Trabalhadores do Centro de Distribuição Domiciliária (CDD) dos Correios em Nova Friburgo, entraram em greve por tempo indeterminado após assembleia realizada na manhã desta terça-feira, 5. A paralisação, que atinge diretamente o serviço de entregas no município e já começa a impactar também cidades vizinhas, foi motivada por uma série de reivindicações ligadas à precarização das condições de trabalho.
A paralisação afeta 90% da população e acumula mais de 120 mil encomendas paradas na unidade
Segundo informações, a principal demanda é a contratação urgente de novos funcionários para recompor o quadro de efetivos. Atualmente, a unidade opera com um déficit de 19 carteiros, o que tem provocado sobrecarga nos trabalhadores que permanecem em atividade e causado um grande acúmulo de encomendas.
Mas a paralisação não atinge os Correios de modo geral. Um funcionário do CDD informou que “todas as agências de postagens, as franquias e a própria agência oficial do Correio continuam com atendimento normalmente”.
Impactos
Estima-se que mais de 120 mil objetos simples estejam parados no CDD, além de cerca de três mil encomendas registradas, como Sedex e PAC. A situação já afeta 90% da população de Nova Friburgo, que enfrenta atrasos significativos na entrega de correspondências, contas, mercadorias e documentos essenciais.
A crise, no entanto, não é pontual. A greve em Nova Friburgo expõe problemas mais amplos enfrentados pelos Correios em todo o Brasil, em especial nos últimos anos, marcados por dificuldades financeiras, falta de investimentos e políticas de enxugamento de pessoal. Essa combinação tem gerado um ciclo vicioso: a qualidade dos serviços piora, a insatisfação da população cresce, e os trabalhadores ficam cada vez mais sobrecarregados.
Além da carência de funcionários, os trabalhadores denunciam falhas estruturais graves na unidade, como infiltrações, problemas elétricos e falta de ventilação adequada. Também relatam a ausência de equipamentos básicos de segurança, como luvas e botas, uniformes danificados ou insuficientes, e falta de materiais de trabalho como bolsas e carrinhos de transporte. Outro ponto crítico é a interrupção do atendimento médico no Hospital Serrano, que prestava serviços aos funcionários dos Correios da região.
Em uma tentativa de minimizar os impactos da greve, a empresa teria deslocado funcionários de cidades próximas, como Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu, para atuar temporariamente em Friburgo. No entanto, a medida acabou prejudicando também essas localidades, que agora enfrentam atrasos crescentes nas entregas.
Os funcionários afirmam que, antes da greve, tentaram negociar durante mais de um mês com a direção regional dos Correios, mas, segundo eles, não houve avanço nas discussões. Com a paralisação oficialmente deflagrada, a categoria pretende manter a greve até que uma proposta concreta seja apresentada pela empresa. A próxima assembleia está marcada para o dia 13 de agosto, e será decisiva para os rumos da mobilização.
Reivindicações dos trabalhadores
- Contratação imediata de novos funcionários por meio do concurso público já homologado;
- Melhorias na infraestrutura física do prédio do CDD;
- Aquisição de novos equipamentos de proteção individual e uniformes adequados;
- Reforço na equipe terceirizada de tratamento e distribuição de encomendas;
- Retomada do atendimento médico pelo Hospital Serrano;
- Cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Direitos do consumidor
Com o acúmulo de objetos e a lentidão nas entregas, consumidores que aguardam produtos pelos Correios devem ficar atentos aos seus direitos. Segundo o Código de Defesa do Consumidor, caso a entrega de um produto não ocorra dentro do prazo prometido, é possível solicitar o reembolso integral do valor pago ou o envio imediato de outro item, sem custo adicional.
Em casos de prejuízo comprovado, tanto financeiro quanto emocional, a pessoa lesada também pode entrar com pedido de indenização por danos materiais e morais. Para isso, é importante manter registros da compra, comunicação com o vendedor, e prazos de entrega informados no momento da compra.
As reclamações formais devem ser feitas diretamente nos canais oficiais dos Correios, como o site institucional e o telefone 0800 725 0100. Em caso de negativa por parte da empresa, o consumidor pode recorrer aos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon ou a plataforma
consumidor.gov.br.
Cuidados com golpes
Durante os períodos de paralisação nos Correios, cresce também o número de golpes virtuais relacionados a falsas cobranças ou atualizações de entrega. É comum o envio de mensagens que simulam comunicados oficiais da empresa, solicitando o pagamento de taxas extras ou direcionando o consumidor para links suspeitos.
Esses links, geralmente recebidos por SMS, e-mail ou aplicativos de mensagem, podem conter malwares capazes de roubar dados bancários e pessoais. Por isso, a recomendação é sempre verificar a veracidade das mensagens recebidas diretamente pelos canais oficiais dos Correios e nunca clicar em links de procedência duvidosa.
*Estagiária com supervisão de Ana Borges
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