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Jubileu 2025 - Ano Santo e processos sinodais
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O ritmo intenso da vida pastoral durante o Ano Santo de 2025 poderá ajudar o desenvolvimento de um trabalho coletivo de reflexão e renovação das comunidades que inicie ou consolide processos sinodais nas dioceses. Um belo desafio para o Jubileu.
O ano 2024 entrega para o futuro a marca profunda que o Sínodo deixou em todos os que viveram intensamente o processo. Foram três anos de caminho em conjunto (2021-2024), num movimento que envolveu milhões de pessoas em todo o mundo.
No Jubileu iniciar processos sinodais
O fruto desse caminho são as conclusões condensadas no Documento Final do Sínodo publicado no dia 26 de outubro de 2024 e que foi aprovado nos seus 155 pontos.
Com o tema “Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão e missão”, na segunda e última sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, em Roma, participaram 368 membros com direito a voto, dos quais 272 eram bispos. E à imagem do que aconteceu na primeira sessão em 2023, mais de 50 votantes foram mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.
O tempo agora é de recepção e aplicação das conclusões do Sínodo. O ritmo intenso da vida pastoral durante o Ano Santo de 2025 poderá ajudar no desenvolvimento de um trabalho coletivo de reflexão e renovação das comunidades que inicie ou consolide processos sinodais nas dioceses. Um belo desafio para o Jubileu.
Uma iniciativa que pode ser inspiradora de dinamismos nas dioceses é a Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo”, que aconteceu em Roma, de 29 de abril a 02 de maio de 2024 sobre o tema “Como ser uma Igreja local sinodal em missão”.
Voltar à fonte que é Deus para evitar o clericalismo
Participou deste evento o padre António Bacelar, pároco na cidade da Maia, em Portugal. Para o padre “não há caminho sinodal, sem a contínua conversão de cada um. Vamos à fonte e a fonte é Deus”, afirma.
“O andamento do Sínodo é o andamento da Igreja, porque a Igreja é Sínodo e o Sínodo é Igreja. O que compartilhei com os colegas que faziam parte do meu grupo é que não há Igreja, não há caminho sinodal, sem a conversão contínua de cada um. Isto é, sem o irmos à fonte e a fonte é Deus. No caminho sinodal se toca algo, que às vezes pode ficar distante do nosso cotidiano, é que a Igreja é de Deus. E este de Deus não é um ornamento. É aquele que a conduz, que a inspira, que a leva. E o caminho sinodal me parece que traz esse fruto: eu sempre vejo esse nos reconduzir à fonte e celebrar e construir a Igreja por Aquele que de fato a conduz e que é Deus. E isso se desdobra na história, nas culturas diferentes, nas dificuldades que muitas vezes uma Igreja muito em volta da hierarquia e dos padres, pode constituir uma dificuldade. Quando se fala do clericalismo, fala-se da tentação por parte dos padres, mas também da parte dos leigos. Trata-se de uma conversão de mentalidade de que o Sínodo é um passo muito importante”, ressalta o padre Antônio Bacelar.
Fazer harmonia na Igreja para que ninguém fique de fora
Recordemos que o Papa Francisco disse no seu discurso de encerramento do Sínodo em outubro de 2024 que a pluralidade das diferenças encontradas durante o caminho sinodal deve ser vivida em harmonia. Pediu que ninguém fique de fora, pois Deus é para todos.
“Todos, na esperança de que não falte ninguém. Ninguém fique de fora! Todos! E a palavra-chave é esta: a harmonia, que é obra do Espírito; a Sua primeira manifestação forte, na manhã de Pentecostes, é harmonizar todas aquelas diferenças, todas aquelas línguas, todas aquelas coisas… Harmonia!”, assinalou o Santo Padre.
Francisco apelou para uma Igreja sem muros. “Quanto mal os homens e mulheres da Igreja causam quando erguem muros! Não devemos nos comportar como ‘dispensadores da Graça’ que se apropriam do tesouro, amarrando as mãos do Deus misericordioso”, disse o Santo Padre.
O Papa ainda deixou uma indicação literária com a sugestão de um poema da escritora francesa Madeleine Delbrêl, “a mística das periferias”, ressaltando uma ideia: “acima de tudo, não seja rígido”.
O Papa assinalou que a rigidez é um pecado que tantas vezes também afeta “os clérigos, os consagrados e as consagradas”. Uma chamada de atenção do Santo Padre para que o Documento Final desta assembleia sinodal seja acolhido com abertura.
Francisco anunciou a sua intenção de não publicar uma exortação apostólica, algo que acontece pela primeira vez, mas que está previsto na constituição apostólica 'Episcopalis Communio', sobre o Sínodo dos Bispos, publicada em 2018, pelo Papa Francisco.
Palavras e atos na recepção do Documento nas dioceses
Entretanto, Francisco alertou os participantes no Sínodo para a necessidade de tornar acessível, os conteúdos do Documento Final, em especial com o “testemunho da experiência vivida”.
“A igreja sinodal para a missão precisa, agora, que as palavras partilhadas sejam acompanhadas de atos”, assinalou o Papa.
Abre-se, assim, um novo tempo no qual, como disse o Papa, as palavras compartilhadas devem ser acompanhadas de ações. Ou seja, a recepção das conclusões nas dioceses, que é a terceira fase do Sínodo, não deve ficar apenas na leitura e reflexão do Documento Final, mas será necessária uma criatividade reforçada na difusão das informações produzidas nesta sessão sinodal.
Destaque especial para o método sinodal da “Conversação no Espírito” que no número 45 do Documento Final ficamos sabendo que “a sua prática tem suscitado alegria, espanto e gratidão e tem sido experimentada como um caminho de renovação que transforma as pessoas, os grupos e a Igreja”, pode-se ler no Documento.
Documento Final faz parte do magistério pontifício
No passado dia 25 de novembro, o Papa Francisco pronunciou-se através de uma Nota de Acompanhamento do Documento Final do Sínodo, afirmando que este tem valor como “magistério pontifício”. O Santo Padre sublinhou a necessidade da implementação do Documento Final do Sínodo nas comunidades católicas.
“O documento final faz parte do magistério ordinário do sucessor de Pedro [o Papa] e, como tal, peço que seja aceito. Ele representa uma forma de exercício do magistério autêntico do bispo de Roma que tem algumas características novas, mas que, de fato, corresponde ao que tive a oportunidade de apontar em 17 de outubro de 2015, quando afirmei que a sinodalidade é a estrutura interpretativa apropriada para entender o ministério hierárquico”, pode-se ler na nota.
O discurso a que se refere o Santo Padre foi proferido por ele no 50º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos.
Em Portugal está marcado para o dia 11 de janeiro em Fátima, por iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, um encontro nacional sobre o Sínodo. Laudetur Iesus Christus.
Fonte: Vatican News
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