Este sábado, 30, é o Dia da Saudade. Um sentimento que aperta ainda mais em tempos de pandemia e isolamento social.
“A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo”, disse o poeta Mario Quintana. Já o dicionário definiu: “Saudade é um sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas”.
Saudade de uma viagem, de uma pessoa querida que mora longe ou que já se foi… Saudade de um momento, da casa da avó, dos amigos da escola, das férias em família. Da infância, do bolo da dinda, do colo de mãe, do afago do pai.
Saudade que não escolhe cara, idade, lugar, nem circunstância. Aparece assim, de repente e, devagarinho se instala. Sentimento que aperta o coração e que é gostoso de matar, com um abraço, uma lembrança, uma fotografia, um encontro, uma ligação ou uma mensagem de carinho.
São pessoais e intransferíveis as formas de sentir, de expressar, de lidar com esse ‘baú’ de lembranças. Pode ser de forma tranquila, paciente, ou sofrida, agoniada. Difícil explicar de maneira concreta tudo o que ela, a saudade, é capaz de causar em nós. Muitos se entregam à melancolia, enquanto outros conseguem até ‘disfarçar’ a tristeza, seja romanceando ou sublimando.
Inspirados pelas sensações que tal ‘pesar’ pode provocar, poetas, compositores, escritores, artistas de todas as áreas, criam obras que eternizam suas vivências. E você, do que sente falta? O que te provoca saudade e o que você faz para amenizá-la? Pense nisso e, se for o caso, procure ajuda para se livrar de possíveis angústias.
Como lidar com esse sentimento? “A saudade preserva um registro do passado, mas isso pode ser prejudicial se feito em excesso. Aceitar a nova realidade e se integrar nela é um dos caminhos que você precisa trabalhar. Não é preciso esquecer totalmente o antigo, mas deve-se adicionar novas experiências para renovar nosso ciclo positivo de emoções. Interações com o antigo e o novo, atividades, inclusão… Isso ameniza a falta sentida e nos motiva a prezar pelo lado bom da mesma”, sugerem especialistas.
“Enfim, saudade é uma palavra que nunca acaba”
Há quem defenda que a palavra vem do árabe “saudah”. Outros entendem que a sua origem está no latim “sólitas”, que significa solidão. Para outros especialistas, a palavra saudade vem do latim “solitate” que significa “isolamento, solidão”.
A palavra "saudade" também não é particularidade da língua portuguesa. Porque derivada do latim, existe em outras línguas românicas. O espanhol tem soledad. O catalão soledat. O sentido, no entanto, não é o do português, está mais próximo da "nostalgia de casa", a vontade de voltar ao lar.
A originalidade portuguesa foi a ampliação do termo a situações que não a solidão sentida pela falta do lar: saudade é a dor de uma ausência que temos prazer em sentir. Mesmo no campo semântico, no entanto, há correspondente, no romeno, mas em outra palavra: dor (diz-se "durere").
A saudade do Brasil inspirou Gonçalves Dias a escrever a “Canção do Exílio”, que começa com os versos ‘Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá’, em 1857, em Coimbra, Portugal.
“Os Lusíadas”, livro escrito pelo poeta português Luís de Camões é fortemente marcado por um sentimento de saudade dos tempos gloriosos de Portugal — das conquistas marítimas portuguesas.
Banzo, termo de origem africana, é um sentimento de nostalgia que os negros carregavam quando ‘removidos’ de seus países, na África. Significa estar triste, melancólico. A palavra era usada por africanos na época da escravidão no Brasil. Quando queriam dizer que estavam com saudades de sua terra natal, diziam estar com banzo.
Enfim, ela faz parte do nosso cotidiano, sem nem nos darmos conta. Praças, cinemas, aeroportos, estações de trem, rodoviárias, cartas ou e-mails enviados pela rede de internet são espaços onde a saudade trafega.
Alimentemos nossa saudade com boas recordações, afinal, quem nunca sentiu saudades da “aurora de nossa vida, de nossa infância querida, que os anos não trazem mais…”, como poetizou Casimiro de Abreu?
Já dizia um pensador: “Saudade é uma palavra que nunca acaba”.
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