Uma igreja sinodal: comunhão, participação e missão

A Voz da Diocese

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Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo.

segunda-feira, 02 de outubro de 2023

O extraordinário e inédito processo de escuta de todo o povo de Deus, por dois anos, depois estendido para três, lançado nos dias 9-10 de outubro de 2021, em Roma, pelo profético Papa Francisco, nos projeta neste mês de outubro, mês das missões, numa primeira Assembleia do Sínodo dos Bispos, em nível mundial, sobre o tema da sinodalidade da Igreja, no seu agir em comunhão, participação e missão.

Este caminho já proposto pelo Concílio Vaticano II e impulsionado pelo iluminado Papa São Paulo VI - a sinodalidade - foi expresso nas últimas décadas, pela implementação do Sínodo dos Bispos, como um forte e rico momento de escuta do Sucessor de Pedro dos seus irmãos, sucessores dos apóstolos, espalhados no mundo inteiro, representando e ecoando as realidades e anseios de seus milhares de rebanhos. Estes processos enriqueceram muito a reflexão de toda a Igreja sobre diversos temas, com a contribuição das mais variadas culturas e especificidades dos países representados por seus pastores, com a assessoria de vários peritos, clérigos, religiosos e leigos. Estas proposições dos padres sinodais serviram de base para importantes e renovadoras Exortações Apostólicas pós-sinodais, assinadas pelos pontífices desde São Paulo VI.

Mas, com certeza, faltava um aprofundamento sobre a própria sinodalidade, exercitando não só a colegialidade episcopal, alcançando de forma representativa as comunidades. Já há tempos, era sugerido, inclusive pelo próprio Papa Francisco, um processo de "caminhar juntos", escutando diretamente todas as expressões do povo de Deus, colhendo das bases das comunidades e dos cristãos, dos não cristãos e da sociedade em geral, as impressões, testemunhos e dados referentes à essencialidade da Igreja, em sua "comunhão, participação e missão", ouvindo, deixando que todos tomem a palavra, falando com coragem, integrando liberdade, verdade e caridade; celebrando a Palavra e a Eucaristia, na corresponsabilidade missionária, participando da comunidade eclesial e no serviço à sociedade, com responsabilidade social e política, no diálogo e na busca da justiça e do bem comum, salvaguardando os direitos humanos, no cuidado com a casa comum; fomentando a união e diálogo ecumênico, a partir de um único Batismo, investindo na sinodalidade como um princípio educativo para a formação da pessoa humana e do cristão, das famílias e das comunidades, numa decisão por discernimento com base num consenso que dimana da obediência comum ao Espírito; tornando as lideranças e membros da Igreja mais capazes de caminhar juntos, de se ouvir mutuamente e de dialogar, num crescimento em comunhão, aumentando a participação ministerial e o comprometimento missionário.

O que este processo lançado pelo Papa quis e quer saber, após longa e larga escuta do povo de Deus nas diversas paróquias, dioceses, regiões, países, continentes, ouvindo também as mais variadas instituições da sociedade, foi e é exatamente o que se refere a estas iluminações de como a Igreja pode e deve realizar a sua missão de modo sinodal, ao mesmo tempo consignando a sinodalidade como forma, estilo e estrutura da mesma Igreja, na atualização de sua corresponsabilidade e participação na missão da nova evangelização essencialmente unida à promoção humana. Por isto, foi aberta em todas as dioceses do mundo, no dia 17 de outubro de 2021, a fase de escuta de todos os representantes deste múnus conjunto e de seu contexto social de desenvolvimento.

Na nossa Diocese de Nova Friburgo, houve uma missa de abertura nesta data, na querida Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Olaria, às 16h, presidida pelo nosso bispo diocesano, D. Luiz Antonio Lopes Ricci, que ressaltou a importância de auscultar, termo do vocabulário médico que nos remete a um exame mais sensível e aprofundado da nossa realidade para um diagnóstico que nos direciona para a superação dos desafios, para a saúde da Igreja, em sua vida e missão. Com uma comissão diocesana e um material distribuído a todas as paróquias, comunidades e demais representações, foram feitos um levantamento e uma síntese diocesana enviada para a fase regional e nacional, depois unida à síntese da fase continental.

Agora, nesta semana, a partir do dia 4 até o próximo dia 29, acontecerá a XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos com o Papa Francisco, refletindo o Instrumento de trabalho, texto elaborado com as contribuições do mundo inteiro coletadas no amplo processo de escuta. São 464 participantes, com 365 membros, incluindo o Papa, cardeais, bispos, com a novidade implementada pelo Papa de religiosos e leigos com direito a voto, dentre eles, 54 mulheres eleitoras, participando também na sinodalidade decisória e dois bispos chineses aprovados pela autoridade do Papa. É um forte momento da nossa Igreja de oração, unidade e partilha de corresponsabilidade sinodal, construindo novos e necessários caminhos de missão, sob o sopro e impulso do Espírito Santo.

Foi feita uma Vigília Ecumênica de oração, neste último dia 30 de setembro, presidida pelo nosso Bispo Diocesano, na Paróquia Santo Antônio e São Francisco de Assis, em Nova Friburgo, com os fiéis das paróquias, na intenção deste Sínodo, conforme o pedido do Papa Francisco, em união com o Sucessor de Pedro também foram realizadas outras vigílias nos outros vicariatos da diocese. Depois deste evento, haverá ainda uma segunda Assembleia Sinodal em 2024, estendendo o processo, para o amadurecimento do caminho. Por fim, todo este trabalho de escuta e enriquecimento mútuo, fruto de toda uma comunhão e cooperação, continuará o processo sinodal na fase de execução, com a mesma participação e entusiasmo das dioceses, comunidades e expressões eclesiais missionárias.

Rezemos e participemos deste belo e histórico caminho junto, como irmãos, numa igreja constitutivamente sinodal, aplicando cada vez mais estes princípios e ensinamentos do Concílio Vaticano II. Boa missão para todos!

 

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo 

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