Tão perigoso quanto o coronavírus, o vírus Influenza (H1N1) também requer bastante atenção. Por ser altamente transmissível, segundos os especialistas, o número de infectados pode ter seu auge no final do outono. Perguntamos a Prefeitura de Nova Friburgo qual era o número de casos confirmados de H1N1 na cidade. Em nota, a prefeitura informou os dados relativos a 2019 e explicou que o protocolo de notificação e de investigação referente ao H1N1 está sendo alterado e por essa razão, os hospitais estão se adequando para informar corretamente os dados relativos a 2020.
“Em 2019, foram notificados 40 casos da doença, sendo que 12 foram confirmados como positivos para H1N1. Deste número, foram registrados dois óbitos”, informou o município. Atualmente, há pelo menos um caso confirmado que foi noticiado por A VOZ DA SERRA na semana passada. É o caso do menino Arthur, de 3 anos. Levado por sua mãe, Lidiane Monteiro à um hospital particular, o tratamento dado ao menino deixou a desejar, segundo relatou sua mãe.
Lidiane procurou o jornal e detalhou que a pediatra, ao entrar no quarto onde estava a criança, não estava devidamente protegida. “Ela não sabia que o Arthur estava com H1N1, estava despreparada, não viu o prontuário dele. Nosso isolamento estava sem cuidado algum. Eu mesma saía do quarto toda hora para chamar a equipe de enfermagem, porque não tinha um suporte necessário”, disse a mãe que continuou a relatar mais exemplos do que considerou um descaso.
“As amostras do meu filho foram coletadas no dia 16 e eu achei que seriam enviadas no máximo no dia seguinte, mas isso só aconteceu no dia 19. A pessoa que coletou essas amostras ainda errou o nome do meu filho e o meu número para contato. Onde está a responsabilidade das pessoas?”, perguntou Lidiane. O resultado para Covid-19 saiu ainda na semana passada. Lidiane foi informada pela Vigilância em Saúde de que Arthur testou negativo para coronavírus, porém, a notificação, segundo Lidiane, só veio após algumas tentativas de contato e cobrança por informação. Outro ponto que chamou a atenção dela é que a Vigilância, ao informar o resultado do menino, afirmou que já estava em posse dele no dia anterior, mas só a informou cerca de 24 horas depois.
Na manhã desta terça-feira, 31, quando foi pegar o resultado de seu filho na Subsecretaria, Lidiane questionou os motivos da demora ao ser informada, já que recebeu uma mensagem da subsecretária confirmando que a Vigilância em Saúde estava em posse do resultado desde o dia anterior. Como resposta, Lidiane ouviu de uma funcionária “Não temos o resultado só do seu filho”.
Em posse do exame de Covid-19, os pais de Arthur questionaram a respeito da contraprova para Influenza, que não veio. “Fui até o hospital onde meu filho ficou internado e eles disseram que não fornecem esses dados. A coleta foi encaminhada para o Hospital Raul Sertã e só eles poderiam me entregar o exame. Fui ao hospital municipal e eles falaram que o exame não estava lá e me mandaram de volta para a Vigilância em Saúde”, relatou Lidiane que questionou a demora. “Se ele deu reagente para Influenza e ficou internado por essa razão, por que não mandam logo o exame da contraprova? Parece que estão querendo tapar o sol com a peneira. Se a contraprova tivesse dado negativo eles já teriam me comunicado”, acredita.
Ao ser questionada por Lidiane, a subsecretaria de Vigilância em Saúde, Fabíola Penna enviou um áudio justificando a ausência do resultado. No áudio, de acordo com Fabíola, o Estado tem priorizado o envio dos resultados para Covid-19. “No momento só estão retornando com os resultados para Covid-19 porque é prioridade. Eles (Estado) não mandaram os resultados de outros vírus respiratórios. Não tem nenhuma previsão para chegar o resultado”, respondeu Fabíola para Lidiane.
“O que me deixa indignada é que se deu positivo para Influenza, por quê a população não foi informada? Meu filho está melhor hoje graças aos médicos que tenho como amigos e que me deram dicas, graças a fé. Lá no hospital não me senti amparada. E quem não tem esse conhecimento, esses recursos, como faz?”, questionou.
“Cuidados com Influenza são os mesmo para Covid-19”, diz infectologista
Segundo informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), existem três tipos de vírus Influenza circulando no Brasil: A, B e C. O tipo C causa apenas infecções respiratórias brandas, não possui impacto na Saúde Pública e não estando relacionado com epidemias. Já os vírus da Influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus Influenza A responsável pelas pandemias que ocorrem de tempos em tempos. A vacina contra a gripe ofertada no Sistema Único de Saúde (SUS) protege contra as Influenzas A e B.
De acordo com a infectologista Délia Engel, os sintomas de Covid-19 e Influenza são muito semelhantes e é preciso estar atento. “O Influenza ocasiona febre alta, muita dor no corpo, na garganta e cabeça, podendo ou não ter sintomas de coriza, mas em geral a melhora ocorre de três a quatro dias. Já quanto ao coronavírus, as formas mais graves costumam agravar no quinto ou sexto dia”, explicou.
Segundo a infectologista, os cuidados são os mesmos para evitar contrair a doença. “A educação na hora de tossir e espirrar colocando o cotovelo na frente, lavando muito bem as mãos, passar álcool nas superfícies, porque assim como o corona, o Influenza fica depositado na superfície onde a pessoa esteve”, alertou. Sobre o grupo de risco, a infectologista Délia explica que o Influenza é mais perigoso em idosos, gestantes e crianças. “O coronavírus poupa, até o presente momento, crianças de até 9 anos, os jovens não tem casos de gravidade, embora isso possa acontecer. A gestante não é considerada grupos de risco para o Corona. Só os idosos ficam na mesma situação de gravidade nas duas doenças”, explicou.
De acordo a Fiocruz, a vacina contra o Influenza imuniza sim contra o vírus, mas nenhuma vacina é 100% eficaz. Em alguns casos ela não impede totalmente a infecção, mas reduz muito o risco, principalmente de formas graves. “O índice de maior pico do Influenza geralmente é no meio do ano, em junho, enquanto espera-se que aja uma aumento do Covid-19 nesta primeira semana de abril”, informou a infectologista.
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