“Dinheiro jogado no ralo”, diz friburguense sobre o hospital de campanha

Apesar de questionamentos, governo do estado e Iabas não informam quanto já foi gasto na unidade de Friburgo
quarta-feira, 05 de agosto de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)

O governo do Estado do Rio anuncia para esta quarta-feira, 5, o início da desmobilização do Hospital de Campanha de Nova Friburgo, erguido no ginásio poliesportivo Frederico Sichel, do Sesi, no distrito de Conselheiro Paulino, o início da desmobilização da estrutura montada da unidade que nem chegou a funcionar. No final do mês passado, a Secretaria estadual de Saúde confirmou que o hospital de campanha de Friburgo não iria mesmo funcionar, após vários adiamentos e a não conclusão das instalações. O projeto inicial previa a instalação de 100 leitos, 40 deles de UTI, para o atendimento exclusivo a pacientes da região com Covid-19. 

Há alguma semanas A VOZ DA SERRA tem publicado os questionamentos de grande parte dos friburguenses que querem saber quanto do dinheiro público já foi gasto nesta unidade até o momento e qual será o custo para desmontar toda a estrutura. Indignados com o que julgam ser um desperdício de recursos públicos, alguns friburguenses cobram do Governo do Estado uma solução para o problema.

Segundo a Secretaria estadual de Saúde (SES), o Governo do Estado pagou R$ 256 milhões dos R$ 770 milhões previstos para a organização social (OS) Iabas, que assumiu inicialmente a gestão de sete hospitais de campanha no estado (Maracanã, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Campos dos Goytacazes, Casimiro de Abreu e Nova Friburgo) e somente ela teria a informação do custo total de cada unidade.

De acordo com o deputado estadual Filippe Poubel (PSL), em uma de suas vistorias à unidade friburguense, a construção da unidade estaria orçada em R$ 60 milhões. Chama a atenção o Estado informar que desconhece o custo de cada unidade e não acompanhar como o dinheiro público está sendo empregado. Da mesma forma, A VOZ DA SERRA também não obteve retorno ao questionar qual seria o custo para desmontar toda a estrutura.

População indignada

A desconfiança por parte da população, somada a decepção da não abertura da unidade de campanha tem causado revolta. “Causa indignação sim porque a gente precisa melhorar nossas ruas que estão esburacadas, precisamos de investimentos nas creches, apesar de não estarem funcionando durante a pandemia, nossa maternidade está um caos, o hospital municipal pior ainda. Era um dinheiro que poderia ser gasto de uma forma direita e não foi. A gente não tem nada funcionando bem”, reclamou Sarah Quintanilha que está grávida. “Eu acho importante saber quanto que já foi gasto aqui. Eu ganho o Bolsa Família e nem eu sei pra onde que o meu dinheiro foi, para onde foi a minha cesta básica. Não sei como será a saúde da minha filha pequena e da que estou esperando agora”, completou.  

José Antônio Melhorance lamentou o desperdício do dinheiro público e gostaria que fosse utilizado de forma consciente. “Eu queria saber essa informação, mas o difícil é justamente saber isso, não vão informar nunca. O dinheiro foi para o ralo. O povo quer saber, mas ninguém informa. Poderiam colocar o dinheiro gasto aqui no Hospital Raul Sertã ou no Hospital do Câncer. Pobre sofre, não tem jeito, não, tem que passar por aperto”, desabafou. 

“Eu gostaria de saber quanto foi gasto, você sabe?” – perguntou ao repórter. “Causa indignação saber que o hospital não vai ser aberto porque essa estrutura poderia ser aproveitada para outra coisa e não desperdiçar o dinheiro gasto”, disse Laerte Nascimento.

O que diz o governo do Estado 

A Secretaria estadual de Saúde (SES) informou que as datas de desmobilização do hospital de campanha está mantida para esta quarta-feira, 5. Uma decisão judicial divulgada na segunda-feira, 3, impedindo a desmontagem das unidades, segundo a SES, diz respeito apenas aos hospitais do Maracanã e São Gonçalo, que estão com desmobilização marcada para o próximo dia 12. Até lá, a Subsecretaria Jurídica da SES e a Procuradoria Geral do Estado (PGE) tentarão derrubar todas as decisões judiciais contra a desmobilização das unidades. Se isso não for possível, a medida será adiada, pois as ordens judiciais serão respeitadas.

“É importante lembrar que ainda não foi divulgada informação sobre a data de desmonte das unidades. Apenas a data de desmobilização (fechamento) foi anunciada. Desmonte implica em reinício de obras físicas. Essas já estavam previstas no contrato com a organização social, que neste momento está sob intervenção da Fundação de Saúde”, informou a SES.

O governo do estado esclareceu ainda que, com a revisão do contrato com a OS Iabas e as medidas de contenção de despesas, o Governo do Estado está economizando cerca de R$ 500 milhões. A última liberação de verba para a organização social foi de R$ 256 milhões, o que cobre a construção, operação e desmonte dos hospitais de campanha.

Cabe esclarecer ao leitor que o que o governo do estado chama de economia na realidade é evitar a continuação dos gastos públicos em unidades onde já se sabe que não irão funcionar. Por fim, a SES destacou que a epidemia está estabilizada no Estado do Rio e existem leitos próprios para o atendimento dos pacientes da Covid-19 em hospitais regulares da rede estadual, federal e dos municípios, não havendo mais a necessidade de manutenção dos hospitais de campanha. A reportagem tentou contato com a OS Iabas, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.

 

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