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Não existe almoço grátis

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Há dias em que a força nos foge. Sentimo-nos, como diz o dito, “o saco vazio que não para em pé”, mesmo tendo nos alimentado. É incrível como nos dias de exaustão os pensamentos escondidos aparecem. Lembramo-nos de cuidar da saúde, valorizamos, mais do que nunca, uma boa noite de sono, repensamos a qualidade de nossas atividades e pensamos em como damos conta.

Há dias em que a força nos foge. Sentimo-nos, como diz o dito, “o saco vazio que não para em pé”, mesmo tendo nos alimentado. É incrível como nos dias de exaustão os pensamentos escondidos aparecem. Lembramo-nos de cuidar da saúde, valorizamos, mais do que nunca, uma boa noite de sono, repensamos a qualidade de nossas atividades e pensamos em como damos conta.

A ausência de pausas, os excessos de compromissos, de afazeres, as demandas incessantes nos tomam dias inteiros e às vezes noites. Há quem encontre plena alegria em viver essa intensidade de multitarefas, muitas relações interpessoais, muitas funções na sociedade. E, de fato, é deveras um privilégio. Desafio interessante é conciliar tudo isso com os ciclos de descanso e o verdadeiro cuidado com o repositório de energia. Da melhor energia.

No final das contas, como diz um outro dito popular, “não existe almoço grátis”, o que significa que essa conta uma hora vai chegar. Dia desses estava lendo um depoimento de um notívago e sua produtividade noturna. Além de brincar que a energia da lua era aliada de sua criatividade, desenhou sua rotina da madrugada como sendo altamente revigorante para justificar seu relógio biológico às avessas. Ele é escritor. E o silêncio da madrugada o conecta com seus mais profundos pensamentos.

Dificilmente eu conseguiria. Aliás, quem conseguiria? Realmente é para poucos. Nossa rotina acorda e deita com nossas necessidades básicas de descanso. Não tem muita escapatória. O meu relógio biológico certamente não obedeceria aos comandos todos os dias. Eu, pelo menos, quando não tenho uma noite de sono ideal, luto ao longo do dia para ser a melhor que posso, apesar disso. Apesar de. Não dormir, para mim, é como cobrar a conta durante 24 horas desse “almoço caro”, é sentir a ausência de forças latente. É lembrar que o bocejo coletivo do dia, começará por mim. Provavelmente puxarei a fila e não conseguirei disfarçar. Até a próxima noite de sono chegar.

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A VOZ DA SERRA é Nota Dez em todos os quesitos da informação!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

São três dias de folia que se multiplicam nas emoções no decorrer do ano, porque o Carnaval demanda organização e preparativos. Mamãe dizia – o melhor da festa é esperar por ela. E eu acrescento: o melhor é trabalhar para que a festa aconteça plena de êxito. Para aqueles irreverentes, que se entregam aos devaneios momescos, é pura diversão. Entretanto, para aqueles que possuem a missão de conduzir o estandarte de uma agremiação e transformar a festa em espetáculo, o carnaval é um evento sério e de responsabilidades.

São três dias de folia que se multiplicam nas emoções no decorrer do ano, porque o Carnaval demanda organização e preparativos. Mamãe dizia – o melhor da festa é esperar por ela. E eu acrescento: o melhor é trabalhar para que a festa aconteça plena de êxito. Para aqueles irreverentes, que se entregam aos devaneios momescos, é pura diversão. Entretanto, para aqueles que possuem a missão de conduzir o estandarte de uma agremiação e transformar a festa em espetáculo, o carnaval é um evento sério e de responsabilidades. É uma jornada integral: pensar o enredo, o samba, as fantasias, alegorias e adereços, os ensaios, a harmonia, os detalhes, em especial, aqueles que podem ser alvo do olhar crítico da comissão julgadora. Seja do grupo que for, quando uma escola entra na passarela, a trilogia está completa – cultura, arte e encantamento.   

Verdadeiras aulas de história geral ou de conhecimentos locais, os enredos se comprometem a traduzir legados e o samba-enredo se responsabiliza pela comunicação dos enunciados. São eles que agitam e animam as massas, eternizando seus versos e refrões. O Caderno Z se vestiu de samba!

A Imperatriz de Olaria encanta, “num grito de liberdade”, e canta - "Um sorriso negro feliz, / um abraço negro de amor... / Eu sou da negritude, respeite a minha cor.../ No samba fiz raiz e a voz do peito diz...  Eu sou Imperatriz...". 

A Unidos da Saudade é toda florescer - “Cada um de nós carrega no sangue /uma gota de ancestralidade / que mora no fundo de cada coração / e leva de geração em geração / herança de Axé, emoção, amor e saudade... É semear por aí...”.

Os “Alunos do Samba”, professores em carnavais, seguem “a luta por libertação... e, “em cada viela, Zumbi é inspiração /para refundar, de sol a sol, essa Nação...”, pois, “na arte, Ciência e Cultura, /vitórias de tanta bravura /conquista que é sua e minha: Na Alunos, Preto é Rei! Preta é Rainha...”.

Dos “Tambores da África”, a Vilage, “na força dessa africanidade renasce a identidade nos quilombos, nas ladeiras... Vem dançar o caxambu, maculelê, lundu e capoeira ... e hoje vamos festejar, tem samba no terreiro de Ciata...”.

Com a Unidos do Imperador, “renasce o tempo de prazer e liberdade, enfim, o amuleto  que traduz fertilidade...”. No enredo, conhecemos as ”Ykamiabas, “herdeiras da Lua guerreiras da Terra .... Mulheres guerreiras... / nas margens do Rio Xingu... / Força e poder pra lutar por ideais, / mostrando ao mundo do que ela é capaz - do léu ao lar... /  Fadadas a mostrar o seu valor... / A nossa homenagem a você mulher: - O seu lugar onde quiser....”.   Que banho delicioso de conhecimentos!

Na crítica social, a mensagem otimista da agremiação do Catarcione: "A luta por um prato de feijão com arroz... / O sol vai voltar a brilhar / basta o mundo acreditar... / Homem com homem, mulher com mulher /não importa quem fica ao seu lado /o importante é amar e ser amado.... Samba não tem preconceito / E o Bola Branca chegou lutando pelos direitos /Brancos, negros / Acima de tudo, respeito!"....

Surgiu dos céus de Duas Pedras, um “Raio de Luar” iluminando a passarela para alertar que “é mais um 2 de novembro... / Não há por que se assustar... / Sei que sou indesejada, mas hoje me lembro que vim te buscar... / pra viajar.... / numa aventura em pleno carnaval, / em que o poeta se fez imortal, / pois viver é uma festa / de cores, de flores... / aproveitando o tempo que nos resta... / Dê um beijo, um abraço, um aperto de mão  / que o ciclo da vida te traz o perdão... ”. Parabéns a todas as agremiações!

Com tanto encantamento, quem ganha mesmo o Carnaval é Nova Friburgo, que além de oferecer uma folia linda e segura, também possui belezas naturais, conforme destacou Christiane Coelho, em Especial para A VOZ DA SERRA. Silvério bordou a fantasia “Utopia do Silêncio”, destaque no “Bloco do nós sozinhos”.

E a Quaresma chega para ser “uma descida dento de nós e rumo aos outros. É compreender que a salvação não é uma escalada para a glória, mas um abaixamento por amor. É fazer-nos humildes”, como lembrou o Papa Francisco. Feliz retorno ao mundo real!

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Aceitar a impotência diante de um vício

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Para uma pessoa entrar em recuperação de algum vício, comportamento complicado, compulsão, o primeiro passo é admitir sua impotência sobre aquele problema em sua vida. Muitas vezes o indivíduo só admite que sozinho não consegue vencer a si mesmo, vencer sua obsessão, sua compulsão, quando chega no fundo do poço. E fundo do poço pode ser divórcio, perda da guarda dos filhos, falência financeira, prisão etc.

Para uma pessoa entrar em recuperação de algum vício, comportamento complicado, compulsão, o primeiro passo é admitir sua impotência sobre aquele problema em sua vida. Muitas vezes o indivíduo só admite que sozinho não consegue vencer a si mesmo, vencer sua obsessão, sua compulsão, quando chega no fundo do poço. E fundo do poço pode ser divórcio, perda da guarda dos filhos, falência financeira, prisão etc. Em alguns casos, este fundo do poço pode se repetir, até que a pessoa procure ajuda, ou vai presa, tem uma internação hospitalar em estado grave (em casos de overdose de drogas ou coma alcoólico), ou morre.

Mesmo quando um viciado em algo entra em recuperação, ele pode ainda por algum tempo insistir na negação de ser impotente diante do problema. Se o adicto ou viciado abordar sua adicção ou vício apenas intelectualmente, sem reconhecer seus sentimentos, suas chances de permanecer na negação são muito maiores. Não dá para reescrever a história de nossa vida e não podemos apagar as memórias dolorosas. E quando encaramos essa realidade honestamente, podemos enfrentar a impotência, pedir ajuda, e começar a ajudar a nós mesmos.

Admitir a impotência sobre o vício pessoal, oferece um caminho de volta. É um convite para a pessoa se aceitar como é e seguir a partir daí. As pessoas podem confundir força de vontade com boa vontade na luta contra seu vício. A vitória vem mais pela boa vontade de lutar do que pela força de vontade. E esta “boa vontade” precisa estar conectada com a aceitação da impotência diante do objeto do seu vício, ou dependência, que pode ser muita coisa, desde álcool, maconha, cocaína, até masturbação, pornografia, romance, compras, etc.

Você pode ser forte para resolver muitas coisas na sua vida. E isso pode dar uma sensação de empoderamento que pode enganar porque talvez em um ou outro ponto você pode ser impotente.

Reconhecer a impotência sobre álcool, outras drogas e outros tipos de vícios, pode ser libertador para muitos. A “Oração da Serenidade”, que é comumente recitada em reuniões de Alcoólicos Anônimos, diz: “Deus, concedei-me a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso mudar; coragem para mudar as que eu posso, e sabedoria para saber a diferença” (entre as que podemos e as que não podemos mudar).

Muitos fatores entram no desenvolvimento do vício, desde a genética até os sintomas de saúde mental não tratados, que levam alguns a recorrem ao álcool ou outras drogas como forma de automedicação. Seja qual for o motivo, admitir a impotência é o que pode ajudar a pessoa a procurar tratamento em vez de negar que há um problema.

Admitindo a impotência você pode se tornar desejoso de procurar ajuda. Admitir a impotência significa aceitar o que é verdadeiro e o que não é. Isso incentiva a aceitação das circunstâncias em vez de negá-las. É o primeiro passo para a libertação de qualquer vício.

Para muitos viciados em álcool e drogas, é difícil admitir a maneira como o vício tornou suas vidas incontroláveis. Eles podem negar o problema, dizendo: "São apenas umas latinhas de cerveja", ou "Eu não fico bêbado o tempo todo". Mas estas frases não podem esconder a existência do vício.

O caminho para a recuperação de um vício raramente é uma linha reta, mas tem uma série de reviravoltas. A dificuldade em admitir a impotência diante de algum vício pode existir também porque pode ser humilhante, pode doer bastante. Todos nós queremos ser considerados fortes e responsáveis por nós mesmos, então admitir a impotência parece uma enorme contradição com esse objetivo. Admitir a impotência revela que uma força do bem está atuando na vida do indivíduo porque ele, finalmente, reconhece que é fraco e isso é o grande primeiro passo para buscar ajuda eficaz e se tornar forte para vencer, um dia de cada vez.

FONTE: https://www.sperorecovery.org/the-power-in-the-first-step-accepting-powerlessness/

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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Apresentação da Campanha da Fraternidade 2023: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Caros irmãos, aproxima-se a Campanha da Fraternidade 2023 (CF). Por este motivo, trazemos para a reflexão desta semana a apresentação do Texto Base da CF-2023, de autoria da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Caros irmãos, aproxima-se a Campanha da Fraternidade 2023 (CF). Por este motivo, trazemos para a reflexão desta semana a apresentação do Texto Base da CF-2023, de autoria da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A Campanha da Fraternidade é o modo brasileiro de celebrar a Quaresma. Ela não esgota a Quaresma. Dá-lhe, porém, o tom, mostrando, a partir de uma situação bem específica, o que o pecado pode fazer quando não o enfrentamos. Por isso, a cada ano, recebemos um convite para viver a Quaresma à luz da Campanha da Fraternidade e viver a Campanha da Fraternidade em espírito de conversão pessoal, comunitária e social.

Este ano, com o tema “Fraternidade e Fome”, somos convocados a considerar a fome como referência para nossa reflexão e nosso propósito de conversão. Temos, sem dúvida, fome de Deus. Desejamos estar com Ele e poder participar de seu amor e de sua misericórdia. Temos fome de paz, fraternidade, verdade, concórdia e tudo mais que efetivamente nos humaniza. Durante o tempo da pandemia, no qual, por medidas sanitárias que buscavam nos preservar, não pudemos ir às igrejas para comungar, sentimos fome do Pão do Céu.

A fome, bem sabemos, é um ato de preservação. É um sinal para que não nos distraiamos quando nosso organismo sente falta do necessário para viver. O que ocorre, porém, quando o alimento não chega a todo ser humano? O que faz uma sociedade ter filhos e filhas a quem, embora busquem, clamem, gritem e chorem, não chega o alimento? Por isso, a fome é também um desafio social, humanitário, uma situação que não se pode deixar de enfrentar, pois a fome de uns – a fome de uma só pessoa! – onera a todos nós, onera a sociedade inteira. Cada ser humano que não encontra o necessário para se alimentar é, em si, um questionamento a respeito dos rumos que estamos dando a nós mesmos e à nossa sociedade. A fome é um dos resultados mais cruéis da desigualdade. Afeta inicialmente os mais necessitados. Atende, contudo, a todos, diz respeito à sociedade inteira. Esta é a razão pela qual o Papa Francisco, sem rodeiros, afirma que “não há democracia se existe fome".

E o Brasil sente fome. Milhões de brasileiros e brasileiras experimentam a triste e humilhante situação de não poder se alimentar nem dar aos seus filhos e filhas o alimento indispensável a cada dia. Por isso, a CNBB apresenta, pela terceira vez, o tema da fome para a Campanha da Fraternidade (1975, 1985 e 2023).

Que, portanto, esta Quaresma seja vivida em forte espírito de solidariedade. Que nosso jejum abra nosso coração aos irmãos e irmãs que sofrem com a fome. Que nossa solidariedade seja intensificada. Que saibamos encontrar soluções criativas para a superação da fome, seja no nível mais imediato, assistencial, seja no nível de toda a sociedade. Que efetivamente se cumpra a responsabilidade dos governantes, em seus diversos níveis, concretizado políticas públicas, principalmente as de estado, que atinjam a raiz deste vergonhoso flagelo, garantindo não apenas a produção de alimentos, mas também que eles cheguem a cada pessoa, em especial as mais fragilizadas. Que o Senhor Jesus nos possa um dia dizer: “Vinde (...) eu estava com fome, e me destes de comer; todas as vezes que fizestes isso a um destes mínimos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25, 34.40).

Abençoada Quaresma! Intensa Campanha da Fraternidade! Santo caminho até a Páscoa do Senhor, na oração, no jejum e na misericórdia.

Presidência da CNBB

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Cada um deve cuidar das suas moscas depois do carnaval

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Hoje é tempo de trilhar caminhos do imaginário para recomeçar o ano, depois da grande festa que veio de longe e de longo tempo, tomou conta das cidades do Brasil, transformando os dias em movimento, liberdade e criatividade. Quando o povo, sem timidez e com abundante energia, se jogou na folia, brindou a vida com festejos barulhentos e ritmados. Quando as pessoas se permitiram ser elas mesmas e não as serem! 

“Naquele carnaval, pois, pela primeira vez eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.”

Hoje é tempo de trilhar caminhos do imaginário para recomeçar o ano, depois da grande festa que veio de longe e de longo tempo, tomou conta das cidades do Brasil, transformando os dias em movimento, liberdade e criatividade. Quando o povo, sem timidez e com abundante energia, se jogou na folia, brindou a vida com festejos barulhentos e ritmados. Quando as pessoas se permitiram ser elas mesmas e não as serem! 

“Naquele carnaval, pois, pela primeira vez eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.”

               Clarice Linspector, em Felicidade Clandestina

 

O que me chama a atenção no carnaval é que além de produzir grandes festas, são dias do nós. Seja nas cidades ao som dos batuques e na dança dos pés, seja na praia diante da beleza do mar ou nos braços do campo, tivemos um tempo em que se compartilhou a descontração e as sensações que não há em outros dias do ano. De alguma forma há sempre a vontade de se encontrar o mais impossível possível que cada um guarda em si. 

Custei a compreender que fantasia/ É um troço que o cara tira no carnaval/ E usa nos outros dias por toda a vida”

Aldir Blanc e João Bosco, em Fantasia

 

Desfilou-se junto de foliões, descansou-se ao lado de pessoas de quem gostamos, divertiu-se com quem nem conhecemos. De todos os modos, o que se fez nos dias de carnaval ficou preservado nas lembranças leves ou neuróticas, ajustadas ou desconcertadas, felizes ou ilusórias. Esse carnaval, mais uma vez, nos mostrou que a “vida é bela”, conforme disse a Zuleica, a mosca cor-de-rosa-choque, personagem do livro “Um cão Cheio de Ideias”, de minha autoria.

Meu fumo e minha yoga/ Você é minha droga/ Paixão e carnaval/ Meu zen, meu bem, meu mal”

                                           Caetano Veloso, em Meu bem, meu mal

 

Será que as máscaras que os foliões usaram no carnaval foram mais criativas das que usam na vida diária?  Usam-se tantas, que, às vezes, pode-se pensar que o carnaval acontece em todos os dias do ano. Ora pois, não somos personagens que criamos com tamanha convicção que chegamos a pensar que os somos? Todavia as máscaras são importantes para nossa sobrevivência no universo civilizado para afastar, para não dizer espantar, pessoas que não nos fazem bem e que fazem nosso “eu profundo”, como apontou Fernando Pessoa, ficar tão distante. Quem ainda não experimentou lúcidas mentiras?

“A vida é uma tremenda bebedeira./  Eu nunca tiro dela outra impressão./ Passo nas ruas, tenho a sensação/ De um carnaval cheio de cor e poeira.

(...)

Só é decente ser outra pessoa/ Mas isso é porque a gente se vê por fora.../ Qualquer coisa em mim parece agora

Alberto de Campos (Fernando Pessoa), em Carnaval

 

Depois do carnaval, cada um volta à sua rotina, é o agora que vamos poder realizar. Entretanto, amigo leitor, se fazendo contas, cuidado da casa e do corpo, trabalhando em casa ou escritório, não deixe de cuidar das suas moscas!

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Walter Araújo: o novo secretário de saúde do município

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Edição de 17 e 18 de fevereiro de 1973 

Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes 

O novo secretário de Saúde do município - Realmente, não dá para entender a precaríssima para não dizer inexistente ação de polícia sanitária na nossa cidade. Louvamos ainda, o que anuncia o dr. Walter Araújo: Lançamento imediato de campanha de desratização e despurização (combate a ratos, pulgas e baratas). 

Edição de 17 e 18 de fevereiro de 1973 

Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes 

O novo secretário de Saúde do município - Realmente, não dá para entender a precaríssima para não dizer inexistente ação de polícia sanitária na nossa cidade. Louvamos ainda, o que anuncia o dr. Walter Araújo: Lançamento imediato de campanha de desratização e despurização (combate a ratos, pulgas e baratas). 

Emerson Fittipaldi - Confirmou mais vez a sua categoria de grande campeão. Desde a perfeita largada até receber a bandeirinha de chegada ele dominou como quis o Grande Prêmio do Brasil de Automobilismo e sabendo dosar a força do seu Lotus, ganhou mais nove pontos no Campeonato Mundial de Pilotos, ampliando a sua liderança absoluta. 

O “Ruy Barbosa” entregue a uma consagrado educador - O professor José Côrtes Coutinho, recentemente nomeado diretor do Ginásio Municipal “Rui Barbosa” é um emérito educador, detentor de vários títulos enobrecedores, e, que muitíssimo deverá fazer pela instrução média e superior nesta complicada fase de reforma educacional. Homem certo para o cargo, o professor Coutinho, nunca transformou suas funções em sinecuras, dedicando-se de corpo e alma às tarefas que lhe confiam. Sempre foi assim. 

Secretário de Urbanismo e Obras - Para a Secretaria de Obras e Urbanismo da Prefeitura de Friburgo, está nomeado o dr. Lino Novais da Fonseca, engenheiro que exerceu o mesmo cargo no anterior governo de Amâncio Azevedo. Antigo servidor estadual que, inclusive, chefiou a repartição de obras do Estado sediada em Friburgo, o dr. Lino Novais da Fonseca tem reputação firmada junto aos seus colegas de profissão, sendo muito benquisto pela lhaneza com que trata a todos que dele se aproximam. 

Pílulas 

Estamos relativamente por dentro do roteiro que produzirá a história do teleférico, melhor dizendo do trenzinho, bondinho ou coisa que o valha a ser instalado num dos morros da nossa cidade. Falou-se no Cônego, na Caledônia, mas o que está visado mesmo é “Morro da Cruz”, no altos do Colégio Anchieta, local pelo qual os jesuítas têm uma estima muito especial. Em toda a “inana”, o que existe de pior é o de, no “embóglio”,

ser incluído a exploração de um hotel que os entendidos na matéria consideram ser a essência do empreendimento, mas que conhecedores de turismo garantem somente obter sobrevivência com exploração de jogos ou hospedagens suspeitas. 

Nas iniciativas que se ligam ao desenvolvimento turístico de qualquer cidade, os administradores devem fugir das primeiras impressões. Há sempre grupos altamente especializados em levar a melhor, com lábia fortíssima, argumentos chamados indestrutíveis, o que se chocam de forma brutal com as chefias honestas, realmente incorrompíveis, o que de resto existe muito pouco, em número, para contar a história. Infelizmente.

Quando a lei, exige uma série de responsabilidades aos homens que lidam com dinheiro público, nada mais está fazendo que resguardar o arrecadado de impostos e contribuições pagos pelo contribuinte. A lei quer mais, quer que as prefeituras sejam um livro aberto para que os munícipes possam fiscalizar os seus mandatários. A exigência de publicação de tudo é para que nada, nadinha, possa ficar na dúvida, na nebulose. A uma administração honesta, jamais poderá ocorrer deixar alguma coisa па penumbra. Não é somente o Legislativo que pode fiscalizar, o povo também, inclusive com ação popular, coisa muito séria e de rito especial, urgentissimo.

E mais…

  • Carnaval no Country 
  • África, Brasil, Carnaval! 
  • Dr. José Arnaldo Salomão assume Departamento de Assistência Social   

Sociais

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Sidney Souza e Hamil Féres (18); Maria José Mattos e Clóvis de Jesus (19); Rozette Haiut e Júlio Américo do Lago Zamith (20); Vera Lúcia Lima, Vinício do Lago Zamith, Suzana Sichel e João Amélio (21); Renato Heidenfelder (22); Max Cleff, Ernesto Pereira de Faria, Márcio Ventura e Maurício Ventura (24).

 

Foto da galeria
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Tem banco quebrando... busque suas garantias!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

São tempos difíceis. Juros altos, risco global de recessão e inflação ainda fora de controle. Não é sem justificativas a busca por alocações de recursos em alternativas capazes de garantir a segurança do investidor e de seu patrimônio. O problema, entretanto, fica ainda maior quando o risco enfrentado é de crédito.

São tempos difíceis. Juros altos, risco global de recessão e inflação ainda fora de controle. Não é sem justificativas a busca por alocações de recursos em alternativas capazes de garantir a segurança do investidor e de seu patrimônio. O problema, entretanto, fica ainda maior quando o risco enfrentado é de crédito.

Faz algumas semanas, o caso era Lojas Americanas. Dessa vez, o “quebra quebra” está em instituições financeiras. Nesta semana, na mesma quarta-feira, foi a vez de BRK S.A. e Portocred S.A. – duas empresas do setor financeiro. Como é de costume para companhias do setor, a emissão de títulos para captação de recursos a fim de viabilizar suas operações era atividade comum das duas empresas e a relação entre investidor, banco/financeira e cliente funcionava como rotina operacional. O problema, portanto, começa quando agências de rating passam a considerar mais relevante o risco corrido por investidores que compram o título destes emissores em busca de remuneração pelo capital.

Para traduzir um pouco o que está sendo abordado aqui, vamos voltar um pouco e compreender ainda melhor o contexto. BRK e Portocred são instituições financeiras e, portanto, permitidas pelo Banco Central a emitirem títulos bBancários (como CDB, LCI e LCA, por exemplo) a fim de financiarem suas atividades. Após a emissão, investidores compram estes títulos em troca de remuneração financeira e o ciclo se encerra quando a instituição emitente recebe todos os compromissos acordados com seus clientes para obterem lucro com suas operações e, por fim, pagar a remuneração de seus investidores na data de vencimento de um título.

Mas e se, por acaso do destino, a instituição financeira não fizer boa gestão operacional de seus produtos e vir à falência? Bom, foi exatamente o que aconteceu. Depois de algumas fortes crises financeiras ao longo da história do setor bancário, o mundo parou para repensar sobre a necessidade de garantias para investimentos bancários e no Brasil não foi diferente. Aqui, em 1995 surge o Fundo Garantidor de Crédito; responsável por garantir liquidez de instituições inoperantes (em outras palavras, falidas ou em processo de recuperação judicial). Na época, a garantia era restrita a R$ 20 mil e muita coisa mudou desde então. Hoje, as garantias são outras e vão prover segurança ao seu patrimônio. A propósito, você tem investimentos em títulos de BRK S.A. e Portocred S.A.?

Se a resposta for positiva, é hora de recorrer ao FGC. Suas garantias estão limitadas a R$ 250 mil para cada uma das instituições. Portanto, caso tenha investimentos acima deste valor, infelizmente os prejuízos não serão cobertos. Ver bancos quebrando nos fazem repensar sobre a qualidade das alocações de nossa carteira de investimentos. Já conferiu a classificação de rating (risco de crédito) dos seus títulos bancários? Lembre-se sempre: apesar de existir o FGC, suas garantias ficam limitadas a R$ 1 milhão a cada quatro anos. Conhecer o risco de cada ativo traz segurança patrimonial. Use isso a seu favor!

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O dia em que resolvi escrever um livro

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Faz tempo. Nem lembro quando resolvi que escreveria um livro. Mas a decisão foi tomada e estava tão certa quanto 2 + 2 = 4. Era para ser. Nasci com essa marca: a menina que um dia escreveria um livro. Enquanto isso, foram milhares e porque não dizer, milhões de palavras escritas. Perdi as contas do emaranhado que tentei decompor escrevendo; das cores muito além das sete do arco-íris que confabulei em palavras; das vezes em que meu grande interlocutor era eu mesma e o papel, o meu melhor amigo.

Faz tempo. Nem lembro quando resolvi que escreveria um livro. Mas a decisão foi tomada e estava tão certa quanto 2 + 2 = 4. Era para ser. Nasci com essa marca: a menina que um dia escreveria um livro. Enquanto isso, foram milhares e porque não dizer, milhões de palavras escritas. Perdi as contas do emaranhado que tentei decompor escrevendo; das cores muito além das sete do arco-íris que confabulei em palavras; das vezes em que meu grande interlocutor era eu mesma e o papel, o meu melhor amigo.

As palavras já me consolaram, comemoraram, andaram comigo por aí e sentaram ao meu lado no parque ou no banquinho à beira-mar. Ouso dizer que fui salva por elas algumas vezes na vida. E as salvei também.

Sempre zelei por elas – as palavras. Não gosto que seja feito mal uso delas. Creio do seu poder, na sua missão e na dimensão de seus efeitos. Por isso, faz tempo que resolvi escrever um livro. Seria uma devoção, um autorretrato, um diário sem sentido ou mesmo uma gratidão por ter sido salva pelas palavras. Salva da ignorância absoluta – embora saiba que quanto mais eu leia, mais reconheço o quão significante posso ser diante de tudo. De toda a complexidade e profundidade da própria existência. Salva do vazio de não saber sonhar ou não poder. Salva do desconhecimento dos caminhos a seguir. Salva de não saber usar a palavra certa na hora certa. Até o silêncio aprendi por meio das palavras.

Mas, e o livro? Pois é. Não um, no singular. Mas vários. Estão por aí ainda desfeitos embora prontos. Sem capas, sem edições. Mas vivos. Guardados em arquivos e gavetas e cadernos e até mesmo espalhados por aqui, no jornal.

Entendi que a vida é também como um livro, repleta de complexidade, nuances, variações, altos e baixos, história e estórias, memórias, alma e coração, requer uma certa técnica, um jogo de cintura e até criatividade. Querendo ou não, a gente nasce um livro em branco, com milhares de linhas e páginas a serem preenchidas. E mesmo sem saber, construímos nossa história, única, que nenhum escritor seria capaz de supor.

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Alto dos 50

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

“A Prefeitura de Nova Friburgo precisa tomar uma providência urgente com relação ao estado de abandono em que se encontra a estrada de acesso ao Alto dos 50, no distrito de Mury. Essa via está com trechos intransitáveis que colocam motoristas e pedestres em risco permanente. Faltam também  capina e sinalização.” 

Jarbas Barbosa Lopes

“A Prefeitura de Nova Friburgo precisa tomar uma providência urgente com relação ao estado de abandono em que se encontra a estrada de acesso ao Alto dos 50, no distrito de Mury. Essa via está com trechos intransitáveis que colocam motoristas e pedestres em risco permanente. Faltam também  capina e sinalização.” 

Jarbas Barbosa Lopes

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Nova Friburgo perde sua identidade de futuro

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Os mais saudosos moradores desta linda cidade, envolta das mais belas montanhas do Estado do Rio de Janeiro certamente me entenderão: “Nova Friburgo, apesar do seu charme, de sua tranquilidade e de suas belezas naturais, já foi um lugar melhor para vivermos e em especial, para os nossos jovens começarem a vida”.

Os mais saudosos moradores desta linda cidade, envolta das mais belas montanhas do Estado do Rio de Janeiro certamente me entenderão: “Nova Friburgo, apesar do seu charme, de sua tranquilidade e de suas belezas naturais, já foi um lugar melhor para vivermos e em especial, para os nossos jovens começarem a vida”.

Nos anos 70 e 80, a nossa cidade viveu sua época de ouro. O auge do luxo estava próximo aos hotéis da Avenida Alberto Braune, que contava com a presença em peso de grandes artistas que vinham passar os fins de semana por aqui. Atores, cantores, diretores de novelas e jogadores de futebol construíram sítios, casas, família e aconchego no frescor de nossas montanhas.

Os jovens da época, apesar do Brasil viver momentos difíceis, tinham em nossa cidade o seu primeiro emprego sem que precisassem fazer muito esforço. As empresas eram muitas: Rendas Arp, fábricas Ypu e Sinimbu, as empresas de metal mecânico, e as confecções que davam o seu ponta pé inicial.

O custo de vida não era tão caro e morar em Nova Friburgo era barato. Até as próprias empresas construíam gigantescos condomínios, com comércios planejados, ao longo de toda cidade para que todos os seus funcionários tivessem uma melhor qualidade de vida dentro dos seus enclaves urbanos.

A verdade é que os anos se passaram e o mundo nunca mudou tanto nesses últimos 20 anos. Os jovens adultos de agora, nasceram com o uso do disquete, cresceram com as fitas VHS, os CDs, DVDs... amadureceram com os pen drives e os cartões de memória e hoje, ingressam no mercado de trabalho no grande ‘boom’ da internet.

Em contrapartida, Nova Friburgo, olhando por um ponto de vista mais saudoso, parece não ter evoluído tanto assim e podemos dizer, que não vivemos em mais nada a nossa época de ouro. As grandes fábricas, do dia para a noite, fecharam as portas. O turismo mudou. As lojas da saudosa Avenida Alberto Braune trocaram o seu público, acompanhando o ritmo da cidade, que aos poucos foi empobrecendo.

As inúmeras casas de festa da época sumiram, junto com todas as outras que surgiram depois. E assim, a nossa juventude, aventureira, percebeu que as montanhas do Caledônia somente eram uma fronteira física que nos impedia a vista do além. E por meio da RJ-116, sumiram das vistas para estudar... e nunca mais voltaram.

E quando voltam, além dos gigantescos supermercados que são construídos do dia para a noite, das lojas que mudam de lugar o tempo todo e do mato que anda melhor capinado, percebem que, mesmo com o passar dos anos, Nova Friburgo parece não ter mudado nada. E o que mais nos dói é admitir que de fato não mudou.

Será que as montanhas são um grande impeditivo para as fábricas que aqui estavam? Mas Petrópolis cresceu tanto nesses tempos... a serra de São José dos Pinhais no Paraná, com 250 mil habitantes tornou-se o terceiro maior polo automotivo do Brasil... Gramado, no Rio Grande do Sul, com apenas 36 mil habitantes tornou-se um dos destinos mais visitados de todo o país sem ter as belezas naturais que nós temos...

Nossa cidade não tem gerado empregos. Mesmo que possuamos um vasto polo universitário nacional, não conseguimos prender a nossa própria juventude pela falta de oportunidade e de perspectiva de dias melhores. E o friburguense, que cresceu andando pela Alberto Braune e sonhando com um lugar melhor, agora vive em outro lugar, à trabalho e com família.

E não estou falando nem do que foram viver na nossa capital, que infelizmente, possui um índice gigantesco de criminalidade e insegurança. Falo dos que desbravaram os muitos municípios do país e hoje, não veem uma alternativa sequer de voltar a viver cercado pelas montanhas de nossa cidade.

A verdade é que enquanto nós friburguenses não soubermos aonde queremos chegar, nunca saberemos qual caminho precisaremos trilhar. Deixemos de nos contentar com o imediatismo que com dois ou três meses cai no esquecimento. Comecemos a pensar no futuro, para que Nova Friburgo, não continue, cada dia mais, perdendo a própria identidade.

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