Em boca fechada não entra mosca nem sai besteiras

Max Wolosker

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Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

De acordo com notícia publicada no Jornal da Cidade on-line, o ministro Gilmar Mendes, em transmissão da revista Isto É, afirmou no último sábado, 11, que há um vazio de comando no Ministério da Saúde. Também disse que se o objetivo de manter à frente da pasta o general Eduardo Pazuello é reduzir o desgaste do Governo Federal na crise, “o Exército está se associando a esse genocídio”. A fala do ministro do STF foi extremamente mal recebida pelo Ministério da Defesa e pelos demais comandantes das Forças Armadas.

Antes de mais nada existe um ditado que diz: “Em boca fechada não entra mosca nem sai besteiras”. Na história recente do país tivemos vários ministros polivalentes, escolhidos para pastas que nada tinham a ver com suas formações. Delfim Neto, economista, foi além de ministro da Fazenda, de 1967 a 1974,  embaixador do Brasil na França entre 1974 e 1978, ministro da Agricultura em 1979 e do Planejamento, de 1979 a 1985. José Serra, também economista, com Fernando Henrique Cardoso ocupou a pasta do Planejamento, Orçamento e Gestão e, também, a da Saúde. Foi  ministro das Relações Exteriores do Brasil, no governo Michel Temer. Portanto, o general Pazuello ser ministro da Saúde do atual governo não deve provocar maiores chiliques. O importante é saber indicar seus assessores, que sendo competentes, tornarão a gestão tão profícua como se um especialista fosse.

Aliás, diga-se de passagem, duas coisas: a primeira, que médicos não são, em princípio, bons administradores, a não ser aqueles que se especializam em administração e gestão. Claro que há exceções. Segundo, o primeiro mandato de Luís Inácio teve o seu mérito, não pelos conhecimentos do presidente, mas pelas escolhas que fez, dos componentes do primeiro escalão.

Foi perfeita a resposta dada pelo atual ministro da Defesa: “O Ministério da Defesa informa que as Forças Armadas atuam diretamente no combate ao novo coronavírus, por meio da Operação Covid-19. Desde o início da pandemia, vem atuando sempre para o bem-estar de todos os brasileiros. São empregados, diariamente, 34 mil militares.... O Ministério da Defesa tem o compromisso com a saúde e com o bem–estar de todos os brasileiros.... A mobilização desta pasta começou no dia 5 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Regresso à Pátria Amada Brasil. Na ocasião, foram resgatados 34 brasileiros de Wuhan, na China, antes mesmo de aparecer o primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil, em 26 de fevereiro.

A Operação Covid-19, criada em 19 de março de 2020, estabeleceu dez comandos conjuntos espalhados por todo o Brasil, além do Comando Aeroespacial (Comae). Os resultados mostram que a operação está atingindo os objetivos a que se propõe. De lá para cá, foram descontaminados 3.348 locais públicos; realizadas 2.139 campanhas de conscientização junto à população, 3.249 ações em barreiras sanitárias e 21.026 doações de sangue; distribuídos 728.842 cestas básicas; produzidos 20.315 litros de álcool em gel e capacitadas 9.945 pessoas para realizar ações de descontaminação.

É ainda importante destacar que já foram transportadas 17.554 toneladas de pessoal  equipamentos médicos via terrestre, 471 toneladas de pessoal e equipamentos médicos via transporte aéreo, voadas 1.334 horas, o equivalente a 14,5 voltas ao mundo.... Este ano, em face à pandemia causada pelo novo coronavírus, os Ministérios da Defesa e da Saúde, em ação conjunta, intensificaram a assistência à saúde prestada a indígenas em diversas localidades carentes e isoladas do país.

As mais de 200 missões em aldeias indígenas somente na Amazônia Ocidental, realizam atendimentos de saúde, promovem cuidados básicos de saúde e orientam sobre a prevenção de doenças, sempre respeitando os aspectos socioculturais, condizentes com a realidade de cada etnia.” 

Gilmar Mendes é conhecido por declarações polêmicas e acintosas o que nos dá direito também de questionar a composição do STF. No atual, apenas dois ocupantes são juízes togados, sendo os demais advogados, o que para mim é uma aberração, pois em se tratando da suprema corte, ela deveria abrigar apenas juízes concursados, advindos de um concurso sabidamente rigoroso. Poderíamos, portanto, seguir a mesma linha de raciocínio de Gilmar Mendes, afirmando que o STF, promulga sentenças ou habeas corpus estapafúrdios, pois seus membros não têm o conhecimento nem o traquejo de um magistrado. Muitas das vezes, seus atos são muito mais políticos do que jurídicos, o que é condenável.

A bem da verdade, se houvesse um exame psiquiátrico na admissão dos membros do STF, seguramente, Gilmar Mendes seria reprovado.  As suas declarações que geraram todo esse desconforto seriam, também, passíveis de enquadramento no processo de Alexandre de Moraes, pois não passam de fake-news.

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