Uma senhora famosa vai se casar ─ pela sétima ou oitava vez, se não me engano. Isso no papel, sem contar as tentativas que não chegaram ao cartório. Marido ela tem encontrado com facilidade, difícil é a escolha do vestido de noiva. Nenhum dos modelos apresentados desta vez obteve a sua aprovação, e o estilista que a atende nessas circunstâncias não está conseguindo criar uma obra de arte à altura do acontecimento, posto que o tal acontecimento tem se repetido com demasiada frequência.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana

Robério Canto
Escrevivendo
No estilo “caminhando contra o vento”, o professor Robério Canto vai “vivendo e Escrevivendo” causos cotidianos, com uma generosa pitada de bom humor. Membro da Academia Friburguense de Letras, imortal desde criancinha.
Uma virtude reconhecida ou, melhor ainda, inventada, pode render um aumento de salário
Passei por uma pessoa a quem conheço há tempos, porém superficialmente, e ela me fez um inesperado elogio. Era um dia de sol quente e pode ser que, em consequência do calor, o cérebro dela não estivesse funcionando muito bem. Mas levei suas palavras a sério, porque elogio é sempre bom, mesmo quando não merecido, ou talvez sobretudo quando não merecido, como era o caso.
Essa carência brasileira que Nélson Rodrigues chamou de nosso complexo de vira-lata
Juliano chega em casa e desabafa com a mulher, Isadora.
─ Sabe o Pauloca, lá do escritório, um que cuida dos computadores?
─ Mais ou menos. Que que tem ele?
─ Levou a maior bronca do Dr. Camargo. Imagina que ele se irritou com os computadores e começou a rasgar papel. Você sabe como o Dr. Camargo é. Ficou uma fera e repreendeu o funcionário em público. Mas, olha, não conta isso pra ninguém, que eu não quero confusão com Pauloca, que é meu colega e amigo há mais de dez anos.
Tudo depende de como se conta
Com todo respeito aos autores (que já não podem me contestar), contarei hoje três histórias que não são de minha autoria, como fica declarado desde o título. Eu as conheci lendo algum livro ou revista, ouvindo alguém contar ou juntando pedaços de filmes a que assisti. Talvez esquecendo um pouco, ou inventando outro tanto. Mas, na essência, são assim mesmo.
Sem ao menos me pedir licença, caíram de tapas em cima de mim
Morávamos há pouco tempo em Olaria ─ eu tinha entre sete e oito anos ─ quando levei uma surra inesquecível. Felizmente, o fato nunca se repetiu, com igual, maior ou menor intensidade. Talvez eu tenha merecido outras vezes, mas como sou prudente até a covardia, sempre evitei as situações de confronto, sobretudo os confrontos físicos, pois desde cedo reconheci que eu não era nenhum Tarzan ou Super-Homem, nem mesmo o modesto Sargento Garcia, célebre adversário do Zorro.
Quem é que nunca viveu a emoção de ver o mundo se transfigurar com a passagem da pessoa amada?
Nascido em 1995 e falecido em 2024, com 100 anos de idade
Sammy Basso morreu e, para falar a verdade, foi justamente por causa de sua morte que eu fiquei sabendo que ele tinha existido. É estranho como, sendo a coisa mais previsível da vida, a morte sempre nos pega de surpresa. Ou quase sempre. Basso é uma das raras exceções. Já nasceu com prazo bem limitado de validade: treze anos. Viveu 28 e, apesar de tudo, viveu feliz e assim o declarou numa carta que deixou para ser lida no seu funeral.
Além do mais, ciúmes inúteis, pois como é que eles iriam concorrer com O Rei?