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Elizabeth Souza Cruz

Elizabeth Souza Cruz

Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

 “O que é o narcisismo” – assim começamos a nossa viagem literária, sob os auspícios do feriado de 7 de setembro, o Dia da Independência. O tema do Caderno Z nos levou até a mitologia grega, lembrando o triste fim de Narciso, que ao ver sua imagem refletida no lago, apaixonou-se pelo belo rapaz que via, ou seja, a sua imagem. Em resumo, tudo o mais que não fosse a sua imagem, era feio e, nessa idolatria de si, acabou definhando à beira do lago, onde se atirou em busca da imagem que o seduzia.

Caetano Veloso expressou bem, poeticamente, quando compôs Sampa, o seu “estranhamento” ante a cidade de São Paulo com o verso: “é que Narciso acha feio o que não é espelho”. É certo que, no caso da canção, foi um impacto poético que deu origem a uma das mais belas canções, quase um hino em homenagem a São Paulo. E a música, segundo o escritor Steven Johnson, “ajuda a entender a forma em que o nosso ego pode se dividir em diversas formas quando se trata de negociar a confusa realidade do mundo”.

Essa realidade que é vista em várias interpretações, pode ser entendida de acordo com as análises do filósofo Julian Baggini: “Em grande parte, é senso comum que dentro de cada um de nós, existe um ego, um eu singular, algo que contém todas as nossas diferentes experiências, recordações, planos, projetos, relações...”. Por sermos únicos, criamos nossas verdades como se elas fossem inquestionáveis, absolutas, comportamento que pode dar ao ser humano características narcisistas, como “mania de superioridade. Aliás “segundo a psicanálise, todos nós possuímos o traço narcisista. Ele é fundamental para a consolidação do amor-próprio e da autoestima”.

Sabendo lidar com esse traço, evitaremos os extremos do transtorno: necessidade de chamar atenção, de ser admirado, falta de empatia, arrogância, manipulação, se fazer de vítima, culpar os outros, exploração de pessoas à sua volta e pela convicção de que é um ser “grandioso”. Terapias e acompanhamento psicológico são recomendados e podem aliviar o sofrimento de quem vivencia o problema.

O “Z” também nos trouxe o tema do “Setembro Amarelo” – “Como identificar possíveis sinais de risco de suicídio”. A página merece nossa leitura atenta, porque “é importante falar abertamente sobre o assunto, sem considerá-lo feio, triste ou errado”. Apoio emocional de amigos e família, ajuda profissional, espaços de escuta, terapias e centro de valorização da vida são fundamentais, salvam vidas e podem dar nova vida a quem perde o sentido de viver.

Meu amigo Girlan Guilland, que andava meio sumido dos holofotes, abrilhantou A VOZ DA SERRA, na edição do último fim de semana, com um texto de intensa relevância que começa em defesa da manutenção do histórico Centro de Turismo, passa pelo Centro de Arte e sobe até as ruínas do extinto Colégio Nova Friburgo. É um chamamento para a tomada de consciência na luta pela preservação de nossos patrimônios históricos. “Cadê o verdadeiro sentimento de pertencimento com a nossa cidade?”

            Bem-vestido de brasilidade, o Cão Sentado, na charge de Silvério, nos deu ânimo para crer num país próspero para todos. São 202 anos da nossa independência, numa trajetória que teve início às margens do Ipiranga, em sete de setembro de 1822. Libertou-se o Brasil, mas ainda havia povo escravizado, desigualdades sociais e muito havia a se conquistar. Percebemos que um bicentenário não é o suficiente para que o “gigante pela própria natureza” cresça e atinja sua maturidade social. Contudo, um país é como a casa da gente: tem sempre uma reforma esperando um bom pedreiro.

Na sequência do calendário, em 8 de setembro festeja-se o Dia Mundial da Alfabetização, data instituída pela Unesco, em 1967. “O Brasil ainda enfrenta desigualdades regionais no que tange ao ensino de qualidade da educação básica para jovens e adultos”. A educação é um processo constante das letras. É um eterno exercício de leituras para que as mentes se abram ao conhecimento e aprendam a ler o mundo ao redor do próprio mundo, no mais amplo e irrestrito processo de letramento!

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A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

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