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A cruz de Cristo na vida do cristão

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Na última semana, refletimos sobre o sofrimento e o anseio do homem em evitá-lo a todo custo. Diante da promessa de felicidade, da alegria do coração, sempre presente nas promessas do Senhor, o sofrimento se apresenta como um verdadeiro paradoxo. Neste contexto, retomam-se as palavras de São João Paulo II: “O homem é destinado à alegria, mas todos os dias experimenta variadíssimas formas de sofrimento e de dor” (Christifideles laici, 53).

Na última semana, refletimos sobre o sofrimento e o anseio do homem em evitá-lo a todo custo. Diante da promessa de felicidade, da alegria do coração, sempre presente nas promessas do Senhor, o sofrimento se apresenta como um verdadeiro paradoxo. Neste contexto, retomam-se as palavras de São João Paulo II: “O homem é destinado à alegria, mas todos os dias experimenta variadíssimas formas de sofrimento e de dor” (Christifideles laici, 53).

A adversidade que mais está presente na vida do homem é a enfermidade. No Antigo Testamento a enfermidade está misteriosamente ligada ao pecado e ao mal. Contudo, ela atinge também o justo, como se pode perceber no livro de Jó, assumindo o caráter de prova.

Já no Novo Testamento, o sofrimento do justo encontra verdadeira resposta. Na atividade pública de Jesus a cura das enfermidades é manifestação da sua missão como Messias, pois manifestam a vitória sobre todo o mal. Contudo, a cruz parece contrariar a esperança messiânica que os discípulos tinham em Cristo.

Mas é na ressurreição que se compreende verdadeiramente a perpetuidade messiânica de Jesus. Inspirado neste mistério pascal, o cristianismo constrói uma nova relação com o sofrimento; sofrer não é meramente uma consequência de uma culpa ou uma prova de Deus, mas um modo de se unir a Cristo e assim participar de sua ressurreição (.

Ao contemplar os algozes de Cristo, se abre para a vida pessoal do cristão um novo contexto. “O mistério da cruz não está simplesmente diante de nós, mas envolve-nos, dando um novo valor à nossa vida” (Ratzinger, J. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição, p. 213). O oferecimento de si, em Jesus, assume características de culto espiritual, sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Cf. Rm 12, 1).

Uma vez que o cristianismo apresenta Cristo como modelo e destino para o sofredor, se faz necessário compreender que a cruz se apresenta como a possibilidade de restauração da justiça infinitamente lesada de Deus, isto é, o sacrifício da cruz é concebido como um desagravo infinito de uma culpa igualmente infinita.

Assim, a entrega de Jesus representa, para a verdadeira fé cristã, a radicalidade do amor. A partir da cruz a fé cristã entende que Jesus não se limitou simplesmente a fazer ou dizer algo, mas é nele que a sua vida e missão se reconhecem. Deus se identifica com os sofredores até de modo físico, identifica-os com ele e os introduz no seio de seu amor ao ponto de podermos nos unir à sua paixão redentora (Cf. Catecismo da Igreja Católica, §1505).

Olhando para o exemplo de Jesus, devemos pautar nosso agir. É preciso valorizar e compadecer-se dos sofrimentos alheios. Neste sentido, o Papa Francisco afirma: “Para falar de esperança a quem está desesperado, é preciso compartilhar o seu desespero; para enxugar as lágrimas do rosto de quem sofre, é preciso unir o nosso pranto ao seu. Só assim podem as nossas palavras ser realmente capazes de dar um pouco de esperança” (Audiência Geral, 11 jan. 2017).

Tocados pela misericórdia do Senhor, entremos em solidariedade com o seu sofrimento, e assim nos tornemos disponíveis para completar na nossa carne o que falta aos padecimentos de Cristo, sendo próximos e caridosos uns com os outros.

 

Foto da galeria 

Padre Aurecir Marins de Melo Junior é coordenador diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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Escritoras e aventureiras

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

O que me alentou nestes tempos pandêmicos foram os filmes que assisti em casa, a maioria na Netiflix, que oferece séries interessantes ao telespectador. Eu acabava de ver uma e começava outra. Tendo de ficar recolhida em casa, eu me dividia entre leituras e filmes. Redescobri assuntos que tinham ficado na minha infância, até mesmo num passado recente, como a astronomia e as aventuras. Busquei filmes de aventuras, estilo que há tempos não me interessava especialmente.

O que me alentou nestes tempos pandêmicos foram os filmes que assisti em casa, a maioria na Netiflix, que oferece séries interessantes ao telespectador. Eu acabava de ver uma e começava outra. Tendo de ficar recolhida em casa, eu me dividia entre leituras e filmes. Redescobri assuntos que tinham ficado na minha infância, até mesmo num passado recente, como a astronomia e as aventuras. Busquei filmes de aventuras, estilo que há tempos não me interessava especialmente. Por sugestão de amigos, comecei a assistir a série britânica -americana Outlander, baseada na saga literária A Viajante do Tempo, cuja narrativa épica funde o romance histórico, o drama e a aventura numa sequência de fatos elaborada com desenvoltura, continuidade e originalidade. Como sempre faço, tão logo sou tomada pelo interesse, quase abduzida pela obra, a bisbilhotice me assola e quero saber de tudo: quem é o autor, os atores, o diretor, curiosidades e outras coisas mais. Assim, tenho prazer imenso em mergulhar no universo em que a ficção é produzida, desde a criação do texto até a transposição para a película exibida na televisão. 

Para minha surpresa, quem criou e ainda está escrevendo a obra é uma mulher, a americana Diana Gabaldon. Já são oito volumes publicados, numa coleção planejada para dez volumes. Confesso que não prestei atenção de imediato na autoria da série quando comecei a assisti-la. Até porque, infelizmente, os autores têm seus nomes expostos nos créditos do filme de modo diminuído ante os autores ou diretores. Depois de acompanhar os primeiros capítulos, pensei que tivesse sido criada por um homem devido as cenas de enfrentamento e batalhas, muitas vezes de grande crueldade. Entretanto quando soube da autoria da série, observei a sensibilidade e delicadeza de outras cenas que mostravam relações de afeto, entre familiares, amantes e amigos. Então, notei claramente a presença do toque feminino.

Tanto a autora da obra literária, quanto a produção da série, em termos de cenário, figurino, adereços e ambientação, foram e são cuidadosos ao respeitarem as características da época, o que denota a realização de uma pesquisa histórica detalhada e ampla, uma vez que a protagonista, ao tocar numa pedra, viaja no tempo e vai para parar na Escócia em meados do século XVIII. Como a série ainda está sendo escrita e produzida, desde a primeira temporada revela um trabalho de equipe brilhante, respaldado no compromisso de honrar o texto literário.

O que mais me chamou a atenção foi o fato de Diana Gabaldon imaginar um universo ficcional que tanto desperta o interesse masculino. A emancipação feminina ao longo do tempo tem permitido que a mulher explore cada vez mais suas capacidades, indo além do convencional sem medo e pudor. Tal libertação é importante no ato da criação literária, uma vez que sentimentos assim, guardados em instâncias inconscientes, bloqueiam a construção de textos. A superação de intolerâncias amplia as capacidades humanas de criação e realização; é a transformação evolutiva que dá novas cores à arte literária. 

Além do mais, a percepção feminina da vida e das relações humanas trazem um quê de docilidade à obra que tem caráter épico. Como fez a autora britânica J.K. Rowling em Harry Portter, quando concebeu um menino de 11 anos, aprendiz de bruxo, que enfrenta desafios quase invencíveis.

Essa série também me tocou porque gosto de escrever aventuras, o que já fiz em dois livros: Um Cão Cheio de Ideias, ed. Paulinas, 2007, e Aventureiros da Serra, RHL Livros, 2012. Foi ótimo por ter tido contato com a obra de Diana Gabaldon nesta pandemia que me despertou a vontade de mergulhar no mundo da ficção mais uma vez. 

As aventuras são sedutoras ao escritor, mas exigem trabalho de pesquisa, criatividade e perspicácia. Quando escrevi Aventureiros da Serra até largura de rio medi.  

Que as escritoras sejam iluminadas e tenham coragem para presentearem o mundo com diversão, conhecimento e valores.

 

P.S.: Ah, por favor, não quero ser feminista nesta coluna, mas tenho orgulho de reverenciar a presença da mulher na literatura.

 

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Autódromo

sábado, 15 de agosto de 2020

Para pensar:

"Discordar, debater sobre algo que não concordo, é fundamental para sociedades democráticas.”

Israel Lopes

Para refletir:

“Se sonhar um pouco é perigoso, a solução não é sonhar menos é sonhar mais.”

Marcel Proust

Autódromo

A coluna já havia levantado esta lebre há alguns anos, com diversas repercussões - tanto favoráveis quanto contrárias - entre os leitores.

Para pensar:

"Discordar, debater sobre algo que não concordo, é fundamental para sociedades democráticas.”

Israel Lopes

Para refletir:

“Se sonhar um pouco é perigoso, a solução não é sonhar menos é sonhar mais.”

Marcel Proust

Autódromo

A coluna já havia levantado esta lebre há alguns anos, com diversas repercussões - tanto favoráveis quanto contrárias - entre os leitores.

Pois bem, a cidade do Rio de Janeiro vive neste momento uma grande polêmica em torno da construção (ou não) do autódromo de Deodoro, onde atualmente existe a Floresta do Camboatá, uma das últimas a ter sobrevivido em meio à região metropolitana de nosso estado.

Demanda estadual

Apesar do evidente prejuízo ambiental e de toda a incoerência de se falar na construção de um novo autódromo após o crime cometido em Jacarepaguá, quando o interesse pela realização de obras que terminariam por irrigar pesados esquemas de corrupção condenou uma das pistas mais tradicionais do automobilismo mundial, o fato é que muitas forças se alinharam no sentido de suprir a demanda fluminense por uma praça que seja capaz de receber eventos de grande porte do esporte a motor, bem como abrigar todas as inúmeras atividades às quais um autódromo internacional habitualmente se presta.

Recursos externos

Tempos atrás a coluna achou por bem chamar atenção para esta situação, entendendo que ela talvez fizesse por merecer uma audiência pública voltada a analisar a possibilidade de que Nova Friburgo avaliasse a existência de algum terreno apto à construção da pista, possivelmente no distrito de Campo do Coelho, e consultasse a população a respeito do tema.

Afinal, a disponibilidade de recursos externos atualmente existente para este fim representa uma oportunidade a ser considerada, e uma obra deste porte, a custo tão reduzido, certamente traria a reboque o aeroporto e um reforço brutal no setor turístico, certamente o mais afetado pela Covid-19.

Exemplos

Quem já visitou lugares como Ímola, na Itália; Termas de Río Hondo, na Argentina; ou mesmo cidades brasileiras como Cascavel, Guaporé e Santa Cruz do Sul certamente teve chance de observar como cidades menores do que a nossa podem se tornar mundial ou nacionalmente conhecidas a partir de um empreendimento como este, tanto mais quando se leva em conta que não estamos falando da possibilidade de um autódromo de Nova Friburgo, que fatalmente teria pouca expressão, mas de um autódromo do Rio de Janeiro em Nova Friburgo, com todas as condições de receber eventos de primeira grandeza.

É proibido?

A coluna evidentemente sabe que o tema é polêmico, e que infelizmente as dificuldades vividas nas últimas décadas tornaram algo quase criminoso qualquer o debate em torno de iniciativas que não sejam relacionadas aos habituais problemas estruturais aos quais nos acostumamos.

Pensar grande, atualmente, parece algo proibido ao friburguense, como se nossa história não tivesse sido escrita por atos visionários, ousados e de grande desprendimento.

E aí?

Enfim, o colunista entende que a discussão é válida, e que pensar grande jamais nos será proibido.

Aliás, opiniões sobre o tema, sejam elas quais forem, são muito bem-vindas.

Situação de risco

A coluna tem recebido depoimentos de leitores bastante angustiados com o nível de lotação de alguns ônibus, em horários específicos.

De fato, considerando o ritmo atual de contágio da Covid-19 em nossa cidade, o risco representado por estas viagens certamente faz por merecer a atenção do poder concedente, ainda que a higienização dos coletivos tenha sido intensificada. 

Tem que mudar

Já dissemos antes e voltamos a repetir que, no atual estágio da pandemia, a discussão a respeito da possibilidade de subsidiar temporariamente a circulação de ônibus mais vazios, dando total transparência ao processo, parece pertinente e oportuna.

Não é admissível que o sofrimento e os medos da classe trabalhadora sejam tratados com menor atenção do que aquela que foi dedicada aos primeiros contaminados.

Por qualquer que seja a via, é crucial que sejam buscados atenuantes para esta situação.

Euterpe

Pouco após o episódio do traffic calming ter sido instalado sensivelmente fora das especificações, moradores da Avenida Euterpe Friburguense agora reclamam dos efeitos da transferência para lá do ponto de embarque em ônibus intermunicipais.

A coluna tem recebido diversas reclamações que vão desde o ruído até a fumaça, bem como questionamentos a respeito de não terem sido consultados previamente em relação à medida.

Por falar nisso...

E já que falamos na Euterpe, também chegaram questionamentos a respeito de como está sendo montada a ciclovia nas proximidades da ponte da Rua Sete de Setembro.

De fato, fica difícil não ter a impressão de que algumas coisas estão sendo feitas às pressas, na reta final do mandato.

Resta esperar que o resultado final seja satisfatório e, acima de tudo, seguro.

No momento, não é o que parece.

Primavera

É bonito, não?

O canto das britadeiras, o perfume do asfalto fresco tapando velhos buracos, as cores das fitas inaugurativas anunciando a chegada de mais uma primavera eleitoral.

Ao fim de mais um longo inverno, a mudança de estação sempre traz a esperança de dias melhores.

Feriado dos comerciários

Atenção gente, com a bandeira laranja em vigor na próxima semana, o comércio pode funcionar de segunda-feira a sábado, mas especificamente nesta segunda-feira as lojas de Nova Friburgo estarão fechadas. O motivo é a comemoração antecipada do Dia do Comerciário, oficialmente celebrado em outubro.

Graças a um acordo entre patrões e empregados, a folga merecida é antecipada para a terceira segunda-feira de agosto.

Parabéns à classe.

Foto da galeria
Avenida Euterpe Friburguense
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Friburgo terá em breve as transmissões da TV Globo - canal 4 do Rio

sábado, 15 de agosto de 2020

Edição de 15 e 16 de agosto de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

Edição de 15 e 16 de agosto de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchetes:

  • A VOZ DA SERRA noticia com exclusividade algumas conquistas do prefeito Amâncio Azevedo para a população friburguense: os serviços do novo abastecimento d’água já estão em plena execução beneficiando centenas de moradores; as obras de construção da  estação rodoviária intermunicipal na Rua Alberto Braune continuam em ritmo acelerado e o som e imagem das transmissões da TV Globo – canal 4 do Rio de Janeiro, estarão disponíveis para a população friburguense dentro de poucos dias.
  • Concurso de vitrines - Promovido pelo Tiro de Guerra em celebração à Semana do Exército e com o patrocínio do Serviço de Turismo da Prefeitura de Friburgo, está em andamento um Concurso de Vitrines, que se estenderá até o dia 28 de agosto, movimentando a cidade.
  • Semana Inglesa proibida - O Supremo Tribunal Federal decidiu no último dia 12 que os municípios brasileiros não podem decretar a “Semana Inglesa”, pois não tem competência constitucional para legislar sobre a jornada de trabalho dos operários de empresas e indústrias e os servidores de repartições.
  • Joel Batista Jonas e Laura Milheiro de Freitas - Eles serão as cabeças de chapa das duas sub-legendas que, com o deputado Álvaro de Almeida, vão disputando o cargo de prefeito de Friburgo pelo partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB) na sucessão de Amâncio Azevedo. A decisão tomada pelo partido oposicionista obteve a unanimidade de votos do diretório municipal.
  • Homenagem à Álvaro de Almeida - Logo após a sua escolha para a legenda partidária em disputa da sucessão do atual Executivo Municipal, o deputado Álvaro de Almeida recebeu de vários círculos emedebistas, as mais sólidas e positivas demonstrações de apoio e solidariedade, principalmente pela movimentada ação de desprendimento com que partiu para os primórdios da disputa do pleito de 15 de novembro. Tendo praticamente garantida a sua reeleição para a Assembleia do Rio de Janeiro, o atual presidente do MDB friburguense aceitou sua candidatura à prefeitura de nossa terra, com um mandato mutilado para dois anos apenas, o que realmente não estimula a nenhum politico, já que com um tempo mais que exíguo para maiores realizações. 
  • Soldado do partido e sempre pronto a colocar os interesses pessoais em ponto morto, Álvaro de Almeida, mais uma vez. demonstrou altruísmo e, sobretudo, positiva afirmação de que como homem de Partido não lhe cabe outra coisa que não seja refletir a opinião geral dos seus liderados e com eles partir para as memoráveis campanhas pelo bem da comunidade que representam.
  • Eliane Lúcia Yunes - Este 17 de agosto é de grande júbilo para o casal Elias Antonio Yunes — Élia Madureira Yunes, já que naquela data aniversaria a sua primogênita, professora Eliana Lúcia, uma das mais fulgurantes inteligências da terra friburguense. Mestra já consagrada, embora jovem, manejando com facilidade vários idiomas, inclusive o inglês e francês que leciona a algumas dezenas de alunos de ginásios e de faculdades, a simpática e querida Eliane Lúcia é ainda um repositório de conhecimentos gerais que somente possuem os realmente cultos e voltados para os estudos. Cumprimentamos a nataliciante, com votos de permanente alegrias.

Sociais

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Paulo César Teixeira e Eliane Lúcia Yunes (16); Dorotéia Queiroz Ventura (17); Edgard de Almeida e João Maria Braune (18); Messias de Moraes Teixeira e José Luiz Longo (19); Aloysio Martins Yaggi (20); Carolina Polo de Castro Nunes e Ricardo Ventura El-Jaick (21). 

 

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Edição de 15 e 16 de agosto de 1970
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Trancada, mas ativa

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Para pensar:
"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.”
John Dewey

Para refletir:
“Sem um fim social o saber será a maior das futilidades.”
Gilberto Freyre

Trancada, mas ativa

Pauta trancada igual a Câmara parada?

Não, não necessariamente.

Para pensar:
"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.”
John Dewey

Para refletir:
“Sem um fim social o saber será a maior das futilidades.”
Gilberto Freyre

Trancada, mas ativa

Pauta trancada igual a Câmara parada?

Não, não necessariamente.

A coluna de hoje traz justamente algumas ações legislativas ocorridas enquanto cumprem-se os trâmites para que as contas de 2018 da prefeitura possam ser apreciadas, e a pauta venha a ser destrancada.

Posicionamento

A começar pelo conteúdo de ofício endereçado nesta quinta-feira, 13, ao prefeito Renato Bravo, com cópias remetidas para MPF, MPT, MPRJ e TCE-RJ, e que marca o início das ações em resposta ao não comparecimento do procurador-geral do município e outras duas servidoras à convocação para prestar esclarecimentos sobre controversas incorporações salariais no âmbito na prefeitura.

Cobrança

O documento, redigido pelo vereador Professor Pierre, e que no momento em que estas linhas eram escritas havia sido assinado por 15 dos 21 parlamentares (Carlinhos do Kiko, Nazareth Catharina, Norival, Joelson do Pote, Alexandre Cruz, Vanderleia Abrace Essa Ideia, Cascão, Johnny Maycon, Wellington Moreira, Marcinho Alves, Sérgio Louback, Zezinho do Caminhão, Luiz Carlos Neves e Isaque Demani, além do próprio Pierre), cobra do prefeito a tomada de medidas frente ao que define como “grave afronta aos Poderes e aos princípios da administração pública”.

Judiciário

“É inadmissível em pleno regime republicano a existência de atos praticados por agentes públicos, no seio do Poder Executivo, que afrontem o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, em clara violação à harmonia prevista no artigo 2º da Constituição Federal, a qual pressupõe respeito. A começar pelo Poder Judiciário, que fora inicialmente desrespeitado, não é tolerável que a coisa julgada seja ignorada e burlada no âmbito do Poder Executivo, sobretudo quando essa violação, em ação gravíssima, decorre de decisão administrativa para beneficiar interesses restritos em detrimento da supremacia da instância judicial e, conseguintemente, da indisponibilidade e supremacia do interesse público.”

O parágrafo se refere, naturalmente, à decisão administrativa de conceder a incorporação salarial em casos nos quais a Justiça já havia se posicionado de maneira contrária.

Legislativo

“Foi nesse sentido que, quando da apuração de fatos vinculados ao desrespeito à coisa julgada, ou seja, ao Poder Judiciário, mesmos agentes públicos ofenderam o Poder Legislativo ao não comparecerem à convocação deste órgão em 3 de agosto de 2020, aprovada, inclusive, pela unanimidade de seus membros. Agentes públicos municipais – procurador-geral do município, subsecretária de Recursos Humanos e gerente do Fundo Municipal de Previdência – apresentaram, por meio de manifestações escritas, justificativas tíbias para esquivarem-se de esclarecer as condutas adotadas em processos de incorporação que seriamente feriram a coisa julgada.“

Controle externo

“Ademais, indispor diretamente um órgão de controle externo afeta, de forma reflexa, os demais de mesmo escopo, como o Ministério Público e o Tribunal de Contas. A não sujeição aos atos de controle externo, observados os termos legais, constitui-se em ação grave contra o princípio republicano, mesmo porque, como se não bastasse, além do desrespeito identificado, já tem havido retenção de informações públicas, quando estas deveriam, conforme apregoa a lei, ser e estar dispostas aos órgãos de fiscalização e à sociedade, à luz dos princípios da publicidade e da transparência pública. (...) Tais condutas (...) não podem ser admitidas como fato irrelevante. Não se quedará o Poder Legislativo, ainda que por meio de representantes, de tomar as medidas de seu alcance para fazer extirpar esse tipo de comportamento típico do regime moderador.”

Esclarecimentos

Entre os esclarecimentos aos quais a convocação se prestava o ofício fala em “incorporações potencialmente ilegais aos vencimentos de servidores públicos, atos torpes que revelam fortes indícios de fraude em processo administrativo e de documentos; que aventam práticas de advocacia administrativa, em meio a propenso cenário de prevaricação processual, em que se violam princípios constitucionais e leis, para obtenção de vantagens ilícitas”, acrescentando que tais situações “não poderão passar impunes pelas autoridades e muito menos poderão ser minimizados pelo Poder de onde derivaram”.

Requisições

Nesse sentido, requer-se: 1) Imediata abertura de processo administrativo disciplinar em face de todos os servidores envolvidos nas referidas incorporações indevidas, via administrativa; 2) Imediato afastamento preventivo dos investigados, até conclusão do referido PAD; 3) Imediata exoneração do procurador-geral do município, uma vez que o mesmo (...) cometeu erro grosseiro ao proferir parecer favorável a incorporações administrativas e, principalmente, violando a coisa julgada das decisões judiciais federais que indeferiram a incorporação de três servidoras, induzindo, consequentemente, o chefe do Executivo ao erro, ratificando o deferimento de pagamento, o qual, inclusive, não apresentou qualquer cálculo de impacto orçamentário em razão da despesa contínua, tendo em vista a imediata implementação na folha de pagamento.”

Segue

“4) Declaração de suspeição da Comissão de Revisão Administrativa, considerando que servidores envolvidos integram o respectivo colegiado; 5) Declaração de suspeição dos servidores envolvidos no âmbito do Grupo de Trabalho relativo aos TACs firmados com o MPU e MPRJ; 6) O deferimento da imediata anulação dos atos administrativos que concederam as referidas incorporações, considerando o significativo valor de dano já quantificado, que neste momento, em primeira análise, orbita na ordem de R$ 207.817,05, (...) fazendo cessar a ilegalidade cometida por todos os agentes acima e evitando mais dano ao erário; 7) Imediata abertura de procedimento, a fim de apurar dano ao erário e seus responsáveis.”

Prazo

“Ademais, aguardar-se-á a manifestação de V. Ex.ª, em prazo não superior a 48 horas, às gritantes situações identificadas, para se mensurar o alcance das medidas que serão encaminhadas aos demais órgãos de controle externo. Ressalta-se, por fim, que a manutenção de ato administrativo que mantenha e consolide o desrespeito à legalidade e à coisa julgada é decisão altamente temerária e atentatória aos princípios constitucionais e à instância judicial. Portanto, o ato precisa ser revisto e anulado.”

Curioso

Naturalmente, o grau de envolvimento do prefeito em todo este episódio será afetado pelo que fizer (ou não fizer) diante deste posicionamento da maioria do Legislativo.

Por sinal, não deixa de ser curioso que todos os 21 vereadores tenham aprovado a convocação, mas seis assinaturas não constem no documento. 

Testes de Covid

Mudando de assunto, mas permanecendo na Câmara Municipal, o vereador Joelson do Pote elaborou requerimento de informações sobre a antecipação da devolução de recursos no valor de R$ 500 mil, feita pela Câmara Municipal de Nova Friburgo no dia 25/06/2020, para a compra de testes da Covid-19.

A coluna reproduz abaixo o teor das perguntas, e não consegue imaginar qualquer justificativa para que não sejam aprovadas pelo plenário, e respondidas de forma rápida e satisfatória por parte do Executivo.

Direto ao ponto

Por que o Executivo ainda não assumiu formalmente o compromisso de investir os recursos na compra de testes?

Qual a previsão para que assuma este compromisso?

Existe planejamento para a utilização dos recursos?

Existe estimativa de quantos testes pretende adquirir?

Existe a possibilidade de recusa em relação a assumir este compromisso? Se sim, qual a justificativa?

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Sobre estudar...

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Um conselho recorrente que costumo dar ao longo da vida é muito simples e verdadeiro ao mesmo tempo: estude. Naturalmente, vivemos em um país absolutamente desigual sem oportunidades para todos. Isso faz com que o acesso à educação de qualidade, infelizmente, não seja privilégio de todos. Mas meu ponto é outro e ele parte do esforço pessoal, do espírito de busca, da vontade de aprender e do objetivo de construção de algo melhor para si próprio, para os outros, para o planeta.

Um conselho recorrente que costumo dar ao longo da vida é muito simples e verdadeiro ao mesmo tempo: estude. Naturalmente, vivemos em um país absolutamente desigual sem oportunidades para todos. Isso faz com que o acesso à educação de qualidade, infelizmente, não seja privilégio de todos. Mas meu ponto é outro e ele parte do esforço pessoal, do espírito de busca, da vontade de aprender e do objetivo de construção de algo melhor para si próprio, para os outros, para o planeta.

Como professora, por exemplo, aconselho os alunos a estudarem. Isso já se tornou uma prática rotineira, quase lugar comum. Mas vai além disso. Aconselho por amor, pois acredito verdadeiramente que por meio dos estudos damos passos mais largos em rumo a algo que tende a ser melhor. É justamente renunciando tempo e energia dispendido com algumas outras atividades para focar em nossa qualificação e aprendizado, que organizamos de forma correta cada tijolinho de nossa pirâmide de conhecimento.

Conhecimento sólido não conquistamos da noite para o dia. Demanda tempo, dia após dia, leitura, diálogo, métodos de estudos. Requer paciência, motivação, empenho, organização e principalmente, vontade. Não me refiro, neste ponto, ao dia a dia de salas de aulas em escolas, cursos e universidades. Quero falar sobre o esforço pessoal em estudar aonde estiver, em qual circunstância for, como prioridade para o crescimento pessoal e profissional. Refiro-me à leitura, à conscientização responsável, à busca por boas fontes, à construção da capacidade de debate civilizado, à críticas construtivas.

A verdade é que o conhecimento de alguma maneira segue o fluxo de dentro para fora e não o inverso. Nós é que precisamos verificar dentro da realidade única que cada um temos, qual será nosso investimento em algo que apesar de abstrato, é absolutamente valioso, intransponível e irrenunciável: o conhecimento adquirido por meio do estudo ao longo dos anos.

Ao nos depararmos com uma sociedade desigual, com ênfase em fake news, com desprestigío da ciência e da técnica, com incapacidade de diálogo, com dificuldades de apontamentos de soluções e alternativas, creio que seja um sinal claro para que continuemos estudando e incentivando pessoas a fazê-lo não só em benefício próprio e de suas conquistas que certamente advirão por meio dos estudos, mas também por nossa sociedade, pelo presente e futuro da humanidade.

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Por que os cortes na taxa Selic?

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

A tendência é global, mas a pandemia do coronavírus reforçou ainda mais a necessidade de bancos centrais – ao redor do mundo – cortarem seus juros básicos. A deflação é realidade em grande parte do mundo e no Brasil não é diferente; com menos consumo, a demanda cai e a oferta precisa se reajustar: se ninguém compra, os preços caem. É por isso que as instituições responsáveis pela manutenção das políticas monetárias se comprometem com o índice de meta de inflação; no nosso caso, a Meta Selic.

A tendência é global, mas a pandemia do coronavírus reforçou ainda mais a necessidade de bancos centrais – ao redor do mundo – cortarem seus juros básicos. A deflação é realidade em grande parte do mundo e no Brasil não é diferente; com menos consumo, a demanda cai e a oferta precisa se reajustar: se ninguém compra, os preços caem. É por isso que as instituições responsáveis pela manutenção das políticas monetárias se comprometem com o índice de meta de inflação; no nosso caso, a Meta Selic.

Teoricamente (e sim, até que funciona na prática), quando a Selic baixa, as instituições financeiras se veem na necessidade de diminuir o volume de investimentos em títulos públicos e focar suas operações em crédito aos seus clientes. Quando isso ocorre, as taxas de juros nos produtos de crédito são reduzidas, o consumo volta a ser incentivado e o ciclo econômico tende a se estabilizar. Pessoas físicas sem a necessidade de crédito, por sua vez, precisam encontrar novas formas de rentabilizar seu patrimônio e a alternativa passa a ser o investimento na cadeia produtiva: ativos negociados em mercado de bolsa.

Explicação longa, não é mesmo? Talvez a releitura talvez seja um bom método para destrinchar o conteúdo e entender quais são os propósitos por trás da decisão do Banco Central do Brasil ao anunciar, no último dia 5, a nova taxa da Meta Selic em 2,00% ao ano. Desde 2016, quando esta ainda estava em 14,25% ao ano, o Conselho de Política Monetária (Copom) vem cortando – sem nenhum momento de correção – juros e lançando mão de um recurso importante demais para não colher bons frutos.

 Analisando os períodos econômicos da história recente do Brasil, passamos por dois anos (2015 e 2016) de recessão e juros crescentes; ainda em 2016, a Meta Selic passou pelas primeiras reduções, mas só a partir de 2017 a nossa economia voltou a crescer – apesar dos pequenos superávits. Será que o povo sentiu esse ânimo econômico? Chegamos ao ponto mais doloroso deste tema (pelo menos para mim enquanto escrevo).

 Em 2015, com Selic alta e no auge da recessão mais recente não se esperava taxas baixas ao incentivo do crédito; a população endividada no país representava, de acordo com o Banco Central, 46,3% e era a maior taxa desde 2005. Em 2019, com Selic reduzida e prestes a fechar o terceiro ano consecutivo de expansão econômica, o índice de endividamento chegava a 63,4% e não para de aumentar. Hoje, em meio a realidade nunca vivenciada pelas gerações contemporâneas, o número de famílias endividadas chegou a 66,6% em abril. É assustador!

Educação financeira é isso; saber como a economia real interfere nas suas finanças pessoais. Vivemos num sistema econômico que tem deixado de fazer sentido a cada dia que passa. De nada adianta o mais bem elaborado projeto, se a população não recuperar seu poder de compra, o nome limpo e a qualidade de vida. Esse é o meu objetivo aqui: traduzir o sistema para a sua realidade. Não é fácil, exige estudo; e a cada texto escrito, busco esclarecer ainda mais a linguagem para tornar a educação financeira um conhecimento universal.

Estão nos deixando para trás e isso precisa mudar! Pense nisso!

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(P)Unir

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Para pensar:
"O verdadeiro desperdício nunca foi das coisas. É da vida.”
Vittorio Buttafava

Para refletir:
“Querer ser outra pessoa é um desperdício da pessoa que você é.”
Marilyn Monroe

(P)Unir

Para pensar:
"O verdadeiro desperdício nunca foi das coisas. É da vida.”
Vittorio Buttafava

Para refletir:
“Querer ser outra pessoa é um desperdício da pessoa que você é.”
Marilyn Monroe

(P)Unir

Em nossa edição de ontem, 12, a coluna afirmou que esperava já para os próximos dias novidades a respeito do controverso pagamento feito pela prefeitura ao Instituto Unir Saúde (ex-gestor da UPA de Conselheiro Paulino), em valor superior a R$ 5 milhões, após a própria organização social ter concordado que a transferência fosse feita diretamente aos ex-funcionários que aguardavam (e ainda aguardam) pelo pagamento de suas rescisões.

Pois bem, o embargo em relação a estas atualizações caiu mais rápido do que poderíamos imaginar.

Relembrando

O leitor habitual deve recordar que o episódio provocou a mobilização dos ex-funcionários da Unir, tanto mais quando estes começaram a receber propostas ultrajantes por parte de advogados da organização social que basicamente lhes ofereciam metade daquilo que, por direito, tinham a receber.

A coluna recebeu muitos pedidos de ajuda por parte destes profissionais, e na Câmara Municipal a questão acabou sendo fiscalizada pelo vereador Professor Pierre, redundando na operação legislativa batizada de Calabar, de conteúdo muito contundente.

Contramão

Pouco após a estranha decisão de efetuar o pagamento à Unir, e não diretamente aos credores, seguindo na contramão de parecer da própria Controladoria datado de 16 de janeiro e da própria organização social (!), que havia concordado com a transferência de recursos diretamente aos ex-funcionários, a prefeitura pediu o arresto dos mais de R$ 5 milhões para que fosse assegurado o pagamento das rescisões.

Arresto

De posse das informações reunidas pela operação Calabar, e a partir das apurações complementares que realizou, o Ministério Público do Trabalho, através da procuradora do Trabalho Isabella Gameiro da Silva, requereu que o arresto se desse por revelia, uma vez que a Unir não apresentou defesa.

E mais: que o valor arrestado seja mantido em juízo, para assegurar o pagamento aos funcionários o quanto antes.

Ação Civil Pública

Mais recentemente, no último dia 9 foi autuada uma ação civil pública no valor de R$ 10 milhões, tendo como reclamante o Ministério Público do Trabalho, e como reclamados o Instituto Unir Saúde e também o Município de Nova Friburgo, dada sua responsabilidade subsidiária.

Pois bem, nesta terça-feira, 11, o juiz do Trabalho substituto Luís Guilherme Bueno Bonin extinguiu a ação cautelar que havia sido distribuída pelo município como forma de atenuar os efeitos da sua própria operação que muitos consideram ilegítima, unificando as demandas da questão trabalhista em torno da ação civil pública distribuída pelo Ministério Público.

Declarações

Esta é, de forma muito resumida, a ordem dos principais acontecimentos neste episódio.

Todavia, para que os leitores possam ter uma visão mais ampla do que se passa, e das tendências que se desenham, parece importante reproduzir algumas citações emblemáticas acumuladas ao longo dos acontecimentos.

A começar pelo parágrafo 27 da operação Calabar, reproduzido abaixo.

Aspas (1)

“Impressiona, atestar, em processo de fiscalização na sede do Poder Executivo, a movimentação da PGM para arrestar, por meio de pedido de medida cautelar de urgência ao Juízo Trabalhista, recursos em conta do Instituto Unir Saúde que a própria administração pública poderia ter retido e utilizado para sanar tamanho imbróglio. Isso, aliás, chega a soar esquizofrênico. Tanto que não é crível que os agentes públicos provocadores de todo esse rol de complexidades, que atenta diretamente contra os direitos trabalhistas, os trabalhadores e a própria municipalidade, encontrem no Poder Judiciário lenço para limpar-lhes a própria e desidiosa desfaçatez – o que seria um elogio à traição: Calabar −, pois estranhamente quiseram decidir pelo pagamento de R$ 5.200.845.57 diretamente ao Instituto, cientes de que esse estado de coisas, tal qual se encontra, poderia sobrevir, inclusive proporcionando inconsequente aumento à já robusta demanda do Poder Judiciário Trabalhista.”

Aspas (2)

Ao analisar o pedido de arresto à revelia, o juiz Luís Guilherme Bueno Bonin observou que o Município foi réu em ação de cobrança ajuizada em 29/11/2019, em trâmite na 3ª Vara Cível.

“Acontece que, diferentemente do que possa parecer, (...) constato que a Unir, em 8/04/2020, desistiu do processo, sendo proferida decisão homologando-a e extinguindo o processo sem resolução do mérito, uma vez que o feito sequer tinha sido contestado.

O Município requerente poderia ter celebrado acordo na citada ação de cobrança para extinguir o processo com resolução do mérito, porém, preferiu realizá-lo extrajudicialmente, efetuando a transferência de quase R$ 5 milhões no dia 23/03/2020. Certamente, caso efetuasse o pagamento do valor nos autos na ação de cobrança poderia, agora, estar se valendo daquele crédito para efetuarmos penhora, reserva de crédito ou outra medida que o valha. Mas não.”

Segue

“Quitou, friso, o valor extrajudicialmente e, nesse momento, pretende, pela tutela ajuizada, o arresto do mesmo valor. Na presente tutela, salvo entendimentos em contrário, a atitude do requerente na ação de cobrança é incompatível com deferimento do arresto pretendido.

Ciente das diversas reclamações trabalhistas em trâmite na cidade deveria ter efetuado o depósito dos valores que entendia devidos em cada processo, retendo-os e não repassando para a requerida.

Insisto. É curiosa, quiçá leviana, a conduta do Município de repassar em 8/04/2020 o valor milionário à Unir e, um mês e meio depois pretender o bloqueio do que pagou espontaneamente e sem chancela do Poder Judiciário para garantir eventuais execuções que possam ser redirecionadas ao Município pela condenação subsidiária.

Portanto, nos termos da fundamentação supra, entendo que o requerente não possui interesse no deferimento da tutela cautelar antecedente em ter o valor arrestado da requerida, razão pela qual julgo o processo extinto sem resolução do mérito na forma dos artigos 485, VI e 309, III do CPC.”

Aspas (3)

O Ministério Público do Trabalho, por sua vez, afirma que “A Unir, confessando a ilegalidade praticada em desfavor de seus ex-empregados que laboraram para o referido contrato de prestação de serviços com o Município de Nova Friburgo, juntou ao IC 59/2020 lista nominal dos trabalhadores que não receberam verbas rescisórias com discriminação de data de admissão, demissão e saldo rescisório. (...) As evidências colhidas no curso do procedimento investigatório demonstram, de forma irrefutável, que a Unir Saúde não efetuou o pagamento das verbas rescisórias dos seus empregados após o término do Contrato de Gestão 037/2014, embora tenha comprovadamente recebido dos cofres públicos a quantia de R$ 5.200.845,57.

Continua

“Não há que se falar que o ente público agiu com diligência na fiscalização do contrato, pois se assim tivesse ocorrido não se estaria pleiteando milhões de reais em verbas rescisórias consectárias do ato contratual firmado pelas partes. Ademais, a edilidade optou pelo depósito de DOC em oposição do parecer de sua própria contadoria, que, em 16/01/2020, se manifestou no sentido de que o pagamento fosse realizado diretamente aos credores do Instituto Unir

O tomador dos serviços, quando se depara com a dispensa em massa de trabalhadores terceirizados que lhe prestam serviços e com a sonegação de salários e verbas rescisórias, deve não só reter as faturas que eventualmente ainda estejam pendentes de liquidação, mas, também, disponibilizá-las para imediato pagamento, seja efetuando este pagamento diretamente aos empregados, e, caso se sinta inseguro para tanto, ajuizando ação para depositar em juízo os valores retidos e requerer a autorização judicial para efetuar a quitação.”

Desperdício

A coluna selecionou estes fragmentos, mas existem muitos outros capazes de enfatizar o reconhecimento do descalabro que vem sendo cometido contra os ex-funcionários do Instituto Unir, bem como as dificuldades para que seja possível compreender o posicionamento do Palácio Barão de Nova Friburgo no episódio, em meio a tantas razões e tanto respaldo para que tivesse atuado de maneira diversa.

Em resumo: o que tinha tudo para ter sido um golaço do governo municipal corre agora o risco de se tornar um problema de enormes consequências perante a Justiça.

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Presença libanesa na região

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Os libaneses vislumbraram na emigração uma alternativa para sair do jugo dos turco-otomanos. O seu destino principal foi a América. Tudo indica que o Brasil possui o maior número de imigrantes libaneses tendo chegado ao país no último quartel do século 19. Como viviam sob o domínio turco-otomano e seus passaportes expedidos por esse governo, a população os chamava de turcos, o “turco da lojinha”. Em Nova Friburgo libaneses e sírios se estabelecem no município no final daquele século.

Os libaneses vislumbraram na emigração uma alternativa para sair do jugo dos turco-otomanos. O seu destino principal foi a América. Tudo indica que o Brasil possui o maior número de imigrantes libaneses tendo chegado ao país no último quartel do século 19. Como viviam sob o domínio turco-otomano e seus passaportes expedidos por esse governo, a população os chamava de turcos, o “turco da lojinha”. Em Nova Friburgo libaneses e sírios se estabelecem no município no final daquele século. Depois de mascatearem se sedentarizaram. Eram quase a maioria dos lojistas na Rua Alberto Braune, a principal via de comércio da cidade.

De início, não havia especialização dos artigos e vendia-se de tudo em suas lojas, como foi o caso da Casa Libanesa. Os “turcos” de início tiveram problemas de adaptação em Nova Friburgo. O periódico O Friburguense, na matéria “Abuso”, de 21 de junho de 1903, fez críticas a estes imigrantes. Estabelecendo-se muitos deles na estação de trem do Rio Grande, hoje o distrito de Riograndina, os que ali mascateavam recusavam-se a pagar o imposto de profissão à Câmara Municipal.

Além do comércio ambulante, um deles possuiu um salão de bilhar. Morigerados, há referência de que emprestavam dinheiro a juros. A primeira forma de organização dos libaneses teve início em 19 de julho de 1919, quando foi criado o Centro Líbano-Friburguense com o intuito de irmanar os conterrâneos, prestar auxílio mútuo e promover a sociabilidade entre os seus pares. O cronista e articulista Arthur Guimarães que visitou Nova Friburgo no início do século 20 escreveu o livro intitulado “Um Inquérito Social em Nova Friburgo”.

Guimarães, referindo-se aos sírios e libaneses, nos informa que dominaram o comércio de fazendas, armarinhos e modas. “Eram muitas e todas afreguesadas às casas sírias na cidade. Devem expansão aos segredos de viver gastando o mínimo possível e suportando o máximo desconforto...” Em 1925, foi criado o Clube Sírio e Libanês substituindo o Centro Líbano-Friburguense. Era localizado na Praça Getúlio Vargas, promovia a sociabilidade entre os seus associados e notadamente atividades esportivas criando um time de futebol. A famosa vinheta "Brasil-sil-sil!" foi criada pelo libanês Edmo Zarife, nascido em Nova Friburgo, em 15 de dezembro de 1940. Zarife trabalhou por um período na Rádio Friburgo AM, sendo posteriormente contratado pela Rádio Globo. O radialista e locutor se tornou a voz-padrão de chamadas e vinhetas da empresa. 

O surgimento da vinheta "Brasil-sil-sil” interpretada por Edmo Zarife marcou as transmissões esportivas do Sistema Globo de Rádio e da Rede Globo de Televisão. Surgiu na época das eliminatórias da Copa do Mundo de 1970. Na ocasião, foi solicitado a Edmo Zarife elaborar um grito de guerra para incentivar a seleção brasileira. A direção da rádio ao ouvir "Brasil-sil-sil!" imediatamente selecionou essa frase. E assim nasceu a vinheta que atravessa vários jogos da Copa do Mundo e ouvida por muitas gerações até os dias de hoje.

Outro libanês que se destacou como comentarista esportivo em Nova Friburgo foi Rodolpho Abud. O nome da Rua Monte Líbano, no centro da cidade, foi provavelmente influência de um libanês. Conforme o levantamento realizado por Leyla Lopes são essas as famílias que se estabeleceram em Nova Friburgo. Abib, Abdo, Abicalil, Abdala, Abinasser, Abirachid, Adip, Abi-Râmia, Aboumurad, Abbud, Abrahão, Alcoury, Alexandre (Skandar), Ailmel, Amim, Assad, Assaf, Assef, Assum, Ayd, Auad, Aucar, Ayub, Aziz, Badin, Barucke, Boutros, Baduhy, Bedran, Bechara, Boechen, Boulos, Buaiz, Beyruth, Calil, Cannan, Carim, Chaloub, Cheade, Chible, Chicre, Chini, Chequer, Caled, Coury, Cury, Daher, Deccache, Dagfal, David, Derzi, Dib, Elias, Estefan, El-Jaick, Fadel, Farah, Feres, Ferreira (o nome original é Haddad, aquele que trabalha com o ferro), Francis, Gandur, Gastim, Gazé, Gazel, Gervásio, El-Haber, Harb, Gibran, Helayel, Haddad, Hissi, Ibrahim, Iunes, Jabour, Jamal, Jana, Japor, Jasbicke, Jorge, Kazan, Keidh, Jadah, Khaled, Kharan, Koury, Lopes (ou Lêpus), Mansur, Mattar, Miled, Miguel, Mussalém, Mussi, Marum, Nacif, Nader, Neder, Name, Namen, Nasser, Noé, Osório, Pedro(o mesmo que Boutros), Quinan, Rafidi, Râmia, Saad, Saade, Sada, Sader, Saleme, Salles, Salomão, Salim, Sarruf, Sayech, Suaid, Simão, Estefan, Santos(ou Acoubb), Tanis, Tanusse, Theme, Tupogi, Tanure, Zarife e Ziede.

Os libaneses também se estabeleceram em outros municípios das regiões Serrana e Centro-Norte fluminense. Em Cantagalo, por herança atávica não se dedicaram a agricultura abrindo estabelecimentos comerciais depois de trabalharem como mascates. Imigraram para esse município as famílias Farah, Nacif, Abrahão, Mansur, Richa, Daher, Fadel, Abi Ramia, Habib, Zarif, Elias, Miguel, Nara, Adib e Yunes. Já em Laranjais, distrito de Itaocara, imigraram as famílias libanesas Elias, Sarruf, Nacif e Nagib.

A Vila Elias Jorge representa como os libaneses foram bem-sucedidos na região. A camisaria El Jaick é o comércio mais antigo de Nova Friburgo, seguido da Casa Libanesa. Mas é a Casa Libanesa que mantém a tradição do comércio como os seus ancestrais, a típica “lojinha de turco”, um túnel do tempo. Atualmente a comunidade libanesa de Nova Friburgo se organiza em torno Associação Cultural Líbano-Friburguense que promove em datas comemorativas uma missa maronita, normalmente na capela de Santo Antônio, em português e em árabe. Fica neste artigo um preito em solidariedade as vítimas da tragédia ocorrida semana passada no Líbano, na região portuária da Beirute.

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    A camisaria El Jaick é o comércio mais antigo de Nova Friburgo (Acervo Fundação D. João VI)

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    A Vila Elias Jorge representa como os libaneses foram bem-sucedidos em Laranjais (Acervo pessoal).

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    Famílias sírias e libanesas que se estabeleceram em Nova Friburgo (Acervo Leyla Lopes)

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Recuperação emocional e espiritualidade

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Quando queremos a recuperação de vícios, impulsos destrutivos, hábitos não saudáveis, compulsões, precisamos evitar tudo o que facilita ou estimula estes comportamentos ruins para nossa saúde física, mental, espiritual e social. Devemos cortar pela raiz tudo o que conduz ao erro, sejam amizades destrutivas, substâncias ligadas ao nosso vício, fantasmas mentais, pensamento e atos corruptos.

Quando queremos a recuperação de vícios, impulsos destrutivos, hábitos não saudáveis, compulsões, precisamos evitar tudo o que facilita ou estimula estes comportamentos ruins para nossa saúde física, mental, espiritual e social. Devemos cortar pela raiz tudo o que conduz ao erro, sejam amizades destrutivas, substâncias ligadas ao nosso vício, fantasmas mentais, pensamento e atos corruptos. Estando impregnados quanto ao nosso objeto de dependência ou compulsão, nossas motivações se tornam tão mescladas entre o bom e o mau, entre o saudável e o insalubre, que a liberdade para escolher fica seriamente comprometida. Na hora da tentação nosso sim ou não, ou seja nossa escolha pode fazer toda a diferença.

Mas se realmente pretendemos ter uma capacidade livre para escolher a favor ou contra a verdade, a justiça, contra Deus, as escolhas que fazemos devem ser respostas amáveis ao chamado de Deus em amor, e não porque ele exige de forma ditatorial.

A parte mais dura da recuperação de qualquer compulsão ou vício é que ela requer de nós uma mudança. Podemos pensar na ideia de recuperação, podemos nos sentir inspirados ao ouvirmos ou ler histórias de recuperação, podemos estar convencidos de nossa necessidade de recuperação. Porém, estes e outros processos cognitivos são relativamente fáceis para nós. O desafio é que a prática da recuperação significa mudança, e mudar não é fácil. Tendemos a resistir à mudança. Podemos ficar com raiva e ter vergonha por ter que mudar. E podemos ter medo de não sermos capazes de mudar. Vivemos momentos em que dizemos a nós mesmos: “Não consigo! É difícil demais!”

Porém, mudar é também a parte mais estimulante da recuperação. Não necessitamos viver em escravidão à nossa dependência. Não precisamos fugir com medo nos relacionamentos, nem viver como se fossemos responsáveis pelo mundo. Podemos aprender a ter serenidade. Podemos encontrar liberdade. Podemos experienciar o amor. E pode aliviar se pensarmos que a recuperação não é uma competição.

A mudança é a parte mais difícil e maravilhosa do processo de recuperação. Ela nos coloca numa grande batalha interna a qual não é confortável. Porém, a capacidade de mudar é a chave para nossa esperança. Deus nos tem dado a habilidade para mudar e crescer. Ele nos chama para mudar, nos dá as perspectivas, disciplinas e o encorajamento que precisamos. Ele mesmo atua em nós, na medida em que permitimos e o convidamos, trabalha dentro de nós para nos fortalecer, curar e nos fazer novas criaturas.

Jesus foi tentado pelo diabo no deserto. Ele passou por três tipos de tentações que todos passamos na vida. O diabo esperava que Jesus cairia por se agarrar aos seus apegos ligados à satisfação de seus desejos. Esperava que ele iria se agarrar ao seu próprio poder como divindade, ou se apegaria às riquezas materiais do mundo. Assim como o diabo fez com Adão e Eva no Éden, passando a ideia de que eles poderiam vencer sem Deus, ele tentou Jesus com o mesmo engano.

É fácil pensar que Jesus venceu no deserto pelo que ele era, Deus encarnado. Pensar assim se torna difícil para nós nos identificarmos com ele. Mas ao pensarmos em sua humanidade, ao olharmos para ele como um homem real que tinha fome, sede, cansaço, então a maneira como ele respondeu ao diabo nos ensina muita coisa porque Jesus não usou sua natureza divina para vencer o maligno.

Primeiro, ele ficou firme, enfrentou a tentação. Segundo, ele agiu com força usando seu livre arbítrio com dignidade. Terceiro, ele não usou sua liberdade impulsivamente e nem respondeu ao diabo em seu conhecimento como divindade. Ele dependeu da palavra de Deus. Suas respostas foram citações da Bíblia daquela época, o Antigo Testamento.

Vícios, dependências, compulsões podem não ser vencidas pela vontade humana em si, nem por optar por entregar tudo à vontade divina. Ao invés disso, o poder da graça flui mais completamente quando a vontade humana escolhe agir em harmonia com a vontade divina. Isto significa estar disposto a confrontar a situação como ela é, permanecer responsável pelas escolhas que fazemos em resposta às tentações, mas ao mesmo tempo nos voltarmos à graça, proteção e guia de Deus como fundamento para nossas escolhas e comportamento.

Pode ocorrer que na medida em que as tentações antigas diminuem em nossa recuperação, podem existir a tendência de reconstruir nossa vontade própria e nossa centralização no eu, fazer do nosso jeito. Na oração do Pai Nosso há uma parte que diz: “Não nos deixe cair em tentação” justamente porque existe o perigo de escorregarmos e cair. Precisamos viver num mundo cheio de estresse, assim não devemos fugir ou nos esconder, mas procurar a ajuda que precisamos, pedindo a Deus para nos dar uma saída de circunstâncias as quais ainda não estamos hábeis para lidar com elas. Fonte: Recovery Devotional Bible, Zondervan, 1993.

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