A Família Real Britânica

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quinta-feira, 08 de setembro de 2022

Há muito tempo atrás, numa disputa por poder no início da formação dos países-
estados, alguém teve a ideia de limitar fronteiras, levantar um castelo e afirmar que
aquele seria seu reino. Pois bem, o tempo passou e o mundo mudou. Reis e rainhas em
grande parte foram afastadas do comando. Alguns foram assassinados, outros fugiram e
o restante foi perdendo, dia após dia, a sua influência.
Os monarcas, em grande parte do mundo, deixaram de ser o Estado. “Afinal,
por que aquela família é tão especial para ficar no poder e ditar as regras para a vida de
todos? O que difere o sangue deles do meu? O Estado é o povo, oras! Feito do povo e
para o povo, que elege os seus representantes através de uma democracia” – é o que a
grande maioria diz.
Contudo, em pleno século 21, a monarquia britânica é uma das poucas que se
mantém firme no poder, apesar de que não há muito que se possa fazer acerca de
política.
Atualmente, a rainha ou rei do Reino Unido, não pode dissolver a Câmara dos
Comuns (parlamento do Reino Unido), não sendo nem permitida a sua entrada naquela
sala para que não haja interferência. Embora detenha o poder para proclamar uma
guerra, as últimas vezes os soldados britânicos empunharam suas armas foi pelo voto
parlamentar. E apesar de ter poder de ter veto sob as leis aprovadas pelo parlamento
britânico, a última vez que isso aconteceu foi em 1707.
Em um mundo onde os governos monárquicos são cada vez menores, a
monarquia britânica ainda se mantém firme no trono, e carrega o título de família real
mais popular de todo o planeta. Com o passar dos anos como os “Windsor e seus
antecessores” conseguiram sobreviver?

Unidade entre os povos
Hoje em dia, como uma monarquia constitucional, o poder executivo é liderado
pelo primeira-ministra, Liz Truss. Por esse motivo, algumas pessoas ficam confusas em
entender qual o papel do monarca à frente da monarquia nos dias atuais.
Ao contrário do que muita gente acredita a Elisabeth II era rainha não somente
da Inglaterra, mas também de países como: Escócia, País de Gales e da Irlanda do Norte e com interferência direta em mais 14 outras nações, incluindo países na América
Central. A influência da monarquia britânica não se constituiu hoje, mas ao longo de
séculos e séculos e foi primordial para os rumos da Grã-Bretanha.
O Reino Unido, já foi o país mais poderoso do mundo por muitos anos, e se
firmou o seu legado desde a época das grandes explorações, tanto por terra quando
pelos navios que desbravaram o “desconhecido”. A sua influência, inclusive, foi
decisiva para muitas guerras, como exemplo, a própria 2º Guerra Mundial. A monarquia
representa uma instituição poderosa para os ingleses.
Há questionamentos em cima da família real? Claro, que há, como em toda outra
sociedade organizada. Mas acima de tudo, a monarquia representa a união dos povos do
Reino Unido, especialmente num mundo polarizado e separatista, especialmente. O
poder da monarquia nos últimos anos foi acima de tudo diplomático.
E de uma diplomacia, que não se estende só as terras britânicas, mas em todo
globo. A própria independência brasileira teve o dedo inglês na pressão contra a família
real portuguesa! Em tempos recentes, a rainha Elizabeth II foi primordial no
estreitamento de relações de países que durante muitos anos tiveram relações tensas
como: a Índia, e África do Sul (ambas ex-colônias inglesas), Rússia (decorrente da
segunda guerra mundial) e a Irlanda do Sul (região que não pertence ao reino).
Aos poucos, em épocas de crise, a monarquia foi se modernizando e
aproximando da população, que se espelha como um modelo de valores para os próprios
britânicos. Em tempos de crise e insegurança ainda que haja um primeiro-ministro, a
Rainha ainda sim era uma referência.
E não ganhou somente os corações dos britânicos, mas de todo mundo, pela sua
representatividade. Ainda que manter uma monarquia custe caro, na Grã-Bretanha o
retorno é ainda maior. A ‘marca’ da família real vale entre propriedade, valor agregado
e turismo, cerca de R$138 bilhões.
A morte da monarca Elizabeth II comove a todos, mesmo a quilômetros de
distância. Vemos o falecimento de uma verdadeira líder de poder global e uma divisora
de águas da família britânica, que sem dúvidas, mudou a história do planeta,
especialmente nos rumos da Segunda Guerra Mundial. Será que Charles III superará esse momento de incerteza e dará seguimento ao marcante regime monárquico entre os
britânicos? Só o tempo dirá.

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