Viver em uma cidade planejada é estar em um ambiente pensado e preparado para receber bem todas as demandas dos moradores. Problemas usuais dos municípios, como trânsito, pouca área verde e pouco espaço de lazer, podem ser facilmente resolvidos com um bom planejamento urbano ou com infraestrutura adequada — tubulação de agua e esgoto não comportam o crescimento da população, ou o asfalto não atende o volume de trânsito, etc. Quando se fala em cidade planejada, uma das primeiras a ser lembrada é Brasília. Contudo, existem vários outros exemplos capazes de nos auxiliar a compreender melhor esse conceito e as vantagens que uma cidade assim é capaz de trazer. Confira:
Brasília — Inaugurada em 1960, a capital federal é a cidade planejada mais conhecida do país. Obra de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, no governo de Juscelino Kubitschek, sua construção era projeto sonhado desde 1891. A escolha da capital em um local mais afastado visava desenvolver o Centro-Oeste e evitar ataques marítimos. Concluída, estão lá superquadras com espaços de convivência, prédios suspensos para as pessoas circularem no térreo livremente, comércio em cada quadra, ruas largas e grandes eixões cruzando a capital, ligando a Asa Norte e a Asa Sul.
Salvador — Voltando quase meio século no tempo, a cidade de Salvador (BA) também entra no rol dos municípios planejados. Porém, há que se considerar que os padrões eram outros, uma vez que esse processo ocorreu em 1549. Primeira sede do Governo Geral do Brasil, ela foi concebida para ser uma espécie de “cidade-fortaleza”. Apesar do terreno irregular, os portugueses optaram por um projeto cuja concepção era racional e geométrica. Salvador cresceu sob a égide de um planejamento que a colocava como uma cidade com viés administrativo e militar, sede de Portugal no Novo Mundo, até 1808, quando a família real portuguesa chegou ao Brasil.
Goiânia — Primeira cidade brasileira planejada no século XX, em um projeto que levou quase 10 anos para ser concluído. Até 1942, a capital do estado de Goiás era a Cidade de Goiás (conhecida hoje como Goiás Velho, município de construção barroca, tombado como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco). Com influência do estilo Art Déco, a capital goiana foi planejada para uma população de 50 mil habitantes, e hoje é habitada por mais de 1,3 milhão de pessoas. Todo o processo ocorreu durante a presidência de Getúlio Vargas e fazia parte da chamada “marcha para o Oeste”, que visava o desenvolvimento do interior do Brasil.
Palmas — A capital do Tocantins foi uma das últimas grandes experiências de planejamento urbano no Brasil. Em 1988, a Constituição Brasileira criou o estado de Tocantins, desmembrando seu território do estado de Goiás, com Palmas escolhida para ser a capital. Com avenidas gigantes e espaçadas, Palmas tem um traçado em quadrículas para otimizar as funções da cidade, com muitas áreas verdes e espaços vazios entre elas. Concebida para abrigar até 1 milhão de pessoas, em agosto deste ano o IBGE registrou a presença de 313,3 mil pessoas vivendo na capital do estado.
Curitiba — Apesar de não ter sido planejada desde a sua concepção, a cidade de Curitiba passou por um processo de reestruturação urbana entre os anos 1970/90 que fez a capital do Paraná ganhar fama nacional e internacional. Sob o comando do então prefeito Jaime Lerner, a cidade virou referência em transporte público.
Os ônibus biarticulados, as canaletas exclusivas, o programa de coleta de lixo reciclável e o grande número de parques e áreas verdes fizeram a cidade adotar o título de “capital ecológica”. Contudo, o grande crescimento populacional enfrentado pela cidade nos anos 90 e 2000 levou Curitiba, hoje, a se colocar em estado de alerta, requerendo novas mudanças estruturais.
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