Boa educação emocional do seu filho

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que as doenças mentais nos adultos são doenças crônicas das crianças e adolescentes. Releia esta frase. O que a OMS está dizendo? Que sofrimentos mentais de um adulto têm que ver com o que ocorreu na educação emocional desta pessoa quando ela era criança e adolescente.

Estudos mostram que crianças que tiveram a perda do pai ou da mãe antes dos 9 anos de idade podem ter maior vulnerabilidade para sofrimentos mentais no futuro, e as que ficaram órfãs da mãe antes dos 5 anos de idade têm quatro vezes mais probabilidade de desenvolver transtorno afetivo bipolar (G. Gabbard, 2016). Também se observou que para as crianças é mais danoso do ponto de vista emocional, se os pais se separam definitivamente do que se um deles morre. Isto revela quão importante é o vínculo afetivo mãe-filho, pai-filho para a prevenção de transtornos mentais no futuro da criança, e mesmo durante a infância.

Alguns pais são permissivos, amam os filhos sem colocar limites, o que facilita o surgimento de uma criança egoísta por não ensinar a ela sobre como as atitudes dela afetam os outros. Algumas crianças criadas em lares permissivos tendem a ser impulsivas, agressivas e vagarosas quanto às responsabilidades delas. Alguns pais endeusam os filhos. Nestes casos, a criança se torna o centro da família, e é provável que cultive sentimentos de merecer ser melhor tratada do que outros. Este modelo de família é perigoso porque a criança pode passar a sentir que a vida é sobre ela e ninguém mais.

Liberdade sem limites pode ser destrutivo para o desenvolvimento da criança porque sem ela pagar pelas consequências de seus erros, não terá um senso de limites, e como resultado poderá ter problemas nos relacionamentos sociais e falta de disciplina para enfrentar os desafios da vida.

Desde o primeiro momento em que uma criança confronta os pais com atitude rebelde, ela deve ser disciplinada e ajudada a compreender que ela deve obedecer e respeitar os pais. Atitudes rebeldes das crianças devem ser abordadas e corrigidas precocemente, se não podem aumentar, os pais recuarem e depois ficar sem controle. Se a criança, por um impulso, birra, egoísmo, grita ou tenta bater (chutando, dando tapa, atirando um objeto) no pai ou mãe, fale com amor e com firmeza que ela não pode fazer isto. Se ela insistir ou repetir, terá que perder algo de valor para ela.

Outra coisa importante tem que ver com não exaltar a criança quando ela fizer algo que os pais pediram e que seria normal fazer. Se não ela fica construindo uma crença psicológica na sua mente de que o que ela deve fazer não é algo que realmente deve fazer para a harmonia no lar, e sim um favor que fez. 

Não se deve permitir a criança interferir quando os pais estiverem falando com um adulto. Ouça rapidamente o que a criança está dizendo e se não for nada urgente, diga a ela para esperar e continue falando com o adulto. É a criança que precisa esperar os pais terminarem de falar, e não pai ou mãe interromper a conversa, a não ser que seja, repito, uma emergência. Se os pais sempre interromperem uma conversa com outro adulto para dar prioridade para a criança, ela desenvolverá a ideia de que o mundo gira em torno dela. Isto não é a realidade e a criança precisa aprender a esperar. 

Uma criança pode ganhar brinquedos com frequência e não ficar satisfeita, no mesmo dia querendo outro. Ela pode se acostumar a só ganhar, então ensine-a a dar. Querer sempre mais coisas é meio normal em crianças e em adultos também. Mas ensinar a dar é bom para a construção de uma personalidade saudável, não egocêntrica. Se os pais já descobriram que dar é melhor do que receber, eles saberão educar os filhos nesse sentido.

Educar filhos é um desafio com tanta informação, boa e ruim, com amizades duvidosas nas escolas, com ideologias sem fundamento científico, com a mídia cheia de maus exemplos éticos e morais, mas com amor, dedicação, seguindo princípios de valor equilibradamente, seu filho, sua filha, poderá crescer para terem uma vida com sentido, com utilidade, honestidade e espiritualidade.

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Cesar Vasconcellos de Souza

www.doutorceasr.com

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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