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Um pouco mais do mesmo
Gabriel Alves
Educação Financeira
Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.
A vida financeira corre sempre pelos mesmos caminhos, mas por sermos movidos pela emoção, trazemos sempre um pouco mais de aventura ao rotineiro. Digo isso, pois hoje vamos falar sobre política monetária; na última semana vimos mais um aumento – o oitavo consecutivo, chegando a 10,75% a.a. – de juros e é hora de voltar a praticar a realidade que fora exercida, quando nossa Selic via seus últimos momentos aos patamares de dois dígitos. Mas, então, se é mais do mesmo, porque tanta gente não sabe como aplicar as estratégias socioeconômicas ao contexto financeiro pessoal? É esse o tema do texto.
Antes de mais nada, e serve como forma de relembrar o que já estudamos por aqui, vamos entender os conceitos por trás das metas de juros e inflação para chegarmos ao nosso objetivo: adequar o planejamento financeiro pessoal aos diferentes momentos econômicos de um país (e, até mesmo, realidades internacionais). Calculados através de complexas fórmulas matemáticas e muita pesquisa, as metas de inflação e juros balizam as estratégias das mais diversas políticas econômicas de uma nação e podemos sintetizar os dois possíveis cenários a termos específicos (e, pra variar, em inglês, como a maioria dos economistas gostam de rebuscar, de maneira quase desnecessária, o vocabulário técnico): hawkish e dovish.
Uma simples tradução, portanto, não seria capaz de elucidar seus significados, já que hawk significa falcão e, dove, pomba – em inglês. Pois vamos, então, aos conceitos. O termo hawkish refere-se a posturas mais inclinadas a juros altos e grande preocupação com inflação. Ao passo que Dovish representa cenários voltados a juros baixos e pequena preocupação inflacionária. Como exercício, antes de ir ao próximo parágrafo pare e reflita: qual postura o Banco Central está tomando neste momento em relação a sua política monetária?
[Parou?]
[Refletiu?]
Pois bem, depois de mais de cinco anos adotando postura dovish – já que vemos a Selic caindo desde 2016 –, chegamos a patamares recordes de juros com a Selic em 2,0% a.a. até que surgisse a necessidade de subidas significativas nesta taxa. Portanto, respondendo à minha pergunta, desde março de 2021 o BC impõe postura hawkish a suas decisões de estratégia monetária e econômica.
Reparou que agora eu associei estratégias econômicas ao contexto monetário? Chegamos onde eu queria! Pode parecer pouco relevante, mas os números que você acompanha no jornal têm impactos realmente muito fortes na sua realidade. Vou tentar simplificar ainda mais.
Postura hawkish
Juros altos, dinheiro caro e maior custo com dívidas públicas. Aqui, investidores optam por títulos públicos e bancários, devido à alta remuneração associada a pouco risco. Portanto, com pouco incentivo a crédito, consumo e investimento em setores produtivos observamos o baixo crescimento econômico.
Por outro lado, é momento de atrair capital estrangeiro!
Se você precisa recorrer a crédito, este não é o melhor momento; analise de maneira bastante criteriosa.
Postura dovish
Juros baixos, dinheiro barato e menor custo com dívidas públicas. Neste cenário, investidores precisam se expor ao risco dos mercados de capitais para alcançar rentabilidades mais expressivas. Isso incentiva os setores produtivos e possibilita maior crescimento econômico.
Com relação aos investimentos estrangeiros, este cenário pode desincentivar (ou tornar mais pontual) a entrada de capital.
Por fim, precisando de crédito, aqui você pode encontrar boas oportunidades.
É importante compreender como a dinâmica econômica (e monetária) pode ser relevante para o planejamento de suas estratégias pessoais e, até mesmo, empresariais.
Espero ter ajudado!
Gabriel Alves
Educação Financeira
Especialista em finanças e sócio de um escritório de investimentos, Gabriel escreve sobre economia, finanças e mercados. Neste espaço, o objetivo é ampliar a divulgação de informações e conhecimentos fundamentais para a nossa formação cidadã.
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