Poliomielite: baixa cobertura vacinal aumenta risco do retorno da doença

Em Nova Friburgo, apenas 47% das crianças foram imunizadas
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
por Christiane Coelho (Especial para A VOZ DA SERRA)
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)
A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite (paralisia infantil) e Multivacinação termina na próxima sexta-feira, 30. A proposta é reforçar as coberturas vacinais contra a pólio e outras doenças que podem ser prevenidas, além de evitar a reintrodução de vírus que já foram eliminados do país. Em Nova Friburgo, até ontem, 26, aproximadamente 47% da população alvo estava imunizada contra a poliomielite. 

Não vamos esperar que casos aconteçam para procurar a vacina. A baixa cobertura vacinal, associada a presença da circulação do vírus, faz com que exista o risco de retorno da doença

Danyelle Cristina de Souza (médica infectologista)

A médica infectologista, Danyelle Cristina de Souza alerta que  a ampliação da cobertura vacinal para poliomielite é urgente. “Não vamos esperar que casos aconteçam para procurar a vacina. A baixa cobertura vacinal, associada a presença da circulação do vírus, faz com que exista o risco de retorno da doença. O monitoramento de amostras de esgoto consegue antecipar a circulação do vírus e medidas de prevenção. Este alerta já foi dado em alguns países, como Estados Unidos, Israel e Inglaterra. Precisamos ter estes dados brasileiros e do nosso estado para complementar a avaliação de risco”, enfatiza a médica.

A Organização Panamericana da Saúde (Opas) também está em alerta para o risco do retorno da doença, depois que o vírus da pólio foi detectado entre as comunidades não vacinadas em Nova York, em julho. Diante disto, a diretora da Opas, Carissa Etienne, pediu aos países que reforcem urgentemente a vigilância e as campanhas de vacinação de rotina.

“Embora os Estados Unidos tenham dado uma rápida resposta de saúde pública após a detecção, a pólio é uma doença que eu não esperava mais ver em nossa região", disse Etienne na semana passada, completando que "passaram-se quase 30 anos desde que as américas se tornaram a primeira região global a eliminar a pólio por poliovirus selvagem, mas as taxas de vacinação decrescentes, agravadas pela pandemia da Covid-19, deixaram muitas de nossas populações desprotegidas".

A poliomielite, que pode se espalhar rapidamente entre comunidades com cobertura vacinal insuficiente, não é uma doença tratável, mas é totalmente evitável com vacinas. No entanto, atualmente, a cobertura vacinal caiu abaixo de 80% em quase toda a América do Sul e 12 países da região correm risco alto ou muito alto de sofrer um surto.

“A poliomielite é uma doença viral de transmissão orofecal, o contágio ocorre através do contato direto com água e alimentos contaminados. Acomete tanto crianças quanto adultos, é uma doença grave, que pode levar a paralisia flácida e óbito. A vacinação é a única forma de controle e prevenção da doença. Para adequado controle da transmissão da doença,  precisamos de meta mínima de 95% de cobertura vacinal”, alerta Danyelle Cristina de Souza.

Vacinação prorrogada por baixa procura

A campanha de vacinação contra a poliomielite e multivacinação, que começou no dia 8 de agosto e deveria ter terminado em 9 de setembro, mas o Ministério da Saúde  prorrogou até a próxima sexta-feira, 30, exatamente pela baixa adesão. A meta da pasta é imunizar contra a pólio 95% do público-alvo, formado por 14,3 milhões de crianças menores de 5 anos, mas, até o último sábado, 24, 6 milhões de doses contra a pólio haviam sido aplicadas durante a campanha.

Crianças de 1 a 4 anos devem receber uma dose da Vacina Oral Poliomielite (VOP), desde que já tenham recebido as três doses da Vacina Inativada Poliomielite (VIP) previstas no esquema básico.

Multivacinação

Além da vacinação contra a poliomielite, a campanha engloba também a multivacinação, para que as vacinas de rotina sejam atualizadas nas crianças e adolescentes. Entre os imunizantes disponíveis estão: Hepatite A e B, Penta (DTP/Hib/Hep B), Pneumocócica 10 valente, VRH (Vacina Rotavírus Humano), Meningocócica C (conjugada), Febre amarela, Tríplice viral (Sarampo, Rubéola, Caxumba), Tetraviral (Sarampo, Rubéola, Caxumba, Varicela), DTP (tríplice bacteriana), Varicela e HPV quadrivalente (Papilomavírus Humano).

Para adolescentes até 15 anos, estão disponíveis as vacinas HPV, dT (dupla adulto), Febre amarela, Tríplice viral, Hepatite B, dTpa e Meningocócica ACWY (conjugada). O ministério reforça que todos os imunizantes que integram o Programa Nacional de Imunizações (PNI) são seguros e foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).      

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação coincide com a imunização contra a Covid-19, já em andamento no país. Segundo o Ministério da Saúde, as vacinas contra a Covid podem ser administradas, em crianças a partir de 3 anos, de maneira simultânea ou com qualquer intervalo com as demais vacinas que integram o calendário nacional.

Locais para atualizar as vacinas

A Prefeitura de Nova Friburgo informou que a busca por todas as vacinas infantis está baixa. A Secretaria Municipal de Saúde tenta ampliar a vacinação através de ações itinerantes, que oferece os imunizantes nos bairros mais afastados do Centro.

Segundo ainda a prefeitura, a campanha contra a pólio e todas as demais vacinas de rotina continuarão sendo oferecidas para todas as idades, especialmente crianças e adolescentes por tempo indeterminado. A imunização acontece nos postos Sylvio Henrique Braune, no Suspiro; Tunney Kassuga, em Olaria; Ariosto Bento de Mello, no Cordoeira; José Copertino Nogueira, em São Geraldo e Waldyr Costa, em Conselheiro Paulino), de segunda a sexta-feira, a partir das 8h.

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