Somos peregrinos ou turistas?

Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Os turistas viajam calculando os pormenores de seu caminho para evitar os imprevistos que podem complicar o périplo. Pelo contrário, os peregrinos deixam-se levar por outro, Outro com letra maiúscula mesmo. Postos nas mãos de Deus lhe deixam uma grande margem para que seja ele quem venha surpreendê-los com um dom, uma graça, aparentes desventuras que não entram nos cálculos humanos de quem transita por mundos desconhecidos.

O horizonte do mundo, da Igreja é maior que as diárias fronteiras de nossa vida. Nova Friburgo é uma terra particularmente bela por sua história e geografia, com um povo aguerrido e marcado pela nobreza de sua bondade e receptividade. A Diocese de Nova Friburgo, composta por seus 19 municípios, completará 60 anos de um caminho que gera santos para o céu, mártires do silêncio, do sorriso, da perseverança e dos sonhos, e tantos cristãos com suas diferentes vocações que dão a vida por um ideal repleto de esperança: repartir com as mãos cheias, dando a Deus e ao próximo.

Mas, apesar destas verdades tão gratificantes, Deus nos mostra que o mundo e a Igreja possuem um mapa mais complexo e imenso, que dilata o nosso olhar e ajuda a compreender que as situações da vida, as provas e a compreensão de sucessivos sinais não esgotam a boa-nova do amor de Deus, que nos ensina a ver com as pupilas do coração o “faça-se segundo a sua vontade”.

Um peregrino rumo ao céu sempre dá tudo e nunca deixará de receber 100 vezes mais ao ponto de constranger-se e ficar comovido com gratidão sincera. Quantas coisas recebemos ao longo de anos através de crianças, jovens, casais, idosos, famílias... de pessoas que começavam a caminhar na fé e de muitos outros que levavam anos professando seu amor por Jesus Cristo.

Especialmente o domingo é o dia do peregrino que segue as pegadas do Mestre da Galileia e tenho a feliz recordação de inúmeras vezes, entre matrizes e capelas, perceber o povo de Deus que celebrava o dia do Senhor com a alegria que brotava da alma, aquela que contagiava e ressuscitava, aquela que nos fazia recordar o anúncio cristão da igreja primitiva: veja como se amam!

Quem está a caminho, peregrinando rumo a Deus, descobre que existem lágrimas que não desesperam, mas risos que confiam, há perseguições que não levam à conversão e silêncios que não acalentam, porém existem amigos que tiram de si sem debilitar-se e irmãos que estão ao lado para sustentar.

Cabe a nós decidirmos entre turistas ao céu ou peregrinos que terminarão a jornada como bem-aventurados. Se optarmos por sermos peregrinos teremos entre muitos amigos, os santos, o exemplo dos que viveram e agradeceram fazendo-se sábios pela humilde gratidão com a perseverança de todo recomeço.

Viver como peregrinos de Cristo é sempre desejar uma feliz boa-nova de uma missão que não termina... até o céu somos testemunhas de uma fé inabalável como católicos, apostólicos e romanos. Feliz missão que não termina!

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