Essa angústia vai passar

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 03 de fevereiro de 2022

Angústia é um sentimento doloroso que todos temos, mesmo que alguns achem que não. Nem sempre temos consciência de nossa angústia. Nos tornamos aquilo que causa menos dor mental. Dor mental pode ser angústia, medo excessivo, tristeza. Não é fácil lidar com dor emocional de cara limpa, sem se embriagar com trabalho, álcool, drogas ilícitas, sexo, compras, comida, jogo. Podemos aprender.

Autores dizem que a angústia é a mãe das doenças mentais. Para eles, da angústia surgem os variados transtornos emocionais, como fobia, depressão, dependência química, alterações sexuais, compulsões, entre outros.

Angústia e ansiedade podem ser sinônimos. Mas parece que angústia é mais uma aflição sentida junto com um aperto no peito, um bolo na garganta que sobe e desce. E ansiedade é uma inquietude, parece que falta algo que você não sabe o que é, uma apreensão sem estes sintomas físicos.

Angústia existencial ou espiritual atinge todos, enquanto que a angústia de origem psicológica é mais forte em alguns e menos em outros. Você pode experimentar angústia ao sofrer uma perda, por exemplo, num divórcio, diante da morte de uma pessoa amada, ao entrar num baque financeiro. Neste e em outros casos a angústia é uma resposta à perda, que pode vir junto, ou não, com tristeza.

Quando uma pessoa ainda não aprendeu a lidar corretamente com sua angústia ou ansiedade excessiva, ela terá sintomas mentais, como sensação de pânico, tristeza forte, medos exagerados, depressão, insegurança grave, entre outros.

A angústia pode gerar sintomas físicos, que chamamos de “psicossomáticos”. “Psico” significa mente, e “somático” significa corpo. Doenças psicossomáticas são as que produzem sintomas físicos sem causa orgânica para eles, sendo resultado de estresse mental. Por exemplo, uma pessoa pode entrar em depressão e perder o apetite. A perda do apetite neste caso não vem de doença física.

Quando um indivíduo experimenta angústia forte, ela pode se sentir desanimada, sem motivação para realizar suas tarefas, cai a produtividade, surgem mais faltas ao trabalho, maior risco de perder o emprego, dificuldades em ajudar a família. Também uma pessoa muito angustiada por dormir mal, o que piora tudo por se sentir fatigada na manhã seguinte. Pessoas vivendo traumas com a pandemia da covid-19 têm insônia porque a angústia mental prejudica a boa qualidade do sono.

Se você está sofrendo de angústia excessiva, mas ainda consegue produzir, estudar, tente praticar exercícios físicos ao ar livre, o mais perto da natureza possível. Ele ajuda a reduzir o estresse físico e emocional. Evite ficar sozinho muito tempo. Estar com pessoas que você gosta, ajuda a aliviar a angústia. Decida se envolver na ajuda de alguém, gratuitamente, pois isso produz benefício para sua saúde mental.

Fazer algo que o distraia também ajuda, como cuidar de plantas, de uma horta, dar um passeio na Natureza, ler algo útil, tentar uma nova receita de algum alimento.

Não fique brigando consigo por sentir angústia. Não se deprecie por isso. A pessoa mentalmente sadia não é a que não tem dores emocionais, mas a que quando tem sofrimentos mentais, não se desespera, não se desvaloriza, não se ataca. Ela aceita aquela dor, e começa a pensar o que pode fazer de construtivo para ela diminuir.

Alivia a angústia cultivar gratidão. Olhe as coisas simples ao seu redor. Você abre a torneira e tem água! No seu quarto tem uma cama confortável. Na sua geladeira e dispensa tem alimentos. Seu coração bate e assim você está vivo. Tem gente que gosta de você e o ajuda. Seja grato por estas coisas boas em sua vida.

Se você experimenta uma angústia que prejudica muito seus estudos e trabalho, cabe procurar ajuda profissional com psicólogo e psiquiatra. O psiquiatra poderá prescrever algum medicamento de uso temporário até que você aprenda com a psicoterapia a lidar melhor com sua dor emocional. Não tenha vergonha de fazer isso. Pessoas inteligentes, estudiosas, produtivas, podem ter episódios de sofrimento emocional e necessitar ajuda. Esta angústia vai passar.

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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