A cruz de Cristo na vida do cristão

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Na última semana, refletimos sobre o sofrimento e o anseio do homem em evitá-lo a todo custo. Diante da promessa de felicidade, da alegria do coração, sempre presente nas promessas do Senhor, o sofrimento se apresenta como um verdadeiro paradoxo. Neste contexto, retomam-se as palavras de São João Paulo II: “O homem é destinado à alegria, mas todos os dias experimenta variadíssimas formas de sofrimento e de dor” (Christifideles laici, 53).

A adversidade que mais está presente na vida do homem é a enfermidade. No Antigo Testamento a enfermidade está misteriosamente ligada ao pecado e ao mal. Contudo, ela atinge também o justo, como se pode perceber no livro de Jó, assumindo o caráter de prova.

Já no Novo Testamento, o sofrimento do justo encontra verdadeira resposta. Na atividade pública de Jesus a cura das enfermidades é manifestação da sua missão como Messias, pois manifestam a vitória sobre todo o mal. Contudo, a cruz parece contrariar a esperança messiânica que os discípulos tinham em Cristo.

Mas é na ressurreição que se compreende verdadeiramente a perpetuidade messiânica de Jesus. Inspirado neste mistério pascal, o cristianismo constrói uma nova relação com o sofrimento; sofrer não é meramente uma consequência de uma culpa ou uma prova de Deus, mas um modo de se unir a Cristo e assim participar de sua ressurreição (.

Ao contemplar os algozes de Cristo, se abre para a vida pessoal do cristão um novo contexto. “O mistério da cruz não está simplesmente diante de nós, mas envolve-nos, dando um novo valor à nossa vida” (Ratzinger, J. Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição, p. 213). O oferecimento de si, em Jesus, assume características de culto espiritual, sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Cf. Rm 12, 1).

Uma vez que o cristianismo apresenta Cristo como modelo e destino para o sofredor, se faz necessário compreender que a cruz se apresenta como a possibilidade de restauração da justiça infinitamente lesada de Deus, isto é, o sacrifício da cruz é concebido como um desagravo infinito de uma culpa igualmente infinita.

Assim, a entrega de Jesus representa, para a verdadeira fé cristã, a radicalidade do amor. A partir da cruz a fé cristã entende que Jesus não se limitou simplesmente a fazer ou dizer algo, mas é nele que a sua vida e missão se reconhecem. Deus se identifica com os sofredores até de modo físico, identifica-os com ele e os introduz no seio de seu amor ao ponto de podermos nos unir à sua paixão redentora (Cf. Catecismo da Igreja Católica, §1505).

Olhando para o exemplo de Jesus, devemos pautar nosso agir. É preciso valorizar e compadecer-se dos sofrimentos alheios. Neste sentido, o Papa Francisco afirma: “Para falar de esperança a quem está desesperado, é preciso compartilhar o seu desespero; para enxugar as lágrimas do rosto de quem sofre, é preciso unir o nosso pranto ao seu. Só assim podem as nossas palavras ser realmente capazes de dar um pouco de esperança” (Audiência Geral, 11 jan. 2017).

Tocados pela misericórdia do Senhor, entremos em solidariedade com o seu sofrimento, e assim nos tornemos disponíveis para completar na nossa carne o que falta aos padecimentos de Cristo, sendo próximos e caridosos uns com os outros.

 

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Padre Aurecir Marins de Melo Junior é coordenador diocesano da Pastoral da Comunicação. Esta coluna é publicada às terças-feiras.

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