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A felicidade no mundo

quarta-feira, 07 de setembro de 2022

Somos um povo que ri quando devia chorar

Somos um povo que ri quando devia chorar

A ONU publicou recentemente seu relatório anual sobre o nível de felicidade em cada país do mundo. O Japão, por exemplo, está em 55º lugar, o que não é grande coisa para um povo tão rico e estável. Talvez não seja mais feliz por falta de espaço e excesso de trabalho. Recentemente um japonês apertou os olhos um pouquinho mais e inventou o que ele aponta como um eficiente paliativo para os dois problemas. Como todo brasileiro sabe e abomina, lá os empregados chegam a trabalhar até oitenta horas extras por mês, geralmente sem receber um iene por isso. Não é sem razão, pois, que com frequência se trancam no banheiro, não para fazer no banheiro o que no banheiro se faz no resto do mundo, e sim para tirar um cochilo.

Foi possivelmente durante uma dessas sonecas que, enquanto o imperador também cochilava, seu engenhoso súdito sonhou construir um jeito de descansar que, não sendo tão bom quanto a cama, fosse melhor do que o vaso sanitário. Bolou uma caixa semelhante a um caixão que, colocada verticalmente num canto qualquer do local de trabalho, pudesse acomodar os sonolentos. A engenhoca possui apoio para a cabeça, as costas e os pés, de modo que, garante o inventor, mesmo sem estar deitado, nela se pode dormir com bastante conforto.

Na pesquisa da ONU, os países mais felizes são os de sempre, que estão ali se revezando anos a fio, sobem um pouquinho, descem um pouquinho, mas não largam a taça: Finlândia, Dinamarca e Suíça foram novamente os primeiros a subir ao pódio. Não faltam, no entanto, surpresas.  Por exemplo: Israel ocupar a nona posição, apesar de se dar tão mal com os vizinhos palestinos. Estes, tão próximos e tão distantes dos israelenses, despencam diretamente para o 122º. lugar. E os Estados Unidos, que para muitos brasileiros parecem ser o céu ao alcance da mão, ficam num modesto 16º lugar. Basta, no entanto, dar um passo abaixo na fronteira para cair no México, e a situação piorar subitamente: 46º colocado.

Não dá para esquecer a Ucrânia e a Rússia. Nenhuma das duas jamais figurou entre os nossos principais sonhos de viagem e de fato estão, respectivamente, na 96ª e 80ª colocação. Agora, então, que viraram pesadelo é provável que apareçam ainda mais mal colocadas na próxima pesquisa. No fim da fila, na lanterna do campeonato, estão os três lugares onde as pessoas têm menos motivos para achar que a vida vale a pena: Zimbábue, Líbano e por fim o Afeganistão, habitat do povo mais infeliz do planeta.

E o Brasil? Bem, somos o número 38 do ranking. Entre os sul-americanos, perdemos para o Uruguai, que está oito pontos à nossa frente. Enfim, não gargalhamos tanto quanto na Suécia (7º), mas somos bem mais risonhos do que nossos vizinhos argentinos (57º), ou mesmo do que Portugal (56º). Entre duas e três mil pessoas foram ouvidas em cada um dos 146 países pesquisados. Os analistas ressaltaram que, em todos eles, dois fatores contribuem para tornar o povo mais ou menos de bem com a vida: o apoio que contam conseguir da sociedade em caso de necessidade, e a visão que têm da honestidade de seus governantes.

Os brasileiros talvez nem precisem de motivos para se sentirem felizes; porque, segundo dizia o antigo radialista Alziro Zarur, somos um povo que ri quando devia chorar. Rimos de nossas próprias desgraças e fazemos piadas de nossas próprias tristezas, que é o nosso jeito de ir sobrevivendo, ou pelo menos de nos irmos enganando.

Mas parece que, nos dois pontos destacados pelos pesquisadores, mal nos aguentamos em cima das pernas. São desumanas entre nós as diferenças econômicas e sociais; pessoas que ocupam o mesmo espaço urbano são estranhas, às vezes inimigas. E a constatação de que, quanto mais altos os escalões do poder, maiores são os recursos destinados às mordomias, luxos, vantagens e benefícios de quem já os possui em excesso, enquanto outra parte da população é tratada como um povo estrangeiro, com o qual nada se tem a ver e ao qual nada se deve.

Que esperar dos resultados da pesquisa que sairá em 2023? Não vamos sonhar em chegar perto dos líderes do campeonato mundial de felicidade, mas talvez nos afastemos um pouco mais do grupo da lanterna. Como dizem os árabes, “in shaa Allah”, oxalá, se Deus quiser!

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AVS tem a dinâmica das melhores leituras!

terça-feira, 06 de setembro de 2022

O nono mês do ano começou carregado de emoções, com datas importantes a serem festejadas, entre elas, o Dia Internacional da Alfabetização, 8 de setembro. O Caderno Z do último fim de semana fez a festa sobre o tema. Aprender a ler tem se tornado cada vez mais fácil, porque a didática também evoluiu. É lindo! É dos mais valiosos saberes, embora no Brasil o analfabetismo ainda siga desafiando a Educação. Se para quem aprende é bom, para quem ensina é a glória. “É um ato de amor e dedicação.

O nono mês do ano começou carregado de emoções, com datas importantes a serem festejadas, entre elas, o Dia Internacional da Alfabetização, 8 de setembro. O Caderno Z do último fim de semana fez a festa sobre o tema. Aprender a ler tem se tornado cada vez mais fácil, porque a didática também evoluiu. É lindo! É dos mais valiosos saberes, embora no Brasil o analfabetismo ainda siga desafiando a Educação. Se para quem aprende é bom, para quem ensina é a glória. “É um ato de amor e dedicação. É ajudar, mediar o processo de descoberta de cada criança, oferecendo as condições necessárias para que descubram o universo vasto e maravilhoso de leitura...”, como destacou a professora Suzana de Souza Amorim, assessora pedagógica da Escola Pontinho do Sol.

Ana Borges conversou com a psicopedagoga Inahiara Venancio sobre a complexidade da volta à escola depois da pandemia. A educadora, que trabalha com as Séries Iniciais e é diretora adjunta da Escola Municipal Bernardo Pacheco, em seus depoimentos ressaltou a dificuldade de enfrentar as inseguranças, tanto da parte dos alunos e familiares, quanto da equipe de profissionais. Tudo era novo e diferente, pois não era um retorno das férias: “Não era recomeçar, pois quando recomeçamos trazemos na bagagem algo  que já conhecemos, já trabalhamos, experiências já vividas. Era começar!”.

O ensino básico no Brasil “ainda é uma realidade distante para muitas pessoas, passando pelas desigualdades sociais, com os tabus, os preconceitos e todas as formas de exclusão. Graças ao empenho dos profissionais da Educação, muitos dos desafios são vencidos, porque existe uma carga de amor muito forte, além do contrato de trabalho. O educador é aquele que carrega o trabalho na alma, que depois do expediente leva a escola “na cabeça” e se debruça sobre a empreitada educacional com boa vontade e disposição para encontrar o ponto de equilíbrio entre o sonho e as possibilidades.

A Escola Rural Ibelga Ceffa Flores, da rede municipal, localizada em Vargem Alta, é mais um exemplo de amor e dedicação. Atuando com a pedagogia de alternância, os alunos participam de atividades que interagem com o cotidiano da vida no campo e recebem, além das matérias curriculares, estudos de agricultura teórica e prática, intervenções externas, com viagens de estudo, interações com os familiares e até uma viagem a Holambra, em São Paulo, para aperfeiçoamento em novas técnicas de produção. Com três décadas de história, o Ibelga tem um legado de realizações que orgulha a nossa cidade. A reportagem de Ana Borges é uma verdadeira colheita de informações. Parabéns, alunos, famílias e professores. Quem planta colhe o melhor!

Em “Há 50 Anos” festejava-se o Dia da Pátria e a prefeitura, por intermédio do então prefeito Feliciano Costa, organizou as festividades para que “o maior sucesso” fosse alcançado. Outro assunto, muito interessante foi a melhoria das ligações interurbanas, sendo possível mais de 1.500 ligações para o Rio de Janeiro. Mais de dez mil telefones para Nova Friburgo, possibilitando o “mais avançado passo em comunicação de todos os tempos – a Discagem Direta a Distância”. Foi mesmo um passo de gigante dado na déca de 1970!

“Quando falamos de determinada categoria, qual a primeira marca que vem a sua mente?” – Foi com essa pergunta que os lojistas, de todo o Brasil, elegeram a Stam a marca “Top of Mind”, prêmio concedido pela Revista Revenda Construção: 1º lugar na categoria Fechaduras; 2º Lugar na categoria Cadeados e o 3º lugar em Ferragens. Que beleza!  Em “Sociais”, Roosevelt Carvalho festejando idade nova ao lado de seus familiares no distrito de São Jose do Ribeirão, em Bom Jardim. Felicidades!

Christiane Coelho tocou a emoção de muita gente, inclusive, mexeu com minhas lembranças, em “Álbum da Copa”. Na minha infância, papai, que era uma figura, era o mestre das figurinhas. O hobby não saiu de moda e a tradição continua. Contudo, o investimento em figurinhas está bem salgado. Para completar o álbum, o colecionador vai gastar R$ 550. Para a Copa do Catar é bom catar as moedinhas e muito mais!

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Mais um na maçonaria

terça-feira, 06 de setembro de 2022

Na semana passada, a Loja Maçônica Indústria e Caridade de Nova Friburgo passou a contar com mais um membro que chegou para reforçar suas fileiras.

Trata-se de Leonardo Alves de Souza, administrador, que gerencia uma conceituada empresa friburguense e por isso, se encontra radicado há alguns anos em nossa cidade. No registro fotográfico, vemos o Leonardo junto de sua esposa Michelle, sua amada avó quase centenária sra. Isabel e a mãe Sandra.

Vivas aos Gustavo

Na semana passada, a Loja Maçônica Indústria e Caridade de Nova Friburgo passou a contar com mais um membro que chegou para reforçar suas fileiras.

Trata-se de Leonardo Alves de Souza, administrador, que gerencia uma conceituada empresa friburguense e por isso, se encontra radicado há alguns anos em nossa cidade. No registro fotográfico, vemos o Leonardo junto de sua esposa Michelle, sua amada avó quase centenária sra. Isabel e a mãe Sandra.

Vivas aos Gustavo

No último domingo, 4, o sempre querido Gustavo Rocha, conceituado contador de Nova Friburgo, completou mais um aniversário natalício, celebrado com o carinho de amigos e familiares, em especial, a esposa Letícia e filhas as Brenda, de 21 anos e Paola, de 13.

Abraços e congratulações ao aniversariante.

Presenças ilustres na região

Conforme esta coluna antecipou na edição passada, no último fim de semana, em um belo sítio entre Nova Friburgo e Bom Jardim, aconteceu animado encontro de confraternização dos ex-seminaristas do tradicional Seminário Arquidiocesano São José de Niterói. A comemoração ocorre há mais de cinco décadas.

Inúmeros amigos e ex-seminaristas, incluindo os que seguiram para o sacerdócio, marcaram presença, inclusive muitos deles acompanhados de familiares, foram recebidos pelo anfitrião, o advogado dr. Gano Strauss de Miranda Leonardo. Na foto ele aparece com os amigos, o ex-deputado estadual José Armando de Macedo Pimentel, o atual prefeito de Cabo Frio José Bonifácio Ferreira Novellino e ex-prefeito de Rio Bonito (na cadeira de rodas), Aires Abdalla Helayel.

Yakisoba do Amor e Perdão

A Casa Espírita Amor e Perdão de Nova Friburgo, sediada em Mury (Avenida Manoel Carneiro de Menezes, 3.471) promoverá no próximo domingo, 11, um ‘Yakisoba Solidário’. O valor de cada convite é R$ 25 para saborear o almoço no local ou solicitar  quentinhas pelo sistema delivery.

O objetivo desta ação é arrecadar recursos para que aquela respeitada Casa Espírita possa continuar distribuindo cestas básicas para 60 famílias cadastradas na instituição.

Níver do Roosevelt

Apesar do registro feito na coluna Sociais de AVS, no último fim de semana, vale à pena esta coluna também adicionar mais cumprimentos ao querido Roosevelt Carvalho Cordeiro (foto), que  trocou de idade no último dia 1º para satisfação de sua esposa Adinéia, filhas, filho, genros, nora, netos, demais familiares e muitos amigos. Nossas congratulações ao querido Roosevelt.

CDL com 58 anos

Esta quarta-feira, 7, é uma data histórica, pois iremos celebrar  os 200 anos da proclamação da Independência do Brasil acontecida em 7 de setembro de 1822. E o clima de festejos prosseguirá em Nova Friburgo, pois na quinta-feira, 8, a Câmara de Dirigentes  Lojistas de Nova Friburgo (CDL) completará 58 anos de fundação.

Nesta ocasião especial, felicitamos o presidente desta destacada entidade friburguense, o empresário Braulio Rezende, e demais diretores, assim como a todos que fazem parte da trajetória da CDL.

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Mensagem da CNBB ao povo brasileiro

terça-feira, 06 de setembro de 2022

Hoje em nossa coluna trazemos uma síntese da mensagem de reflexão sobre o momento atual em nosso país, escrita pelos bispos católicos a todos os homens e mulheres de boa vontade.

“Como pastores, temos presente a vida e a história de nossas comunidades, o rosto de nossa de gente, marcado pela fé, esperança e capacidade de resiliência. Nossas alegrias e esperanças, tristezas e angústias são as mesmas de cada brasileira e brasileiro. Com esta mensagem, queremos falar ao coração de todos.

Hoje em nossa coluna trazemos uma síntese da mensagem de reflexão sobre o momento atual em nosso país, escrita pelos bispos católicos a todos os homens e mulheres de boa vontade.

“Como pastores, temos presente a vida e a história de nossas comunidades, o rosto de nossa de gente, marcado pela fé, esperança e capacidade de resiliência. Nossas alegrias e esperanças, tristezas e angústias são as mesmas de cada brasileira e brasileiro. Com esta mensagem, queremos falar ao coração de todos.

Nossa fé comporta exigências éticas que se traduzem em compaixão e solidariedade concretas. O compromisso com a promoção, o cuidado e a defesa da vida, desde a concepção até o seu término natural, bem como, da família, da ecologia integral e do estado democrático de direito estão intrinsecamente vinculados à nossa missão apostólica. Todas as vezes que esses compromissos têm sido abalados, não nos furtamos em levantar nossa voz. ‘A Igreja é advogada da justiça e dos pobres, exatamente por não se identificar com os políticos nem com os interesses de partido’ (Bento XVI, Discurso Inaugural da Conferência de Aparecida).

Com a esperança que nos vem do Senhor, reconhecemos o tempo difícil em que vivemos. Nosso país está envolto numa complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade brasileira. Entre outros aspectos destes tempos estão o desemprego e a falta de acesso à educação de qualidade para todos. A fome é certamente o mais cruel e criminoso deles, pois a alimentação é um direito inalienável (cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 189).

Como se não bastassem todos os desafios estruturais e conjunturais a serem enfrentados, urge reafirmar o óbvio: Nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional. Isso não significa somente ‘um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos [...] se não há um consenso sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade’ (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 407).

É fundamental ter presente que somos uma nação marcada por riquezas e potencialidades, contudo, carente de um projeto de desenvolvimento humano, integral e sustentável. Vítimas de uma economia que mata, celebramos as conquistas desses 200 anos de independência conscientes de que condições de vida digna para todos ainda constituem um grande desafio. É necessário o compromisso autêntico com a verdade, com a promoção de políticas de Estado capazes de contribuir de forma efetiva para a diminuição das desigualdades, a superação da violência e a ampliação do acesso a teto, trabalho e terra.

É motivo de preocupação a manipulação religiosa e a disseminação de fake news que têm o poder de desestruturar a harmonia entre pessoas, povos e culturas, colocando em risco a democracia. A manipulação religiosa, protagonizada por políticos e religiosos, desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil.

A corrupção histórica, contínua e persistente, subtrai o que pertence aos mais pobres. A Lei da Ficha Limpa, que proíbe que condenados por órgãos colegiados possam se candidatar a cargos políticos, é uma conquista popular e democrática, que deve ser promovida, juntamente com outros mecanismos de controle que garantam a ética na política.

Pelo seu exercício responsável e consciente, a população tem a capacidade de refazer caminhos, corrigir equívocos e reafirmar valores. Reiteramos nosso apoio incondicional às instituições da República, responsáveis pela legitimação do processo e dos resultados das eleições.

Assim, conclamamos, mais uma vez, toda a sociedade brasileira a participar ativa e pacificamente das eleições, escolhendo candidatos e candidatas, para o executivo e o legislativo, que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum.”

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

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Passos que escrevem poemas honrados

segunda-feira, 05 de setembro de 2022

Ao participar da Feira Literária de Santa Maria Madalena 2022, o tema a respeito dos refugiados da Venezuela me sensibilizou, até porque tenho refletido sobre o processo migratório em massa, para ser mais enfática sobre o êxodo. As migrações não são um fenômeno atual, mas que fazem parte da história das civilizações desde que se tenha conhecimento, como a fuga dos Hebreus do Egito que ocorreu no século XV a.C. 

Ao participar da Feira Literária de Santa Maria Madalena 2022, o tema a respeito dos refugiados da Venezuela me sensibilizou, até porque tenho refletido sobre o processo migratório em massa, para ser mais enfática sobre o êxodo. As migrações não são um fenômeno atual, mas que fazem parte da história das civilizações desde que se tenha conhecimento, como a fuga dos Hebreus do Egito que ocorreu no século XV a.C. 

Querendo entender o que me é impossível aceitar, resolvi buscar fontes que me esclareçam as razões que fazem um povo se afastar da sua terra. Procurei na obra de Sygmunt Bauman, especialmente no livro “Estranhos à Nossa Porta”, publicado em 2016, análises que me possam elucidar as causas do trauma que as pessoas sofrem quando são obrigadas a deixar o solo onde vivem.

Pensar em refugiados me leva a constatar que o processo de dissolução de uma cultura, de ideais coletivos e de modos de produção acontecem no âmbito das relações de poder pela opressão de uns sobre os outros, em que os fatores econômicos, conflitos ideológicos, escassez de recursos, riquezas naturais entre outros são preponderantes. As pessoas, sem alternativas, fogem! Deixam para trás as conquistas que fizeram ao longo da vida e abandonam seus familiares, amigos e sonhos.

É impensável para mim ter de pegar uma mala e sair porta afora rumo ao incerto. Chegar em algum lugar e tornar-me não mais do que uma estranha, onde serei observada com olhos inseguros. Não se pode ficar insensível ao assistir ao que acontece hoje em várias partes do mundo. E a mídia, em busca de audiência, explora a tragédia humana, sendo apoiada por anunciantes. Mentes inteligentes e criativas usam o infortúnio dos refugiados para enriquecer a informação. É uma crueldade. 

O fator humano está sempre em segundo ou terceiro plano.  Crianças passam fome, mães se afogam, famílias se perdem, velhos morrem sem atendimento médico, animais são abandonados. Enfim, há desesperança e uma infinidade de tragédias caracteriza a situação de exílio. O êxodo faz do infortúnio a sua rotina e da rotina o esquecimento silencioso que atravessa o planeta.

Segundo Bauman, as nações que causam o êxodo de sua população são Estados fracassados e míopes. Quem decide pelo abandono é porque perdeu sua função na vida econômica e social, sendo os governos incapazes de oferecer condições de produção, cidadania e amparo ao seu povo. São sociedades vagotônicas, cheias de discursos ideologicamente lógicos, mas contraditórios com a realidade concreta. 

O refugiado, despatriado, serpenteia as estradas, sobe montanhas e cruza fronteiras em busca de um lugar onde possa ver, ao menos, um raio de sol. Anda humilhado, sem voz para cantar o hino do seu país. Suas palavras guardam a esperança de continuar a fazer a própria história. Seus olhos crivam horizontes com o amor pela vida. Seus passos escrevem no solo poemas honrados. Seus braços carregam filhos e parcos pertences. Suas mãos encontram as de outros irmãos. Em suas veias corre o sangue dos silenciosos heróis. São cidadãos do mundo.

 

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7 de setembro: Dia da Pátria

sábado, 03 de setembro de 2022

Edição de 2 e 3 de setembro de 1972

Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes

Edição de 2 e 3 de setembro de 1972

Pesquisado por Thiago Lima

Manchetes

7 de setembro: Dia da Pátria - Ponto alto das comemorações do Dia da Pátria, em nossa cidade, será o desfile na manhã do dia 7 de setembro, já tradicional e neste 1972 contando com especial animação dada o elevado número de organizações e estabelecimentos de ensino que participarão da grande parada cívica. A prefeitura municipal é a organizadora das festividades, tendo o prefeito Feliciano Costa, dado instruções pessoais para que seja alcançado o maior sucesso em todos os itens da programação.

CTB - Companhia Telefônica Brasileira - A CTB reuniu a imprensa friburguense para anunciar grandes cometimentos em matéria de melhoria dos seus serviços e da implantação em nossa terra do que de mais moderno existe em assunto de telefonia. Foi mostrada a complexa e custosa aparelhagem que está sendo montada em Friburgo. Melhoramentos imediatos, a curto e a médio prazo, em etapas desenvolvidas prioritariamente.

Muito trabalha a Cia. Telefônica de Friburgo - A Cia. Telefônica Brasileira, que é a concessionária local, tem em estudos uma série de melhoramentos para a nossa cidade, no que diz respeito aos seus serviços telefônicos. Já aplicado o sistema ODD, que eliminou um estágio nos serviços, assim como a criação de três centenas de novos canais, a melhoria do interurbano foi mais que positiva. Mais 1.500 ligações diárias somente para o Rio de Janeiro é agora possível. Mas as melhorias não pararam aí. Está sendo concretizado o estudo do projeto de uma nova estação - mais dez mil telefones para Friburgo, possibilitando assim a Discagem Direta a Distância, o mais avançado passo em comunicação de todos os tempos!  

Mais um! Joel Jonas deixa o MDB - Em carta dirigida ao seu antigo partido, após recriminar o seu total "alijamento" das decisões partidárias quando integrava a Executiva, o prestigiado político que na passada eleição concorreu para o cargo de prefeito na chapa emedebista Joel Jonas desliga-se da agremiação, na qual prestou assinalados serviços.

Pílulas

O deputado Luis Brás discursou na Convenção da Arena e mostrou-se um excelente orador. Consideramos a sua oração uma verdadeira jóia. A sua saudação à mulher friburguense superou a tudo quanto já ouvimos a respeito. Pena que o discurso - improviso - não possa ser distribuído em avulsos.

As convenções partidárias estiveram animadas. Foram escolhidos os candidatos, inclusive à vereança.

O dr. Dermeval Barbosa Moreira não foi mesmo candidato a vice-prefeito, como anunciamos. É que tomamos o máximo de cuidado ao

darmos qualquer notícia. É lógico que não gostamos de boatinhos, de jogadinhas. bobageiras, ridicularias que no término somente servem para marcar, reidentificar os arroubos de crianças grandes, metidas a engraçadinhas, mas realmente dignas da maior comiseração...

A sorte dos candidatos à vereador está lançada. Está quase na hora de ser verificado quais os homens públicos prestigiados pelo voto popular. Em 15 de

novembro vindouro, muitos dos "recrutas" que apregoam ter um mil ou mais votos, verão como é duro conseguir um sufrágio. Pelo menos 68 disputarão o cargo e 17 serão eleitos. Cinquenta e um sobrarão para chorar as mágoas...

Como estão longe da realidade os políticos que muito falam de si próprios,

que tanto falam de suas realizações, de suas atividades, pensando

que pode medrar, ajudar de alguma forma, o atribuir milagres ou coisa parecida aos seus atos, suas gestões político-administrativas, ou outras. Já dizia um pensador: Elogio em boca própria é vitupério. Melhor dizendo, é palavrão aos olhos dos castos eleitores. Ninguém tolera os pretensiosos, os convencidos de que são os maiores, de que ninguém os iguala ou supera. Como fica bem, em todos, notadamente nos homens públicos, a simplicidade, a modéstia, a pureza de intenções, a autenticidade! 

E mais…

  • Álvaro recebe homenagens da convenção arenista…
  • Feliciano Costa: um administrador progressista e empreendedor…
  • Nova diretoria no Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo… 

Sociais

A VOZ DA SERRA registra os aniversários de: Hilton Willemen Rosa, Coaracy Flores e Renato Bravo (3); Epaminondas de Moraes (4); Fernando Alves Pena (5); Arsenio Crescencio, Wilson Vieitas e Sali, Lopes (6); Mário Corso e Antonio Cláudio Falcão (7); Sérgio Felga e Atilla de Oliveira (9).

 

Foto da galeria
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Deflação? Comer continua sendo caro...

sexta-feira, 02 de setembro de 2022

Em tempos de deflação, a comida não para de ficar mais cara. Esta semana, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgou o resultado do IGP-M de agosto. O resultado, deflação de 0,70% para o período. Para o IPCA, índice oficial de inflação medido pelo IBGE, o mês de julho também foi deflacionário e foi calculado em -0,68% - puxado pelo recorde de deflação com o grupo de Transportes, -4,51%. Ainda assim, enquanto isso, a alimentação – o consumo mais básico – está cada vez menos acessível.

Em tempos de deflação, a comida não para de ficar mais cara. Esta semana, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgou o resultado do IGP-M de agosto. O resultado, deflação de 0,70% para o período. Para o IPCA, índice oficial de inflação medido pelo IBGE, o mês de julho também foi deflacionário e foi calculado em -0,68% - puxado pelo recorde de deflação com o grupo de Transportes, -4,51%. Ainda assim, enquanto isso, a alimentação – o consumo mais básico – está cada vez menos acessível.

Antes de começarmos nossa conversa sobre o assunto, precisamos voltar um pouco e entender o que são estes índices e quais são suas utilidades. Basicamente, ambos consideram cestas de produtos e serviços comumente utilizados por grande parte da população; quando aplicados numa fórmula, o resultado da medida de inflação. Mas vamos as diferenças.

IGP-M: medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas, o indicador apura informações sobre a variação de preços entre os dias 21 e 20 do mês da coleta. De acordo com a própria instituição, o índice “é utilizado amplamente na fórmula paramétrica de reajuste de tarifas públicas (energia e telefonia), em contratos de aluguéis e em contratos de prestação de serviços.

IPCA: sob responsabilidade do IBGE, o Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor é quem produz o indicador. Medido em meses fechados, do dia 1º ao 30 do mês de referência, o IPCA busca englobar resultados relevantes para famílias com rendimentos de um a 40 salários mínimos.

Contudo, o ponto onde quero chegar precisa destrinchar este assunto e encarar os detalhes individuais do que é medido. Para isso, vamos usar, daqui em diante, apenas o IPCA a partir de agosto de 1999 – mês em que todos os nove componentes do índice passaram a ser medidos simultaneamente.

Numa análise simples de todos estes componentes, o segmento Alimentação e Bebidas lidera os números somando 174,8% de inflação; no mês com a maior inflação do grupo, o índice aferiu 5,85% em novembro de 2002. Pode parecer pouco para quem vivenciou na pele (e no bolso) os tempos de inflação dos anos 80-90, mas é extremamente relevante para economias maduras.

Todavia, a essa altura você pode estar se perguntando: “e por que alimentos?”

Já parou para refletir sobre as extensas cadeias de produção e distribuição de alimentos? Se considerarmos que muitas vezes precisamos cotar em dólares os insumos primários para as cadeias de produção de alimentos, podemos encontrar uma justificativa. A soja, utilizada para a produção de ração animal e o petróleo, para viabilizar combustível para distribuição – ambos comercializados em dólar – podem ser bons exemplos para exercitar a compreensão do cenário. Mas, ainda assim, será que essa justificativa pode ser considerada a verdadeira resposta para um problema social?

Falar e compreender inflação, é fundamental para cobrar e promover políticas públicas. Já que o assunto te interessa (partindo deste princípio, já que está lendo esta coluna), estude. Só o estudo nos proporciona as melhores ferramentas para encontrar as mais assertivas respostas.

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Cadê a leveza ?

sexta-feira, 02 de setembro de 2022

Acreditar no ser humano até que ele demonstre que não é digno da sua confiança. Ter boa vontade até que reste comprovado que o destinatário das suas ações não é tão digno assim de recebê-las. Ter a intenção de ajudar, sem requisitar nada em troca (nem nas entrelinhas das segundas intenções). Dar de verdade, doado, porque sim. Sem dívida moral para acertar depois. Compartilhar prosperidade, sem contabilizar os créditos que sua boa ação pode te proporcionar. Fazer sem esperar retorno. Ensinar com a intenção de que aprendam. Aprender com a intenção de aprender mesmo.

Acreditar no ser humano até que ele demonstre que não é digno da sua confiança. Ter boa vontade até que reste comprovado que o destinatário das suas ações não é tão digno assim de recebê-las. Ter a intenção de ajudar, sem requisitar nada em troca (nem nas entrelinhas das segundas intenções). Dar de verdade, doado, porque sim. Sem dívida moral para acertar depois. Compartilhar prosperidade, sem contabilizar os créditos que sua boa ação pode te proporcionar. Fazer sem esperar retorno. Ensinar com a intenção de que aprendam. Aprender com a intenção de aprender mesmo.

Nem tudo vale dinheiro, nem tudo vale crédito, nem tudo vale nota na escala de valores de uma pessoa. Aliás, as coisas mais importantes da vida, nem coisas são. Frase repetida, mas cheia de razão.

Sabe quando alguém é honesto com você e chega a te comover? Quando você recebe um presente como demonstração de gratidão, sem interesse. Quando você é tão bem tratado que fica com vontade de levar a pessoa gentil para casa. Quando as pessoas são tão solícitas que chegam a te constranger. Quando te oferecem colo e acalento e você não consegue nem aceitar. Quando te fazem tão bem que você chega a se emocionar. Quando as intenções das pessoas são genuinamente tão boas que chegamos a desconfiar. Então. Quando o lado bom da força transborda, por vezes fica até difícil conseguir lidar. Estranha realidade.

Por que dificultar a vida das pessoas à toa? Para quê criar obstáculos desnecessários? Por que se fazer temer para receber o respeito de alguém? 

Estamos na Era da Luz. Nem todos os pingos dos “is” precisam estar milimetricamente em cima dos “is”. Cadê a flexibilidade? O jogo de cintura? O “borogodó”? Cadê a leveza? Le-ve-za.

Não estou me referindo aos jeitinhos, às trapaças, ao desejo de enganar as pessoas. Pelo contrário. Quero falar das pessoas que por pureza de espírito, por intenções positivas, fazem por amor, acreditam pela crença de que as pessoas podem ser verdadeiras, dão por dar, recebem por receber, e por aí vai. Essa lógica que deveria ser mais natural entre nós, humanos.

Pessoas não são números. Pais não estão sempre certos. Professores não sabem tudo. Desempregados não são malandros. Estrangeiros não vivem melhor. Relacionamentos não são sempre perfeitos. Trabalho não é martírio. Políticos não são todos corruptos. Todos os milionários não são felizes. Percebem?

Às vezes acho que estamos vivendo de exceções. Isso me inquieta. A pirâmide às vezes me parece invertida. A base, a massa, a maioria, deve ser composta pelo lado bom da força. Se me falam algo, acredito. Por que tenho que imaginar que a pessoa está mentindo? Se me tratam com gentileza, retribuo. Por que deveria imaginar que a intenção por trás dos gestos afáveis estão enrustindo uma intenção diversa? Se me pedem e eu posso fazer, eu faço. Por que deveria me recusar a ajudar alguém?

É tão comum escutarmos conselhos do tipo : “não fique disponível”, “ a regra é não”, “não caia nessa conversa fiada”, “não perca seu tempo ajudando”, “faça o mínimo necessário”, “não acredite nessas boas intenções”, “duvide até do espelho”, “não conte nada para ninguém”. Andamos tão armados. Tão fechados. Tão individualizados. Complexo. Talvez mais difícil fosse ser diferente disso.

Hoje em dia estamos sendo julgados, filmados, gravados, registrados. São tantos dedos apontados, tantas mentes fazendo juízo de valor sobre nossa postura. São tantas opiniões preconcebidas sendo extraídas exclusivamente das postagens das redes sociais, de uma fala isolada, de uma atitude excepcional em um dia ruim, de uma fofoca, de uma impressão negativa. Isso dificulta as relações mais naturais, mais reais, mais verdadeiras, com mais partilha e menos julgamento, com mais essência e menos forma. Será que o lado bom da força está enfraquecendo?

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Curiosidades sobre o período eleitoral

quinta-feira, 01 de setembro de 2022

Tão certo, em 2022, quanto a seleção brasileira campeã da Copa do Catar - com um belo gol do Neymar - é que neste ano, os barracos familiares nos grupos de Whatsapp já começaram. Entre troca de figurinhas do álbum da Copa e intrigas intermináveis, o diferencial é se manter-se o mais informado possível nestes tempos polarizados.

Tão certo, em 2022, quanto a seleção brasileira campeã da Copa do Catar - com um belo gol do Neymar - é que neste ano, os barracos familiares nos grupos de Whatsapp já começaram. Entre troca de figurinhas do álbum da Copa e intrigas intermináveis, o diferencial é se manter-se o mais informado possível nestes tempos polarizados.

No próximo de 2 de outubro, cerca de 146 milhões de eleitores e eleitoras estão habilitados para irem às urnas para exercer o direito máximo de uma sociedade democrática: o voto secreto. Desta vez, os pleitos elegerão os representantes federais (presidente, senadores e deputados federais) e estaduais (governador e deputado estadual), escolhas importantes que, nos próximos anos, decidirão pelos rumos do Brasil.

Ainda que tenhamos somente um representante eleito para o cargo de presidente da República, um para governador e outro para o de senador, o Estado do Rio de Janeiro terá em suas mãos o poder de eleger 46 deputados federais dentre os 1.077 candidatos do nosso Estado – lembrando que não é possível votar em candidatos de São Paulo, por exemplo. No âmbito estadual, por sua vez, a concorrência será maior, são 1.626 candidatos para apenas 70 cadeiras disponíveis na Alerj, a Assembleia Legislativa fluminense. 

Outra curiosidade importante é no campo das conquistas. Estas eleições marcam os 90 anos do voto feminino, que hoje representam 53% do total de eleitores por todo país. É importante lembrar, que apesar de maioria em número, as mulheres somente conquistaram esse pleno direito 400 anos depois que os homens começaram a eleger os representantes do Brasil,

Hoje, as mulheres têm seus atos democráticos valendo o mesmo que o deles, sem qualquer diferenciação, e apesar de serem a maioria da população e dos eleitores, as mulheres têm, atualmente, baixa representação no Congresso: são apenas 15% na Câmara dos Deputados e 13% no Senado.

Impedimentos e proibições importantes

Não menos importante que as curiosidades sobre os pleitos, é fundamental entendermos como nós podemos ser afetados pelas regras eleitorais, que a todo tempo, tem atualizações que podem nos impactar.

Aos usuários de redes sociais: é preciso estar atento nesse momento. Desde o último dia 15, o eleitor que fizer uma enquete em suas redes sociais perguntando em quem seus amigos pretendem votar pode ser multado em até R$ 329 mil. Tal punição atinge tanto as páginas de pessoas jurídicas quanto as de pessoas físicas.

Apesar de ter se tornado uma prática febril nas redes sociais, ela está proibida neste período e todo cuidado é pouco. Segundo os Tribunais Eleitorais, as condenações nesse sentido já vêm acontecendo e a fiscalização neste período é ainda mais rígida. A previsão legal está no artigo 23 da resolução 23.600/19 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 De acordo com o TSE, enquete é: “O levantamento de opiniões sem plano amostral, que dependa da participação espontânea da parte interessada, e que não utilize método científico para a sua realização, quando apresentados resultados que possibilitem ao eleitor inferir a ordem dos candidatos na disputa”. Ou seja, caso a pesquisa não esteja registrada e não seja feita da forma da lei, uma mera curiosidade nas suas redes sociais pode te trazer problemas sérios.

Ainda com o foco nas redes sociais, a desinformação eleitoral – conhecida como as fake news - é um dos assuntos mais debatidos pelo TSE, e neste ano, inclui a realização de parcerias com Facebook, Instagram, Twitter, Google, TikTok e WhatsApp, entre outros serviços. O órgão criou canais oficiais nessas plataformas no intuito de evitar a propagação de conteúdos falsos sobre as urnas, o processo eleitoral ou que ridicularizem candidatos.

Ainda que as divergências políticas estejam numa crescente, é sempre essencial lembrar que internet não é terra sem lei. Qualquer crime cometido seja de calúnia (dizer de forma mentirosa que alguém cometeu um crime), injúria (atribuir palavras e qualidades negativas) e difamação, podem surtir efeitos em processos judiciais.

É essencial, o bom senso, e entendermos que liberdade política e a liberdade de expressão não podem jamais se confundir como uma garantia para agressão. Além disso, recentemente, pela segurança dos eleitores no dia do pleito democrático, dado o momento altamente politizado, o TSE proibiu o porte de arma nas sessões eleitorais. Tal medida leva em conta o aumento do número de armas na mão de civis e a consequente falta de fiscalização suficiente.

Divergências políticas à parte, lembremos que vivemos o auge de uma jovem democracia com apenas 28 aninhos de sua plenitude e de seu amadurecimento. Ainda que fosse possível o voto para os cargos legislativos nos 20 anos de ditadura militar, somente após 1984 pudemos escolher um presidente da República - que pode não ser o nosso favorito, mas ainda sim, foi escolhido pelo povo.

'Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo,’ - desde que não seja crime, é claro.” Essa citação de Voltaire com um adendo do ilustre colunista explicita o valor essencial da democracia: a liberdade!

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Dificuldades conjugais e o perdão

quinta-feira, 01 de setembro de 2022

O perdão tem ganhos e perdas. Quando você perdoa não dá para não ter uma perda. A traição conjugal é ao mesmo tempo um sintoma de problemas sérios no casamento, revela talvez que a vítima não conseguia suprir algo que o infiel precisava, como também revela a fraqueza moral do traidor. E o indivíduo não conseguia suprir tanto por limitações pessoais, temporárias ou não, como pelo fato de o traidor poder não ter oferecido espaço para receber o que queria e que acabou buscando fora.


O perdão tem ganhos e perdas. Quando você perdoa não dá para não ter uma perda. A traição conjugal é ao mesmo tempo um sintoma de problemas sérios no casamento, revela talvez que a vítima não conseguia suprir algo que o infiel precisava, como também revela a fraqueza moral do traidor. E o indivíduo não conseguia suprir tanto por limitações pessoais, temporárias ou não, como pelo fato de o traidor poder não ter oferecido espaço para receber o que queria e que acabou buscando fora.


Mas a perda é imensa, e para todos. Mesmo que o infiel tente se reconciliar, admitindo o erro, houve uma perda. Há um preço. O perdão não será de graça. Nada é como antes. A ferida talvez precisará de muito tempo para ser curada, se for curada. E talvez deixe cicatrizes que não desaparecerão. Este é um preço do perdão. Há outros.

Há ofensores que têm imensa dificuldade de pedir perdão mesmo reconhecendo seu erro. Isto é comum em pessoas coléricas, autoritárias, agressivas verbalmente. Elas tendem a minimizar a dor do ofendido, classificando-o como sensível demais. Talvez alguns ofendidos sejam sensíveis demais mesmo, mas isto não anula o fato de que o autoritário tenha usado e costume usar palavras e jeito de falar agressivos, ríspidos, grosseiros. Uma coisa não elimina a outra.

Há casais que vivem dez, 20, 30 ou mais anos juntos e o que não é colérico ou “pavio curto” sabe que o explosivo raríssimas vezes pediu perdão por suas faltas. A tendência, na verdade, destas pessoas agressivas é de dar sempre justificações pelas suas explosões temperamentais.

Um teólogo cita o caso de um homem empresário que abandonou a cidade onde vivia e mudou-se para outro lugar para começar tudo do zero porque sua esposa super ciumenta, num certo dia, tomada por ira, golpeou-se no banheiro a si mesma, batendo a cabeça na parede até sangrar. Depois foi na delegacia e denunciou o marido por violência doméstica. A polícia o prendeu e depois de ter sido provado que ele era inocente, graças ao testemunho de um dos filhos que viu a cena escondido num ambiente da casa, foi absolvido no julgamento. Ele sente que ela destruiu a vida dele e quando lhe perguntaram sobre perdoá-la, ele disse: “Creio no perdão, mas é difícil superar a raiva que tenho dela. Ela me acusou falsamente. Perdi amigos, clientes e até a confiança da minha família. Como posso perdoar?

O que é o perdão? Ele não é uma varinha mágica que pode solucionar todos os problemas rapidinho. Não é um pó do qual você faz uma bebida instantânea e tudo está ótimo em seguida. A Bíblia fala sobre não deixar o sol se por sobre sua ira. Mas eu costumo pensar que este dia pode não ser necessariamente de 24 horas literais. Imagine se você na hora de dormir tem um atrito grave com seu marido ou com sua esposa. As emoções sobem e surge o emburramento, palavras agressivas, e muita chateação. Dá para resolver tudo antes de dormirem? Terão que fazer as pazes rapidinho para “cumprir a lei”? Ou cada um terá necessidade de um tempo para reconciliar?

O perdão é necessário em qualquer relacionamento. Sem perdoar não se soluciona um monte de conflitos humanos, seja num nível familiar, entre amigos e colegas de trabalho, seja na administração de um país. Mas ele tem um preço que nem sempre é barato e exige muitas vezes humildade misturada com firmeza, autoproteção e afastamento. Cada pessoa tem um tempo próprio para processar o perdão. Um bom passo para melhorar sua saúde mental tem que ver, muitas vezes, com perdoar primeiro a si mesmo.

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Cesar Vasconcellos de Souza

www.doutorcesar.com 

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