Polarização, Intolerância, Radicalismo

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Independentemente de qualquer que seja o lado vencedor das eleições em 2022, todos nós estamos saindo como perdedores. Seja sua opção política A ou B, a única certeza comum é de que vivemos o pleito democrático mais violento no período pós-ditadura.O Brasil nunca viu antes tamanha hostilidade que atinge a todos. Anteriormente, as discussões que se resumiam ao seio dos grupos de WhatsApp familiares transmutaram-se para as ruas, domados pelo ódio que se reproduz em xingamentos, tumultos, casos de preconceito, agressões verbais, física e até homicídios, por todo país.

A série de violências com repercussão nacional teve início em julho, em Foz do Iguaçu, quando um agente penitenciário federal invadiu a festa de um guarda municipal e o assassinou a tiros, no dia do seu aniversário em frente à família. Não muito distante, uma jovem foi golpeada na cabeça em Angra dos Reis. Depois, um homem esfaqueado dentro de um bar após um cidadão questionar quem do local iria votar no candidato X.

São tempos delicados e tristes. A árdua conquista da democracia se enfraquece dia após dia e estamos colocando em dúvida até a própria liberdade de expressão face tanta banalização da violência. Candidatos presidenciáveis usam colete a prova de bala, populares inflamados e nós cada vez mais indiferentes às pessoas, estampando politica nos rostos alheios com retóricas violentas.

Inclusive, em Nova Friburgo, um caso recente mobilizou clientes após discursos de ódio movidos contra um empresário local. Os casos de violência ocorreram após a manifestação política pacifica do alegre e cativo dono do comércio em suas redes sociais privadas.

Em postagens hostis, perfis conservadores com discursos antidemocráticos ameaçaram e induziram pessoas a não frequentarem mais o local pelo simples fato de condizer com a sua visão politica. Não deu certo! Mas por meio de mensagens, os agressores falsamente atribuíram o local à usuários de drogas e outras palavras de cunho preconceituoso que não condizem em nada com a realidade.

Os nomes do comércio e do comerciante não serão expostos aqui, visto que, segundo ele, o medo ainda paira diante do ocorrido. Contudo, uma pessoa ligada ao estabelecimento, explica: “Estamos com medo de nos expor devido a violência que visivelmente cresceu. Outros empresários me procuraram, em solidariedade, e relataram que até ameaças já receberam. Recebi inclusive listas pelo WhatsApp dividindo comércios entre os que são de ‘esquerda e o de direita' e instigando pessoas a não frequentarem mais. Hoje, vamos trabalhar com receio do que pode acontecer.”

Na reta final do pleito eleitoral, a escalada da violência preocupa e ao meu ver, não deve ser explicada pela existência de uma simples polarização político-partidária. Afinal, posições antagônicas e divergentes são comumente apresentadas em todo embate político – também conhecida como democracia - e nem por isso desencadeiam ações violentas tais como estão ocorrendo recentemente.

Se olharmos para um passado recente, eleições presidenciais já foram decididas por uma pequena diferença de 400 mil votos (duas vezes a população de Nova Friburgo). Ainda que considerássemos um pais dividido, não víamos tamanho clima hostil que oprime. Um relatório da faculdade UniRio retrata que a violência política cresceu 335% em três anos.

O que vemos expresso no Brasil não pode ser descrito como uma mera polarização. Cada dia mais vemos a expressão de uma latente e clara intolerância que atinge todos os níveis da sociedade e de diferentes formas possíveis. Estamos pintando o país em cores, estampando políticos no rosto de pessoas conhecidas, fomentando violência e aumentando a intolerância.

Necessitamos entender que as diferenças compõem a beleza da democracia. É importante que exista não somente o lado A, mas que exista também o B, C, D, e por aí vai. Somos plurais!

Infelizmente, estamparemos marcas e cicatrizes de um presente conturbado, que estarão nos livros de história, e que, NÓS estamos construindo. Violência e democracia, são palavras antagônicas – ou ao menos deveriam ser!

A maior lição que podemos ter é aprendermos a conviver com as diferenças, com o máximo de sabedoria e respeito, afinal, cada pessoa tem a sua história e trajetória que a fez tomar tal decisão. A pluralidade não é uma lei dos homens, mas sim, da humanidade!

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Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

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