Quanta inspiração teve Milton Nascimento ao compor a letra da música Maria, Maria. “Mas é preciso ter manha/ é preciso ter graça/ é preciso ter sonho sempre/ quem traz na pele essa marca/ possui a estranha mania/ de ter fé na vida.” Quanta verdade ela expressa. A mim, toca profundamente. Maria sou eu, é ela, são todas as mulheres. A vida requer manha, gana, graça, força sem tamanho. Requer coragem para sonhar, persistência para buscar, sabedoria para equilibrar.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
Começo a coluna desta semana com uma citação atribuída ao escritor colombiano vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez: “O mais importante que aprendi a fazer depois dos 40 anos foi a dizer não quando é não.” Baita aprendizado. Dizer um “não” dói em muita gente Há quem sofra a ponto de não conseguir fazê-lo. Há quem diga “sim” para tudo e todos, se gastando por inteiro e fazendo pouco das migalhas de tempo e energia que sobram para si.
“Olha esse céu! Que coisa linda.” Ouço, paro e, por dois segundos e olho em direção às montanhas Catarinas. Friburguense conhece bem esse ângulo. Noto que havia me esquecido de olhar para lá. Não poderia descrever a vista naquele momento. Não saberia fazê-lo. Que descuido o meu. Logo eu que venho tentando centrar no momento presente. Concentrar. Degustar cada oportunidade de apreciar a natureza. Isso, a natureza. O céu e tudo o que tem nele. Eu deveria tê-lo admirado.
Todo santo dia nos deparamos com mesas redondas - reais e metafóricas-, cujas cadeiras confortáveis são ocupadas por centenas de milhares de pessoas propensas a julgar os outros. Vemos de tudo. Os assuntos são os mais variados possíveis. Alguns, de extrema relevância social, e outros, com sua importância pessoal. Há aqueles deveras desimportantes, irrelevantes e que tomam um tempo invejável em seus debates. Sua inutilidade pode ser tamanha que passamos a questionar sua real (in) significância.
Muitos de nós têm dificuldades em assimilar a efemeridade da vida, a velocidade com que o tempo passa. Quando muito jovens, achávamos que seríamos, inclusive, eternos. A juventude tem esse frescor, nos ilude ao imaginarmos uma vida muito longa pela frente e sequer vislumbramos que o fim pode chegar. Vai chegar, aliás, um dia. Parece coisa que acontece com os outros, tão distante que não pode nos alcançar.
Eu tenho uma proposta a fazer. Não serei a primeira e muito menos a última pessoa a fazê-la. É tecnicamente simples, porém de aplicação rara. O treinamento é o seguinte: ponha-se no lugar do outro. Esse é o primeiro passo. Em sequência, reflita: eu gostaria que fizessem comigo o que eu faço com ele?
“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas… percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. (...)”
A literatura, sem dúvida alguma é além de expressão artística e cultural e ferramenta de instrução educacional de valor inquestionável, um dos caminhos de evolução social cujos impactos podem ser profundos e transformadores.
Fomentar as atividades literárias, o incentivo à leitura e à escrita, o contato com esse vasto universo cultural são um empenho necessário cujas consequências comumente são positivas.
“De tanto pensar tudo, não consigo pensar em nada”. “Penso tanto que não tenho tempo para pensar”. “Minha mente está cheia, porém está um tanto vazia”. “Tudo sei, mas não sei de nada”. São sensações do momento. Não minhas (não apenas). De muita gente. As coisas estão profundamente rasas. Inteiramente partidas. Constantemente voláteis. Densamente esparsas. Apertadas de tão largas. Entupidas de nada. Estamos vivendo tempos contraditórios. A começar pela mente.
Há momentos na vida em que temos a sensação que a órbita dos planetas desalinha. Dormimos de um jeito e acordamos em outra realidade, como se fôssemos abduzidos para uma realidade paralela com mais desafios do que podemos supor. Acontece. Nessas horas, é impressionante como faz diferença a rede de apoio que de alguma maneira se forma na “hora H”.