Codependência afetiva

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Uma pessoa codependente focaliza nos problemas, sentimentos, necessidades e desejos de outras pessoas, e minimiza ou ignora os seus próprios. Ela vê outras pessoas como mais importantes do que ela mesma e prioriza cuidar delas para se sentir necessária, amada ou de valor. É normal precisar e confiar nos outros, porém um codependente é excessivamente dependente dos outros emocionalmente porque busca assim ter sua identidade e senso de valor.

Os sintomas de codependência são: 1 – a pessoa gosta de tentar consertar, ajudar ou resgatar os outros por isso lhe dar um senso de propósito e faz se sentir necessário; 2 - se concentra em outras pessoas e nos problemas delas e ignora seus sentimentos e necessidades; 3 - pode incomodar, ser controlador, dar conselhos não solicitados; 4 - muitas vezes o codependente se sente preocupado, culpado e envergonhado; 5 – é autocrítico e talvez perfeccionista; 6 - se sente responsável por todos e por tudo; 7 - não tem forte noção de quem é, do que gosta, como se sente ou o que importa para ele; 8 - tende a se sacrificar em relação ao que quer ou precisa, para evitar perturbar ou decepcionar os outros; 9 - tem problemas para estabelecer limites e ser assertivo; 10 - dificuldade em ter comunicação aberta e confiança; 11 - dificuldade em pedir e aceitar ajuda; 12 - medo de abandono, críticas e rejeição, que pode levar a agradar as pessoas, ter falta de colocação de limites e tolerar maus-tratos; 13 - Talvez seja trabalhador, excessivamente responsável ao ponto de exaustão ou ressentimento; 14 - suprime ou reprime seus sentimentos e absorve os sentimentos de outras pessoas; 15 - tem baixa autoestima, se sente não amável ou não bom o suficiente; 16 - quer se sentir no controle e tem dificuldade em se ajustar quando as coisas não vão de acordo com a maneira que ele quer. Uma pessoa não precisa ter todos estes sintomas para se dizer que ela é codependente.

Um codependente se torna responsável demais e permite que o outro com que convive não assuma algumas responsabilidades. Pode-se desenvolver um relacionamento codependente com o cônjuge, filho, pai, mãe, colega de trabalho ou amigo. Traços codependentes se desenvolvem como resultado de traumas infantis em famílias com pai ou mãe viciada, doente mental, abusiva ou negligente.

A cura da codependência envolve, em vez de se concentrar tanto no que os outros precisam, considerar suas próprias necessidades e torná-las prioridade. Isso não significa que nunca se deve considerar as necessidades dos outros ou não cuidar deles, mas que suas necessidades são tão importantes quanto as dos outros. Se o codependente não cuidar de si, acabará esgotado, ressentido e frustrado. A cura inclui saber o que se precisa e pedir, além de não continuar a se sentir e agir como vítima, e aprender a se comunicar assertivamente, se defender, estabelecer limites para se proteger de abusos e ter relacionamentos onde dá e recebe.

A cura do comportamento codependente também inclui conhecer a si mesmo. Muitas vezes, o codependente passa tanto tempo pensando e tentando cuidar ou apaziguar os outros que perde o contato consigo mesmo. Daí, precisa explorar o que é, o que gosta, o que é importante para si, quais são seus objetivos.

Para a cura do codependente é importante se tratar com bondade. Ele tende a ser duro consigo mesmo, autocrítico e implacável sem razão. Em vez disso, deve oferecer a si bondade, aceitação e apoio, tratando-se como se fosse um querido amigo. A autocompaixão é outra maneira de valorizar e cuidar de si mesmo e tem sido demonstrado que aumenta a resiliência, a motivação e diminui o estresse.

A recuperação da codependência é um processo e pode ser angustiante ao se pensar em todas as mudanças que o codependente deseja fazer. Mas a boa notícia é que a recuperação não é tudo ou nada. A pessoa pode se beneficiar em fazer apenas pequenas mudanças. Ela deve ir devagar, e com prática consistente, suporte e aprendizado de novas habilidades. Assim gradualmente se sentirá mais confiante e saberá que está no caminho para se recuperar da codependência.

Fonte: https://www.psychologytoday.com/us/blog/conquering-codependency/202010/how-conquer-codependency

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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