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Que semana!

sábado, 29 de agosto de 2020

Para pensar:
"O criminoso, no momento em que pratica o seu crime, é sempre um doente.”
Fiódor Dostoiévski

Para refletir:
“A suspeita sempre persegue a consciência culpada; o ladrão vê em cada sombra um policial.”
William Shakespeare

Que semana!

Senhoras e senhores, que semana, hein?

Para pensar:
"O criminoso, no momento em que pratica o seu crime, é sempre um doente.”
Fiódor Dostoiévski


Para refletir:
“A suspeita sempre persegue a consciência culpada; o ladrão vê em cada sombra um policial.”
William Shakespeare

Que semana!

Senhoras e senhores, que semana, hein?

Já faz alguns dias, por exemplo, que temos a intenção de informar que, após incompreensível demora, o Executivo municipal finalmente assumiu o compromisso de investir os R$ 500 mil que a Câmara de Vereadores se propôs a devolver de maneira antecipada no combate à Covid-19 em nosso território.

Proposta aceita

A proposta apresentada pelo governo foi a da compra de quatro mil testes de imunofluorescência qualitativo (positivo/negativo) e diferencial de anticorpos IgG/IgM ao custo de R$ 356 mil, fornecidos pela Enzipharma Produtos Médicos e Laboratoriais.

E, com os R$ 144 mil restantes, realizar a compra de teste para pesquisa do antígeno de Covid-19 específico para núcleo proteína do Sars-Cov2 por imunofluorescência com swab para coleta nasofaringe.

O Legislativo naturalmente concordou com a proposta, e os trâmites já estão sendo levados adiante.

Trincheiras

Também já faz alguns dias que a coluna vem aguardando por espaço para poder registrar que o novo coronavírus não está fazendo estragos apenas junto aos profissionais lotados em hospitais e unidades de Saúde, mas também na própria sede administrativa da Secretaria Municipal de Saúde.

Alguns casos foram registrados por lá recentemente, motivando medidas de higienização, proteção e monitoramento.

E é em respeito a todas estas pessoas que a coluna mais uma vez pede aos leitores que levem a sério a Covid-19 e façam suas respectivas partes neste esforço de enfrentamento.

Avalanche

Parece oportuno começar por essas notinhas factuais, porque se não for desse jeito acabamos sendo totalmente pautados por esta avalanche de acontecimentos que, apenas nesta semana, nos confrontou com a licitação deserta do transporte coletivo, as reviravoltas judiciais que sustentaram a apreciação e a rejeição das contas de 2018 da prefeitura, o afastamento do governador Wilson Witzel por 180 dias e a retomada da tramitação de seu processo de impeachment, a insegurança jurídica em torno de integrantes da linha de sucessão do governo estadual e por aí vai...

Atalho fácil

A esse respeito, antes que dediquemos a devida atenção à bomba do dia, cabe enfatizar mais uma vez o risco de se deixar levar pelos apelos para transferência emocional de votos, como se a questão mais importante para nosso governo municipal fosse estar alinhado, ser indiferente ou oposição ao governo federal.

De fato, tem muita gente tentando “federalizar” a corrida eleitoral friburguense, da mesma forma como foi feito dois anos atrás com relação a governadores, com resultados muitas vezes frustrantes, embora previsíveis.

Esperado

E para quem achou que a semana já havia esgotado seus assuntos, eis que na noite de quinta-feira, 27, poucas horas após a Câmara Municipal rejeitar as contas do prefeito Renato Bravo relativas ao exercício de 2018, a juíza Fernanda Telles, da 2ª Vara Cível, concedeu liminar suspendendo, com efeitos imediatos, o polêmico contrato 163/2019, de valor próximo a R$ 47 milhões, para serviços de iluminação pública com vigência para os próximos quatro anos, podendo chegar a cinco.

A decisão, com vigência imediata, se pautou na inicial da ação popular e acompanhou entendimento manifestado previamente pela promotora Claudia Condack, do Ministério Público Estadual.

Questão de tempo

A VOZ DA SERRA publica na página 3 desta edição reportagem detalhada sobre o caso, de modo que à coluna não cabe repetir tais informações.

Basta, por ora, recomendar a leitura da matéria e dividir com os leitores que há tempos a coluna vem acompanhando o desenrolar dos fatos, que não foram divulgados anteriormente apenas em respeito aos embargos necessários ao bom andamento dos processos investigativos.

Veio pronto?

A coluna, no entanto, se permite enfatizar apenas um ponto específico, não apenas por se tratar de uma reincidência mas pelo tanto que diz muito sobre o tipo de coisa que tem se passado em nossa cidade nos últimos anos.

Acredite o leitor que durante a fiscalização, junto aos documentos e arquivos que foram disponibilizados ao vereador Professor Pierre por um servidor municipal, veio junto um documento em word que evidenciou que o nome do autor da minuta contratual não era pessoa vinculada, ou ao menos conhecida, da Procuradoria Geral do Município, mas sim o nome da testemunha da empresa interessada no serviço, que assinara o contrato nesta condição.

Praxe?

A testemunha, segundo pesquisas externas realizadas pelo vereador, é um grande empresário do ramo de iluminação por LED que modernizou o sistema de iluminação Pública do município de Atibaia, em São Paulo. 

A suspeita, assim, é a de que o contrato tenha sido formulado pela própria empresa interessada e não pela prefeitura.

Inclusive porque, como dissemos, não é a primeira vez que esta situação se observa na atual gestão.

Explicação devida

Desnecessário sublinhar que esta é uma suspeita seríssima, tanto mais quando envolve o maior dos contratos municipais.

E, infelizmente, tanto neste caso quanto nas vezes anteriores em que isso se observou, a autoria externa dos respectivos documentos parece sim estar caracterizada.

Em vez de repetir automaticamente que toda a resistência que sofre é de natureza política, o atual governo municipal faria muito melhor se cuidasse de explicar este tipo de situação.

Trata-se, afinal, de uma satisfação muito necessária.

Onda de choque

A ação popular em questão, portanto, ainda que tenha por objeto o serviço de iluminação, tem claro potencial para repercutir de maneira muito mais abrangente.

Inclusive, quiçá dando materialidade à observação feita pelo desembargador Eduardo Gusmão Alves de Brito Neto, da 16ª Câmara Cível do TJ-RJ, quando, ao tratar da ação de improbidade movida pelo governo municipal contra o vereador Professor Pierre, afirmou que “se vislumbra improbidade que não parece ser do réu da ação.”

Pois é.

Reconhecimento

Cabe reconhecer, por fim, a celeridade e a precisão das manifestações da promotora Claudia Condack, por parte do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro; e da juíza Fernanda Telles, por parte da 2ª Vara Cível, diante das informações apuradas, e que o leitor pode conferir nesta edição.

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Falta de interesse pelas eleições de novembro. Será que vai esquentar?

sábado, 29 de agosto de 2020

Edição de 22 e 23 de agosto de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchete:

Edição de 22 e 23 de agosto de 1970
Pesquisado por Fernando Moreira

Manchete:

  • Eleições 1970 - Vai esquentar? - Os meios políticos estão surpreendidos com a falta de interesse que se observa por parte dos candidatos à cargos eletivos no pleito de novembro próximo. Evidentemente que várias medidas constantes da legislação eleitoral contribuem  para a mencionada apatia, mas a razão reside na falta de motivação dos candidatos das eleições gerais deste ano, devido a instabilidade política na maioria dos municípios. A prática eleitoral não enseja maior animação, e assim, lamentavelmente, poucos são os que se atiram à luta democrática das urnas, engrandecedora das comunidades e enobrecedora dos que dela participam. É desejável que, contrastando com o que vem acontecendo com os candidatos, o povo, tenha reação diversa, “esquentando” o ambiente e dando lições democráticas através das urnas.
  • Obras da Praça do Suspiro - Estão em ritmo acelerado as obras da praça que a administração de Amâncio Azevedo resolveu transformar num dos mais atraentes recantos da cidade. Importantes obras e serviços estão sendo ultimados no pitoresco largo que circunda a Igreja de Santo Antônio, onde também está engastada a tradicional Fonte do Suspiro, tão decantada pelos poetas.
  • Recursos para o agricultor - O Banco do Brasil e o Banco Central estão inteiramente integrados na campanha de incentivo à agricultura que o Governo acaba de lançar. Os presidentes das duas entidades de crédito, Nestor Jost e Ernâne Galvêas, já anunciaram, inclusive, que não haverá limite de recursos. O Governo aplicará o que for necessário para aumentar a produção.
  • 562 mil contratos - Atendendo a determinação do presidente Emílio Garrastazu Médici, o governo está decidido a aumentar as facilidades para que, neste ano, o número de lavradores que recebam financiamento do Banco do Brasil seja ainda maior do que do ano passado, quando já foi assinado mais de meio milhão de contratos. Revelou o Banco do Brasil que o número de financiamentos rurais concedidos no ano passado foi de 562 mil, atingindo 3 trilhões e 32 bilhões de cruzeiros novos, um aumento de 50% sobre a quantia empregada para financiar a agricultura em 1968 e quase três vezes o montante dos financiamentos de 1966. 
  • Simplificação - O Banco do Brasil, que já vinha dispensando várias exigências, está simplificando o atendimento do lavrador, deixando de exigir uma série de certidões, eliminando burocracia e até mesmo controles de garantia, para tornar mais efetiva sua participação na campanha de aumento da produção. Em muitas agências do Banco do Brasil, no interior, os lavradores já obtém o financiamento no mesmo dia em que é feito o pedido. Além disto, a nota e a cédula rural estão sendo revistas para tornar-se ainda mais fácil o crédito ao agricultor.
  • Previdência Social - A superintendência do INPS do Estado do Rio, através da Coordenação do Bem Estar, realizou em Friburgo um curso de Interpretação da Previdência Social, o 15° neste Estado. Mais de 150 representantes de empresas e associações de classe recceberam certificados. 
  • Festa Internacional da Cerveja - O Caledônia Montanha Clube vai realizar, em setembro, a Festa Internacional da Cerveja com diversas atrações, abrilhantadas por Lafayette e seu Conjunto, The New Troubles e pela Banda Bibarrense 2001. Ornamentações a cargo da cervejaria "Scholl", iluminação especializada; fogos de artificio; chope da mais alta qualidade servido em artísticos canecos da fina cerâmica. Será uma noite de encantamento.

Pílulas:

  • O Tiro de Guerra organizou com o patrocínio da Prefeitura, marcaNtes solenidades no Dia do Soldado (25 de agosto). Somos apologistas do desenvolvimento intensivo do espírito de civismo, despertando cada vez mais o respeito e o amor pela nossa pátria. Batemos palmas ao apoio que os governos estadual e municipal deram às solenidades cívicas que culminarão com o grande desfile de 7 de setembro. As recomendações das autoridades civis e militares federais foram cumpridas e bastante ampliadas.

Sociais:

  • A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Jader Lugon Júnior (29); Júlio César Souza, João Batista Araújo Moreira, Vitório Cariello e Caetano Batista Nicolau (30); Nelson Augusto Spinelli, Américo Ventura Neto e Edelberto Gripp (31); Moysés Moraes, Berta Henze, Marina Marques e Maria Marfisa de Sá (1º de setembro); Luiz Gonzaga Laginestra, Vânio Reis, Leila Lopes, Denise Maria Oliveira, José Henrique Mesquita, Tânia Segal e Mário Dutra de Castro (2 de setembro); Hilton Willemen Rosa, Renato Bravo, Coaracy Flores e Ivelise Braune (3 de setembro); Epaminondas de Moraes e Davis Tendler (4 de setembro).

 

Foto da galeria
Edição de 22 e 23 de agosto de 1970
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Inevitável

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Para pensar:
"Podemos escolher o que plantar, mas somos obrigados a colher o que semeamos.”
Provérbio chinês

Para refletir:
“Você só colheria os frutos que não plantou no pomar alheio. Isso seria roubo. Plante, regue, cuide e colha os seus frutos..”
Givas Demore

Inevitável

Não foi tranquilo, e dentro do contexto em que se deu, não poderia mesmo ser.

Para pensar:
"Podemos escolher o que plantar, mas somos obrigados a colher o que semeamos.”
Provérbio chinês

Para refletir:
“Você só colheria os frutos que não plantou no pomar alheio. Isso seria roubo. Plante, regue, cuide e colha os seus frutos..”
Givas Demore

Inevitável

Não foi tranquilo, e dentro do contexto em que se deu, não poderia mesmo ser.

Mas no fim, depois de muitos capítulos dignos de uma novela da escola mexicana, as contas de 2018 da Prefeitura de Nova Friburgo foram rejeitadas pelo plenário da Câmara Municipal, por 17 votos a 3.

Era inevitável, e mesmo o governo tinha ciência disso.

Contexto

Os fatos, os leitores já conhecem.

As consequências, também: se o prefeito Renato Bravo vier a se candidatar à reeleição, o fará sob liminar.

O contexto, no entanto, deve merecer nossa atenção, porque foi bastante rico e revelador.

Episódios como este, afinal de contas, fatalmente expõem aquelas sombras que muitos políticos tanto se esforçam por esconder.

Última tentativa

Enquanto muitos suspeitavam que havia representantes do governo tentando obter uma liminar de última hora através de fontes desconhecedoras do que efetivamente se passa por aqui, ou eventualmente abertas a este tipo de solicitação, a bancada governista tentou um último esforço para adiar a votação quando o líder de governo, vereador Christiano Huguenin, questionou se houve oitiva ou manifestação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a respeito do caminho percorrido pela matéria até chegar ao plenário.

A questão, todavia, não iria prosperar diante de todas as manifestações recentes da Justiça, todas as oportunidades desperdiçadas de defesa, e da própria determinação constitucional para que a Casa Legislativa julgue as contas do Executivo.

E assim o jogo seguiu, para angústia de muitos parlamentares.

Grupos

Entre os 21 vereadores, alguns grupos estavam bem definidos.

Os fiscalizadores, sem participação no governo - como todos, por sinal, deveriam ser - não tinham qualquer embaraço e puderam se posicionar livremente, de acordo com as próprias consciências.

Logo a seguir, nessa gradação rumo ao comprometimento absoluto, havia uns poucos vereadores que chegaram a caminhar com o governo durante alguns anos, mas cujos laços se perderam com a proximidade da corrida eleitoral. Estes também estavam livres de pressões.

Grupos (2)

E havia, por fim, a ala daqueles que geralmente fazem jogo duplo, falam sobre isenção e independência apesar de estarem amarrados, mas geralmente não hesitam em trair acordos em nome de interesses eleitorais.

Havia, neste grupo, uma subdivisão clara: há os vereadores que guardam segredos que lhes asseguram alguma independência, e há aqueles que dependem do governo inclusive partidariamente, a fim de que obtenham os registros para que possam se candidatar a mais um mandato.

E essa divisão evidentemente se fez notar ao longo da sessão.

Caminhos

Dos 21 vereadores, apenas quatro não votaram pela rejeição das contas da prefeitura.

Três deles são do mesmo partido do prefeito, e o outro, Nami Nassif, não tomou parte na sessão sob alegação de estar com Covid, mesmo havendo a possibilidade da participação remota.

Um posicionamento, por sinal, que deve merecer explicações no momento devido.

Sem muita diferença

A postura dos três vereadores que votaram pela aprovação das contas, Alcir Fonseca, Vanderléia Lima e Luiz Carlos Neves, acabou sendo largamente criticada nas redes sociais, mas a coluna se permite não tomar esse caminho.

Ao menos não pelo voto em si, embora as justificativas possam sim ser questionadas.

Porque há, entre os que votaram contra as contas, alguns que simplesmente “abandonaram o barco”, que pensaram nas próprias carreiras, virando as costas a acordos e parcerias que já não podem mais apagar ou esconder, e que lhes foram muito convenientes até aqui.

Dava para defender?

A questão fundamental é a seguinte: teria sido possível fazer uma defesa técnica em relação às contas da prefeitura?

Pergunta difícil, pois os argumentos em contrário eram e são muito sólidos.

Não apenas por todos os avisos que foram dados já nas contas de 2017, ou pela ciência de que o remanejamento estava ultrapassando em muitos milhões o teto estipulado pela LOA (Lei Orçamentária Anual), mas também pela dívida multimilionária acumulada junto ao Regime Geral de Previdência Social, apontado como irregularidade pelo Ministério Público Especial.

Sem substância

Mas, ainda assim, se alguém estivesse disposto a considerar determinados fatores externos em suas argumentações, e apelasse a considerações de naturezas mais abrangentes, talvez fosse possível justificar minimamente, e com largas doses de boa vontade, um voto favorável às contas de 2018.

Infelizmente, no entanto, não foi o que aconteceu.

Em linhas gerais tomou-se o rumo fácil de alegar que o parecer do TCE-RJ “foi político”, sem a devida explicação a respeito de qual poderia ser o interesse político do TCE por aqui.

Vitimização

Na prática seguiu-se a mesma linha de defesa vista até aqui em todo este episódio, apoiada muito mais em teatralidade e sofismas, em acusações vazias, teorias conspiratórias, recusas, silêncios, vitimizações e uma indisfarçável crença no poder dos vícios do sistema.

Portanto, é muito mais pelos argumentos - ou pela falta deles - que a coluna questiona o posicionamento dos três vereadores, sem jamais se deixar enganar pela pusilanimidade de alguns outros que viram na rejeição das contas não um ato de Justiça, mas uma possibilidade de transparecer uma isenção e um distanciamento que jamais cultivaram.

Confirmando

De forma surpreendente, várias das numerosas pré-candidaturas a prefeito em Nova Friburgo começam a se consolidar, indicando que a corrida eleitoral deve ser mesmo muito congestionada.

Nesta quinta-feira, 27, o PSTU confirmou a realização de sua convenção na próxima segunda-feira, 31, na qual deve anunciar a composição de chapa composta por Hugo Moreno, pré-candidato a prefeito, e Acácio Hermann como pré-candidato a vice-prefeito.

Tendência

A coluna entende que o mesmo vem se passando em diversos outros partidos onde antes havia a possibilidade de junção com pré-candidaturas próximas.

Confirmações relacionadas às pré-candidaturas de Juvenal Condack (PSD) e Johnny Maycon (Republicanos) também parecem iminentes, e devem ser acompanhadas de muitas outras nos próximos dias.

Dentro do possível, tentaremos atualizar este cenário por aqui.

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Quem me dera

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O saudoso Renato Russo, imortalizou : ”Quem me dera ao menos uma vez, acreditar por um instante em tudo que existe. E acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes.” Quem me dera! Faço minhas as suas palavras...e sentimentos.

Quem diria que chegaríamos  no século 21 e tanta coisa permanecesse socialmente mal resolvida. Posso recordar, ainda que com vagos lampejos de lembrança, que havia na década de 1990 uma esperança turbinada por ocasião da virada do século. Um misto de medo, de desconfiança, de graça, de ilusão e bastante esperança. Quem se lembra?

O saudoso Renato Russo, imortalizou : ”Quem me dera ao menos uma vez, acreditar por um instante em tudo que existe. E acreditar que o mundo é perfeito e que todas as pessoas são felizes.” Quem me dera! Faço minhas as suas palavras...e sentimentos.

Quem diria que chegaríamos  no século 21 e tanta coisa permanecesse socialmente mal resolvida. Posso recordar, ainda que com vagos lampejos de lembrança, que havia na década de 1990 uma esperança turbinada por ocasião da virada do século. Um misto de medo, de desconfiança, de graça, de ilusão e bastante esperança. Quem se lembra?

Havia uma profecia de Nostradamus dando conta de que o mundo acabaria no dia 11 de agosto de 1999. Teve gente que acreditou. Mas o planeta não desintegrou e cá estamos nós enquanto Planeta Terra e Humanidade. Havia uma curiosidade se tudo continuaria igual com a virada do século. Havia uma postergação de compromissos para o ciclo seguinte, coisas importantes, projetos vindouros, investimentos, decisões que só seriam tomadas no século 21.

Pois já estamos em 2020. Sim, ano de dois mil e vinte! O futuro que chegou e cá estamos nós. Não andamos em carros que voam, não vivemos em cidades sustentáveis nem descobrimos a cura do câncer. E agora, José? Algo novo por vir?  Aguentamos ainda mais? Agora temos coronavÍrus, mais de 100 mil mortos no Brasil, milhões de pessoas doentes, ir e vir mitigado, medo de sair às ruas, índices de desemprego crescendo à galope, empresas sem fôlego, setores da economia aos gritos de socorro, bastiões da moral e dos bons costumes em polvorosa e nós aqui, sobrevivendo ao turbilhão.

Em pleno século 21 temos pessoas à porta de hospital para crucificar uma criança estuprada, homenagens à ditadura, milhares de doutores brasileiros sem emprego, a ciência, ontem desprestigiada, sendo clamada para apresentar soluções à maior crise sanitária do planeta, calçadas mais cheias de pessoas sem lares, corrida às vacinas, a violência doméstica se propalando, professores sendo agredidos por alunos e ameaçados pelos pais dos alunos, o Brasil liderando o ranking da involução com a legalização e o incentivo à utilização de agrotóxicos nos alimentos. Justamente quando o fomento à agricultura natural e orgânica está verdadeiramente se alastrando na mesma medida em que a consciência verde está à todo vapor.

O que deu errado? Estamos no século 21. Era para ter zerado o jogo, começado de novo, em outro patamar, um nível acima. Quantas gerações imaginaram tempos atrás sobre como estaríamos vivendo no século 21. Estaríamos convivendo com robôs? Teríamos alcançado a almejada paz no Oriente Médio? Conseguiríamos eliminar a fome no mundo? Teríamos inventado a máquina do tempo ao invés de perdemos tanto tempo com tanta coisa inútil?  Já pararam para refletir se os nossos antepassados estariam orgulhosos de nós, do que estamos fazendo com o planeta? De como estamos lidando com os demais seres? De como cuidamos do meio ambiente? Estamos sendo bons exemplos para as futuras gerações? Deixando um legado primoroso para nossos filhos e netos?

Vamos pensar sobre isso. Talvez dê tempo de pularmos de fase nesse jogo, conquistarmos territórios importantes, vencermos o mal no final de etapa para zerarmos essas batalhas há anos, décadas, séculos travadas. Estamos com o controle nas mãos ou somos os personagens do jogo? O que podemos fazer para vencer?

Quero, sinceramente, ao chegarmos no século que vem, ser poupada de fazer parte de uma geração destrutiva. Dá tempo. Vamos nos unir para fazer diferente o que poderia ser melhor. E será. A esperança continua viva, em pleno século 21.

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Reserva de emergência, você tem?

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Já ouviu falar sobre reserva de emergência? Garanto, quem tinha a sua está passando com tranquilidade pela crise.        Nos últimos meses, muita gente tem visto a verdadeira necessidade do porquê ter uma reserva de emergência e como esta pode manter seu padrão e qualidade de vida – mesmo em meio ao caos financeiro provocado pela atual crise global. Mas, então, o que constitui a reserva de emergência? Como calcular seu valor ideal? Onde alocar o capital poupado? Tudo isso você vai aprender aqui para poder começar a construir a sua o quanto antes.

Já ouviu falar sobre reserva de emergência? Garanto, quem tinha a sua está passando com tranquilidade pela crise.        Nos últimos meses, muita gente tem visto a verdadeira necessidade do porquê ter uma reserva de emergência e como esta pode manter seu padrão e qualidade de vida – mesmo em meio ao caos financeiro provocado pela atual crise global. Mas, então, o que constitui a reserva de emergência? Como calcular seu valor ideal? Onde alocar o capital poupado? Tudo isso você vai aprender aqui para poder começar a construir a sua o quanto antes.

Como o próprio nome já diz, não há como saber o momento e o motivo de resgatar parte ou a totalidade da reserva, afinal será uma emergência; e poderá variar de um problema familiar à uma pandemia originadora de crise financeira global. Mas guarde, já, uma informação muito importante: esta reserva também pode fazer parte de boas oportunidades que venham a aparecer no caminho.

O primeiro passo para começar a pensar na sua reserva, é conhecer a fundo suas finanças pessoais para chegar num valor médio e fidedigno (dedique um tempo ao estudo de suas finanças ou recorra ao auxílio profissional) de padrão de consumo mensal. Com o valor médio das despesas mensais em mãos, é hora colher outros dados: a segurança do seu emprego, acesso à auxílios de seguridade social e planos de seguro privado, a realidade pessoal de cada integrante familiar responsável pela participação da manutenção financeira doméstica, e alguns outros pontos mais singulares para cada pessoa – mas já não há a necessidade em me estender mais. Enfim, são esses dados, a base para concluir o segundo passo: por quantos meses você pensa em suprir suas despesas sem contar com nenhuma geração de renda? Reserva de emergência é isso, pensar em suprir necessidades extremas e considerar a geração nula de renda. A propósito, basta olharmos a realidade ao nosso redor.

Os especialistas em finanças pessoais costumam definir um padrão de seis meses como parâmetro para uma reserva de emergência. Contudo, como consultor financeiro, eu prefiro ampliar este parâmetro: dependendo da singularidade de cada pessoa e contexto familiar, o prazo de abrangência desta reserva pode variar de três a nove meses. Portanto, defina, dentro destes critérios, o tempo mais adequado à sua realidade. Somente no terceiro passo, você vai ser capaz de calcular o valor exato da sua reserva. Então vamos às contas:

  • 1º passo - valor médio de consumo mensal = R$ 3.500
  • 2º passo - tempo suprindo o consumo mensal = 5 meses
  • 3º passo - valor da reserva de emergência: R$ 17.500

Por último, e longe de ser menos importante, é fundamental saber onde alocar sua reserva. Opte sempre por produtos financeiros de alta liquidez (de preferência imediata ou D+1), com rentabilidade suficiente para suprir a inflação (rentabilidade alta não é o foco aqui) e baixa volatilidade (você não pode resgatar menos do que investiu para esta reserva). Para facilitar a interpretação, títulos públicos e fundos referenciados DI podem ser boas opções de alocação para a sua reserva de emergência. No futuro, você pode passar por outras crises; valerá a pena ter uma reserva à sua disposição. Pense nisso com carinho.

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Reviravoltas

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Para pensar:
"Um equívoco que te torne humilde é muito melhor que uma conquista que te torne arrogante.”
Autor desconhecido

Para refletir:
“Aquele que gosta de ser adulado é digno do adulador.”
William Shakespeare

Reviravoltas

Para pensar:
"Um equívoco que te torne humilde é muito melhor que uma conquista que te torne arrogante.”
Autor desconhecido

Para refletir:
“Aquele que gosta de ser adulado é digno do adulador.”
William Shakespeare

Reviravoltas

Uma semana atrás, quando pela última vez a coluna deu atenção à novela em torno da apreciação das contas de 2018 da prefeitura, o fez para contextualizar a suspensão da sessão ordinária do último dia 20, cuja ordem do dia previa a análise do Projeto de Decreto Legislativo 833 de 2020, de autoria da Comissão de Finanças, Orçamento, Tributação e Planejamento que “reprova as contas do exercício de 2018 do prefeito de Nova Friburgo”.

Pois é, de lá para cá, como a coluna havia previsto, muita coisa relevante aconteceu.

Resumo

Toda a ordem cronológica dos fatos pode (e deve) ser conferida em matéria específica sobre o tema que A VOZ DA SERRA publica na página 3 desta edição, de tal modo que não seremos redundantes aqui, bastando, para nossa análise, um breve resumo dos fatos.

O leitor deve se recordar que a sessão de quinta-feira passada havia sido suspensa sob a argumentação de que “há ação civil pública por improbidade, com pedido liminar de afastamento do vereador relator do processo de tomada de contas, ainda não decidido, e está com vista aberta ao Ministério Público para manifestação. É preciso definir, por razão de prejudicialidade, tal questão antes de que se realize qualquer ato no procedimento de tomada de contas sub judice”.

MPRJ (1)

O Ministério Público Estadual manifestou-se segunda-feira, dia 24, de forma contrária à argumentação do governo municipal.

Primeiro ponderando que “a medida postulada liminarmente pelo ente público municipal, nesta demanda, parece atender, neste momento processual, a interesse particular do chefe do Executivo, evidenciado no processo apensado e não ao interesse do ente municipal autor.”

MPRJ (2)

E depois opinando que “Contrariamente ao pleito de afastamento cautelar do réu da função de relator do processo de tomada de contas do Executivo Municipal relativas ao exercício de 2018, com consequente sustação da eficácia de todos os atos que praticou e vem praticando nesta condição, precisamente porque reputa que aludido pleito guarda estreita pertinência temática com a ação apensada, eis que o afastamento pretendido está condicionado ao exame de legalidade de atos que lá são questionados e se confunde com seu próprio mérito, restando ausentes, nestes autos, elementos de convicção suficientes para o exercício de cognição sumária.”

TJ-RJ (1)

Um dia depois foi a vez do desembargador Eduardo Gusmão Alves de Brito Neto, da 16ª Câmara Cível do TJ-RJ, se manifestar sem rodeios ou margem para dúvidas quanto aos papéis que cada um vem desempenhando nesta novela.

“A decisão (de suspender a sessão do dia 20) é surpreendente, como raras vezes ocorre. Com efeito, para tentar impedir a apreciação de suas contas pela Câmara de Vereadores, propôs o ilustre prefeito de Nova Friburgo ação em que, dentre outros argumentos, questionava a escolha como relator do Projeto de Decreto Legislativo do próprio presidente da Comissão de Finanças.”

TJ-RJ (2)

“Concedida a liminar em plantão, houve por bem este relator suspendê-la, em maior parte, inclusive, e de forma expressa, para afastar o óbice a que o referido presidente assumisse a função de relator. Eis então que o mesmo prefeito usa o município que governa e dele se vale para, após a decisão deste Tribunal, propor uma segunda ação questionando novamente a relatoria de seu adversário, mudando uma linha ou outra da argumentação que é essencialmente a mesma. A utilização do município e do próprio procurador local em seu interesse pessoal, para ataque de seus adversários e com o escopo evidente de frear o processo de aprovação das contas levanta dúvidas sobre a pertinência da lei 8.429 ao caso, em que se vislumbra improbidade que não parece ser do réu da ação.”

TJ-RJ (3)

“Mesmo sendo evidente a indevida utilização do município e a repetição de tema já decidido pelo Tribunal, concedeu-se a liminar, a que se fez com uma incomum fundamentação: embora o Tribunal já houvesse assegurado a relatoria do vereador Professor Pierre, era conveniente descumprir a decisão proferida porque haveria a possibilidade de que em outro processo – enfatizo, outro processo – a ilustre juíza titular proferisse decisão capaz de afastar o mesmo vereador. Tratando-se, portanto, de tema já afeto ao agravo autuado (...) e distribuído a este relator, não poderia a ilustre juíza a quo, neste ou em outro processo, afastar relator de posição tida pelo Tribunal como em consonância com o Regimento Interno da Câmara.”

TJ-RJ (4)

O desembargador afirma ainda que “no mais, neste juízo de cognição sumária, não parece a este relator que o agravado tenha logrado apontar, de forma objetiva e específica, quais teriam sido os óbices e/ou prejuízos ao exercício do seu direito de defesa. É dizer, nem mesmo da petição que provocou a decisão aqui agravada extrai-se de forma clara quais seriam os novos fatos que ensejaram o novo pedido de ‘tutela de urgência incidental’, na medida em que a petição se refere apenas genericamente a ‘impedimentos’ causados pela pandemia do novo coronavírus. O agravado parece sustentar que a oitiva de testemunhas seria inadmissível por quaisquer meios e/ou em qualquer circunstância, por se enquadrarem em ‘grupo de risco’, quando, a rigor, outras medidas de prevenção e meios alternativos podem ser adotados para tanto. A aludida petição não impugnou de forma objetiva, por exemplo, as diversas tentativas de comunicação consignadas no edital de fls. 740/741, a respeito da data designada para a Comissão de Finanças para a oitiva de testemunhas – inclusive a suposta recusa do ilustre prefeito em receber a notificação.”

Sem sustentação

A rigor, a coluna poderia reproduzir muitos outros trechos, e também encontraria referências oportunas na mais recente manifestação da 2ª Vara Cível, todos respaldando a conclusão do desembargador de que “Em tal cenário, as alegações que motivaram a nova concessão de liminar parecem mesmo não se sustentar”.

Posicionamentos, enfim, que fazem a mesma leitura dos fatos que esta coluna tem dividido com os leitores desde o início do episódio.

Harmonias

A rigor, resta evidente que o posicionamento do governo encontra-se em harmonia com interesses eleitorais que podem ser observados, por exemplo, no agendamento em primeira oportunidade de convenção partidária voltada a confirmar uma candidatura que, no cenário atual, na melhor das hipóteses seria sub júdice; e também, no que se refere à sua defesa, a serviço de uma vaidade indisfarçavelmente grande e ferida.

Nova recusa

Diante dos mais recentes desdobramentos uma nova notificação foi endereçada ao prefeito Renato Bravo nesta quarta-feira, 26, como parte dos ritos para que as contas venham a ser apreciadas na manhã desta quinta-feira, 27.

E novamente o chefe do Executivo se recusou a receber o documento das mãos de servidora efetiva do Legislativo.

Com um detalhe digno de registro: desta vez o encontro e a recusa se deram pessoalmente, numa escadaria do Palácio Barão de Nova Friburgo.

Patético

Para encerrar, às 18h15 de quarta-feira, 26, a Procuradoria-Geral do Município divulgou nota vazia de qualquer fato novo, na qual reproduz mais uma vez os mesmos argumentos que o TJ considerou sem sustentação, da qual aproveita-se unicamente o parágrafo óbvio onde se lê que “o fato da competente Câmara Cível conferir autorização para se prosseguir com o julgamento tendencioso das contas de gestão do ano de 2018, não irá impedir que haja manejos legítimos de novos instrumentos recursais e outras medidas judiciais cabíveis e amparadas em lei contra o que se pode intitular de tentativa de ‘golpe grotesco’ capitaneado pelo indigitado vereador contra a pessoa do sr. prefeito Renato Bravo.”

Vergonha alheia

Evidentemente todos sabiam desde sempre que o processo seria judicializado.

De qualquer modo, os acontecimentos dos últimos dias representam uma derrota insofismável ao governo municipal e sua defesa, uma manifestação cristalina a respeito da indignidade dos expedientes que vêm sendo empregados por aqui diuturnamente, e que esta coluna, ao lado das vozes fiscalizadoras sérias que ainda restam, tem denunciado sem cessar.

Aos que se prestam a papel tão pequeno só resta o sentimento de vergonha alheia.

 

 

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O café: subidor de montanhas e destruidor de florestas (Parte 1)

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

A Mata Atlântica

A Mata Atlântica

“No alvorecer do século 19, os Sertões do Macacu, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, era uma floresta virgem. Um indevassável labirinto vegetal onde a mata cobre tudo. O sol mergulha os dedos luminosos penetrando apenas oblíquos jorros de luz catedralescos. Quem por ali se atreve, tranca-se no mais tenebroso labirinto. Escutam-se rumores de seres que rastejam, escorregam, esvoaçam. Zumbidos de insetos fuzilantes, longínquos pios de nhambus, jaós, juritis, algazarras de papagaios, araras, maritacas, maracanãs e arapongas. Perfumes de folhagens, de flores, de cascas, de resinas e hálitos de galhos e troncos putrefatos que estalam e se esfarinham sob os pés, inumando-se no próprio ventre da floresta. Recea-se a emboscada do índio e da onça na penumbra. A floresta é um verde turbilhão a contorcer-se em convulsões genéticas.

Por isso mesmo a floresta é o caos impenetrável, a confusão promíscua dos elementos e cósmicas transmutações originais, faz com o homem adentrá-la  cautelosamente, pois em cada moita há um perigo latente. Troncos roídos onde o jararacuçu se enrosca. Folhas e espinhos que queimam. Entra nela o inexperiente incauto e logo vê toda a agressividade. Não eram os grandes troncos, os altaneiros gigantes que o amedrontam, mas a arraia miúda, solerte e vigilante. Tudo se atira contra o violador intruso que ali perturba o equilíbrio ambiental de milênios. Armas invisíveis investem de todo lado e terrivelmente acossam o invasor.

A vegetação rasteira lhe impede a marcha aos tropeções. A preparoba, a buta, o jacaratiá, a negramina, a quina-cruzeiro, as próprias samambaias estorvam-lhe os passos hesitantes. Enrosca-se-lhe os cipós nas pernas e o lançam pelos braços. O homem, então, recua, abre o caminho a facão, mas agulhas e ganchos o espetam e o imobilizam. Contra essas formas que o enrodilham, o fisgam e o amarram, o homem desesperadamente se debatia.

Há ainda os cipós que simplesmente o embaraçam como o imbê, o suma, a abóbora-d'anta, o cruzeiro, o cipó-fogo, o olho-de-boi, o caboclo ou cipó-brasa e o mata-pau enroscando-se aos troncos como serpentes, sugando-os, matando-os, e já então solidamente enraizados substituem a árvore que digeriram. O cipó-mico junta-se à perigosa horda dos arbustos tremendamente cáusticos como a urtiga, o urtigão, o mangangá e o arre-diabo cujo nome exclama a dor da pavorosa queimadura de quem o toca.

Adicione-se a tudo isso os caules e hastes espinhentos que no chão ou no ar lhe barram a caminhada ou que se inclinam para o agarrar: o ananás-pedra, a unha-de-gato, o gravatá, a airi e o côco-roxo, o espinhão, o jaquitá, o icê, o pega-onça, o taquaruçu e outros meios de defesa com que a floresta se atira contra o devassador. Verificamos nesse cenário a luta com que a natureza virgem repele o homem. Em meio a todo esse turbilhão, elegantemente sobem as palmáceas inofensivas como o côco-doce, o pati, o corrupicho, a pindoba, o côco-preto, como que deslocados e perdidos na brutalidade de uma selva em que domina à força e à emboscada.

Ai do desprevenido que se aventure nessa floresta. Para todos os lados que se vire é a mesma agressividade inelutável, os mesmos aspectos que se repetem e o desorientam, a mesma fereza do matagal que o rodeia, o ataca e o encarcera. Ai do prisioneiro da selva.”

Através desse brilhante texto de Alberto Ribeiro Lamego podemos entender o porquê das duas primeiras gerações de colonizadores portugueses não conseguirem penetrar com segurança na floresta e precisavam dos indígenas como guias. A Mata Atlântica com sua vegetação diversificada estende-se desde o Nordeste até o Rio Grande do Sul. As plantas e os animais dessa mata eram raros e muitos deles não seriam encontrados em nenhuma outra floresta. Entre suas espécies arbóreas, mais da metade era endêmica, só existindo nessa região.

Diversos locais dessa mata eram centros de endemismo de pássaros, mamíferos, répteis e insetos. Certos beija-flores, sanhaços, marsupiais, preguiças, sagüis, pererecas, patiobas e inúmeros outros animais estão limitados à Mata Atlântica. Dois terços dos nomes das árvores e praticamente de todos os seus animais são de origem tupi-guarani. Existiam árvores de 35 metros de altura ou mais. Uma única copa de árvore poderia abrigar mil espécies de insetos e a Mata Atlântica como um todo pode ter abrigado um milhão delas.

A serra fluminense, com suas vastas florestas primárias do tipo mesófila, características do bioma conhecido como Mata Atlântica foi poupada até o terceiro quartel do século 18. No entanto, a partir das duas últimas décadas deste século, a floresta será vítima do machado e do fogo do homem branco colonizador. Continua na próxima semana.

  • Foto da galeria

    Serra do Mar por Jean Baptiste Debret. Século 19

  • Foto da galeria

    Flora Brasileira por Karl von Martius. Século 19

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    Existiam árvores de 35 metros de altura ou mais

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Há alguém ideal para você?

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O “amor psicológico”, que defino como  “sensação de gostar” é um aspecto emocional, que é um dos componentes da capacidade de amar alguém. Mas a sensação não é o amor. A paixão não é o amor. A atração sexual também não é o amor. O desejo não é o amor. O amor do marido para com sua esposa e da esposa para com o marido envolve alguns destes aspectos, mas depende de algo mais.

O “amor psicológico”, que defino como  “sensação de gostar” é um aspecto emocional, que é um dos componentes da capacidade de amar alguém. Mas a sensação não é o amor. A paixão não é o amor. A atração sexual também não é o amor. O desejo não é o amor. O amor do marido para com sua esposa e da esposa para com o marido envolve alguns destes aspectos, mas depende de algo mais.

Todo ser humano, após a queda espiritual em Adão e Eva, sofre. Sofre devido ao afastamento da relação direta e permanente com o criador. Ficou um “buraco” espiritual em nosso ser. Isso promoveu outras desgraças, em especial, a perturbação do relacionamento afetivo na educação de filhos. Resultado: nunca mais houve infância normal, nem crianças 100% normais. Todos, pretos, brancos, ricos, pobres, religiosos, não religiosos, temos carências afetivas. Uns mais, outros menos. Uns com consciência delas, outros sem.

Trazemos carências para a vida adulta e tentamos resolvê-las, na maioria das vezes inconscientemente, seja no trabalho, no casamento, no cuidado com os filhos, no namoro, em amizades etc. Alguns, não suportando a dor dessas carências, se drogam. E, importante dizer, a “droga” pode ser muita coisa além do álcool, cocaína, heroína, tranquilizantes, anfetaminas etc. Pode ser o trabalho, o sexo, a comida, a pornografia, a estética corporal, o consumismo, a ganância, e mesmo o “amor” como dependência afetiva e fissura por romance.

Na vida conjugal é comum haver desavenças porque cada um, marido e mulher, ao longo dos anos de convívio, pode não suportar o vazio interior do passado trazido para dentro do casamento, além de problemas atuais. Estes dois fatores (carências da infância e problemas afetivos do relacionamento atual) causam dor. Se juntarmos a isto a dor originada no “buraco” espiritual, pode ficar algo bem doloroso ou insuportável para alguns de nós.

Com isso, uma pessoa pode pensar em separação, em traição, pode ficar brigando o tempo todo no relacionamento conjugal sempre achando que é o outro o culpado de toda esta dor. Pode ter um ciúme doentio. Não consegue separar o que é sua dor, algo seu que o outro não tem nada que ver com isso, com o que é realmente fruto de problemas de casamento, solucionáveis ou não. Na verdade, esta separação entre o que é fruto de sofrimentos do passado na família de origem e o que é problema atual, não é fácil de ser percebida e identificada.

Quando um casal, diante de sofrimentos conjugais não enxerga que há uma diferença entre problemas pessoais e os próprios do casal, a tendência é sempre culpar o outro como o único responsável pela sua dor e atacar, se isolar, trair, separar sem buscar uma solução. Quando há o que chamo de “honestidade emocional”, que é a pessoa admitir que parte de sua dor pode ser mesmo algo pessoal e não culpa do cônjuge, existe possibilidade de melhora, de ajustamento, de felicidade, tanto internamente na pessoa (ela com ela mesmo), quanto externamente, ou seja, entre ela e o cônjuge. Se a pessoa racionaliza culpando só o outro como causador da sua dor emocional ela talvez terá um longo caminho para conseguir ser feliz e ter paz interior.

Há alguém ideal para mim? Há alguém que possa preencher toda a minha necessidade afetiva nessa vida? Você pode se casar com alguém que é ativo para trabalhar, que produz conforto material, segurança financeira, mas faltar manifestações afetivas diretas. Ou pode ter alguém que é afetivo, sensual, bom parceiro sexual, mas não provê segurança material etc.

Em algum momento da vida, para ser feliz, cada um precisa aprender a lidar com suas próprias limitações comportamentais. Precisa entender que é parcial, não é Deus, não pode ser tudo para o outro o tempo todo, não pode ter do outro tudo o que queria o tempo todo.

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Estava escrito

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Para pensar:
"Onde me devo abster da moral, deixo de ter poder.”
Johann Goethe

Para refletir:
“Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política.”
Ernest Renan

Estava escrito

Voltemos os ponteiros do relógio exatas 24 horas.

Para pensar:
"Onde me devo abster da moral, deixo de ter poder.”
Johann Goethe

Para refletir:
“Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim. A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política.”
Ernest Renan

Estava escrito

Voltemos os ponteiros do relógio exatas 24 horas.

Momento de fechar a coluna de terça-feira, 25, tratando da previsão de licitação do transporte coletivo, que deveria se concretizar na manhã seguinte, poucas horas após o jornal ter chegado às ruas.

O título da nota seria o habitual “É hoje”.

A dúvida, que consumiu cinco minutos ou mais, era se deveria ou não ser incluída uma interrogação ao fim da frase.

Esperança

Evidentemente a lógica não permitia nutrir qualquer convicção a respeito da efetiva realização da concorrência, mas no fim pesou a sensação de que manifestar tais dúvidas de maneira antecipada poderia, de alguma forma, esvaziar o possível impacto de qualquer desfecho alternativo.

No fim, não fez diferença.

Como a lógica já apontava, não foi desta vez que a situação de nosso transporte coletivo retornou a um ambiente de estabilidade.

Licitação deserta

De forma um tanto previsível, apenas a Faol compareceu à licitação.

E, livre de concorrência, abriu mão de apresentar proposta, de modo que a licitação foi declarada “deserta”.

Licitação deserta, salvo melhor definição, é aquela à qual nenhum proponente interessado comparece, ou na qual não existem interessados. Nessas circunstâncias torna-se dispensável a licitação e a administração pode contratar diretamente, desde que demonstre motivadamente existir prejuízo na realização de uma nova licitação e desde que sejam mantidas todas as condições preestabelecidas em edital.

Estava escrito

E por que a situação era previsível?

Bom, de imediato importa observar o arco cumprido pela relação entre a prestadora do serviço e a prefeitura ao longo do atual mandato, dando a devida atenção à forma como a assombração das vilas marginais ignorou solenemente o prazo para realização da licitação em favor de esforços pela renovação por mais cinco anos de um contrato sabidamente improrrogável, por razões que o leitor está convidado a deduzir.

E notar também a flagrante diferença de tratamento existente antes e depois do fim do contrato.

Quem dá as cartas?

O leitor deve se lembrar, por exemplo, que a prefeitura negou a revisão tarifária prevista em contrato, enquanto tinha poder para exercer este tipo de pressão, fosse pelo motivo que fosse.

E que, após o término do contrato - primeiro durante a vigência do TAC, e agora sob a égide do termo de acordo - o discurso mudou subitamente e a empresa passou a dispor de cenário muito mais favorável na mesa de negociações, simplesmente porque a prefeitura, por sua própria ação, se colocou numa condição de dependência.

Meia verdade

Naturalmente a posição da concessionária não seria tão forte se existisse concorrência de fato entre as empresas deste setor, em lugar de acordos prévios entre as companhias quanto aos mercados que cada uma irá explorar.

Essa, todavia, parece ser apenas parte da verdade, uma vez que não faltam exemplos próximos da atuação de empresas de outros estados em licitações semelhantes, quando o edital se revela verdadeiramente atraente.

E reside aí a grande complexidade desta análise.

Análise responsável

Porque seria fácil insinuar que houve um acordo ou levantar aqui alguma hipótese qualquer ligando algumas das muitas pontas soltas que esta história oferece.

Mas não, precisamos ser responsáveis e isentos aqui.

A questão, como já vimos, é que a concessionária se encontra num momento em que tem grande poder de negociação, e fez uso desse poder para seguir levando adiante seus questionamentos quanto aos termos do edital, tanto no TCE-RJ quanto na Justiça.

Fator pandemia

E que pontos são esses?

Essencialmente, há o argumento de que os termos estabelecidos não poderiam ser cumpridos num cenário de pós-pandemia.

Ainda que ninguém na empresa tenha se manifestado desde a licitação deserta, a coluna se arrisca a listar alguns pontos aqui, baseada em apurações passadas.

Demanda em queda (1)

A bem da verdade, mesmo antes da pandemia já se fazia notar - não apenas em Friburgo, mas no Brasil todo - uma acentuada tendência de queda na demanda, por razões que incluem o fortalecimento da cultura do trabalho em casa, os serviços de delivery, o transporte por aplicativo (e mesmo as lotadas) e o próprio envelhecimento da população.

Alega-se, assim, que ao utilizar como base de cálculo dados de 2018 o edital estaria desatualizado e refletindo um cenário que não irá se concretizar.

Demanda em queda (2)

A pandemia, naturalmente, acentuou drasticamente este quadro.

Até onde a coluna foi capaz de apurar, a demanda municipal quando em bandeira amarela - como no momento em que estas linhas estão sendo escritas - está girando em torno de 55% do que poderia ser considerado um número de viagens normal em tempos anteriores ao novo coronavírus.

E a expectativa é de que mesmo em bandeira verde a demanda permaneça ainda bastante tempo em patamar próximo aos 70% do que era a realidade anterior.

Outros fatores

A coluna entende que outros pontos do edital também motivaram a opção por não apresentar proposta.

Entre eles podemos citar o valor da tarifa em R$ 4,20, quando a empresa insiste que precisa ser de R$ 4,41; a previsão de retorno dos cobradores; a cobrança de taxa de administração de 1%; e a duração do contrato de dez anos, quando a empresa alega que precisaria de ao menos 15 anos para recuperar o investimento e obter lucro.

E, claro, há que se pesar por fim a insegurança jurídica que envolve Nova Friburgo neste momento.

Moral para cobrar

Obviamente estes são os argumentos da empresa, e é evidente que nem todos os seus interesses coincidem com os da população.

Naturalmente, se tudo estivesse se dando sob contrato ou num ambiente moralizado e permeado por concorrências sólidas, muitos destes argumentos teriam de ser (e efetivamente seriam) flexibilizados.

E é justamente por isso que tanta falta faz um poder concedente correto, transparente, comprometido com os interesses coletivos, que tenha estatura moral para estabelecer (e assegurar) patamares justos para a atuação de suas concessionárias.

Como deveria ser

Inclusive porque parte dos interesses da empresa e da coletividade são sim coincidentes.

É interesse de todos, por exemplo, que o serviço se torne mais eficiente, reduzindo tempo de viagem, aumentando o número de pessoas transportadas, e encontrando uma estrutura viária mais segura, livre de retenções e menos desgastante, reduzindo a pressão sobre o valor da tarifa.

E existe ampla margem para uma atuação conjunta neste sentido.

Acostumados a sofrer

O trato com concessionárias não deveria ser, enfim, ponto de tensão para interesses infiltrados, mas aproveitado como um dos terrenos mais férteis para que se possa colher benefícios sensíveis à coletividade.

De fato, a qualidade de vida do friburguense seria outra se pudesse contar com um serviço de transporte coletivo de excelência, pontual e a preço justo, em harmonia com um plano de mobilidade voltado não apenas ao presente, mas ao futuro.

Retrato fiel

Tudo isso, no entanto, parece cada vez mais um sonho distante.

Por que ao contrário, a precariedade que atualmente rege a prestação deste serviço representa o retrato mais nítido daquilo que foi deliberadamente plantado pela atual gestão municipal, não apenas no transporte coletivo, mas em muitas outras frentes também.

E a coluna realmente espera que a Justiça dê o andamento devido às muitas informações que já reúne a respeito do que vem se passando por aqui neste sentido.

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A bênção do estímulo

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Comentavam os aprendizes que a verdade constitui dever primordial, acima de todas as obrigações comuns, quando Filipe afiançou que, a pretexto de cultuar-se a realidade, ninguém deveria aniquilar a consolação. E talvez por reportar-se André à franqueza com que o Mestre atendia aos mais variados problemas da vida, o Senhor tomou a palavra e contou, atencioso:

Comentavam os aprendizes que a verdade constitui dever primordial, acima de todas as obrigações comuns, quando Filipe afiançou que, a pretexto de cultuar-se a realidade, ninguém deveria aniquilar a consolação. E talvez por reportar-se André à franqueza com que o Mestre atendia aos mais variados problemas da vida, o Senhor tomou a palavra e contou, atencioso:

— Devotado chefe de família que lutava com bravura por amealhar recursos com que pudesse sustentar o barco doméstico, depois de desfrutar vasto período de fartura, viu-se pobre e abandonado pelos melhores amigos, de uma semana para outra, em virtude de enorme desastre comercial. O infeliz não soube suportar o golpe que o mundo lhe vibrava no espírito e morreu, após alguns dias, ralado por inomináveis dissabores.

Entregue a si mesma, ao pé de seis filhos jovens, a valorosa viúva enxugou o pranto e reuniu os rebentos, ao redor de velha mesa que lhes restava, e verificou que os moços amargurados pareciam absolutamente vencidos pela tristeza e pelo desânimo.

Cercada de tantas lamentações e lágrimas, a senhora meditou, meditou... e, em seguida, dirigiu-se ao interior, de onde voltou sobraçando pequena caixa de madeira, cuidadosamente cerrada, e falou aos rapazes com segurança:

— “Meus filhos, não nos achamos em tamanha miserabilidade. Neste cofre possuímos valioso tesouro que a previdência paternal lhes deixou. É fortuna capaz de fazer a nossa felicidade geral; entretanto, os maiores depósitos do mundo desaparecem quando não se alimentam nas fontes do trabalho honesto e produtivo. Em verdade, o nosso ausente, quando desceu ao repouso, nos empenhou em dívidas pesadas; todavia, não será justo o esforço com a preservação de nosso precioso legado? Aproveitemos o tempo, melhorando a própria sorte e, se concordam comigo, abriremos a caixa, mais tarde, a menos que as exigências do pão se façam insuperáveis.”

Belo sorriso de alegria e reconforto apareceu no semblante de todos.

Ninguém discordou da sugestão materna. No dia seguinte, os seis jovens atacaram corajosamente o serviço da terra. Valendo-se de grande gleba alugada, plantaram o trigo, com imenso desvelo, em valoroso trabalho de colaboração e, com tanto devotamento se portaram que, findos seis anos, os débitos da família se achavam liquidados, enorme propriedade rural fora adquirida e o nome do pai coroado, de novo, pela honra justa e pela fortuna próspera.

Quando já haviam superado de muito os bens perdidos pelo pai, reuniram-se, certa noite, com a genitora, a fim de conhecerem o legado intacto. A velhinha trouxe o cofre, com inexcedível carinho, sorriu satisfeita e abriu-o sem grande esforço. Com assombro dos filhos, porém, dentro do estojo encontraram somente velho pergaminho com as belas palavras de Salomão:

“O filho sábio alegra seu pai, mas o filho insensato é a tristeza de sua mãe. Os tesouros da impiedade de nada aproveitam; contudo, a justiça livra-nos da morte no mal. O Senhor não deixa com fome a alma do justo; entretanto, recusa a fazenda dos ímpios. Aquele que trabalha com mão enganosa, empobrece; todavia, a mão dos diligentes enriquece para sempre”.

Entreolharam-se os rapazes com júbilo indizível e agradeceram a inolvidável lição que o carinho materno lhes havia doado. Silenciou o Mestre, sob a expressão de contentamento e curiosidade dos discípulos e, finda a ligeira pausa, terminou, sentencioso:

— Quem classificaria de enganadora e mentirosa essa grande mulher? Seja o nosso falar “sim, sim” e “não, não” nos lances graves da vida, mas nunca espezinhemos a bênção do estímulo nas lutas edificantes de cada dia. O grelo tenro é a promessa do fruto. A pretexto de acender a luz da verdade, que ninguém destrua a candeia da esperança.

Extraído do livro “Jesus no lar”; espírito Neio Lúcio; médium Francisco Cândido Xavier

CENTRO ESPÍRITA CAMINHEIROS DO BEM – 62 ANOS
Fundado em 13/10/1957
Iluminando mentes – Consolando corações

Rua Presidente Backer, 14 – Olaria - Nova Friburgo – RJ
E-mail: caminheirosdobem@frionline.com.br
Programa Atualidade Espírita, do 8º CEU, na TV Zoom, canal 10 – sábados, 9h.

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