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A vida brasileira acontece; a arte vai junto!

segunda-feira, 09 de janeiro de 2023

Sim, Senhor!, a vida brasileira acontece, e a arte vai junto. Sempre. Sem limites e pudor. Com criatividade. É elaborada pela força das emoções e externa os sentimentos do artista, que, por sua vez, reflete as manifestações da brasilidade e as pulsões do povo. A literatura vai junto, atrás, ao lado ou entremeando o acontecer, usando palavras para criar histórias, informações, argumentações, registros e crônicas.

Sim, Senhor!, a vida brasileira acontece, e a arte vai junto. Sempre. Sem limites e pudor. Com criatividade. É elaborada pela força das emoções e externa os sentimentos do artista, que, por sua vez, reflete as manifestações da brasilidade e as pulsões do povo. A literatura vai junto, atrás, ao lado ou entremeando o acontecer, usando palavras para criar histórias, informações, argumentações, registros e crônicas.

A arte é inspirada em narrativas reais e imaginadas. Seria ousado arriscar, mas vou fazê-lo por ímpeto: toda a arte emerge da palavra pensada, falada e representada. Assim sendo, se observarmos de modo mais cuidadoso, as expressões artísticas, como a pintura, a fotografia e a escultura, saberemos que revelam histórias, que nascem no imaginário do artista, constituído por sensações e pensamentos, representados por imagens e palavras. 

Esta coluna é iluminada pela exposição “Histórias Brasileiras” realizada no MASP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), de 26 de agosto a 30 de outubro. A exposição foi motivada pela comemoração do bicentenário da Independência do Brasil e dos centenários da Semana de Arte Moderna e da morte do escritor Lima Barreto. É um evento cultural que revisa a vida brasileira através de objetos, pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, vídeos, livros, jornais, revistas, documentos, bandeiras e mapas.

A História do Brasil é plural, fonte de inspiração abundante e inesgotável para a criação artística. Nada escapa da arte, que tem olhos atentos para os hábitos e costumes, para o cotidiano que abraça diferenças sociais, econômicas e culturais, para a vida urbana, interiorana e sertaneja. Para o esplendor da diversidade natural do Brasil. 

A pintura, a fotografia e a escultura retratam   a vida contextualizada na realidade concreta e totalmente diversificada nas dimensões temporal e espacial. Até mesmo as expressões artísticas abstratas contêm significados que emergem do acontecer de todo ou qualquer modo. Será que as cores e as formas usadas por pintores brasileiros são semelhantes à dos estrangeiros? 

Para o observador a contemplação de um quadro pode lhe aguçar a imaginação. O escritor que se senta à frente de uma fotografia de Sebastião Salgado, por exemplo, pode se deixar penetrar na imagem e lá, absorvido, é capaz de encontrar razões para construir textos em vários estilos literários. 

A arte, mesmo criada em tempos passados, apresenta ideias que podem ser interpretadas e compreendidas em qualquer tempo futuro. Tem atualidade. Na verdade, o tempo para a arte possui um conceito especial. 

Na reportagem apresentada pelo jornal “A Relíquia”, em setembro de 2022, observei que os visitantes da exposição “Histórias Brasileiras” caminhavam pelos corredores, admirando os quadros expostos e tendo a oportunidade de entrar em contato com visões diferentes do nosso povo e da nossa história. 

Será que havia algum escritor com um caderninho de anotações no bolso?

Diante do “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, eu começaria um texto assim: Sob a guarda silenciosa do sol...

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Mercado do Produtor: Obra da mais alta significação

sábado, 07 de janeiro de 2023

Edição de 6 e 7 de janeiro de 1973 

Pesquisado por Nathalia Rebello* 

Manchetes 

Mercado do Produtor: Obra da mais alta significação, planejada e executada no biênio dr. Feliciano Costa 

Edição de 6 e 7 de janeiro de 1973 

Pesquisado por Nathalia Rebello* 

Manchetes 

Mercado do Produtor: Obra da mais alta significação, planejada e executada no biênio dr. Feliciano Costa 

Antes do término de seu mandato de apenas dois anos, anteriormente, portanto, ao dia 31 do corrente, o Prefeito Feliciano Costa entregará ao público outra grande obra, o MERCADO DO PRODUTOR, que substituirá a arcaica feira livre que funciona na Praça do Suspiro. O mercado ocupará uma área de 6.774.62 m2 e o projeto de construção foi de autoria dos arquitetos Daniel Baeta e Gelson Francisco Viana Ferreira. Compõe-se de 24 boxes, quatro galinheiros, depósitos para caixas com 27 compartimentos, plataforma de carga e descarga, três frigoríficos, uma câmara frigorífica, um depósito da administração, quatro conjuntos sanitários, um posto policial, duas salas de atendimento ao público, gabinete do administrador e outras dependências, como área para estacionamento de automóveis e grandes veículos. Realmente uma obra que marca a operosidade e a clarividência de um administrador bem preparado para o desempenho das funções, quais sejam a de gerir um município importante como o nosso. 

Governo Federal e Estadual 

O Governo Federal vai policiar os Estados e Municípios para que os mesmos não majorem as tarifas de seus serviços e muito menos impostos e taxas. A “fome” aumentista que já vinha sendo anunciada em vários casos, não deverá mais ocorrer, segundo as notícias de fontes realmente autorizadas, inclusive oficiais. 

A nossa reportagem colheu a informação de que o Governo Estadual absorverá os serviços de Saúde Pública da unidade da “Olaria do Cônego” construída pela administração Feliciano Costa, transformando-a em um Posto Padrão, com todos os Departamentos, inclusive Raio X, Lactário etc, funcionando efetiva e eficientemente. 

É preciso acabar com a farrinha 

O esporte friburguense não pode e nem deve suportar as constantes provocações da dirigência (!) do desporto do Estado do Rio. Chega de aceitar a politicagem que impera naquele organismo, no qual certas Ligas municipais detêm poder de fazer pontos no “tapete” ter jogadores irregulares na realidade, mas com suas respectivas SITUAÇÕES na FFD certinhas, arranjadinhas, tudo num autêntico acinte que ninguém compreende que ainda exista, e, principalmente, que o esporte de nossa terra ENGULA de modo tão grosseiro e verdadeiramente humilhante para os nossos brios, de UM DOS MAIORES centros esportivos do Estado. 

É necessário que se juntem aos clubes e a dirigentes, e num movimento de fato másculo, sem máscara e sem maiores rodeios, associados a outros municípios, proponham em Assembleia Geral, às CLARAS, na MARRA, a destituição dos “cabras” que vêm impunemente zombando dos inalienáveis direitos do esporte da Suíça Brasileira, expulsando os VENDILHÕES DO TEMPLO, enquanto não destroem eles o restante que nos pertence e que não puderam fazê-lo até agora. A luta é boa. Friburgo já uma vez, em companhia de Petropólis, com Plínio Leite na vanguarda, em Assembléia memorável, fez sepultar a antiga AFEA, expulsando o BANDO que a vinha denegrindo e apontando-o à execração pública. A coisa precisa ser repetida, e o quanto antes… 

CETRERJ vai promover novos cursos em 1973 

A partir de 15 de janeiro próximo, o Centro de Treinamento de Professores do Estado do Rio de Janeiro (Cetrerj) criado no Governo Raymundo Padilha - iniciará novos cursos para professores de 1ª e 2ª séries (360 vagas), 3ª e 4ª séries (160). Orientadores Pedagógicos (161) e de Treinamento de Professores do Ciclo Pedagógico (120 vagas), que serão realizados em Niterói, na sede do órgão, e no interior fluminense. A informação é da professora Júlia Azevedo, diretora do Cetrerj, acrescentando que o curso de professores de 1ª e 2ª séries funcionará de 15 de janeiro a 9 de fevereiro em Niterói e Angra dos Reis; de 17 de janeiro a 15 de fevereiro no Instituto de Educação Roberto Silveira, em Duque de Caxias, e no Instituto de Educação de Nova Iguaçu; e de 15 de janeiro a 16 de fevereiro no Cenipe (Petrópolis) e no Instituto de Educação de Campos. 

Pílulas 

→ O Legislativo friburguense está convocado para o dia 12, tendo como principal matéria da Ordem do Dia, a Resolução que autoriza o Executivo a transferir para SANERJ, a distribuição da água de nossa cidade já há algum tempo entregue à Autarquia SAAE. Existe muita “onda” em torno do assunto com problemas eminentemente políticos comandado as ações dos grupos partidários, “FECHAMENTO” de questões por parte da ARENA, muitos e muitos estilos da parte do M.D.B. e várias e várias cortinas de “fumaça” tentando encobrir de cada lado, as “jogadas” que foram e ainda estão sendo feitas para DESONRA, DESGRAÇA, etc. etc., em total prejuízo para o povo que, nada tem a ver com as picuinhas e interesses e subalternos de uns tantos sabidos ou aproveitadores de ocasião. VADE RETRO! 

→ Enquanto vai acontecendo uma série de novidades no setor político, com várias conjecturas sobre os Vice-Reis e chefes de Capitanias do novo governo municipal, vamos dar um furo: João Saldanha comandará o Turismo. 

→ Menezes, sem qualquer sombra de dúvida um PÚBLICAS RELAÇÕES do mais alto quilate foi escolhido para, junto ao Gabinete prefeitura, tentar a manutenção de um clima de perfeito entendimento, entre munícipes - executivo, coisa para o qual é talhado. Enquanto o Dr. Roberto Pinto - muito bem ido - comandará as Finanças municipais, o Dr. Célio Ivo Freitas é o mais gabaritado para a Procuradoria.

E mais… 

Será que esquenta? 

Ariosto na Argentina 

Governo Federal sepulta de vez ideia de Fusão Guanabara - Estado do Rio 

Sociais 

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Dr. João Luiz Aguilera (7); Vitório Luiz Spinelli, Alberto Paulo Kunzel, Luzia Garcia Ventura e Beatrice Cariello (8); Liége Laginestra Motta, Layse Ventura Coutinho e Justina Silva Lima (9); Rubem Leal Pinto, Tenente Juvenal Soares e Mello e Marcio Ventura Lugon (10); Pedro Paulo Cúrio e Oswaldo Zarife (11).

(*Estagiária com supervisão de Ana Borges)

 

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2023 chegou e a marcação a mercado também

quinta-feira, 05 de janeiro de 2023

Antes de iniciarmos qualquer conteúdo sobre finanças, economias e mercados, pretendo usar esse breve parágrafo para algo indispensável. Portanto, quero desejar um excelente e feliz ano novo!

Antes de iniciarmos qualquer conteúdo sobre finanças, economias e mercados, pretendo usar esse breve parágrafo para algo indispensável. Portanto, quero desejar um excelente e feliz ano novo!

Agora, entretanto, é momento de conversarmos sobre o que interessa. Precisamos entender quais novidades nos aguardam para os próximos 12 meses pela frente e como podemos nos preparar para o que está por vir. Coincidentemente, vamos vivenciar o primeiro ano de um novo governo eleito, mas sobre dinâmica do investidor no mercado brasileiro, a mudança mais considerável para 2023: a marcação a mercado para títulos de Renda Fixa. Logo, precisamos compreender todas as especificidades da nova medida e como elas afetam nossos investimentos. Para isso, vou recorrer ao texto publicado, neste mesmo espaço, no dia 21/10/2022 e destrinchar todos os detalhes do que vem por aí.

A alteração regulatória implementada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a princípio, tem o objetivo de promover maior liquidez aos investimentos e proporcionar novas possibilidades de ganho de capital para investidores. Contudo, é importante esclarecer: mesmo com a marcação a mercado fazendo oscilar o valor do seu capital investido, basta segurar o ativo em carteira até sua data de vencimento para ter direito aos critérios de taxas contratadas no momento da compra do título.

Na prática, como vai funcionar?

Títulos corporativos (Debêntures, CRI e CRA) e públicos (negociados via tesouraria da instituição financeira) passam a estar sujeitos à marcação a mercado a partir do dia 02 de janeiro de 2023 para investidores pessoas físicas.

Nos detalhes, ainda que as instituições – em maioria – sinalizem a execução da marcação diária, a regra, por sua vez, obriga a marcação minimamente mensal. A propósito, por falar em detalhes, investidores qualificados (com patrimônio acima de R$1milhão em aplicações financeiras) poderão – a princípio – escolher a marcação de seus títulos de acordo com sua preferência: a mercado ou na curva.

Mas, então, como aproveitar essa novidade para explorar ganhos mais significativos em Renda Fixa?

Basicamente, a estratégia do investidor precisará contar com as projeções de política monetária, pois agora juros e inflação passam a influenciar ainda mais seus investimentos. Num cenário hawkish (contracionista, com alta nas taxas de juros), títulos tendem a ser negociado com valor reduzido dos papéis; neste cenário, a marcação a mercado tende a fazer com que o valor do seu investimento recue – portanto, uma janela de oportunidades para novas compras. Por outro lado, o contexto dovish (expansionista, com queda nas taxas de juros) pode possibilitar a valorização dos preços dos ativos e proporcionar ganho de capital acima da média e, por consequência, fomentar a liquidez do investimento com a maior negociação dos papéis.

Caso tenha comprado seus títulos (apenas os que estarão reféns da marcação a mercado) em cenário hawkish, talvez seja melhor aguardar o vencimento ou novas oportunidades ao longo do tempo para não realizar nenhuma perda financeira; em cenário dovish, talvez você possa aproveitar as oportunidades que surgirem.

Não por acaso, fiz questão de usar o “talvez” repetidamente para fortalecer a ideia de que, apesar das leituras econômicas dentro de projeções monetárias, o mercado é livre para realizar suas negociações como preferir. Portanto, mantenha-se sempre atento às boas oportunidades.

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Investimento Pessoal

quinta-feira, 05 de janeiro de 2023

Ele resolveu investir em si mesmo. Pensou sobre como começar. Resolveu, então, traçar o ponto de partida a começar por suas reflexões. Quis pensar na estratégia. Tentou entender-se. Inevitável. Autoconhecer-se antes de tudo. Como se diz, para quem sequer sabe aonde chegar, qualquer lugar pode ser o destino. Ele queria caminhos. Mergulhou, então, no universo quase desconhecido de saber mais sobre o que deveria saber. Atentou-se em buscar o que queria fazer. Esbarrou no desconhecimento sobre quem ele era. Enganou-se por subestimar a profundidade de seus anseios

Ele resolveu investir em si mesmo. Pensou sobre como começar. Resolveu, então, traçar o ponto de partida a começar por suas reflexões. Quis pensar na estratégia. Tentou entender-se. Inevitável. Autoconhecer-se antes de tudo. Como se diz, para quem sequer sabe aonde chegar, qualquer lugar pode ser o destino. Ele queria caminhos. Mergulhou, então, no universo quase desconhecido de saber mais sobre o que deveria saber. Atentou-se em buscar o que queria fazer. Esbarrou no desconhecimento sobre quem ele era. Enganou-se por subestimar a profundidade de seus anseios

Certo estava de prosseguir. Por instante sentiu-se em um beco sem saída, percurso sem volta. Mas decidiu se conhecer melhor, afinal, seria ele próprio o destinatário de todo o investimento projetado, não poderia apostar todas as fichas no desconhecido. Não queria ser a “zebra” da própria vida. Estava disposto a afundar, se preciso fosse. Resistiria de toda forma. Estava esperançoso por descobrir as asas imaginárias que o possibilitassem voar. Já amava o voo (tanto quanto a metáfora).

Nesse processo, como investidor, percebeu que seus lucros seriam maiores se cuidasse muito bem do seu principal patrimônio, a que apelidou de templo. Referia-se à sua própria saúde. Ao seu corpo físico, mental, espiritual. Concluiu que a mola mestra da máquina, sua mente, estava mal da engrenagem. Enferrujada, em mal estado de funcionamento. Seria ela o início do processo. Começou a aplicar em seus cuidados. O retorno foi rápido. Estava certo de seu propósito e prosseguiu. O equilíbrio pretendido passava pela reforma interior e exterior. Mãos à obra. Logo percebeu que deveria concentrar em si os esforços da reforma, pois só ele se empenharia no nível desejado e conhecia bem o projeto.

Feliz com o resultado, templo em equilíbrio, resolveu transmutar seu olhar sobre o mundo e sobre o outro. Fomentou práticas altruístas e quanto mais útil ao bem do próximo se tornava, mais se deparava com uma sensação até então inédita, que começou a desconfiar que fosse a tal felicidade. Ao olhar-se no espelho, o semblante ranzinza cedia espaço para um sorriso leve que despertava até uma vontade estranha de continuar sorrindo.

Decidiu incrementar suas habilidades. Investir em conhecimento, aprimorar suas habilidades mais técnicas, ler bons livros, priorizar contatos com pessoas a quem admirava. Foi certeiro. O retorno veio à galope. E quanto mais cuidava do seu templo e desenvolvia suas habilidades, mais satisfeito estava por ter feito um bom negócio. Mudou até seu conceito de riqueza. Sentiu-se detentor de um superpoder, voltou a acreditar em si, enxergou seu potencial e percebeu-se habitante de um belo templo, cujas energias sentiam-se de longe. Renasceu. Foi o melhor investimento de sua vida.

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O perigoso e lucrativo mercado das fake news

quarta-feira, 04 de janeiro de 2023

Quem nunca recebeu de alguém uma notícia claramente distante da realidade, em que pessoas veementemente acreditavam no que lá estava escrito? Nós, friburguenses, éramos para estar ‘vacinados’ contra a desinformação, especialmente após o célebre caso da “Represa que Estourou”, em 2011.

A verdade, é que vivemos uma epidemia informatizada e estamos tão vulneráveis quanto qualquer outra pessoa do mundo. Afinal, por que as “fake news” se tornaram um assunto que gera tanta preocupação no atual momento?

Quem nunca recebeu de alguém uma notícia claramente distante da realidade, em que pessoas veementemente acreditavam no que lá estava escrito? Nós, friburguenses, éramos para estar ‘vacinados’ contra a desinformação, especialmente após o célebre caso da “Represa que Estourou”, em 2011.

A verdade, é que vivemos uma epidemia informatizada e estamos tão vulneráveis quanto qualquer outra pessoa do mundo. Afinal, por que as “fake news” se tornaram um assunto que gera tanta preocupação no atual momento?

A expressão, em inglês, é popularmente usada para se referir a notícias falsas ou imprecisas, que na maioria das vezes, é divulgada na internet de maneira rápida e eficiente. Ao contrário de delitos que envolvem mentiras, como a calúnia, criar notícias falsas não necessariamente é um crime, o que facilita ainda mais a prática antiética.

Seja na saúde, na política ou mesmo na aplicação de golpes: tudo vale. Para atrair leitores, muito do que é produzido é uma desinformação baseada em fatos reais e escrita de forma a provocar medo e raiva, que acabam compartilhando a reportagem com outras pessoas.

Em geral, associa-se o mercado das fake news ao mundo político, no qual o interesse básico é construir – ou destruir – reputações. Isso é bem verdade, as notícias sobre políticos dão muitos “cliques”, mas o universo da desinformação vai bem além. Muita gente está no jogo por outro motivo: espalhar mentiras dá dinheiro.

Formado em Sistemas da Informação, o friburguense Rodrigo Machado é especialista em links patrocinados para empresas nas mídias sociais e explica que de centavo em centavo, a propagação de notícias falsas tornou-se um mercado muito lucrativo para quem faz o mau uso das ferramentas.

“As notícias falsas chegam até nós de muitos modos e com títulos chamativos, gerando interesse nas pessoas em clicarem nos links. Ocorre que a cada pessoa que acessa o site e passam pelos anúncios distribuídos pela página, centavos são gerados para o site. Com muitos acessos em diversas páginas, a renda pode chegar a milhões, isso só em publicidade, sem contar a venda de produtos”.

Mas o problema é ainda mais grave, pois as notícias falsas não afetam somente quem entra em contato com elas. O pior efeito  é o coletivo, porque elas acabam disseminando uma desconfiança generalizada contra as instituições, a própria democracia, meios de comunicação, grupos sociais, empresas e representantes políticos.

Para termos uma dimensão, vivemos uma epidemia digital, em que um relatório do Centro de Combate ao Ódio Digital, dos Estados Unidos, afirma que 12 dos principais influenciadores antivacina do país representam uma indústria de disparo em massa com receitas anuais de 36 milhões de dólares com anúncios. E afinal, que preço nós pagaremos pela desinformação?

Condicionados sem que percebamos

Você já notou que toda vez que acessamos algum conteúdo, seja uma reportagem ou um anúncio de produto que queremos, somos bombardeados pelo assunto sem que percebamos? Para ficarmos mais tempo nas redes, o algoritmo nos prende dentro de uma bolha, em que somente é mostrado aquilo que é do nosso interesse.

No conjunto, muitas dessas histórias fornecem uma visão falsa e distorcida e que propositalmente vão de encontro à nossa visão do mundo que entendemos ser o ideal. Afinal, tudo que nos move com emoção, nos tira o foco da razão. E assim, passamos cada vez mais tempo nas redes, vendo vídeos, reportagens e anúncios, que são pagos.

Não é difícil perceber que, uma pessoa que consequentemente cai em uma fake news, automaticamente, está mais propensa a receber esse tipo de conteúdo. Seja do lado A ou do lado B. Tiremos como exemplo, as centenas de pessoas comemorando nas ruas, por lerem falsas matérias de que os ministros do STF estariam sendo presos num golpe militar orquestrado pelo Exército.

Os aplicativos fingem tentativas para frear a propagação de desinformação: o Whatsapp, com a limitação do número de encaminhamentos de mensagens e sinalizarão os arquivos que estão sendo reenviados com frequência; o Facebook, Instagram e o Twitter borrando a informações descritas como falsas.  Por outro lado, as empresas vendem bilhões de reais em anúncio.

Enquanto o Brasil, ainda ensaia um projeto de lei para a criminalização das fake news, fiquemos atentos e tomemos cuidado com as fontes que estamos lendo. Caso contrário, em breve, estaremos novamente correndo morro acima, com medo da forte correnteza de água da represa estourada de Nova Friburgo. 

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Um remédio muito bom para a saúde mental

quarta-feira, 04 de janeiro de 2023

Não é fácil olhar a nós mesmos para entender nosso comportamento. Não é agradável aceitar algum comentário de uma pessoa que nos conhece e nos aponta falhas em nosso jeito de ser como pessoa, mesmo que isto seja feito com respeito e desejo de ajudar.

Não é fácil olhar a nós mesmos para entender nosso comportamento. Não é agradável aceitar algum comentário de uma pessoa que nos conhece e nos aponta falhas em nosso jeito de ser como pessoa, mesmo que isto seja feito com respeito e desejo de ajudar.

A gente se torna aquilo que nos causa menos dor. Pense nessa frase. Vou repeti-la: A gente se torna aquilo que nos causa menos dor. Isso significa que este jeito de ser que você e eu somos nesse momento da vida é o melhor que conseguimos fazer com a gente mesmo para ser o que somos agora. É importante admitir que nesse jeito de ser que somos até agora podem existir defeitos de caráter, formas rudes, agressivas de falar e se comportar, bem como um jeito passivo carente de atitudes positivas.

É muito comum pai e mãe levarem seu filho ou filha num psicólogo porque a criança apresenta alguma alteração no comportamento, por exemplo, um jeito agressivo e desrespeitoso de falar com eles e com outros parentes, e este pai ou esta mãe, ou ambos, não perceberem a relação que existe entre a atitude agressiva do filho e a própria atitude que também pode ser um tanto abusiva do pai ou da mãe, ou de ambos. A criança copia e se rebela contra o jeito agressivo ou impaciente do genitor. Então, eles desejam que o psicólogo “conserte” o filho ou a filha que apresenta uma conduta negativa em parte causada pelo temperamento da criança e em parte por reação ao jeito do pai ou da mãe, ou de ambos, lidarem com ela.

Parece um paradoxo o que vou dizer, mas para as pessoas que estão mais saudáveis mentalmente, a autopercepção de seus erros de comportamento é algo doloroso e estas não querem fugir disso, pelo contrário, querem entender melhor as falhas em suas atitudes para corrigi-las. Elas têm mente aberta e boa disposição para aprenderem sobre si mesmas, pois desejam se tornar pessoas melhores, de mais fácil relacionamento.

Podemos passar muitos anos funcionando sempre de um mesmo jeito complicado que produz dificuldades em nossos relacionamentos justamente pela dificuldade de olhar a nós mesmos e aceitar que existem áreas de nosso comportamento que precisam mudança. Geralmente temos tendência de justificar nosso comportamento disfuncional em vez de aceitar que temos uma falha. Nossa tendência humana é olhar os problemas de personalidade dos outros em vez de ver os nossos.

Certa vez, vi um pensamento que dizia assim: “Primeiro de tudo, olhe-se a si mesmo. Depois... olhe-se de novo.” Jesus recomendou que deveríamos olhar o palito em nosso olho em vez de ficar observando o cisco no olho da outra pessoa. Não porque a outra pessoa é perfeita e nós somos imperfeitos. Mas porque nosso bem estar tem mais que ver com olhar a nós mesmos e procurar corrigir nossos erros de conduta, do que ficarmos focados nos erros das pessoas.

Ver a nós mesmos pode doer quando nesta olhada nos defrontamos com falhas em nossa conduta. Falhas em nossa conduta podem incluir um jeito agressivo de falar, mentir, falar demais sem ouvir as pessoas, hipocrisia, se sentir facilmente melindrado ou magoado, falta de sinceridade, infidelidade nas relações familiares e com amigos, dizer “sim” quando seria melhor dizer “não”, e outros comportamentos.

Olhe o que você já sabe e já entendeu sobre alguma falha em seu comportamento e comece a trabalhar agora mesmo para vencer isso, um dia de cada vez. Ao ir obtendo vitórias sobre este defeito em sua personalidade pelo esforço dedicado a isto, a verdade lhe indicará outro defeito a ser trabalhado. Assim, pouco a pouco, você vai se tornando uma pessoa mais agradável, mais confiável, mais leve de se relacionar, mais fácil das pessoas amarem você. Se irão amá-lo mais, não sei, mas você se sentirá melhor consigo mesmo e isso é mais importante para sua saúde mental e social.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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A VOZ DA SERRA é o arauto das boas novas de 2023!

segunda-feira, 02 de janeiro de 2023

A Retrospectiva 2022 do JORNAL A VOZ DA SERRA é a plataforma de embarque para as Surpresas de Viagem. Embarcar nessa aventura literária com passaporte para 2023 é o desafio do roteiro. Em janeiro passado, a Câmara Municipal elaborava legislação para proibir barulho causado por moto com escapamento aberto. E o problema continua até hoje. Em fevereiro, Nova Friburgo fazia campanha para ajudar os desabrigados da tempestade que devastou Petrópolis.

A Retrospectiva 2022 do JORNAL A VOZ DA SERRA é a plataforma de embarque para as Surpresas de Viagem. Embarcar nessa aventura literária com passaporte para 2023 é o desafio do roteiro. Em janeiro passado, a Câmara Municipal elaborava legislação para proibir barulho causado por moto com escapamento aberto. E o problema continua até hoje. Em fevereiro, Nova Friburgo fazia campanha para ajudar os desabrigados da tempestade que devastou Petrópolis. A edição de 12.03 dava destaque aos líderes mundiais que conclamavam os fiéis para que orassem pelo fim da guerra entre Rússia e Ucrânia; situação que persiste. Em abril, o coelhinho da Páscoa estava na mira do Procon por conta das variações de preços dos ovos e caixas de bombons, de 30% no comércio friburguense. No mês de maio, muitos festejos: carnaval fora de época, aniversário de Nova Friburgo e o grande realce para Adriana Ventura, única mulher a receber a Medalha do Mérito Industrial. Que linda!

Bom lembrar que em junho passado, os policiais do 11º BPM começaram a usar câmeras acopladas às fardas, “para mais transparência nas ações dos agentes”. Na primeira edição de julho, o leite disparava, surpreendendo os consumidores, a R$ 7 o litro. Quem chorou pelo leite derramado, agora há promoção de até R$ 3,99. Bora fazer estoque. Agosto, mês do bom gosto, anunciava, para setembro, a abertura da Fevest, a maior feira de lingerie do Brasil. Em setembro, o dia 7 foi festejado com o desfile cívico-militar, marcando os 200 anos da Independência do Brasil. O turismo voltava a crescer com ocupação dos hotéis de 85% no período de inverno.

No mês 10, os destaques foram as Eleições 2022, na disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro. Em novembro, a edição do dia 1º, marcou a vitória de Lula no 2º turno, eleito presidente do Brasil. Muita festa também pela abertura da Copa do Mundo, sonho frustrado rumo ao “hexa”. Dezembro trouxe o “xeque-mate” da Croácia, que mandou a seleção canarinho de volta ao Brasil. Mas, o “Encanto de Natal”, deixando a cidade linda, foi a salvação da lavoura. Falando nisso, a Câmara Municipal devolveu mais de 6 mil aos cofres da prefeitura e parte da quantia será destinada a ajudar lavradores que perderam plantações com as tempestades da época. Elogios para as capas de edições do Caderno Z e mais 12 charges de Silvério. Tudo lindo!

Contudo, daqui em diante, interessa-nos também conhecer o Ano Novo. Wanderson Nogueira nos deu um spoiler, aquele algo que nos será revelado. Mas tenhamos cuidado, pois, “a busca ilumina, mas não pode ser luminosa demais ao ponto de cegar...” e tudo isso para “você conhecer a pessoa da sua vida”. Sim, essa pessoa está nos esperando, no último parágrafo do Observatório: ou seja, vamos conhecer o nosso eu, o “você” em cada um de nós. Meu horóscopo diz que o libriano vai se conhecer melhor e se tornar uma pessoa mais profunda e consciente de si. Para capricórnio, os aniversariantes Henrique Amorim e Carlos Rapiso, a previsão se antecipou, porque ambos são desapegados, vivem com plenitude e são referência nos relacionamentos, na vida doméstica e profissional. E o seu horóscopo, o que diz para você neste ano?

Falando em referência, o Rei Pelé passou por aqui integrando a seleção de 1962. Juca Berbert, meu primo, fez relatos importantes em conversa com Vinicius Gastin. Era uma época mais livre e “os jogadores se integravam à comunidade sendo que as pessoas podiam conversar com eles... e até namorar”. Que maravilha! Integração com o povo, a comunidade é o desejo do novo presidente da Câmara Municipal, Max Bill. Sucesso!

Na charge Silvério, O Cão Sentado traz 2023 no bico da cegonha – a metáfora, a criança de olhos atentos, que espera receber de nós os cuidados de um recém-nascido. A psicóloga, Cinthia Lima Ramos, em conversa com Christiane Coelho, realça: “Seja perseverante, mantenha a constância. A vida exige de nós um posicionamento. Só vencemos as guerras, quando passamos pelo treinamento...”. Feliz 2023 para todos nós! 

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Com novas idades

segunda-feira, 02 de janeiro de 2023

A sexta-feira desta semana, dia 6, e a primeira de 2023, reserva marcas especiais pelas bandas da Campesina Friburguense.

Nesta data, a Banda Campesina Friburguense, como um dos grandes patrimônios de Nova Friburgo e região, completa seu 153º aniversário de fundação e seu presidente Carlos Magno da Silva, o Maguinho que está à frente da banda desde janeiro de 2006, portanto, há 17 anos, completará o 62º natalício. Parabéns, portanto em dose dupla, para ela, a Campesina, e ele, o Maguinho.

Linda com 4 aninhos

A sexta-feira desta semana, dia 6, e a primeira de 2023, reserva marcas especiais pelas bandas da Campesina Friburguense.

Nesta data, a Banda Campesina Friburguense, como um dos grandes patrimônios de Nova Friburgo e região, completa seu 153º aniversário de fundação e seu presidente Carlos Magno da Silva, o Maguinho que está à frente da banda desde janeiro de 2006, portanto, há 17 anos, completará o 62º natalício. Parabéns, portanto em dose dupla, para ela, a Campesina, e ele, o Maguinho.

Linda com 4 aninhos

No lar do simpático casal Alessandra e Edivar, as alegrias uma vez mais não se restringiram somente ao Natal e Ano Novo. No dia 26 de dezembro, a sua filha, verdadeira princesinha Letícia Cordeiro Teixeira (foto) comemorou seu 4º aniversário.

Parabéns para a Leticinha amada, para seus pais e também aos seus respectivos avós corujas Adineia & Roosevelt de Carvalho (maternos) e Maria Elizia & Edivar Couto.

Maçonaria com 185 anos

Mesmo em recesso maçônico (de 13/12/2022 a 22/01/2023), a Loja Maçônica Indústria e Caridade de Nova Friburgo, uma das mais antigas não somente do Estado do Rio, mas também do Brasil acaba de chegar a uma marca relevante.

Ontem, dia 2 de janeiro, a Loja Indústria e Caridade completou nada menos que 184 anos de idade, somente pouco menos de 21anos que a própria existência de Nova Friburgo.

Parabéns ao GS!

Outro admirado, querido e doce aniversariante de Nova Friburgo na próxima sexta-feira, dia 6 de janeiro.

É ele Gilberto Sader, conhecido comerciante e pessoa também envolvida com diversas entidades sociais de nosso município. Parabéns, grande ano e muitas felicidades ao Sader.

Aniversários em família

Com pequeno atraso, mas com grande satisfação, nossos parabéns ao querido jovem torcedor do Mengão Campeão, João Vitor de Sá Albertini Klen (foto), pela estreia de sua nova idade de 18 anos neste dia 28 de dezembro, quarta-feira passada, inclusive com contentamento pelo aniversário de sua querida mãe Eleni de Sá, no festivo dia 1º deste novo ano de 2023.

Estes aniversariantes são motivos de alegrias também do pai/esposo Alcides, assim como dos irmãos Eduardo e Elaine Cristina, bem como da querida Mirella, namorada do João Vitor.

Friburguense que encantou Pelé

Como temos visto na mídia em geral, muito se falou e ainda há de se falar sobre o maior craque que viverá para a eternidade do futebol na história do mundo, que é o imortal e fabuloso Pelé.

Aqui em Nova Friburgo, há algo que por certo não é de conhecimento de todos e que não diz somente a passagem da Seleção Brasileira em nosso município, com certo período de treinamentos para Copa do Mundo de 1966.

É que na década de 70, estando em certo almoço festivo num hotel do Rio, onde a seleção brasileira estava hospedada, a friburguense e conhecida colunista social e carnavalesca Marly Pinel recebeu um convite direto do próprio Pelé que foi até a sua mesa e a convidou para sentar-se com ele em sua mesa.

Em livro sobre a sua história de vida que está para ser lançado futuramente, a própria Marly Pinel contará este episódio.

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A paz

segunda-feira, 02 de janeiro de 2023

Caros leitores, mais um ano se passou e já estamos em 2023. Desde 1968, o primeiro dia do ano é dedicado à paz entre os povos.

Caros leitores, mais um ano se passou e já estamos em 2023. Desde 1968, o primeiro dia do ano é dedicado à paz entre os povos.

Na ocasião da instituição desse dia, o Papa Paulo VI diz que: "A proposta de dedicar à Paz o primeiro dia do novo ano não tem a pretensão de ser qualificada como exclusivamente nossa, religiosa ou católica. Antes, seria para desejar que ela encontrasse a adesão de todos os verdadeiros amigos da Paz." É um chamado a aderir, acolhê-la. Não uma paz construída pela força, mas no sentido bíblico, como um dom messiânico por excelência, que é a nossa reconciliação e pacificação com Deus.

Lucas apresenta Jesus como verdadeiro pacificador, quando envia seus discípulos e os pede que comuniquem a paz, dizendo: "Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'Paz a esta casa!' E se lá houver um filho de paz, a vossa paz irá repousar sobre ele; senão, voltará a vós."(Lc 10,5-6).

Essa é aquela paz anunciada pelos anjos na noite do nascimento de Jesus em Belém. Como diz Anselmo Grün, "não é uma paz mundana; suas raízes são a glória de Deus, que desceu à terra na encarnação de seu Filho". “Jesus é a nossa paz: tendo derrubado o muro de separação e suprimido em sua carne a inimizade, Ele fez de dois povos um só” (Cf, Ef 2,14).

Essa paz é fruto da justiça, que Deus operou e opera em nós por meio da encarnação, paixão e morte de seu Filho. Por este mistério somos convidados a toda boa obra. Somos chamados a levar e comunicar essa paz que habita em nós e que recebemos como dom, por meio d'Ele. Não somos nós primordialmente seus construtores, antes ela é um dom conferido por Cristo.

O desejo hoje é que essa paz encontre lugar para habitar em cada coração. Sentimos e a vivenciamos quando recordamos que Cristo nasceu em nós, e damo-nos    conta, como Santo Agostinho, que há um lugar de paz, e esse lugar não está fora, mas dentro de nós, "...eis que procurava fora e estavas dentro".

Queridos leitores, enquanto cristãos, essa é a nossa fonte de paz. Mas bem sabemos que ela é um desejo universal, é o desejo de todo ser humano. Não fomos feitos para guerrear uns contra os outros, fomos feitos para paz que é um dom, e que, ao mesmo, é também um valor humano a ser realizado no plano social e político, mas suas raízes estão lançadas no mistério de Cristo.

Façamos hoje da prece do Papa Bento XVI a nossa prece. "Que a Virgem Maria que veneramos com o título Mãe de Deus, nos ajude a contemplar a face de Jesus, Príncipe da  Paz. Que ela nos ajude e nos acompanhe neste novo ano; que ela obtenha para nós e para o mundo inteiro o dom da Paz".

Pe. Gilmar Rodrigues Gomes

Assessor Diocesano da Pastoral da Comunicação

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2023 e o Aleph

segunda-feira, 02 de janeiro de 2023

Quando escrevi a coluna sobre os escritores cegos, na qual me referi ao escritor argentino Jorge Luis Borges (1899 – 1986), uma vontade inquieta de conhecer sua obra tomou conta de mim. Busquei o livro de contos, “O Aleph”, considerado uma das maiores obras literárias do Ocidente. Recorrendo a uma literatura fantástica, o livro, publicado em 1949, tem a grandiosidade e a complexidade literária esculpida por um gênio. Com uma cultura universal admirável, Borges está no rol dos autores mais importantes do século XX.

Quando escrevi a coluna sobre os escritores cegos, na qual me referi ao escritor argentino Jorge Luis Borges (1899 – 1986), uma vontade inquieta de conhecer sua obra tomou conta de mim. Busquei o livro de contos, “O Aleph”, considerado uma das maiores obras literárias do Ocidente. Recorrendo a uma literatura fantástica, o livro, publicado em 1949, tem a grandiosidade e a complexidade literária esculpida por um gênio. Com uma cultura universal admirável, Borges está no rol dos autores mais importantes do século XX.

Ele adentra no âmago dos personagens e dos fatos de modo a fazer com que o leitor perceba e sinta a história, cheia de peripécias, contrastes e embates, com plenitude. Com maestria, retrata o movimento dos fatos e dos personagens, motivando a reflexão sobre diferentes pontos de vista, na medida em que realça as incertezas, as incongruências, os embates, os ciclos da vida e da natureza em suas narrativas.

Para compreender os textos, tive que relê-los algumas vezes. Quando conseguia interpretá-los, eu me maravilhava, preenchia os hiatos da minha vida com as ideias expostas, mesmo que extravagantes, e abria outras fendas dado que suas ideias tinham o poder de enfraquecer algumas convicções. Cada frase me oferecia um campo aberto para a análise de questões importantes, que todos nós precisamos fazer para ter ciência das coisas. Quem é o herói? Quem é o traidor? Será o herói o maior traidor da história?

Diante de Borges, meu olhar é inocente, apequenado e infantil!

Em o conto “O Aleph”, o personagem tem o privilégio de se defrontar com o espaço cósmico, um lugar onde estão todos os lugares, vistos de todos os ângulos, através de um ponto de dois ou três centímetros, situado no 19º. degrau de uma escada, no porão de uma casa velha. O espaço, como a lâmina do espelho, mostrava infinitas coisas e que lhe permitia ver claramente todos os pontos do universo, como o mar, as multidões, a rua Soles com as mesmas lajotas de 30 anos atrás, um câncer no peito, cavalos, jardins-de-inverno, todas as formigas, cartas obscenas, as vísceras e o rosto do personagem. E muito mais. 

Naquele instante, clarividente e imaginário, quase louco, o personagem tomava conhecimento do mundo exterior e interior por inteiro. Um momento implacável que lhe permitiu o mais profundo encontro com a natureza de todas as coisas. Inclusive com a dele próprio.

Quem pode ver o Aleph?

Estará numa pedra? No teto? Na tampa de uma caneta?

Será um privilégio, uma aptidão ou uma vontade de encontrar o Aleph e adentrá-lo sem cerimônia. Só quem está vivo pode vivenciar tal momento sublime e de interação plena, de reconstrução da identidade individual, tornando-a integrada e integral, a parte mais e menos significativa de um todo maior. 

Em 2023, a pessoa, depois de se deparar com o Aleph, quem será e como viverá o ano?

“Quero acrescentar duas observações: uma, sobre a natureza do Aleph; outra sobre o nome dele. Como se sabe, essa é a primeira letra do alfabeto da língua sagrada. Sua aplicação ao centro da minha história não parece casual. Para a cabala, a letra significa o Em Soph, a iluminada e pura divindade; também se disse que tem a forma de um homem que aponta para o céu e para a terra, indicando que o mundo inferior é espelho e o mapa do superior; para Mengenlehre, é o símbolo dos números transfinitos, em que o todo não é maior do que uma das partes.” (Jorge Luis Borges)

 

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