Hellen Keller

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

As colunas passadas, em que abordei a literatura construída por escritores cegos, me sensibilizaram. Não tenho privação de sentidos, mas eu me identifiquei com eles através da admiração que senti ao conhecer os processos de superação pelos quais passaram. Foram além dos limites extremos impostos pela ausência de visão e tornaram-se escritores valorizados no universo literário. Todavia não fosse a vontade implacável de ir além, teriam permanecido nas fronteiras impostas pelos limites físicos. 

Nós, pessoas dotadas de corpos em boas condições de funcionamento, tendemos a nos acomodar diante de algumas dificuldades implacáveis com as quais nos deparamos, com pouca coragem para romper as linhas divisórias que nos cercam. A privação impulsiona de modo extraordinário o desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades humanas. 

Por isso não poderia deixar de aplaudir a filósofa, escritora, conferencista Hellen Keller, exemplo da capacidade de alguém sobrepujar os piores desafios que a limitação dos sentidos possa impor. Hellen nasceu nos Estados Unidos, no estado do Alabama, em 1880. Aos dezoito meses de idade ficou cega e surda em decorrência de uma doença, na época denominada febre cerebral, provavelmente teria sido meningite ou escarlatina. Ela teve como professora Anne Sullivan, também deficiente visual, que a acompanhou ao longo de quarenta e nove anos. Sem se habituar às limitações, foi a primeira pessoa com surdez e cegueira a conquistar o bacharelado. Visitou mais de quarenta países como ativista e defensora dos portadores de deficiências, além de outras questões como o controle da natalidade e respeito aos direitos humanos. Sua história tem uma beleza especial em termos de humanidade, coragem e perseverança.

Ao longo de sua vida publicou doze livros e escreveu artigos diversos. Sua primeira obra foi escrita durante o curso de filosofia, em 1903, aos 22 anos, uma autobiografia “The History of My Life”, em que narrou sua história de vida até aos 21 anos. Em 1908 escreveu “The World I Live In” em que relatou o modo como se sentia em relação ao mundo.  

Hellen Keller recebeu títulos e diplomas honorários em vários países, como a França, Japão e Índia. Foi indicada duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz, em 1953 e 1958. No Brasil recebeu a “Ordem do Cruzeiro do Sul”, comenda que o Presidente da República atribui a personalidades notáveis nascidas em outros países.

 Faleceu em 1968, aos 87 anos, legando-nos um exemplo de vida. Além de tudo, usou a literatura para contar sua história, expor sentimentos e ideias. 

Para finalizar, deixo algumas frases sua para reflexão.

“As melhores e as mais lindas coisas do mundo não se podem ver nem tocar. Elas devem ser sentidas com o coração.”

“O otimismo é a fé em ação.”

“A ciência poderá ter encontrado a cura para a maioria dos males, mas não achou ainda o remédio para o pior de todos: a apatia dos seres humanos.”

“A vida é ou uma aventura audaciosa ou não é nada. A segurança é geralmente uma superstição. Ela não existe na natureza.”

“Podemos fazer tudo o que quisermos se formos perseverantes.”

Publicidade
TAGS:

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.