Casos de sarampo acendem o alerta e população agora lota posto de saúde

Na manhã desta sexta houve filas no Suspiro e espera de até cinco horas para vacinar crianças
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Fila da vacinação no posto do Suspiro (Fotos: Henrique Pinheiro)
Fila da vacinação no posto do Suspiro (Fotos: Henrique Pinheiro)

Um dia após a Secretaria Municipal de Saúde confirmar os dois primeiros casos de sarampo (ainda há outros dez suspeitos) em Nova Friburgo nesta temporada de surto ativo da doença no Brasil, a manhã desta sexta-feira, 24, foi de filas e longa espera na Policlínica Sylvio Henrique Braune, no Suspiro, devido à grande procura dos friburguenses pela vacina que protege contra a doença e as demais que fazem parte do calendário vacinal de rotina das crianças. Um contraste com o último D, em 30 de novembro, quando o posto ficou às moscas.

Em média, nesta sexta, as pessoas tiveram que aguardar até cinco horas para serem vacinadas. A fila era tão grande que ocupou todo o corredor lateral da unidade de saúde. Senhas tiveram que ser distribuídas para melhor organizar o atendimento. Segundo apurado no local por A VOZ DA SERRA, a primeira pessoa da fila chegou ao posto de saúde por volta das 4h45 da madrugada e só foi atendida às 9h, horário que teve início a aplicação de vacinas.

Devido à longa espera, ouvimos inúmeras reclamações dos cidadãos. Aline Werneck, por exemplo, estava com o filho de 2 anos no colo aguardando para que ele tomasse a vacina DTP – que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Ela conta que chegou à unidade por volta das 8h20 e, ao meio-dia, ainda não tinha conseguido vacinar o filho. A senha dela era a de número 42 e a fila ainda estava no 35: “É muito cansativo. Demora muito. As crianças ficam irritadas. Aí você anda para lá e pra cá e nada da fila andar. É muito tempo de espera”, se queixou Aline.

Ao meio-dia, quem também já tinha perdido a paciência era a dona de casa Marlene Diniz, que foi levar a neta para se vacinar. Aguardando há cerca de cinco horas, ela estava insatisfeita com a logística montada pela Secretaria de Saúde. “Estou aqui desde 7h30, já estou estressada. E com motivo. Já estamos aqui há mais de cinco horas, estamos com fome e as crianças também. A culpa não é dos funcionários. O problema é a falta de organização. Já que tem essa demanda grande, a prefeitura deveriam reforçar a equipe que aplica as vacinas”, desabafou Marlene.

Movimento antivacina também contribui de forma negativa

No entanto, para outras pessoas, as longas filas nos postos têm outra explicação: “Estive no Dia D de vacinação contra o sarampo. Cheguei às 9h no Posto do Suspiro e tinha somente mais cinco pessoas. O problema é que muita gente é negligente. É como diz o ditado: só colocam a tranca na casa quando o ladrão entra. Se vacinar é proteger a si e aos outros em volta”, disse Thélio Gomes em comentário na página de A VOZ DA SERRA no Facebook.

“Muitos pais estão se desobrigando de vacinarem seus filhos. Se seguissem o calendário de vacinação, não estariam agora se amontoando nos postos de vacinação. Os pais deveriam ser multados por não obedecerem ao calendário de vacinação de seus filhos”, criticou Janete Cardoso.

Estoques de vacina já estão regularizados

O que também pode ter contribuído para essa verdadeira corrida aos postos de saúde foi o desabastecimento em todo o país de algumas vacinas do calendário vacinal de rotina, como a pentavalente - que protege contra coqueluche, tétano, hepatite B, difteria e o vírus influenza tipo B, e a DTP (tríplice bacteriana) – que protege contra difteria, tétano e coqueluche.

A situação já havia sido noticiada por A VOZ DA SERRA no início de setembro do ano passado, mas o problema só foi solucionado recentemente pelo Ministério da Saúde. Outro motivo que pode estar influenciando no tempo de vacinação é a nova determinação do Ministério da Saúde, que passou a valer no último dia 2 de dezembro. Agora todos os usuários que buscarem por vacinas da rotina nos postos de saúde deverão apresentar os documentos obrigatórios: caderneta de vacinação, identidade ou certidão de nascimento, cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), comprovante de vacina e comprovante de residência.

O Sarampo

O Sarampo é uma doença altamente contagiosa, causada por um vírus, e que pode evoluir para complicações e levar à morte. A doença é transmitida através do contato com gotículas do nariz, da boca ou da garganta da pessoa infectada, quando ela tosse, espirra e respira. Das pessoas sem imunidade que compartilham espaços com pessoas contaminadas, 90% contraem a doença.

A doença pode ser evitada com a vacina tríplice viral, que protege também contra a rubéola e a caxumba. Ela é aplicada aos 12 meses, com reforço aos 15 meses com a tetraviral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Até os 29 anos, a recomendação é tomar duas doses do imunizante. Entre 30 e 59 anos, a pessoa deve ser vacinada uma vez. Para quem não sabe se já tomou o número adequado de doses, a orientação é se imunizar. É necessário que cada pessoa receba ao longo da vida duas doses da vacina. Quem não tem o cartão precisa comparecer aos postos de saúde para atualizá-lo.

Vacinação

A Secretaria Municipal de Saúde oferece a vacina contra o sarampo (e as demais do calendário vacinal de rotina) no posto Sylvio Henrique Braune, no Suspiro, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h; no Posto de Saúde Tunney Kassuga, em Olaria, de segunda a sexta-feira das 8h às 16h; e na Unidade Básica de Saúde José Copertino Nogueira, no bairro São Geraldo, às terças e quintas-feiras, das 8h às 16h. 

É importante destacar que as pessoas devem levar a caderneta de vacinação ou os registros de vacinas, juntamente com o cartão do SUS, para serem avaliadas. Para evitar filas, a Secretaria de Saúde solicita a quem não tiver o cartão do SUS, que se dirija à unidade de saúde mais próxima de sua casa com identidade, CPF e comprovante de residência, para a confecção do cartão.

 

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TAGS: saúde | vacina