O Natal do reencontro das famílias

Depois de 2020, quando a demonstração de amor e cuidado era não reunir a família, a esperança renasce com o avanço da vacinação
quinta-feira, 23 de dezembro de 2021
por Christiane Coelho, especial para A VOZ DA SERRA
A família da promotora de eventos Ana Paula Lengruber (Acervos pessoais)
A família da promotora de eventos Ana Paula Lengruber (Acervos pessoais)

O Natal deste ano terá um sabor diferente para muitas famílias. E, o que ele representa está de volta aos lares: o amor, a união, o encontro, o abraço, as conversas, histórias pra contar… e agora com ingredientes extras, a valorização de ter todos juntos, a gratidão pela saúde, pela vida dos que resistiram à Covid-19 e a lembrança dos que partiram. Esses quase dois anos de pandemia trouxeram muitos ensinamentos, o maior deles, valorizar o tempo junto aos que amamos. “A experiência de que o tempo é valioso e de que tudo é fugaz e pode mudar de uma hora para a outra, sem muito controle nosso, nos traz a percepção de que não se pode deixar para depois e nem economizar afeto e a chance de fazer diferente com a reconciliação, de declarar amor, resolver pendências.”, explica a psicóloga Karla Magalhães.

Essa lição a jornalista Bruna Almeida, casada com o lutador friburguense Edson Barboza, e mãe de Noah, de 7 anos e Victoria, de 2 anos (acima), aprendeu há dez anos, quando se mudou para a Flórida, nos Estados Unidos, devido às lutas dele. “Passamos  a valorizar os momentos em família, desde que fomos morar longe. Não tínhamos a dimensão da falta que faz o convívio com a família. Sinto muita falta principalmente pelo convívio das crianças com os avós. E, em todos os Natais, sempre tínhamos alguém da família conosco lá, coisa que não aconteceu ano passado, por causa do fechamento das fronteiras”, disse ela.

Mas neste ano, eles conseguiram conciliar a agenda de lutas de Edson, com as férias escolares do filho Noah, além da abertura das fronteiras. Fizeram as malas e vieram para Nova Friburgo. “Conseguimos vir passar o Natal com a nossa família. Estamos muito felizes por podermos celebrar o nascimento de Jesus com eles”, revelou Bruna.

Reencontro com a família numerosa

A promotora de eventos Ana Paula Lengruber nunca havia imaginado passar um Natal como o do ano passado. “Desde que me entendo por gente, nunca tinha passado um Natal que não fosse na casa dos meus avós. É o momento em que os irmãos da minha mãe se reúnem e vão todos com suas famílias. Meus tios, primos e amigos. No ano passado, por conta da Covid-19, optamos por não ir, porque meu avô tem 90 anos. Foi a primeira vez que não passamos lá, ficamos na minha casa. Foi muito difícil, porque fizemos uma chamada de vídeo com meu avô ele e ficou emocionado, pedindo para minha mãe ir pra lá. Ele, todo o tempo, olhava o vídeo, e perguntava a minha tia porque minha mãe não tinha ido”, emociona-se ela.

Mas neste Natal de 2021, com toda a família vacinada, a festa será a melhor que a dos Natais antes da pandemia, segundo Ana Paula. Além de ter de volta a oportunidade de confraternizar, ainda vão comemorar a recuperação de dois tios, que contraíram a Covid-19 e tiveram que ser internados e se recuperaram. “Neste Natal,  estamos dando mais valor a esses encontros, à família. A festa vai ser de muita alegria e emoção. Faremos tudo o que não conseguimos fazer ano passado, ceia, orações, amigo-secreto...e ficaremos conversando, bebendo e comemorando até a manhã do dia 25”, revelou ela.

Para a psicóloga Karla Magalhães (acima), essa é uma época muito valiosa e com significados de fechamento de ciclos, esperança e estar junto com quem se ama é fundamental. “Mesmo quem não é cristão se encanta com esse clima. E fortalecer relacionamentos saudáveis é sempre muito bom para nos sentirmos seguros e capazes de atravessar fases mais agudas e difíceis. Portanto, a ocasião é motivo sim de comemorarmos e valorizarmos a vida, de nos apoiarmos mutuamente em dificuldades e que, justamente, a percepção de fortes relações sociais e familiares acolhem e nos capacitam a seguirmos”, explicou ela.

Quando uma cadeira da mesa fica vazia

Muitas famílias perderam parentes e amigos nessa pandemia. Impossível não se lembrar dos que foram. E a dor de muitos ainda foi maior por ter passado o Natal de 2020 sem o aconchego da família. Foi o que aconteceu com a aposentada Lúcia Regina Lacerda de Deus Santos (abaixo). “O Natal do ano passado foi carregado de muita tristeza. Além de perdermos, para a doença, minha querida irmã, a família não pôde estar reunida”, disse ela, lembrando ainda dos Natais pré-pandemia. “Foram momentos cheios de sonhos e companheirismo, cheio de expectativas. Nossa família se reunia em minha casa, a cada um que chegava era um momento de alegria. Havia oração, ceia e troca de presentes. Nos reuníamos em momentos de alegria e troca”, lembra. 

Neste ano, a família voltará a se reunir, mas sem o clima dos Natais anteriores. “Apesar desta data ter um valor especial para mim, ainda não estou preparada para um Natal como nos anos antes da pandemia”, disse Lúcia. A psicóloga Karla Magalhães explica que nas famílias que perderam entes queridos, a dor e o luto são importantes de serem enfrentados, mas de maneira harmoniosa e cercada por quem se ama. 

“Não se trata de negar nem o sofrimento e nem a dor de perdas, inclusive também não devemos evitar tocar neste tipo de assunto. Ao contrário, o fato de compartilharmos com pessoas de um círculo de confiança e que possamos ouvir é muito terapêutico e humaniza a todos, pois o sofrimento compartilhado é mais fácil de ser atravessado, elaborado e ressignificado, com a segurança de que relações saudáveis tornam tudo mais leve. Isso não significa minimizar a dor, mas sim que contar com essa rede de proteção. A noite de Natal traz esse símbolo, que é muito mais do que o consumo. Um momento de respiro e aconchego”, esclarece ela.

Natal de confraternização para vacinados

A nova realidade do reencontro familiar só está sendo possível graças ao avanço da vacinação. O número de casos e de mortes caiu. O risco de se contrair a Covid-19 diminuiu. Para a infectologista Patrícia Hottz (abaixo), mesmo imunizadas as pessoas devem tomar alguns cuidados. “É preciso estabelecer o número de convidados adequado para o espaço da celebração, para evitar aglomerações; dar preferência a ambientes abertos e arejados; disponibilizar água e sabão e álcool 70% para higiene das mãos e orientar a todos que se alguém apresentar algum sintoma gripal dias antes ou no momento da confraternização não deverá comparecer”, alerta ela.

Além disso, Patrícia ainda destaca que pessoas do grupo de risco, mesmo imunizadas contra a Covuid-19 e a gripe devem usar máscaras faciais durante o encontro e manter uma distância segura quando forem comer e beber. “Estamos com um cenário epidemiológico favorável, de baixo risco, da pandemia, mas apreensivos pela possibilidade da chegada da variante Ômicron, sem saber ao certo qual será seu comportamento na nossa população. Além disso, como consequência da baixa cobertura vacinal contra a Influenza neste ano, o Estado do Rio enfrenta uma epidemia de influenza A H3N2 com aumento expressivo dos casos em vários municípios, incluindo Nova Friburgo. As medidas de prevenção de ambas as infecções são semelhantes. Os grupos de risco para agravamento também”, explica ela.

Para a infectologista o ano termina com um presente especial. “E este ano, o melhor presente é estar completamente vacinado”, revela ela. E a psicóloga Karla Magalhães lembra que as melhores coisas da vida não são para impressionar ninguém, é o que faz sentido para cada um. “Os encontros são fundamentais para que, a cada dia, não nos esqueçamos de estarmos presentes de verdade enquanto vivermos e que possamos aprender e fazer diferente. Que possamos nos focar na essência e no que realmente tem significado e importa, que é além do efêmero, mesmo que não palpável”, finalizou ela.

 

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TAGS: Natal