Os descobridores do homem

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Finda a leitura de alguns trechos da história de Job, a palestra na residência de Simão versou acerca da fidelidade da alma ao Pai Todo-Poderoso. Diante da vibração de alegria em todos os semblantes, Jesus contou, bem-humorado: “Apareceu na velha cidade de Nínive um homem tão profundamente consagrado a Deus que todos os seus contemporâneos, por isso, lhe rendiam especial louvor. Tão rasgados eram os elogios à sua conduta que as informações subiram ao trono do eterno. E, porque vários arcanjos pedissem ao Todo-Poderoso a transferência dele para o céu, determinou a divina sabedoria que fosse procurado, na selva da carne, a fim de verificar-se, com exatidão, se estava efetivamente preparado para a sublime investidura”.

Jesus continuou: “Para isso, os anjos educadores, a serviço do altíssimo, enviaram à Terra quatro rudes descobridores de homens santificados — e a necessidade, o dinheiro, o poder e a cólera desceram, cada qual a seu tempo, para efetuarem as provas indispensáveis”.

A necessidade que, em casos desses, sempre surge em primeiro lugar, aproximou-se do grande crente e se fez sentir, de vários modos, dando-lhe privações, obstáculos, doenças e abandono de entes amados; entretanto, o devoto, robusto na confiança, compreendeu na mensageira uma operária celeste e venceu-a, revelando-se cada vez mais firme nas virtudes de que se tornara modelo.

Chegou, então, a vez do dinheiro. Acercou-se do homem e conferiu-lhe mesa lauta, recursos imensos e considerações sociais de toda sorte; mas o previdente aprendiz lembrou-se da caridade e, afastando-se das insinuações dos prazeres fáceis, distribuiu moedas e posses em multiplicadas obras do bem, conquistando o equilíbrio financeiro e a veneração geral.

Vitorioso na segunda prova, veio o poder, que o investiu de larga e brilhante autoridade. O devoto, contudo, recordou que a vida, com todas as honrarias e dons, é simples empréstimo da providência celestial e usou o poder com brandura, educando quantos o rodeavam, por intermédio da instrução e do trabalho bem orientados, recebendo, em troca, a obediência e a admiração do povo entre o qual nascera.

 Triunfante e feliz, o crente foi visitado, enfim, pela cólera. De maneira a sondar-lhe a posição espiritual, a instrutora invisível valeu-se de um servo fraco e ignorante e tocou-lhe o amor próprio, falando, com manifesta desconsideração, em assunto privado que, embora a expressão da verdade, constituía certo desrespeito a qualquer pessoa de sua estatura social e indiscutível dignidade.

 O devoto não resistiu. Intensa onda sanguínea lhe surgiu no rosto congesto e ele se desfez em palavras contundentes, ferindo familiares e servidores e prejudicando as próprias obras. Somente depois de muitos dias, conseguiu restaurar a tranquilidade, quando, porém, a cólera já lhe havia desnudado o íntimo, revelando-lhe o imperativo de maior aperfeiçoamento e notificando ao Senhor que aquele filho, matriculado na escola de iluminação, ainda requeria muito tempo, na experiência purificadora, para situar-se nas vibrações gloriosas da vida superior.

Curiosidade geral transparecia do semblante de todos os presentes, que não ousaram trazer à baila qualquer nova ponderação. Estampando no rosto sereno sorriso, o Cristo terminou: “Quando o homem recebe todas as informações de que necessita para elevar-se ao céu, determina o pai amoroso seja ele procurado pelas potências educadoras. A maioria dos crentes perdem a boa posição, que aparentemente desfrutavam, nos exercícios da necessidade que lhes examina a resistência moral; muitos voltam estragados das sugestões do dinheiro que lhes observa o desprendimento dos objetivos inferiores e a capacidade de agir na sementeira do bem; alguns caem, desastradamente, pelas insinuações do poder que lhes experimenta a competência para educar e salvar os companheiros da jornada humana, e raríssimos são aqueles que vencem a visita inesperada da cólera, que vem ao círculo do homem anotar-lhe a diminuição do amor próprio, sem a qual o espírito não reflete o brilho e a grandeza do Criador, nos campos da vida eterna.”

O mestre calou-se, sorriu compassivamente, de novo, e, porque ninguém retomasse a palavra, a reunião da noite foi encerrada.

Extraído do livro “Jesus no lar”; espírito Neio Lúcio; médium Francisco Cândido Xavier

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