No último dia 15, os moradores de Córrego D’antas tomaram conhecimento, através de um bilhete colado no portão da Associação de Moradores do bairro, que o atendimento médico e de enfermagem que era prestado ali, seria suspenso a partir daquele dia. De acordo com o presidente da Associação de Moradores de Córrego D’antas, Sandro Schottz, a forma como aconteceu a comunicação causou surpresa a todos. “ Eu havia estado com o diretor do Posto de Saúde de São Geraldo, ao qual o atendimento aqui era vinculado, e ele me disse que havia uma notificação do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) para que o atendimento ali fosse interrompido. Eu pedi a notificação e ele informou que não a tinha em mãos. Falei que seria necessária uma reunião com a comunidade para explicar o que estava acontecendo. E apenas nos deparamos com um bilhete da enfermeira, escrito à mão numa folha de papel A4”, relatou Sandro.
O atendimento de saúde era feito no bairro desde 2016, quando em uma reunião da rede de Gestão de Riscos da Bacia do Córrego Dantas, com várias instituições comunitárias e representantes do poder público, chegou-se à conclusão de que o Córrego D’Antas tinha um vazio de assistência de saúde. “Foi então que ficou decidido que se fizesse ali uma extensão do atendimento do posto de saúde José Copertino Nogueira, de São Geraldo, uma subunidade, toda documentada. Começou a funcionar, na época em uma parceria entre a prefeitura e a Associação de Moradores. Atendemos a todas as solicitações com relação ao espaço físico e sempre mantivemos essas exigências”, disse Sandro.
Ainda de acordo com o presidente da Associação de Moradores de Córrego D’antas, a unidade chegou a ter uma maca especial para atendimento ginecológico, que foi retirada, com o passar do tempo. “ Tanto o médico quanto a enfermeira que atendiam no local tinham uma ligação muito forte com a comunidade. São duas mil pessoas que estão tendo que pegar agora dois ônibus para buscar atendimento médico no posto de saúde de São Geraldo, que fica a quatro quilômetros de distância”, esclareceu ele.
Segundo Sandro, a comunidade sempre cumpriu com as exigências para manter o atendimento médico no bairro. “ Nós fazíamos tudo para que a comunidade fosse atendida, até a limpeza do local. A prefeitura só se responsabilizava pelo médico e a enfermeira”, disse ele.
O que diz a prefeitura
Através de nota, a Prefeitura de Nova Friburgo informou que nunca houve um posto de saúde credenciado no bairro Córrego D’antas. No local, havia uma profissional de enfermagem que fazia triagem básica em alguns moradores e eventualmente o médico ia avaliar os pacientes que necessitavam.
De acordo com a prefeitura, o ambiente não possuía documento de registro como Unidade Básica de Saúde nem como Estratégia de Saúde da Família (ESF), não seguindo as normativas básicas necessárias para o funcionamento como um posto com assistência em saúde para a população.
A nota informou ainda que “diante desse risco oferecido para a sociedade, a prefeitura decidiu suspender a assistência como era antes e continuar referenciando os moradores de Córrego Dantas - que é um vazio sanitário do município há anos - para a UBS/ESF José Copertino Nogueira, em São Geraldo, onde serão devidamente atendidos com segurança”.
Ainda de acordo com a nota, a Secretaria Municipal de Saúde também enviou, recentemente, mais sete médicos para fortalecer o atendimento no posto de São Geraldo. “Sendo assim, nenhum cidadão foi prejudicado, já que, a unidade fará todos os acolhimentos necessários, até mesmo, através de visita domiciliar para os pacientes residentes de Córrego Dantas."
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