a instalação foi feita e logo desfeita, fica a indagação: para que?

Lançamento de selo

Na próxima sexta-feira, 9 às 10h30 em sua página no Facebook /novafriburgoteuto o Centro Cultural Teuto Friburguense estará lançando oficialmente o selo (foto) comemorativo ao bicentenário da imigração alemã no Brasil que será celebrado oficialmente em 2024.

A criação de um selo para a ocasião surgiu a partir de uma proposta de descendentes de alemães em Nova Friburgo. O lançamento esta semana contará com a participação de um representannte dos Correios, assim como de Bárbara Hussung representando o Consulado Alemão aqui na cidade e possivelmente também, as participações de representantes da Secretaria Municipal de Cultura e do cônsul geral da Alemanha no Estado do Rio de Janeiro, ainda a confirmar.

Vivas desde já!

No próximo sábado, 10, a fisioterapeuta Danielle Erthal Vassalo soma mais um ano de vida, o que será motivo de congratulações do marido Jackson e da filha Maria Clara, assim como demais parentes integram uma família amiga e muito querida.

Por isso, antecipamos os parabéns à querida Danielle com votos de felicidades, saúde e paz. Ela merece!

Aniversariou no dia 2

Apesar do atraso, mas ainda em tempo de satisfação, os parabéns da coluna ao querido e jovem empresário Bráulio Rezende Neto, que está com idade nova desde a última sexta-feira, 2.

Felicidades e tudo bom para o grande Braulio Neto.

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Eras tu, Senhor?

terça-feira, 06 de outubro de 2020

Nesta Semana Nacional da Vida, dentro do mês missionário, refletiremos com a inspiração da nova encíclica do nosso profético Papa Francisco – “Fratelli tutti” sobre a fraternidade e a amizade social, complementando e aprofundando a Teologia da Criação, do cuidado com a vida apresentada na “Laudato si”.

Nesta Semana Nacional da Vida, dentro do mês missionário, refletiremos com a inspiração da nova encíclica do nosso profético Papa Francisco – “Fratelli tutti” sobre a fraternidade e a amizade social, complementando e aprofundando a Teologia da Criação, do cuidado com a vida apresentada na “Laudato si”.

A exemplo de São Francisco de Assis reassumimos a vida como dom e compromisso, defendendo-a, em todas as suas etapas, desde a concepção no ventre materno até a morte natural. A vida é missão de todo ser humano e de todo batizado. É a base de toda a evangelização e testemunho cristão, como nos recorda São João Paulo II em sua iluminada encíclica Evangelium Vitae.

A fraternidade é a forma mais direta de comunicação da boa nova de Cristo. É o coração de toda mensagem evangélica: o amor fraterno capaz de dar a vida pelo outro, de resgatar a vida dos mais perdidos e necessitados, no espírito da misericórdia e gratuidade. Isto implica na defesa e promoção da dignidade humana como imagem e semelhança de Deus e o respeito ao seu plano de amor da criação, impresso na consciência e nas leis da natureza, de onde decorre a ética da justiça, do equilíbrio e da realização do bem.

Por meio de várias inciativas e pastorais, campanhas e obras, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ao longo de décadas, vem refletindo e agindo com toda a comunidade brasileira sobre vários temas e áreas da nossa realidade: a ecologia, a saúde, a terra, o índio, o negro, o trabalho, a mulher, a fome, o menor, a educação, a moradia, o jovem, a família, idoso, a pessoa com deficiência, a segurança, a água, a comunicação, a paz, entre outros.

Ao ver o quadro real, com suas injustiças, desigualdades e incoerências com a verdade cristã, a Igreja exerce, com a autoridade de Cristo, sua missão profética de julgar, avaliar as situações à luz do Evangelho, conscientizar sobre os valores e denunciar o sistema de pecado, apresentando pistas de ação e sua colaboração concreta – o agir -  para uma solução justa e fraterna a partir da solidariedade e da união.

A comunhão eclesial, seguindo o exemplo e o coração de Cristo, se inclina aos mais pobres e abandonados e adverte que os que os excluem estão contra a vontade de Deus. Oprimem e exploram o próprio Cristo no ser humano faminto, prostituído, prisioneiro, dependente químico, alcoolizado, indefeso no ventre. Rejeitam o Jesus abandonado, doente, menor carente, pobre, mendigo, analfabeto. Discriminam o Senhor no negro, no indígena, na mulher, no idoso, nas pessoas com deficiência, nos portadores do vírus do HIV, dentre outros.

É necessário que nos convertamos à proposta do mestre que é a humildade, a partilha na igualdade, a solidariedade e o amor fraterno, à consciência de que não somos melhores que ninguém. “Somos do mesmo barro”, ainda que agitados pela vaidade e pelo orgulho que tão facilmente retorna ao chão. Tudo passa! A figura do mundo se esfumaça. Nós também passamos. Cada ser humano que de nós se aproxima é nosso irmão, é Jesus. E um dia, ele próprio nos julgará pela nossa sensibilidade, nossa atenção, nosso amor. “Estava com fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Estava nu e me vestistes... doente e fostes me ver...”  E nós: “Mas quando, Senhor que te fizemos isso?” Responderá para nós o Cristo: “Todas as vezes que fizestes isso ao menor dos pequeninos, a mim o fizestes”. E que nunca ouçamos o inverso: “o que não fizestes ao menor dos pequeninos...” (cf.  Mt 25 31-46). Restará a surpresa: “Eras tu, Senhor!”

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor diocesano da Pastoral Familiar. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Carros de som dão apoio à candidatura de Álvaro de Almeida

sábado, 03 de outubro de 2020

Edição de 3 e 4 de outubro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 3 e 4 de outubro de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • Apoio a candidatura de Álvaro de Almeida - Os carros-volantes que percorrem a cidade cidade veiculando a propaganda eleitoral dos candidatos do MDB de Friburgo estão jogando no ar gravações do dr. Dermeval Barbosa Moreira e dos seus filhos, Vanor e Maurício Tassara Moreira, com total apoio à candidatura do deputado Álvaro de Almeida para prefeito, declarando ainda estarem verdadeiramente integrados na campanha que levará o citado e querido industrial ao Executivo Municipal.
  • Entrevista com Edgard de Almeida -  Ao anunciar ao jornal que irá deixar a política partidária sem qualquer ressentimento, guardando de Friburgo e do seu povo uma indelével recordação, Edgar de Almeida disse que “quem sabe, na próxima campanha, não estarei na batalha democrática, preliando um oportuno e bom combate?” Na entrevista, ele também enumerou algumas metas do candidato do MDB à prefeitura, Álvaro de Almeida. Caso seja eleito prefeito, Álvaro cuidará, prioritariamente, das rodovias interdistritais, de modo a que os lavradores tenham facilidade para o escoamento das safras. Cuidará também para que o município receba imagem e som de todas as TVs que funcionam na Guanabara, e também diligenciará para que Friburgo tenha faculdades para a formação de todas as categorias. 
  • A tábua de salvação de adesistas impenitentes - Em discurso de caráter político, em comícios, palestras ou propaganda eleitoral pelo rádio e televisão, a tônica dos candidatos arenistas vem sendo a de endeusar o presidente Médici, considerando-o o maior estadista que passou pelo governo do Brasil, citando e reprisando como exemplo, duas moderníssimas leis de natureza trabalhista, excelentes, mas que nem sequer foram ainda regulamentadas, somente estando em condições de dar os primeiros frutos no próximo ano. Chamar, de participação dos empregados nos lucros das empresas, a uma bem bolada lei que incontestavelmente trará algum benefício a classes trabalhadoras, chega a ser ridículo. A legislação que objetiva fortalecer os sindicatos, inclusive possibilitando-o emprestar dinheiro aos associados, cuidando para que ditas entidades possuam sede condigna. Vale como um atestado vivo do desejo de acertar, somando pontos para um futuro crédito que talvez venha a ser ilimitado. Vendo ou ouvindo, na TV e no rádio, os discursos arenistas, com poucas e honrosas exceções, constata-se como aquele partido está lotado de peleguismo que, assim como corvejava em torno dos ministros de Jango formando a ala avançada do janguismo, procuram agora infiltrar-se no atual governo que está com um crédito de confiança geral e que não pode ser destruído por adesistas impenitentes.

Pílulas:

  • O candidato a qualquer cargo público deve levar ao eleitorado uma mensagem. Algo que o credencie como aspirante ao trato da coisa pública. Não foi por outra razão que alguns defendem o ponto de vista de que deveria existir uma Escola de Administração. Ao solicitar registro de sua candidatura, o pretendente ao voto do povo teria que juntar a prova que já terminara o curso. 
  • Imagine o leitor o que vimos recentemente através do programa eleitoral gratuito. O postulante relacionou tudo o que conseguiu lembrar e sapecou como sua plataforma administrativa. Todos os casos de competência dos governos estadual e federal, das autarquias, das sociedades de economia mista, da iniciativa particular, etc, etc, etc, estariam totalmente resolvidos com a sua eleição. Com a maior cara de pau, com ar de inocente, muito próprio dos demagogos vulgares, dos que não desconfiam do ridículo, o dito cujo, em poucos minutos enriqueceu o nosso pobre esporte, solucionou todos os problemas financeiros das escolas de samba, prometeu às bandas de música a mais completa emancipação, a elas e aos músicos, a água jorraria baixíssima e em grande quantidade na totalidade dos lares, inclusive nos altos de morro. No carnaval e nas festas de natal e fim de ano, a policromia das luzes e dos enfeites fariam de Friburgo a mais autêntica Disneylândia.  
  • Que juízo estão a fazer certos candidatos do eleitorado friburguense? É necessário gabaritar o programa na Justiça Eleitoral, através da nossa rádio, para que haja interesse nas palestras ali proferidas às 14h e às 22h, tanto pelo MDB como pela Arena.  

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Marise Coutinho e Kátia Feno (3); Neida Monteiro Soares Yaggy e Francisco Assis Ribeiro Cantelmo (4); Álvaro de Almeida Júnior (6); Valéria Villaça (7); Alcindo Alves dos Reis, Tunney Kassuga e Walter Azevedo (8); Angelo Ruiz, Ruy Coelho da Rocha, Nilo Ferreira Torres e Amil Namen (10). 

 

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Reconstrução

sexta-feira, 02 de outubro de 2020

Muito já ouvi falar que para construirmos uma obra nova devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal, promover as adaptações que se fizerem necessárias. Na verdade, essas medidas são mesmo fundamentais. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar. Não sobre obras, mas sobre pessoas.

Muito já ouvi falar que para construirmos uma obra nova devemos preparar o terreno, cuidar da limpeza do local, criar o ambiente ideal, promover as adaptações que se fizerem necessárias. Na verdade, essas medidas são mesmo fundamentais. Mas a metáfora dessa ideia é a que me leva a pensar. Não sobre obras, mas sobre pessoas.

Passamos muito tempo de nossas vidas construindo ideias sobre os outros. E o tanto que nos enganamos é algo grandioso. Creio que não somos tão bem-sucedidos nessas obras. Inevitavelmente, nos equivocamos. Erramos o cálculo. Confundimos a perspectiva. Mudamos o projeto.

Seres humanos não são esse tipo de projeto que elaboramos com técnica. Somos, na verdade, uma obra sempre inacabada e complexa. Imperfeita por natureza. Em evolução (ou involução). O projeto é de vida e não há nada mais pessoal do que isso. O outro, por mais perito no assunto que seja, não pode precisar com exatidão o que acontece no interior da obra, nem apresentar soluções lapidares.

Esse terreno – que somos nós – não está descoberto a ponto de desvendarmos seus desníveis pelo olhar. Tem até areia movediça por baixo do mato verde. Tem de tudo, como se diz.

Investimos preciosos minutos de vida construindo uma imagem do outro. Supondo coisas. Julgando e prejulgando pelo pouco que conhecemos a seu respeito. Por isso o culto reverenciado pela imagem. Nem sempre a real. Quase sempre a projetada. A que pode ser vista. Isso é uma grande tolice, pois ao construirmos pessoas fictícias em nosso imaginário, empenharemos o dobro de energia para desconstrui-las, pois comumente erramos as análises. Os outros não são o que pensamos deles. Os outros são o que são.

Seria interessante se aceitássemos que o jogo começa com as peças do quebra-cabeças desmontadas, para então, com o tempo pudéssemos aprofundar e conhecer a imagem real que será formada. Daria menos trabalho e as surpresas talvez fossem mais prazerosas. Ou mais reais.

Mania estranha essa de querermos jogar um jogo ganho. Imagens preestabelecidas. Vencedores determinados. E no final das contas, a frustração da decepção. O girassol que eu estava montando no meu quebra-cabeças não passa de uma forma geométrica e sem sentido. Uma bola amarela. E vice e versa. Quantos girassóis deixamos de descobrir no meio do jogo justamente por superficialmente só enxergarmos a bola amarela. Sem essência. Forma e não flor.

Desconstruir é preciso. E se tivermos ânimo, reconstruir. Não sei se me fiz entender. Mas também não é preciso. Referenciando mais uma vez Clarice Lispector: “Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”. Não me preocupo, pois.

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Diversificação: a estratégia de bons investimentos

sexta-feira, 02 de outubro de 2020

Não é segredo; para começar a investir seu capital no mercado financeiro, é preciso estudar. Costumo dizer – e volto a enfatizar – sobre a necessidade de entender o mínimo (pelo menos os conceitos de rentabilidade, segurança e liquidez) antes de se tornar um investidor. Você não precisa ser um especialista, afinal, pode deixar isso para seu consultor ou assessor de investimentos; mas entender o que será feito com o seu dinheiro é fundamental para manter uma relação saudável entre investidor e investimentos.

Não é segredo; para começar a investir seu capital no mercado financeiro, é preciso estudar. Costumo dizer – e volto a enfatizar – sobre a necessidade de entender o mínimo (pelo menos os conceitos de rentabilidade, segurança e liquidez) antes de se tornar um investidor. Você não precisa ser um especialista, afinal, pode deixar isso para seu consultor ou assessor de investimentos; mas entender o que será feito com o seu dinheiro é fundamental para manter uma relação saudável entre investidor e investimentos.

Contudo, meu assunto hoje vai para aqueles que buscam ir um pouco mais além em seus investimentos. Antes, um passo atrás: vale ressaltar a necessidade de uma carteira de investimentos diversificada, num primeiro momento, entre ativos de renda fixa e renda variável de acordo com o seu perfil. Este ponto é fundamental, pois será responsável pelo seu planejamento orçamentário; considerando reservas, caixa, e boas oportunidades de rentabilidade.

Dando prosseguimento ao plano de carteira, vamos destrinchar, agora, a necessidade de manter a estratégia de diversificação de ativos; contudo, considerando somente a alocação em renda variável: os investimentos via Bolsa de Valores. Existem duas formas de investir em ações: a primeira é optar por bons fundos de investimentos em ações (FIC - FIA), recorrendo a gestoras com bom histórico operacional e com taxas justas de acordo com o serviço oferecido; a segunda opção de investimento em ações é através do home broker de sua corretora e aqui começamos a elaborar nosso planejamento (lembrando que sua assessoria de investimentos – inclusive eu – precisa estar sempre à disposição para elaborar e seguir este planejamento).

Voltando à lei máxima dos investidores (a diversificação), precisamos falar sobre a correlação de ativos, uma relação estatística para metrificar (variando de -1 a 1) a relação entre ativos. Já ouviu falar? Esta correlação pode se dar de quatro maneiras distintas:

• Correlação perfeitamente positiva (índice igual a 1)

• Correlação negativa

• Correlação positiva

• Correlação perfeitamente negativa (índice igual a -1)

As correlações perfeitas são situações ideais e – como tudo que é ideal – impossíveis de acontecer. Contudo vamos estudar as positivas e negativas para entendermos qual é a mais indicada para o seu portfólio de ações.

Basicamente, as correlações positivas se dão quando dois ativos (por haver relação estrita de mercado) fazem movimentos semelhantes entre valorizações e desvalorizações: como exercício, busque comparar os gráficos do barril de petróleo Brent e as ações de Petrobrás e verá a influência da cotação do barril de petróleo sobre uma empresa petrolífera. Por outro lado, há a correlação negativa quando dois ativos se movimentam de maneira graficamente opostas: também, como exercício, compare os gráficos de Dólar e Ibovespa e irá reparar um movimento espelhado entre os ativos; e faz sentido, afinal, quando o Ibovespa está em crescimento há uma tendência de valorização do real perante o dólar.

Ao planejar uma carteira de investimentos é importante saber o papel de cada ativo e como este vai influenciar sua estratégia. Investimentos via Bolsa de Valores são complexos (apesar de bastante intuitivos) e a falta de planejamento esconde grandes riscos. Contudo, vale ressaltar que boas estratégias podem se mostrar a melhor decisão para seus investimentos.

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Broa de milho com legumes crus se torna patrimônio friburguense

quinta-feira, 01 de outubro de 2020

No passado, não faltavam nas propriedades rurais e nos quintais das residências de nossos ancestrais, roças de mandioca e de milho. Este último alimentava homens e animais. Cavalos, mulas, vacas, bois, suínos, ovelhas, patos, gansos, galinhas e perus todos eram alimentados com milho. O gado ganhava “mãos de milho” duas vezes ao dia de seu dono. Os colonos suíços se dedicaram às culturas de batata, feijão, arroz, mamona e notadamente de milho em Nova Friburgo. Havia compradores certos, as tropas de mula pejadas de café que saíam de Cantagalo e seguiam rumo a Porto das Caixas.

No passado, não faltavam nas propriedades rurais e nos quintais das residências de nossos ancestrais, roças de mandioca e de milho. Este último alimentava homens e animais. Cavalos, mulas, vacas, bois, suínos, ovelhas, patos, gansos, galinhas e perus todos eram alimentados com milho. O gado ganhava “mãos de milho” duas vezes ao dia de seu dono. Os colonos suíços se dedicaram às culturas de batata, feijão, arroz, mamona e notadamente de milho em Nova Friburgo. Havia compradores certos, as tropas de mula pejadas de café que saíam de Cantagalo e seguiam rumo a Porto das Caixas.

Transitando por Nova Friburgo adquiriam o excedente do milho produzido na colônia. Com a proibição do tráfico intercontinental de escravos em 1850, os fazendeiros de Cantagalo limitaram sua força produtiva, ou seja, os seus escravos, ao plantio do café. Consequentemente, passaram a consumir mais milho para a alimentação de suas tropas contribuindo com o desenvolvimento do produto cultivado pelos colonos suíços, o milho.

A alimentação quotidiana dos colonos consistia em carne de porco, feijão, batata, pão de milho, leite, ovos, hortaliças e quase todos faziam uso do café mais de uma vez ao dia, nos informa o juiz de direito Cansanção de Sinimbu, em meados do século 19. Teria sido o pão de milho a que se refere Sinimbu, a broa de milho que os seus descendentes fazem nos dias de hoje? Existe um tipo de broa de milho feita pela comunidade rural de Nova Friburgo que leva na sua composição legumes crus.

Verifiquei a sua existência nos distritos do Campo do Coelho, Amparo e Lumiar entre as famílias descendentes de colonos suíços, como os Mozer e alemães como os Schuenck e os Eltz. Além da farinha de milho adicionam legumes como batata doce, chuchu, inhame, cabeça de inhame, cará, abóbora e mandioca, todos ralados crus. O ingrediente básico é a farinha de milho, o fubá, que pode ser branco ou amarelo, ou mesmo ambos. Entra igualmente na composição da broa açúcar, banha de porco, óleo, margarina, farinha de trigo, leite, ovos e fermento.

A massa da broa de milho pode ser envolvida em folhas de bananeira ou de caeté. São assadas em um forno de barro que fica no quintal da residência. Tudo indica que os legumes crus adicionados era uma forma de dar mais rendimento a massa. A broa de milho com legumes crus é uma tradição passada de geração em geração pela comunidade rural de Nova Friburgo, um precioso saber local. Além da singularidade de seus ingredientes e modo de fazer, a exemplo da massa ser envolvida em folhas de bananeira ou caeté e assada em forno de barro, a sociabilidade no momento de sua elaboração é outra importante característica.

Por iniciativa do vereador Joelson José de Almeida Martins, conhecido como Joelson do Pote, a broa de milho com legumes crus foi reconhecida através de lei municipal como patrimônio cultural de Nova Friburgo. Nesse caso, a municipalidade garante a continuidade de expressões culturais referentes à memória e à identidade para o conhecimento das gerações presentes e futuras. Essa guloseima reconhecida como patrimônio cultural ganha um registro no Livro dos Saberes, em razão do conhecimento e modo de fazer enraizados no cotidiano das comunidades rurais de Nova Friburgo.

Existe ainda outro aspecto interessante. Tanto os Mozer como os Schuenck comem a broa com chimirra. Mas o que é chimirra? Trata-se de um queijo resultado do aproveitamento do leite que azedava facilmente no passado. Atualmente com a geladeira, dificilmente o leite azeda e então recorre-se ao vinagre de maçã ou ao limão para que o leite coalhe para a elaboração da chimirra. Três colheres de vinagre ou de suco de limão em um litro de leite realizam o processo e em meia hora já se pode usar o leite talhado para fazer a chimirra. Pode-se escorrer o produto em um pano ou em um escorredor para tirar o soro da “massa”. A essa fase se denomina “colocar a chimirra pra quará.” Acrescenta-se somente sal. Assemelha-se muito ao queijo do tipo cottage.

Quando estive no Cantão de Fribourg em um chalé nos pré alpes, os denominados “chalets d’alpage”, para assistir a elaboração do queijo “gruyère”, os queijeiros fizeram ao final o “sérac” com o leite ralo que sobrou do “gruyère. É um queijo branco e fresco a partir do “petit-lait” e que chamaríamos de leite magro, pois toda a gordura se concentrou no “gruyère”. Quando vi a chimirra na região rural de Nova Friburgo fiz imediatamente a associação com o “sérac” que conheci no Cantão de Fribourg. Seria uma tradição dos colonos suíços? O nome chimirra seria uma corruptela do “sérac” levando ainda um toque do patoá, dialeto no qual falavam alguns colonos suíços? Quem sabe não teremos mais uma manifestação cultural tombada como patrimônio cultural e histórico em Nova Friburgo.

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    A chimirra que se come com a broa de milho (Fotos: Acervo pessoal)

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    Broa de milho em Três Picos feito pela Dona Dodoca

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    Broa de milho feita pelos Mozer

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Saindo do egoísmo para a saúde

quinta-feira, 01 de outubro de 2020

O egoísmo adoece a mente. Egoísmo não é você cuidar bem de si mesmo, mas é cuidar só de você. Doenças mentais podem ser desenvolvidas por causa do egoísmo. Lutar contra o egoísmo é um fator de prevenção e de tratamento do que tem de egocentrismo no sofrimento da pessoa. Nem tudo o que leva uma pessoa a sofrer mentalmente é fruto de egoísmo. Pessoas altruístas também podem ter sofrimentos.

O egoísmo adoece a mente. Egoísmo não é você cuidar bem de si mesmo, mas é cuidar só de você. Doenças mentais podem ser desenvolvidas por causa do egoísmo. Lutar contra o egoísmo é um fator de prevenção e de tratamento do que tem de egocentrismo no sofrimento da pessoa. Nem tudo o que leva uma pessoa a sofrer mentalmente é fruto de egoísmo. Pessoas altruístas também podem ter sofrimentos.

Já reparou que quando fazemos algo bom para alguém, para qualquer pessoa, e não só de nossa família, se fizermos voluntariamente, nos sentimos bem depois? Fazer o bem para outros, faz bem para nós. Certa vez atendi uma mulher casada que vivia para agradar o marido, mas se anulava. Parecia que a vida dela era ele. É isto amor? Não. Ela disse assim numa consulta: “Se eu faço tudo o que ele quer, por que ele não se torna o que eu quero?” Será que neste “eu quero” tinha egoísmo? Tinha. Você não precisa e não deve anular sua vida em busca de afeto dos outros. Viva e deixe viver.

Algumas pessoas que desenvolvem depressão, não todas, se deprimem porque se sentem frustradas por não serem amadas como desejariam. E dizem: “Estou com raiva de mim mesma porque fui gostar de alguém que não gosta de mim como eu desejaria.” E esta raiva voltada contra si as desanima, e pode levar ao pensamento de suicídio.

Nascemos com egoísmo. Ele é um problema espiritual e também psicológico. O pai e a mãe de uma criança, se querem educar bem seus filhos, será importante ensinar esta criança desde bebê a vencer o egoísmo inato. Isto se faz por não superproteger a criança, não colocá-la como um ídolo, e ensiná-la a compartilhar desde pequenina. Este é um grande trabalho de prevenção de complicações emocionais que os pais podem fazer.

Não é possível ser feliz deixando o egoísmo tomar conta de sua vida, de seu comportamento. É preciso resistir a ele e cultivar o altruísmo. Sempre tem alguém aí do seu lado na família nuclear ou na família de origem, na vizinhança, no trabalho, na sua comunidade religiosa que precisa de ajuda, seja uma palavra de conforto, de ânimo, seja alguma comida, remédio, roupa, calçado, ou incentivo espiritual. Ajude-a. Tome a iniciativa de sair da sua zona de conforto para atender alguém em necessidade. Isto é saúde para sua mente e para seu corpo.

O egoísmo mata a pessoa egoísta. Egoístas produzem muitos hormônios do estresse. E o contrário é verdadeiro, ou seja, quando você luta contra o egocentrismo e faz o bem a outros, há uma produção de neurotransmissores que acalmam a mente, ativam o sistema imunológico, e corrige o estado de tristeza e de ansiedade.

Fazer o bem aos outros de forma desinteressada, sem conflito de interesse, dá sentido positivo à existência, prolonga a vida, nos faz dormir melhor, e satisfaz. O egoísta nunca está satisfeito. Ele quer mais, e só para ele. Isto é morte, mesmo que produza um monte de dinheiro.

Jesus Cristo disse que é mais bem-aventurada ou mais feliz dar do que receber. Ao dar de forma voluntária você recebe a alegria de dar. E alegria é boa para nossa saúde. O apóstolo Paulo escreveu na sua carta aos Filipenses no segundo capítulo que Jesus se esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo. Isto é grandioso. Ele não tinha um ego inflado, não tinha “nariz empinado”, nunca usou frases como “sabe com quem está falando?”, embora sendo Deus em forma humana.

Lutar contra seu egoísmo é lutar pela vida que vale à pena viver. Seu corpo e mente agradecerão. Praticando o altruísmo é até possível abandonar alguns remédios porque a saúde brotará. Compartilhe, ajude alguém hoje, saia de si para ir ao encontro de tanta necessidade que há ao seu redor.

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