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O poeta cancioneiro

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Na semana passada, nos momentos de solitude, passeando pelo YouTube, me deparei, sem querer, com a história de um rei, Roberto Carlos. Repentinamente, me vi cercada por recordações e pude matar só um pouco das saudades da minha adolescência, do tempo em que sonhar era o passaporte para o futuro. Revi tantos momentos em que as paixões dos primeiros amores tomaram conta de mim, das festas de vitrolas e discos de vinil, dos primeiros sapatos de salto alto, especialmente um de verniz preto e branco.

Na semana passada, nos momentos de solitude, passeando pelo YouTube, me deparei, sem querer, com a história de um rei, Roberto Carlos. Repentinamente, me vi cercada por recordações e pude matar só um pouco das saudades da minha adolescência, do tempo em que sonhar era o passaporte para o futuro. Revi tantos momentos em que as paixões dos primeiros amores tomaram conta de mim, das festas de vitrolas e discos de vinil, dos primeiros sapatos de salto alto, especialmente um de verniz preto e branco. Adentrei a noite e a madrugada impregnada de lembranças, amanheci flutuando sobre um tempo que gostei de viver.

“Para poder lhe explicar\Como é grande meu amor por você\Nem mesmo o céu e as estrelas\Nem mesmo o mar e o infinito\Nada é maior que o meu amor\Nem mais bonito” (Como é Grande o Meu amor Por Você, Roberto Carlos, 1967) 

Certamente a parceira com o Tremendão, Erasmo Carlos, me enterneceu pela empatia que sentiam um pelo outro, através da relação feita pela sintonia poética e musical que construíram a partir de uma história de amizade, inspiração e musicalidade. A poesia permeou a criatividade com que compuseram tantas músicas que se tornaram populares e marcaram época.  

“Você meu amigo de fé, meu irmão camarada\Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas\Cabeça de homem mas o coração de menino\Aquele que está ao meu lado em qualquer caminhada” (Amigo, Roberto Carlos e Erasmo Carlos,1977)

Ao assistir a biografia Roberto Carlos em vários vídeos, constatei que ele vê a vida, desde criança, com os olhos sensíveis de um artista capaz de transpor as emoções para letras e acordes musicais. Os caminhos desse poeta cancioneiro, a maioria em parceira com Erasmo Carlos, contam histórias românticas, cheias de afeto e sensibilidade para falar dos mais fatos simples da rotina. Mas quem já não experimentou sentimentos amorosos, que contagiaram os pensamentos diários, expressos em tudo o que fez?  

“Detalhes tão pequenos de nós dois\ São coisas muito grandes pra esquecer\ E a toda hora vão estar presentes\Você vai ver ”(Detalhes, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1971)

A vida trouxe grandes desafios para o nosso “Rei”, mas sua trajetória existencial nos mostra entusiasmo e determinação para fazer seu destino prosseguir de forma digna, produtiva e bela. 

“Cubra-me com seu manto de amor\Guarda-me na paz desse olhar\cura-me as feridas e a dor me faz suportar\Que as pedras do meu caminho\Meus pés suportem pisar\mesmo ferido de espinhos me ajude a passar” (Senhora, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1993).

Ele contou sua vida através das letras das músicas que compôs, de modo que seus pais, amores, filhos e amigos, bem como situações vividas foram evidenciadas de modo emocionante. Inclusive sua religiosidade foi retratada com devoção. Ele precisou ir além da experiência, pois, enquanto poeta, apenas o viver não lhe bastou; seu modo de sentir é vasto e forte, capaz de extrapolar os limites sensoriais, racionais e corporais.  Para nossa sorte, Roberto não guardou para si os ruídos da alma, mostrou-nos como a plenitude do afeto é infinita, e, assim sendo, foi-lhe insuportável silenciar. 

Por falar nele, vamos tomar sorvete!

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Aos leitores

sábado, 17 de dezembro de 2022

Devido ao acervo da Fundação Dom João VI / Pró Memória de Nova Friburgo não dispor em seu acervo exemplares da edição de A VOZ DA SERRA, de 17 e 18 de dezembro de 1972, não publicamos nesta página a coluna HÁ 50 ANOS.

Devido ao acervo da Fundação Dom João VI / Pró Memória de Nova Friburgo não dispor em seu acervo exemplares da edição de A VOZ DA SERRA, de 17 e 18 de dezembro de 1972, não publicamos nesta página a coluna HÁ 50 ANOS.

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Eu já escuto os teus sinais

sábado, 17 de dezembro de 2022
Foto de capa
(Foto: Pexels)

Não vem de tão longe e se achega cada vez mais perto. Vem como fantasia de porta-bandeira, cheia de plumas multicoloridas, paetês brilhosos de sol e lua, com flâmula e tudo. Se despido, segue vibrante e concreto, bailando como se voasse pela avenida dos tempos que não envelhecem. 

Não há como voltar atrás. Até os mais incrédulos já enxergam. O que vem é repleto de poesia sábia que só os apaixonados podem declamar. Seus versos são de canção nova experimentada em tantas outras que entregam esperança encarnada na alma.

Não vem de tão longe e se achega cada vez mais perto. Vem como fantasia de porta-bandeira, cheia de plumas multicoloridas, paetês brilhosos de sol e lua, com flâmula e tudo. Se despido, segue vibrante e concreto, bailando como se voasse pela avenida dos tempos que não envelhecem. 

Não há como voltar atrás. Até os mais incrédulos já enxergam. O que vem é repleto de poesia sábia que só os apaixonados podem declamar. Seus versos são de canção nova experimentada em tantas outras que entregam esperança encarnada na alma.

Adeus, estações sombrias! Adeus, cara fechada tomada por ódio. Adeus a esse rancor amargurado que traveste hipocrisia. O amor venceu e seu pódio convoca a diversidade de ser feliz. Se nós somos tantos e tão diferentes, realcemos o respeito ao que nos une: liberdade! De ser quem se é e de ser quem quiser, mesmo sem saber quem se pode tornar a ser. Porque uma vida é pouca para o tanto que podemos ser e experimentar.

O que mata e corrói não é liberdade, mas caça aos livres. A inveja aprisiona. A maldade apequena. A arrogância envenena e, pouco a pouco, mata a si próprio. Deixe o julgamento para os juízes, mas voe como os astronautas, os paraquedistas, as crianças que pulam de sofá em sofá como super-heróis que são. 

Cada vez mais perto está. Eu sei. De espantar os pessimistas e ressabiar os falsos moralistas. É de pulsão essa satisfação em saber que esse sopro se achega cada vez mais forte e traz consigo novos dias de memórias boas. Filho da esperança quer ser pai de bonança. Abre os braços para a paz e abraça forte o amor que finca raízes no quintal.

Há jardins por florescer nos paralelepípedos das ruas e entre as flores, sementes de doces começam a perfumar de infância toda vizinhança. Os meus vizinhos da África, da Austrália e de toda a Europa haverão de celebrar como se faz nas primaveras. 

O brilho no olhar de volta, a confiança retomada para não ter mais que precisar de coragem para ser feliz. Se faz feliz – vai! Simplesmente, vai. Depois de tanto, tal aprendizado está por se estabelecer nas enciclopédias, nas filosofias, nos ditados populares, nas salas de terapia, no cotidiano das cidades, nos livros de pouca ajuda, de autoajuda, nos gibis que ensinam muito mais. 

A felicidade já está por vir puramente por se caminhar por ela, até ela. Será sonho? O sonho é o que move tudo. Sonhos são de uma potência acima dos desejos e das ambições ao ponto que ambos — ambição e desejo — são apenas subprodutos dos sonhos.

Não vem de tão longe e se achega cada vez mais perto. Talvez já tenha vindo em outros momentos. Se está voltando ou não, eu não sei. Mas sei que está muito perto, cada vez mais próximo. Tem frescor. Tem sabores tantos que ultrapassam o que o paladar pode determinar como conhecido. É repleto de plenitude como se no peito se pudessem carregar estrelas destinadas ao firmamento. 

Ninguém pode deter o que está para acontecer. Fé na vida, nas horas dos dias. Fé no outro e na própria ingenuidade. É intenso esse sentimento que vem e se achega cada vez mais perto. Sensivelmente empático e espontaneamente otimista. A janela é maior do que nós para dar vista a um mundo incrivelmente fabuloso. 

Você vem ver? Pois, eu já escuto os teus sinais.

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Para 2023...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Você já planejou organizar as finanças? Começar a investir? Estudar sobre mercado financeiro? Não é fácil tirar planos do papel. Demanda esforço, estudo, organização e muitas outras qualidades indispensáveis para obter o êxito. Concluir seus objetivos requer dedicação, e esta é a única coisa que me foge ao alcance para te ajudar a chegar lá. Mas podemos conversar e encontrar um pequeno direcionamento de como caminhar num ano cheio de metas conquistadas. Pelo menos no que for tangível ao âmbito financeiro, é claro.

Você já planejou organizar as finanças? Começar a investir? Estudar sobre mercado financeiro? Não é fácil tirar planos do papel. Demanda esforço, estudo, organização e muitas outras qualidades indispensáveis para obter o êxito. Concluir seus objetivos requer dedicação, e esta é a única coisa que me foge ao alcance para te ajudar a chegar lá. Mas podemos conversar e encontrar um pequeno direcionamento de como caminhar num ano cheio de metas conquistadas. Pelo menos no que for tangível ao âmbito financeiro, é claro. Portanto, para escolher um caminho a trilhar, é necessário entender onde você se encontra agora.

- Quer viver de renda? Precisa colher bons frutos de uma vida de bons investimentos.

- Pretende investir? Defina bem onde vai alocar seu patrimônio.

- Seu investimento traz riscos? Consolide uma boa reserva de emergências.

- Não tem reservas? Está na hora de organizar seu orçamento.

- O orçamento está comprometido em dívidas? Você precisa de educação financeira.

Costumo dizer por aqui que a educação financeira deveria fazer parte da formação cidadã do indivíduo. É a maneira de buscarmos nossos espaços numa sociedade capitalista; é a ferramenta mais democrática para a redução da desigualdade social. Se é ou não eficaz, talvez o tempo responda. Mas aposto minhas fichas.

Antes de prosseguirmos ao assunto central da coluna desta sexta-feira, entretanto, quero demonstrar minha breve opinião pessoal do mecanismo econômico que nos permeia: o capitalismo já mencionado nesse parágrafo. Fazemos parte de um ecossistema responsável por democratizar o acesso ao capital. Depois de séculos nas mãos de famílias reais e outros títulos de nobreza, o capital pôde encontrar novos participantes na história recente da humanidade e talvez tenha encontrado a possibilidade de novas dinâmicas.

O ambiente ainda muito selvagem, por vezes é até covarde. Não procuro atribuir a salvação social com o atual sistema vigente, mas faz parte de um caminho a ser seguido.

Voltando ao tema – já quase me entregando aos devaneios da escrita –, os caminhos a serem seguidos por você e pela sociedade em busca de um futuro próspero acabam de se encontrar para alcançar o mesmo objetivo: qualidade de vida. Vamos então ao planejamento da sua estratégia financeira para conquistá-la?

1º passo: domine seu orçamento. Anote despesas e receitas minuciosamente para classificá-las em fixas obrigatórias, fixas não obrigatórias, variáveis obrigatórias e variáveis não obrigatórias.

2º passo (para endividados): priorize quitar suas dívidas em ordem decrescente de taxa de juros.

3º passo: com despesas e receitas dominadas, programe sua poupança (o ato de poupar) para executá-la antes de iniciar gastos.

4º passo: direcione suas reservas para ativos seguros e líquidos (se ainda não domina o assunto, busque o tesouro Selic e CDBs diários sem carência).

5º passo: invista naquilo que você ou um profissional de confiança conheçam e dominem. Investir e a habilidade de multiplicar, então não há uma regra. Podem ser ações ou vender picolé, por exemplo. Basta ser potencialmente rentável.

Viver num mundo capitalista faz parte do longo caminho a ser percorrido e vamos direcionando as velas para onde se quer chegar. Remar contra a maré pode ser desgastante e ineficaz.

Lembre-se, você não precisa se tornar multimilionário. Basta satisfazer suas necessidades e ter a liberdade para dar corda aos seus sonhos.

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Palavreado

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Hoje fiquei refletindo sobre a linguagem, os idiomas diferentes e sua possível interferência no modo de sentir das pessoas. Sabemos que a palavra saudade nos é própria. Coisa nossa. Mas também parece certo que o sentimento correspondente à saudade é universal. Quase não consigo assimilar um ser humano que não se conecte com esse sentimento. Volta e meia de alguma maneira, me conecto com pessoas cuja linguagem, por ser tão diferente e não familiar, aparenta ser mais fria, menos emocional.

Hoje fiquei refletindo sobre a linguagem, os idiomas diferentes e sua possível interferência no modo de sentir das pessoas. Sabemos que a palavra saudade nos é própria. Coisa nossa. Mas também parece certo que o sentimento correspondente à saudade é universal. Quase não consigo assimilar um ser humano que não se conecte com esse sentimento. Volta e meia de alguma maneira, me conecto com pessoas cuja linguagem, por ser tão diferente e não familiar, aparenta ser mais fria, menos emocional. Por aqui, convivemos com pessoas que muitas vezes não têm noção sobre as regras de linguagem idiomática, mas que dominam a linguagem corporal e se fazem entender muito bem. Sentindo.

Para muito além do palavreado, a expressão corporal no Brasil diz muito sobre nosso povo. Temos, de maneira geral, uma queda por contato físico. Abraço para nós é algo rotineiro, próximo. As pessoas que às vezes acabam de se conhecer, cumprimentam-se com beijos no rosto – algo deveras íntimo. Nós somos de encostar, de andar de mãos dadas, de tocar no outro enquanto conversamos. Terminamos uma prosa com um “eu te amo”, mandamos beijos pelo telefone, choramos com as estórias dos outros, sorrimos para desconhecidos, partilhamos de emoções de forma única.

Um teste interessante tem a ver com a capacidade que temos de fazer amigos, com a facilidade de interagir em ambientes sociais, com a ausência de barreiras para trocar ideias, fazer perguntas. Obviamente não estou generalizando. Mas se pararmos para pensar, se convivermos com pessoas de culturas muito diferentes, se tivermos a oportunidade de viajar e observar pessoas dos mais diversos lugares, talvez nos aproximemos dessa conclusão.

Amor é sentimento universal, mas creio que as formas de amar, as demonstrações desse amor, sofrem interferência direta com o lugar em que vivemos, a forma como somos criados e educados e até mesmo da linguagem. Assim, imagino que seja a tristeza, a frustração, a melancolia, a alegria, a satisfação e muitos outros sentimentos. Mas há algo que eu acho que realmente seja universal, que não podemos mudar, não podemos interferir, não podemos criar fórmulas para controlar – ninguém pode: o tempo. Sobre ele, já diria Cazuza, não para. Aproveitemos, pois. Isso sabemos fazer.

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Buracos enfeitados

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

A rodovia RJ-150, que liga Nova Friburgo ao distrito de São José do Ribeirão, em Bom Jardim, cortando o distrito friburguense de Amparo, parece ter sido mesmo retirada do mapa pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. O trecho urbano desta estrada, principalmente entre a fábrica de ferragens Haga e o bairro Nova Suíça, é o mais crítico e permanece cheio de buracos, alguns, verdadeiras crateras. Com as chuvas recentes, a situação piorou e o risco de acidentes aumentou consideravelmente, pois os motoristas, em diversos trechos, têm que invadir a contramão para não cair nas crateras.

A rodovia RJ-150, que liga Nova Friburgo ao distrito de São José do Ribeirão, em Bom Jardim, cortando o distrito friburguense de Amparo, parece ter sido mesmo retirada do mapa pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. O trecho urbano desta estrada, principalmente entre a fábrica de ferragens Haga e o bairro Nova Suíça, é o mais crítico e permanece cheio de buracos, alguns, verdadeiras crateras. Com as chuvas recentes, a situação piorou e o risco de acidentes aumentou consideravelmente, pois os motoristas, em diversos trechos, têm que invadir a contramão para não cair nas crateras. Um grande perigo na altura da Chácara do Paraíso. 

Na semana passada, as equipes do Departamento de Estradas de Rodagem do estado (DER-RJ) estiveram mais uma vez na RJ-150 para promover a já conhecida “Operação Maquiagem”, na qual se coloca massa asfáltica sobre os buracos mais críticos com tempo mínimo de validade do conserto. Ou seja, os buracos continuam por lá e alguns já estão ficando maiores de novo. O que chama atenção agora é que o órgão pintou faixas por todo o trecho urbano da rodovia, recuperando a sinalização horizontal que havia desaparecido. O certo, não seria fazer o recapeamento do piso primeiro? Gastou-se dinheiro com tinta em um serviço feito às avessas. Ou será que quiseram somente decorar os buracos da estrada? 


Frederico Barros

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Geração Canguru: presos nas casas dos pais

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Sair de casa dos pais é um marco importante e marcante de nossas vidas. Buscar a independência pessoal, seguir o próprio caminho. Sair para estudar fora, para trabalhar, para viver sozinho ou constituir uma família. As vezes, de forma repentina deixando um ar de saudades. E alguns, deixam o lar gradualmente, sempre presente para filar aquele almoço ou lavar uma muda de roupa suja.

Sair de casa dos pais é um marco importante e marcante de nossas vidas. Buscar a independência pessoal, seguir o próprio caminho. Sair para estudar fora, para trabalhar, para viver sozinho ou constituir uma família. As vezes, de forma repentina deixando um ar de saudades. E alguns, deixam o lar gradualmente, sempre presente para filar aquele almoço ou lavar uma muda de roupa suja.

Pelas mais diversas razões, muitas delas boas razões, há quem escolha fazê-la mais tarde e fique vivendo com os pais mesmo depois de ingressar no mercado de trabalho e ter até um bom salário. A lógica de caminhar com as próprias pernas tem ficado para trás, e vem dando espaço à chamada "Geração Canguru".

‘Geração Canguru’ é o nome dado ao grupo de jovens entre 25 e 34 anos que têm adiado a saída da casa dos pais. Trata-se de uma tendência em ascensão no mundo, mas que se reafirma ainda mais na América Latina, e em especial no Brasil. Embora, parte desses adultos já trabalhe, morar só ainda não é uma opção.

Afinal, qual é a hora certa de ir embora da casa dos pais? Essa pergunta ganhou novos contornos em função da pandemia de Covid-19 e seus desdobramentos. Os motivos que mantém esses jovens presos ao ninho são diversos: mais anos se dedicando aos estudos, o custo alto de vida, os baixos salários em início de carreira e os fatores emocionais.

Estudos realizados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que se há 12 anos, um a cada cinco jovens ainda residia com seus progenitores, essa proporção agora aumentou: um a cada quatro ainda vive com os pais, sendo maior parte, homens e residentes no Sudeste, onde o custo de vida é o mais caro do Brasil, especialmente nos grandes centros.

O estudo aponta ainda que os jovens que moram com os pais tendem a ser mais escolarizados do que aqueles com a mesma faixa etária que moram sozinhos. Com mais anos de dedicação aos estudos nas faculdades e nos concursos públicos, a juventude cada vez começa suas atividades profissionais mais tardiamente e consequentemente, mais tardiamente se estabelece no mercado de trabalho.

O que se percebe é que para muitos jovens realmente é difícil conciliar trabalho, estudo e, ainda, ter uma casa para cuidar com todas as responsabilidades embutidas. As prioridades dos jovens também estão mudando. Muitos preferem gastar com viagens do que pagar aluguel, outros investem em bens de consumo.

Ao contrário do pensam, morar com os pais não está necessariamente atrelado a estar desempregado. O mais inquietante é que grande parte dos jovens não estão mais tendo mais a escolha de morar só nos dias atuais.  Para muitos é uma necessidade. Até que enfim... consigam se estruturar financeiramente e seja capazes de arcar com os gastos de uma casa, sozinho.

Estamos lidando com uma mudança geracional, e isso é inegável. Hoje, ao contrário da realidade dos anos 90, os adultos não se casam tão cedo. Casamento que na vida de muita gente, marcou um divisor de águas entre a meninice e as responsabilidades. Hoje, a vida matrimonial tem sido deixada para escanteio e o foco se tornou a vida profissional, as experiências de vida e viver com menos responsabilidades.

E há quem tenha insegurança, o medo dos desafios da vida adulta, de crescer e lidar com as responsabilidades. A incapacidade de crescer e adquirir comportamentos visto como adultos. Para muitos, está atrelado à Síndrome de Peter Pan, em que muitos adultos querem viver a vida sendo verdadeiras crianças. Será?

Há ainda quem fale sobre a Síndrome do Ninho Vazio, em que os pais que antes tinham como principal responsabilidade cuidar dos filhos, se veem livres dessa obrigação e geram um período de luto e tristeza. E para evitar que isso aconteça, não pressionam seus filhos a saírem de casa, para sempre, terem a proteção de ter quem amamos debaixo das nossas asas.

Os jovens tem se preparado mais para sair de casa e evitar as dificuldades financeiras da vida cara ou apenas acabam se acomodando debaixo das asas dos pais? Os jovens adultos estão menos preparados para o mundo e vivem como crianças ou os pais que cada vez mais querem ter os filhos por perto? Ou simplesmente, o mundo mudou?

Fato é que a música da dupla Zezé di Carmago & Luciano, sucesso sertanejo, que fala da dor dos pais em ver seus filhos indo embora: “mas ela sabe que depois que cresce, o filho vira passarinho e quer voar (...)” , está cada vez mais perdendo o sentido. A geração de passarinhos que fogem da gaiola se transformou na conhecida Geração Canguru.

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Pessoas contundentes x Pessoas reflexivas

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Um bom número de pessoas se torna contundente desde criança. E talvez seu irmão ou irmã, no mesmo ambiente familiar, age de forma diferente, com serenidade. O que faz esta diferença?

Um bom número de pessoas se torna contundente desde criança. E talvez seu irmão ou irmã, no mesmo ambiente familiar, age de forma diferente, com serenidade. O que faz esta diferença?

Por alguma razão algumas crianças reagem desde pequenas com atitude confrontadora, questionadora, opositora. Parece algo meio automático, tipo, pisou, levou. Em parte, isso é aprendido porque o pai ou a mãe podem ser assim e a criança copia este modelo confrontador. Mas é mais do que uma cópia. Isto porque nem todos os filhos daquela família copiam o mesmo comportamento dos pais e se tornam irmãos com atitudes semelhantes. Pelo contrário, irmãos criados num mesmo ambiente infantil podem ser bem diferentes em termos de personalidade.

As causas que explicam por que algumas crianças se tornam contundentes são variadas. Por contundente me refiro à tendência de questionar, confrontar os outros e, às vezes, até agir com agressão física, como a criança que bate em outras, morde, chuta. Pais nervosos, impacientes, contundentes passam esta postura para seus filhos e os que geneticamente possuem uma propensão para a agressividade, acabam desenvolvendo a atitude contundente que levam para a vida adulta.

Diante de um mesmo fator estressante em casa, uma criança de, vamos dizer, uns 5, 7 ou 9 anos de idade pode enfrentar os pais como se fosse um adulto, enquanto que seu irmão mais velho ou mais novo, pode ficar calado, e submisso. Mas não é necessariamente uma submissão passiva, doentia, e sim porque parece que aquela criança tem mais calma interna, mais serenidade, melhor controle emocional.

Não é fácil pai e mãe verem que o comportamento que seu filho ou filha possuem, bom ou mal, tem que ver com o comportamento deles, só do pai, só da mãe ou de ambos. Nestes casos é comum pegarem a criança chamada de “criança problema” e levá-la ao psicólogo, como se o “problema” da criança fosse algo que caiu do céu sobre ela e os pais não têm nada que ver com isso. Na verdade, eles têm sim porque podem possuir um jeito de ser disfuncional, difícil, contundente, impulsivo, que a criança copiou e repete. Por isso é importante que a família inteira receba orientação profissional em terapia e não só aquele membro dela que em psicologia chamamos de “paciente escolhido”.

A doença psicológica da criança é a doença psicológica da família como um todo. Então, é a família que precisa ser tratada nesta questão de ter uma criança contundente. Isto não quer dizer que os pais são culpados. Não é uma questão de quem é o culpado, mas que modelo os pais passam para um filho que provavelmente pela genética nasceu com propensão para ser uma criança rebelde, ou questionadora. Nestes casos junta-se a fome com a vontade de comer. Ou seja, os pais, um só ou ambos, dão péssimo exemplo de descontrole emocional, de contundência, de impulsividade nas respostas que saem irrefletidamente na maioria das vezes, e a criança absorve isso com força porque ela nasceu com a propensão de ser questionadora, impulsiva.

Parece que as pessoas contundentes gostam de ser assim. Conheço várias delas e percebo que muitas quando falam de seu jeito de ser questionador, esboçam um ar de superioridade. Não é errado questionar. Especialmente se você está sendo vítima de pessoas abusivas, sejam chefes abusivos, cônjuges abusivos ou em outros tipos de relacionamento. Questionar a maneira abusiva da pessoa agir com você é importante. O problema que gera relacionamentos desagradáveis é a pessoa ser predominantemente questionadora. Você nem terminou a frase e ela já está questionando. Isto é o contrário de uma pessoa reflexiva, que pensa antes de falar, pensa no que vai falar e pensa se vale à pena falar.

Parece que pessoas contundentes vivem estressadas e criam estresse nos seus relacionamentos. Parecem britadeiras. Para mudar para melhor o primeiro passo para elas é encarar que são assim. O segundo é desejar mudar. O terceiro é fazer algo para agir de forma diferente, com reflexão, lembrando que as pessoas não são um bloco de cimento que precisa ser quebrado por atitudes contundentes como a britadeira quebra o concreto.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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Comendo ouro

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Pode se dar o caso de algum leitor estar pretendendo conhecer aquele fabuloso país do Oriente Médio

Pode se dar o caso de algum leitor estar pretendendo conhecer aquele fabuloso país do Oriente Médio

Eu nem vou entrar nessa discussão sobre aquele jantar dos jogadores e ex-jogadores brasileiros durante a Copa do Mundo, com bifes polvilhados a ouro e que custou o equivalente a quase um mês de Bolsa Família para os famintos do Brasil inteiro. E nem é a primeira vez que ouço falar nisso: em São Paulo, que é uma cidade rica, mas é pobrezinha de marré deci quando comparada a Doha, capital do Qatar, já servia essa iguaria tempos atrás. Na época em que li isso, fiquei sabendo que o ouro não tem nenhum valor alimentício, nem acrescenta nenhum sabor à comida. Ou seja: é pura ostentação. Nem mesmo pode ser peneirado e reaproveitado após a comida ter cumprido todo o seu percurso, terminando como todos nós sabemos, seja a do Principe Charles, no Palácio de Buckingham, seja a do seu Manuel Pedreiro, no Morro da Providência.

Mas não fiquei revoltado com nossos milionários atletas, muitos dos quais têm origens tão humildes que, se não tivessem pés tão inteligentes, talvez estivessem na fila para receber os R$ 600,00 que o Governo Federal paga aos pobres mais pobres do Brasil. Acho horrível o que eles fizeram, totalmente indiferentes à fome do povo brasileiro. Mas eles não são os únicos que perderam a noção das coisas e o sentimento de solidariedade com os que, como eles, também jogam duro para ganhar a vida, só que dirigindo caminhão, carregando cimento, vendendo banana na feira ou simplesmente estendendo a mão a quem passa na calçada e parece estar um pouco melhor de vida. Nossos atletas não são diferentes de nós, são como nós, apenas com muito mais dinheiro, e dinheiro ganho muito depressa. Tivéssemos tido a mesma oportunidade, talvez não fizéssemos outra coisa senão o que muitos deles fazem: carrões velocíssimos, relógios caríssimos, mulheres longuíssimas. E seria injusto ignorar que muitos deles têm se revelado gente boa, ótimos filhos, pais e maridos.

Não vamos misturar as coisas. As qualidades pessoais (ou falta delas) nos rapazes da Seleção Canarinho não é o futebol. Futebol é um esporte que muitos admiram e muitos ignoram ou mesmo desprezam. Mas nele, como em todas as outras ocupações humanas, tem gente de todo tipo. Millôr Fernandes escreveu que o ser humano foi o único animal que não deu certo. Não sejamos tão radicais. Às vezes nasce um Ghandi, às vezes nasce um Hitler. Às vezes dá certo, às vezes não dá. C'est la vie, como dizem os franceses.

Por outro lado, me ocorre que pode se dar o caso de algum leitor estar pretendendo conhecer aquele fabuloso país do Oriente Médio, onde um prédio modesto pode subir 238 metros em direção ao céu, com 46 andares para cima e mais três enfiados chão abaixo. Caso seja esse o seu caso, no intuito de ajudá-lo a bem comer naquela terra estrangeira, andei fazendo uma pesquisa na internet sobre os restaurantes locais. Acabei optando por lhe sugerir a casa do renomado chef catari Nusret Gokçe, aquele mesmo que serviu o “bife de ouro” aos valentes e então esperançosos representantes do nosso futebol.

Não creio que você vá discordar do lema de Nusret (“Qualidade nunca é cara”), nem vai desistir de um jantar no restaurante dele só poque a conta fica por volta de R$ 900.000,00. À primeira vista, parece que tem zero demais nesse número, mas não: esse é o preço a pagar se você quer voltar ao Brasil dizendo (é melhor fotografar também) que jantou no mesmo lugar em que Ronaldo Fenômeno espetou um pedaço de carne e a deixou cair na boca escancarada de Vinícius Jr.

Mas se ao menos temos aquele bifezinho caseiro, com arroz e feijão, ergamos as mãos para o céu. Não é preciso que sobre ele brilhe ouro salpicado, mas é indispensável que em volta da mesa reine o prazer das coisas boas e simples, o a felicidade dos encontros que não precisam ser manchete para serem momentos de felicidade.

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Bye, Bye Brasil

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Pela segunda copa consecutiva a seleção brasileira se despediu da competição, nas quartas de final. Em 2018, na Rússia, caímos frente a Bélgica, pelo placar de 2 a 1, no tempo normal de jogo; agora no Qatar fomos desclassificados pela Croácia, nos pênaltis. Nos 90 minutos iniciais ficamos no 0 ao 0, na prorrogação o placar foi, também, um empate de 1 a 1 e nos pênaltis o placar ficou em 4 a 2 para eles, que passaram para as semifinais e encararam ontem, 13, a Argentina. Vale destacar que até o fechamento desta edição, o jogo não havia terminado.

Pela segunda copa consecutiva a seleção brasileira se despediu da competição, nas quartas de final. Em 2018, na Rússia, caímos frente a Bélgica, pelo placar de 2 a 1, no tempo normal de jogo; agora no Qatar fomos desclassificados pela Croácia, nos pênaltis. Nos 90 minutos iniciais ficamos no 0 ao 0, na prorrogação o placar foi, também, um empate de 1 a 1 e nos pênaltis o placar ficou em 4 a 2 para eles, que passaram para as semifinais e encararam ontem, 13, a Argentina. Vale destacar que até o fechamento desta edição, o jogo não havia terminado. Pelo andar da carruagem creio que a final da copa do Qatar vai ser uma repetição da copa da Rússia, onde a final foi disputada entre a França e a Croácia, tendo a França se sagrado bicampeã, já que vencera a de 1998, em território francês. Desde o início achei a seleção francesa a principal favorita para levar a Jules Rimet versão 2022, achei o jogo França x Inglaterra o melhor da copa, até agora e continuarei torcendo pelo tri campeonato dos “bleues”.

O mais triste dessa nossa nova desclassificação é que, na prorrogação, fizemos 1 a 0, gol de Neymar e faltando quatro minutos para o final do jogo, tomamos o gol de empate. Méritos negativos para o técnico Tite, do qual não gosto nem um pouco, que foi incapaz de mandar o time recuar para garantir o placar, que significaria nossa passagem para as semifinais. Quando a Croácia empatou, num contra-ataque fulminante, tínhamos sete jogadores no campo do adversário e apenas quatro na retaguarda; Fred perdeu a bola lá na frente e seu adversário tocou rapidamente para o campo brasileiro, pegando nossa defesa totalmente desguarnecida. Ninguém entendeu para que tentar marcar mais um gol, se o 1 a 0 era mais do que suficiente para nossa classificação.

Ainda bem que Tite se despediu da seleção, aliás, já deveria ter ido embora há muito mais tempo. Ainda foi covarde, pois com o jogo terminado, com nossa seleção desclassificada, foi incapaz de consolar nossos jogadores, muitos chegando às lágrimas, por causa do resultado; simplesmente virou as costas e desceu para o vestiário, esquecendo que ele era o principal responsável pelo acontecido.

Só nos resta juntar os cacos e contratar um novo técnico, de preferência um europeu com experiência e vencedor, para que o tão sonhado hexa campeonato possa vir em 2026, na Copa do Mundo que será realizada conjuntamente pelo Canadá, Estados Unidos e México.

As festas de fim de ano estão chegando, faltam pouco menos de duas semanas para o Natal e é chegada a hora de dar uma parada como faço todos os anos. Esse ano ficarei ausente um pouco mais, pois como tive Covid na antevéspera de ir para Gramado, para o famoso Natal de Luzes, consegui remarcar para o período de 6 a 13 de janeiro, última semana do espetáculo. Daí que reassumo a coluna depois do dia 13 de janeiro.

Como não poderia deixar de ser desejo um fim de ano muito tranquilo para os meus leitores e um 2023 com muita paz, saúde e livre, finalmente, das mazelas que enfrentamos nesses dois últimos anos. Que Deus proteja a todos e suas respectivas famílias. Aos meus colegas de A VOZ DA SERRA e, em especial, a Adriana Ventura nossa diretora chefe, um grande e fraternal abraço, com os votos de muita paz, saúde e felicidades no ano que vai se iniciar, em breve, e que os desejos de todos possam se realizar.

Allez les bleues!!!

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